terça-feira, 7 de julho de 2009

Concurso Estatuto da Criança e do Adolescente 2009

Participante: Maria de Lourdes Vasconcelos
Gestora da Escola Paulo Freire- Ceru
História:
Duas Crianças e Uma Longa História

Criança... um dos maiores símbolos de ternura, carinho, pureza, inocência, fragilidade, amor imensurável e bênção divina na vida de um casal. Infelizmente o lar dos pequenos e indefesos meninos João Lucas(01 ano) e Marcos Aurélio (02 anos) desmoronou qual um lindo castelo de areia na beira da praia. Em conseqüência da separação de seus pais, estas duas crianças desde os primeiros anos de vida perderam o carinho da mãe e o aconchego de um lar estruturado, passando a viver com o pai e conviver com situações amargas e dolorosas: fome, violência doméstica, solídão e vulnerabilidade ao trabalho infantil. O pai, homem de pele escura, analfabeto, trabalhador rural, apreciador de uma “pinguinha” e morador de aluguel, desconhecia que o direito é algo vivo e que este se faz presente a todo momento em nossas vidas. Quando tomei conhecimento do caso, motivei-o a matricular as crianças no Centro de Educação Básica Paulo Freire, onde trabalho, convidando-o para um diálogo franco e sincero com a equipe escolar na tentativa de conscientizá-lo do papel de pai/mãe naquele momento decisivo para as criaturas indefesas e ressaltar a importância do ECA no cotidiano de suas vidas. A partir do ingresso dos meninos na matrícula, a inclusão na comunidade escolar e a conquista dos seus direitos, aos poucos a história triste e emocinante destas crianças foi ganhando mais cor, tom, sabor... pois clamavam pelo abraço protetor da comunidade, pela atençao e o carinho que foram podados de suas vidas bruscamente. Com a adaptação ao meio social, a auto-estima recuperada, percebendo-se amados e respeitados por todos, quebraram um pouco suas amarras e se libertaram. Seus padrinhos assumiram a responsabilidade dos “pais omissos”, tentando recuperar a saúde comprometida pela carência da alimentação e por serem espancados pelo pai, que os maltratava quando bebia. Após consultados por um médico oftalmologista, foi comprovado que ambos trazem consigo uma deficiência visual irreversível. João Lucas, o mais novo dos meninos, tem uma complicação renal que se faz necessário e urgente um transplante de rins. Reconhecendo esta situação, houve uma grande mobilização das Secretarias Municipais da Educação, Ação Social e Saúde para fazer valer os seus direitos mediante o ECA, buscando um tratamento intensivo e uma vaga na fila de espera dos doadores de rins. Hoje, Joâo Lucas já é um adolescente com 16 anos e há quase 02 vem sendo bem acolhido e recebendo um tratamento especializado no Hospital Municipal Dona Maria Muniz desta cidade, pois realiza diariamente sessões de CAPD ( Diálise Peritoneal Automática Contínua ) até o dia em que tiver a graça de receber um rim para transplantar e assim poder viver mais tranquilo, melhorar sua qualidade de vida e ter seus direitos assegurados pelo Estatuto da Criança e do Adolescente. A Escola como espaço de formação do indivíduo e de cidadania deve ser sempre um canal aberto e direto para a introdução de novos hábitos, especialmente àqueles relativos a higiene e a comunicação. Este “causo” ainda não chegou ao fim, pois imenso é o caminho a ser percorrido, outros direitos a serem garantidos... mas não podia deixar de ressaltar aqui, que a Escola Paulo Freire trouxe e continuará trazendo àquelas crianças, hoje adolescentes, mais dignidade, solidariedade, respeito, educação, eqüidade, lazer, cultura e a oportunidade de demonstrarem que são pessoas normais, cidadãos e, acima de tudo, seres humanos! É gratificante cultivar o sentimento de humanidade, de solidariedade, de cidadania e especialmente, de amor ao próximo.

Concurso Estatuto da Criança e do Adolescente 2009

Participante : Maria Marluce Vasconcelos –
Coordenadora Pedagógica da Escola Filomena Martins dos Santos

ECA NA NOSSA ESCOLA DEFENDENDOO NOSSAS CRIANÇAS
Nos dias de hoje, vem acontecendo várias situações com muitas pessoas e adolescentes indefesos e estes não se importam muito, nem buscam seus direitos ou alguns os desconhecem. A violência sofrida por crianças e adolescentes é hoje um dos problemas mais freqüentes na nossa sociedade. E estas pessoas futuramente, o que será delas, que comportamento terá? O que poderão oferecer para seus filhos? Atualmente são consideradas perigosas pela sociedade e começam a ser vistas com olhares diferenciados pelas autoridades e consequentemente serão marginais internados ou detidos em instituições correcionais. Na nossa escola temos bastantes crianças em situações de risco e vulnerabilidade, isto faz com que eles cresçam em contato com o mundo da criminalidade, pessoas sem índole e aprendendo coisas ilegais. Preocupada com isso, resolvi por em prática tudo o que aprendi e escuto sobre o ECA. Moro numa comunidade carente de moradia, emprego e educação, onde as pessoas procuram sair dos caminhos que levam as drogas, vícios, álcool e prostituição dentre outras coisas. As famílias a maioria já estão perdendo o controle sobre seus filhos, algumas procuram ajuda na Escola, outras não querem ou não sabem o que fazer diante da situação caótica. São filhos criados por avós, crescendo sem conhecer os pais, outros criados só pela mãe e, na maioria das vezes ficando sozinho dentro de casa enquanto sua mãe saiu para se divertir. E, com tudo isso, precisa entender o porquê e compreender os motivos que arrastam nossos adolescentes e jovens para uma vida de descaso. Ao chegar na Escola estas crianças se deparam com um ambiente acolhedor, de pessoas alegres e dedicadas para com eles , dando carinho, afeto e bons exemplos, e dispostas a trabalhar com esses pequenos seres indefesos, mas que já trazem idéias e concepções montadas em sua cabeça. Assim, detectamos um problema, um obstáculo para ser enfrentado por nossos professores que às vezes não são preparados para lidar com certos tipos de problemas. Por essa razão a Escola que estudo, trabalha o ECA, com as famílias e alunos em geral. Nas reuniões de pais e mestres é sempre discutido as normas do ECA, e abordamos os assuntos dos quais as famílias deverão ficar sendo sabedoras e o que deve e como deve ser feito, para isso, chamamos conselheiros, pessoas do COMDICA, para informações maiores a nosso público. Os esclarecimentos são feitos através de sensibilização feita pelos conselheiros tutelares que mostram exemplos vividos e analisados. Nossos adolescentes devem saber que: temos horário para sair e chegar em casa; sair sempre acompanhado por pessoas maiores e responsáveis por nós; que não podem comprar e nem consumir álcool; nem tampouco fumar cigarros;enfim, tudo isso são informações repassadas pros nossos pais e alunos para que não venhamos a cometer erros freqüentes. Tudo isso, me faz feliz por saber eu estamos fazendo algo de bom para futuramente nossas crianças poderem viver em harmonia com todos. E quando me lembro que antes eu não me preocupava em buscar e correr atrás dos meus direitos, mas agora que conheço o ECA, e festejamos seus dezoito anos de ajuda e competência para com todos que dele precisar. Com isso, estou disposta a lutar pelos meus direitos e encontrá-los, vejo situações no dia a dia que me sinto até envergonhada de tanta falta de respeito pelo cidadão. Vejo crianças menores trabalhando no pesado e mesmo aquelas que recebem salários para um sustento, mas de que serve o beneficio? Se ela nem compartilha do mesmo. Essa situação é bem comum, a família recebe o dinheiro e gasta com bens materiais, enquanto as crianças dão o duro para conseguir o pão de cada dia. Nessas horas é importante uma alerta de vizinhos ou de um ente da família para intervir, a favor dessas crianças. Precisamos de pessoas mais esclarecidas que saibam denunciar quando vir algo errado, com crianças e adolescentes que sofrem opressões nas mãos de pessoas sem caráter, tem que ser conhecedores da ECA, para ajudarmos a construir um mundo melhor sem tantas diferenças e opressões por parte de alguns que se sentem feliz em fazer maldades e cometer injustiças nas pessoas indefesas que lutam e procuram fazer o melhor para ter uma sociedade mais justa e igualitária. Vejo-me como uma pessoa que colabora e que luta por meus direitos adquiridos e, assim me torno uma adolescente conhecedora dos meus próprios direitos e deveres.