Oedipus
Manhã. Tarde.
Um sol que arde.
Cabeças a mil.
Mil passos sem direção...
Um coração que choraum ser que imploraem vão...
Chega a noite que esfria o tempo
enquanto minhas lágrimas esquentam meu colchão.
A madrugada chega e traz consigo minha insônia.
Um dia (uma vida) inteiro de sofrimento.
Ver-te feliz ao lado de Outro
só torna maior meu lamento...
Em mim lágrimas e suores se confundem.
Meu pranto é por ti que me geraste
e eu na esperança do incestoenquanto vossos corpos se co-fundem...
Tu que me escapasteTu e Ele numa cama como contexto.
12.Set. 2008
sexta-feira, 1 de junho de 2007
Jose de Farias Menezes - Trovas
- TROVAS
A Bíblia em Trovas
As sagradas escrituras,
Guia da humanidade,
Onde todas as criaturas,
Encontram nela a verdade.
Por Bíblia é intitulada,
Toda palavra de Deus,
Nos leva à eterna morada,
Os ensinamentos seus.
Bíblia palavra divina,
O pão da humanidade,
Só ela nos ilumina,
O caminho pra eternidade.
Cristo se manifestou,
Que não há outra saída,
Dizendo ao mundo eu sou,
O caminho, verdade e vida.
Pra Jesus não faz sentido,
Amar só o justo, o santo,
O pecador convertido,
Ele envolve no seu manto.
Será bem-aventurado,
O que crê e obedecer,
Repudiando o pecado,
Que o mundo lhe oferecer.
Damos interpretação,
De acordo com nossos mestres,
Gerando religiões,
Opostas: tão diferentes.
Pra que tanta desavença,
Algo que afeta os céus,
Seguimos uma só crença,
Se buscarmos o único Deus.
Trate sempre com respeito,
Seja quem for este alguém,
Nós não temos o direito,
De atirar pedra em ninguém.
Quanta grandeza se encerra,
Nos ensinamentos seus,
Que o menor aqui na Terra,
É o maior perante a Deus.
Aquele que não se tornar,
Semelhante a uma criança,
Este jamais herdará,
A suma bem-aventurança.
Não use o banco primeiro,
Poderás ser humilhado,
Ocupe o derradeiro,
Que assim será exaltado.
Cristo adverte o mundo,
Pra orar e vigiar,
Pode em fração de segundo,
O fim dos tempos chegar.
Se Cristo voltasse hoje em dia,
Pra nos remir do pecado,
Certamente ele seria,
Muito mais sacrificado.
Jesus não suportaria,
O excesso de pecado,
Antes de findar o dia,
Seria crucificado.
Amai a Deus e ao irmão,
Como amai a vós,
Foi esta a rica lição,
Que Jesus deixou pra nós.
Jesus doou o perdão,
À contrita Madalena,
Mas fez observação,
Pra não repetir a cena.
Contrito e arrependido,
Confessa o erro que fez,
Que serás absolvido,
Mas não peques outra vez.
Mas o povo não se cansa,
De tanto pecar agora,
Não respeita a aliança,
Que o pai fizera outrora.
O casal temente a Deus,
Educa seus próprios filhos,
A seguirem os exemplos seus,
E palmilharem os mesmos trilhos.
Para que os filhos vejam,
Os bons exemplos paternos,
E assim no futuro sejam,
Bons irmãos bem fraternos.
A família é a estrutura,
Do verdadeiro cristão,
É donde brota a cultura
Da fé e da educação.
Primeira desobediência humana
Creio que Eva só pecou,
Devido ser inocente,
Tão ingênua que aceitou,
O conselho da serpente.
Um fruto saboreou,
Ofertou outro a Adão,
Pois jamais imaginou,
Ser vítima duma traição.
Adão achou natural,
Agradar a companheira,
Comeu o fruto do mal,
Da proibida fruteira.
Após de haver comido,
Percebeu o bem e o mal,
Viu que estava despido,
Se escondeu no palmeiral.
Sentindo medo do pai,
E vergonha do que fez,
Cobrir-se com folhas se vai,
Pra ocultar sua nudez.
Foi assim que iniciou,
A morte da humanidade,
Depois que Adão pecou,
Gerando a infelicidade.
A velhice indesejada
Viver pouco nos importa,
Quando nada se alcança,
Já que a vida se conforta,
Na fé e na esperança.
Se não usufruirmos de nada,
A vida não faz sentido,
Se a fé já foi apagada,
Só sonhos vãos esquecidos.
A velhice para mim,
Foi uma maldição do céu,
Tudo de bom levou fim,
Só me resta agora fel.
A velhice é a comporta,
Dos desenganos da vida,
Somente esperança morta,
Nenhuma missão cumprida.
A velhice é o acúmulo,
Do descaso e desrespeito,
Troféu pra velho é túmulo,
É tudo que tem direito.
Se acaso um ancião,
Na vida riqueza alcança,
Há quem lhe preste atenção,
Mas é visando a herança.
Quando o idoso é pobretão,
Só a doença o procura,
É rede, cama e caixão,
Funerária e sepultura.
São esses os troféus que vêm,
Quando a pessoa envelhece,
É só quando o idoso tem,
Tudo quanto ele merece.
Idoso não tem acesso,
À vida digna e necessária,
Idoso só faz sucesso,
Nos planos da funerária.
Para o idoso é tortura,
Perder a força e o vigor,
Tornando-se uma criatura,
Indefesa e sem valor.
O idoso até pra dormir,
É um duro desafio,
O idoso só sorrir,
Quando entra em desvio.
Durante a mocidade,
Nunca banquei covardia,
Tive sempre autoridade,
Respeito e autonomia.
Enquanto jovem me via,
Forte, ágil e eficiente,
Infelizmente hoje em dia,
Um traste frágil e demente.
Embora não sinta medo,
O público não considera,
Desconhece o segredo,
Que onde foi casa é tapera.
Portanto o idoso sofre,
Penúria e tribulações,
Coração de velho sofre,
De angústia e decepções.
Idoso até pra falar,
Aguarda a ocasião,
Depois que o último calar,
Alguém lhe dá atenção.
O idoso é sempre visto,
Com olhares de mangação,
Se há idoso benquisto,
Já sabemos que é barão.
Jovens, aproveitem bem,
Da mocidade, a doçura,
Pois quando a velhice vem,
Traz um cálice de amargura.
Idoso é resto, é sobra,
Que a juventude dispensa,
Com a velhice só se logra,
Desprezo, mágoa e doença.
O pai trata com meiguice
E afago, a cada filhinho,
Mas quando cai na velhice,
Vai se sentir tão sozinho.
A velhice é o acúmulo,
De tudo quanto é ruim,
O que lhe aguarda é túmulo,
Apoteose é o fim.
O idoso vive a fingir,
Tentando as mágoas ocultar,
Quando os lábios sorrir,
O coração quer chorar.
O crepúsculo do sol posto,
Me causa constrangimento,
Angústia, mágoa, desgosto,
Renascem em meu pensamento.
O crepúsculo matinal,
A mim transmite alegria,
Esqueço tudo de mau,
Pra curtir um novo dia.
Trovas em comum
Deus criou a humanidade,
Doou-lhe a inteligência,
Mas o homem por maldade,
Sempre gera violência.
Ao invés de aproveitar,
Essa doação de Deus,
Para ao mundo propagar,
Os ensinamentos seus.
Quisera que Deus agora,
Me seguisse bem de perto,
Como guiara outrora,
Seu povo pelo deserto.
Ó Deus, que tudo fizestes,
Com esplêndida perfeição,
Porque também não me destes,
Um espírito mais cristão.
Meu Deus quando tu criastes,
O homem à tua semelhança,
Creio que imaginastes,
O homem sempre criança.
Aquele que é pioneiro,
Na prática da oração,
Quase sempre é o primeiro,
A maltratar seu irmão.
O povo não obedece,
Os mandamentos de Deus,
Ou por outra se esquece,
Dos ensinamentos seus.
Não teme que Jeová,
Se arrependa de novo,
E torne a exterminar,
Da face da Terra, o povo.
Ninguém consegue o poder,
Se não for dado por Deus,
Por isso, não queira ser,
Carrasco com os irmãos seus.
Cristo veio nos ensinar,
Virtudes que nos atrai,
Disponível a caminhar,
Rumo a casa do Pai.
Seja bom: imite o Cristo,
Parta o pão com os demais,
Se todos fizessem isto,
Ninguém sofria jamais.
Mas devido a presunção,
Ninguém ajuda ninguém,
Esquece que seu irmão,
É um ser humano também.
Ninguém é bom: senão Deus,
Falou o Mestre divino,
Nos ensinamentos seus,
Aprendi: quando menino.
Se a gente considerasse,
Os outros igualmente a ai,
Talvez quando alguém chorasse,
Ninguém ficasse a sorrir.
Compreensão é um dom,
Que a tantos foi negado,
Ninguém procure ser bom,
Porque será judiado.
São poucos os que agradecem,
O muito que alguém lhe dera,
Outros acham que merecem,
Muito mais que recebera.
Se reparo pro irmão,
Esqueço de olhar pra mim,
É justamente a razão,
De permanecer ruim.
Ninguém por inteligente,
Conseguirá me entender,
Se o que passa em minha mente,
Nem um sábio pode ler.
A brisa leve e serena,
Nesta hora matutina,
Torna a vida mais amena,
E minha alma ilumina.
Acho que se alguém pecar,
Inocente do que fez,
Deus pode até lhe poupar,
Se não fizer outra vez.
Se Deus colhesse as somas,
Dos erros que o povo faz,
Creio que muitas sodomas,
Já não existissem mais.
Deus fez uma aliança,
De paz com o seu povo,
Mas o mundo não se cansa,
De tanto pecar de novo.
Não me passa pela mente,
O erro por inocência,
Pois nunca vi inocente,
Praticando violência.
Todo recanto da terra,
Já foi evangelizado,
Creio que jamais alguém erra,
Ignorando o pecado.
Não sei dizer se a morte,
Vem por desígnios de Deus,
Ou se por destino ou sorte,
Que cada quais tem os seus.
Por que leva tanta gente,
Que tem razão p’ra viver,
Enquanto pouco indigente,
Que vive só a sofrer.
Quando mata um jovem forte,
Que esbanja felicidade,
Consideramos a morte,
De trágica fatalidade.
Viver: pouco me convém,
Num mundo tão desleal,
Aquele que faz o bem,
É sempre pago com o mal.
Tem gente que se aparece,
Mostrando esbanjar riqueza,
Enquanto a vítima padece,
Na mais tremenda pobreza.
Outrora curti a vida,
Sem espinhos, só em flores,
Mas no meio da partida,
Amarguei os dissabores.
Ó meu Deus te agradeço,
Por tudo que me fizestes,
Confesso que não mereço,
Um décimo do que me destes.
Já que deste por amor,
Com amor te pagaria,
Mas sabes que o pecador,
Se amasse não pecaria.
Se a gente chegasse a ler,
O pensamento de alguém,
Com certeza ia sofrer,
Como este sofre também.
Entre nós dois existe,
Algo que sempre ignoro,
Choro se te vejo triste,
E tu sorrir quando choro.
Em noite serena e fria,
Em plena luz do luar,
Minh’alma triste e vazia,
Sorrir para não chorar.
Em noite silenciosa,
Que o luar não aparece,
Minh’alma rude e chorosa,
Ainda mais se entristece.
Elogios indiretos
Tu és uma prenda linda,
Encantadora e atraente,
Tua beleza infinda,
Permanece em minha mente.
Tu tens uma alma ativa,
De tanto encanto e bondade,
Ma o que mais me cativa,
É a tua simplicidade.
És rica em qualidade,
Em beleza e virtude,
Na alta sociedade,
Exemplo p’ra juventude.
Se esmerou a natureza,
Com tanta dedicação,
Pra te dotar de beleza,
De bondade e perfeição.
Para que tanta beleza,
Em uma só criatura,
Enquanto amarga a tristeza,
Gente com tanta feiúra.
Tua beleza e atração,
Fazem te enobrecer,
Mas ignoras a razão,
Que me faz enlouquecer.
O beijoqueiro maluco
Por um certo esquecimento,
Beijei minha grande amiga,
Logo no mesmo momento,
A moça botou pra briga.
Me disse: dê-se ao respeito,
Tenha mais educação,
Pois não lhe dei o direito,
Nem tampouco permissão.
Interferi: calma um pouco,
Me perdoe por esta afronta,
Tu sabes que estou louco,
Por que levas isto em conta?
Ela disse: que frescura,
Que tremendo beijoqueiro,
Se tu tivesses loucura,
Vivia a rasgar dinheiro.
Respondi-lhe: ó princesa,
Sou sincero em lhe dizer,
Que tenho toda certeza,
Que sou louco por você.
Há tempos me reconheço,
Que sou um louco assumido,
Portanto sei que mereço,
Com um beijo seu ser punido.
Declaração de um louco
Quisera ficar contigo,
Ao menos por um momento,
Sei que morro e não consigo,
Lhe tirar do pensamento.
Falo com todo respeito,
Não estou exagerando,
Ninguém te ama do jeito,
Que vivo sempre te amando.
Quando o amor é grande, é forte,
Defronta todas as barreiras,
Te amarei até a morte,
Embora tu não me queiras.
Não há soma nem valor,
Que compre felicidade,
Um pouco de teu amor,
Me faz feliz de verdade.
Se me tratas com aspereza,
Não penses que fico bravo,
Sou fã de tua beleza,
Sou teu eterno escravo.
Só porque me destes um fora,
Achas que me convenceu?
Se o amor que te tenho agora,
Vale pelo meu e o teu?
Agradeço muito a Deus,
Tanto por te conhecer,
Muito embora os olhos teus,
Se fechem pra não me ver.
Não perdes por esperar,
Te amarei sempre: pois,
Se não quiseres me amar,
Te amarei por nós dois.
É tão grande a sensação,
Quando estou ao lado teu,
Sentindo teu coração,
Pulsar bem juntinho ao meu.
Se eu pudesse dividia,
Meu sofrimento contigo,
Só assim você sentia,
O quanto judias comigo.
Te amo tanto em segredo,
Que até sonhando te chamo
E acordado sinto medo,
De declarar que te amo.
Se pudesse te daria,
Tudo de bom quanto vejo,
E em troca só cobraria,
De ti apenas um beijo.
Não era o suficiente,
P’ra amenizar minha dor,
Pois sofro constantemente,
Implorando teu amor.
Se tu sentisses por mim,
O que eu sinto por ti,
Não me tratavas assim,
Pra não nublar meu porvir.
Meu amor fala mais forte,
De qualquer sentimento,
O amor defronta a morte,
Sem nenhum constrangimento.
Quisera um paraíso,
Só para mim e você,
Para depois do juízo,
Ninguém nos aborrecer.
Se disseres que me amas,
Embora seja fingindo,
Amenizarás as chamas,
Que estão me consumindo.
Nada de mal prolifera,
Quando há amor de verdade,
Porque o amor supera,
A qualquer dificuldade.
Trovador mal humorado
Quando estou mal humorado
Agravo até mesmo Deus,
Achando que ele é culpado,
De todos os defeitos meus.
Digo que não sou culpado,
De ser assim tão ruim,
Fui por Deus designado,
Por que me fizera assim?
Talvez eu precise ter,
Do céu um duplo castigo,
Por não agradecer,
O quanto ele é bom comigo.
Se Deus enviasse hoje em dia,
Jesus Cristo: o mensageiro,
Com certeza encontraria,
Mais de um Judas traiçoeiro.
Hoje há muitos pilatos,
Que não tem autonomia,
Para entregar-te aos maus tratos,
Com a mesma covardia.
Hoje em dia apenas tenho,
Uma missão atual,
De conduzir o meu lenho,
Até a hora final.
Trovador confuso
Se conheces o caminho,
Que nos leva a salvação,
Não me deixes aqui sozinho,
Eu também sou teu irmão.
O autor da criação,
Criou o mundo do nada,
Deve ser esta a razão,
D’eu ser desvalorizado.
Amor, paixão só existe,
Na fase da juventude,
Nada mais disto persiste,
Quando chega a senetude.
A idade já não permite,
Falar assim de amor,
Mas minh’alma transmite,
A memória que ficou.
Na mente da humanidade,
Só vale quem tem dinheiro,
Pobre na sociedade,
É tal qual um desordeiro.
Saudade dos tempos idos,
Que não voltarão jamais,
Dos bons momentos vividos,
No aconchego dos meus pais.
Quando tu eras criança,
De perto te acompanhei,
Não me saem da lembrança,
As vezes que te afaguei.
Se encontrares hoje em dia,
Algum surto em teu caminho,
Não temas, nem te angustia,
Porque não estás sozinho.
Estarei sempre contigo,
Apto a te defender,
Defronto qualquer perigo,
Que possa te aparecer.
Ajude o seu irmão,
Mas não pense em recompensa,
Pois quando damos a mão,
Em troca temos ofensa.
Aquele que está servindo,
Se maltrata como louco,
Mas quem está usufruindo,
Ainda acha que é pouco.
Aquele que mais fizer,
É quem menos vai lucrar,
Há pessoa que só quer,
Das outras se aproveitar.
Não acho nada engraçado,
Passar por louco ou boçal,
Só porque fico calado,
Quando alguém me trata mal.
Se você for maltratado,
Não fique se lastimando,
Porque sempre o resultado,
É o outro ficar zombando.
Aquele que é duro ou forte,
Jamais se dá por vencido,
Sofre as angústias da morte,
Sem esboçar um gemido.
O bem da vida é estar,
De paz com todos os seus,
Pra desta forma louvar,
E agradecer a Deus.
A pessoa que não usa,
A virtude querer bem,
Constantemente abusa,
Da bondade de alguém.
Não sei se por ignorância,
Ou se por plena inocência,
Alguém dispensa a fragrância,
Da mais valiosa essência.
Amor só com amor se paga,
É mais que realidade,
O amor jamais se apaga,
Quando amamos de verdade.
Nada na vida se alcança,
Sem esforço e sem afã,
Quem tiver perseverança,
Vencerá no amanhã.
Já perdi toda a esperança,
Por nada mais sinto empenho,
Só saudade e lembrança,
São únicas coisas que tenho.
Pois nada mais me conforta,
Nem apaga meu desgosto,
Com toda esperança morta,
E praticamente o sol posto.
Sou qual a flor sem perfume,
Que murcha ao romper da aurora,
Só sorrir pelo costume,
De haver sorrido outrora.
Pabulagem causa tédio,
Humilhação não aceito,
Só tenho fé no remédio,
Depois que sinto o efeito.
De Deus cobrei força e saúde,
Pra suportar o peso do afã,
No trabalho esforcei-me enquanto pude,
Sem pensar no dia de amanhã.
De tanto opróbrio que me faz sofrer,
Aprendi a odiar a vida,
Já não sinto vontade de viver,
Ao lado desta gente corrompida.
Talvez por opinião
Ou por plena teimosia,
Estou sempre em contradição,
Com os costumes de hoje em dia.
Só faço aquilo que penso,
Não quero ser reprovado,
Qualquer conselho dispenso,
Pra não ser contrariado.
Não estou arrependido,
De haver chegado à velhice,
Pior se houvesse morrido,
Na fase da meninice.
Pois desfrutei o bastante,
Dos poucos dias vividos,
Mas lamento a cada distante,
Que vejo idosos oprimidos.
Creio que o maior prazer,
Que o idoso tem na vida,
É chegar a envelhecer,
Curtindo a família unida.
Se amas a Deus de verdade,
Segues os mandamentos seus
Que a santíssima trindade,
Guiará os passos teus.
Trovador indeciso
Já ouço o triste lamento,
Da velhice ao meu redor,
Mas não esqueço um momento,
De quando era menor.
Gostaria de volver,
A fase da juventude,
Quisera voltar a ser,
Aquele garoto rude.
Com certeza seguiria,
Um caminho diferente,
E chegar a ser um dia,
Um homem mais competente.
A velhice é uma prova,
De saúde e felicidade,
Que o idoso leva p’ra cova,
Mas deixa ao mundo saudade.
Velhice é benção dos céus,
Feliz é, quem alcançar,
Será o maior troféu,
Que alguém pode galgar.
Peço desculpas aos idosos,
Se algum sente ofendido,
Todos são maravilhosos,
Só eu não sou assumido.
O ébrio idiota
Ignorando a razão,
De viver desprezado,
O meu pobre coração,
Soluça amargurado.
Em virtude ou motivo,
De viver sofrendo assim,
Vou procurar lenitivo,
No balcão de um botequim.
Começo sábado bem cedo,
Tomo até segunda-feira,
E não descubro o segredo,
De não achar quem me queira.
Já que não tenho o prazer,
De beijar teu lindo rosto,
Meu lenitivo é beber,
Pra não morrer de desgosto.
Se um dia encontrasse,
Minha bela adormecida,
Talvez até que deixasse,
A malvada da bebida.
Quem sabe se essa menina,
Dissesse que sou legal,
Já seria a medicina,
Pra curar o meu mal.
Além do bêbado idiota,
O mundo inteiro me chama,
Sigo sempre a mesma rota,
Porque você não me ama.
Creio que se você me amasse,
Apagasse essa amargura,
Talvez modificasse,
A minha vida futura.
Viver assim sem amar,
A vida não dá prazer,
Mas se a bebida faltar,
Serei capaz de morrer.
Eu cheguei a conhecer,
Linda morena atraente,
Que prometeu me querer,
Se largasse da aguardente.
Disse se inda te ver,
Com um copo de bebida,
Juro: irei te esquecer,
P’ro resto de minha vida.
Se tu não queres me ver,
Com um copo de cachaça,
A única coisa a fazer,
É tomar agora em taça.
Revendo o passado
Quando revejo o passado,
Tenho orgulho e saudade,
De ter sido idolatrado,
Por toda minha irmandade.
Fui sempre cheio de gosto,
De mamãe o mais dengô,
Se lhe causei mau gosto,
Ela nunca reclamou.
Em virtude de ser,
O penúltimo da irmandade,
Procurava sempre ter,
Respeito e autoridade.
De todos eu recebia,
Respeito, amor e carinho,
Lamento triste hoje em dia,
Ter ficado tão sozinho.
Desde a tenra meninice,
Só contava o que via,
Fiz sempre aquilo que disse,
Cumpria o que prometia.
Por estes e outros modelos,
Fui por todos respeitado,
No entanto quisera tê-los,
Todos vivendo ao meu lado.
Por Deus foram escolhidos,
P’ra morar na eternidade,
Fiquei com os excluídos,
Curtindo a dor da saudade.
Sei que saudade não mata,
Mas encurtará a vida,
Té a alma se maltrata,
Longe da gente querida.
Recordo os dias vividos,
No seio do lar paterno,
Junto aos meus manos queridos,
Um símbolo de amor fraterno.
Nada preenche o vazio,
D’alma e do coração,
É um duro desafio,
Viver nessa solidão.
Me resta agora esquecer,
E agradecer a Deus,
Por ainda sobreviver,
Com todos defeitos meus.
A Deus faço meus apelos,
Através duma oração,
Que possa um dia revê-los,
No seio de Abraão.
Trovas equivocadas
Afirmo: não tenho fé,
No homem que fala fino,
Talvez não seja mulher,
Mas não é bem masculino.
Acho que o maledicente,
Demonstra sua fraqueza,
E o que se pabula mente,
Disto eu tenho certeza.
Por isso tem a vantagem,
O que conversa bem pouco,
Evita falar bobagem,
E talvez não fica rouco.
Trago sequelas na alma,
Desde a tenra meninice,
P’ra mim é causa do trauma,
Ouvir falar em velhice.
Guardo o maior respeito,
Por qualquer pessoa idosa,
Mas de velho não aceito,
Que me chamem nem em prosa.
Para mim não há vantagem,
Disfarçar a senetude,
Quem demonstra a nítida imagem,
De um simples velhinho rude.
Alguém pode ocultar,
Os seus defeitos morais,
O físico só vai sanar,
No mundo dos imortais.
Sabemos que a velhice,
Quando chega não há cura,
Para mim não é crendice,
Aguardar a sepultura.
De todos os males do mundo,
O mais trágico é senetude,
Pois nem em fração de segundo,
Você gozará saúde.
O idoso se satisfaz,
Quando alguém lhe estende a mão,
Mas pergunte onde dói mais,
Esta é a sua obrigação.
A inveja nos leva ao fim,
É o símbolo da maldição,
Por inveja o mau Caim,
Matou Abel seu irmão.
Cada estrofe oferece,
Um sentido sempre oposto,
Tem trova que té parece,
Brincadeira de mau gosto.
O preguiçoso orgulhoso
Com o total desemprego,
Não irei sobreviver,
Já não tenho mais sossego,
À procura de afazer.
À procura de trabalho,
Percorro bairro e avenida,
Não encontro um quebra-galho,
Para tocar minha vida.
Fui a um supermercado,
Me dirigi ao patrão,
Um senhor bem educado,
Me prestou toda atenção.
Foi logo me perguntando:
Qual é a profissão recente?
-Se tivesse trabalhando,
Não estava aqui presente.
Eu gostaria de encontrar,
Um trabalho bem maneiro,
Para então me dedicar,
Somente em contar dinheiro.
Tem mais: para começar,
Todo mês quero aumento,
E só irei trabalhar,
No dia do pagamento.
Eu posso te contratar,
Isento de mordomia,
E terás de trabalhar,
As doze horas por dia.
Tu achas que fiquei louco,
P’ra cometer esta falha,
Se aqui quem ganha mais pouco,
É aquele que mais trabalha.
Quero um trabalho maneiro,
Com o seguro de vida,
Que me renda um bom dinheiro,
Calçado, roupa e comida.
Não comerei pão molhado,
Com o suor do meu rosto,
Porque suor é salgado,
E com pão não dá bom gosto.
Eu conheço tanta gente,
Que do trabalho é escravo,
Muitos morrem indigentes,
Sem guardar nenhum centavo.
Posso até trabalhar,
Mas com uma condição,
Se for para administrar,
A empresa do patrão.
Brincando com a morte
Eu comecei muito cedo,
Lutar p’ra sobreviver,
Fico triste e sinto medo,
Quando imagino em morrer.
Por mais que a vida seja,
Pura p’ra quem não é forte,
Jamais este alguém almeja,
Chegar ao extremo da morte.
Motivo do meu receio,
É que morte: sinônimo é fim,
Nenhum dentre os mortos veio,
Dizer se é bom ou ruim.
Se a gente depois da morte,
Não se adaptando lá,
Transpusesse a comporta,
Que impede a gente voltar.
Se tivesse a garantia,
Que quebrava esta barreira,
Talvez, até que um dia,
Eu caísse nessa asneira.
Mas enquanto não tiver,
Boas notícias de lá,
Pode morrer quem quiser,
Eu me contento em ficar.
Quisera enfrentar a morte,
Para defender a vida,
Mas por mais que seja forte,
Ela não se intimida.
Além de ser invisível,
Ninguém vê ela chegar,
Se considera invencível,
Quando chega é pra ganhar.
Dizem que é justiceira,
Mas eu penso diferente,
Considero-a traiçoeira,
Porque não poupa inocente.
Por que não fica a ceifar,
Só gente sem validade,
E não venha exterminar,
Criancinhas sem maldade.
Criança é benção do céu,
É o símbolo da santidade,
Por que tu és tão cruel,
Mata, não tem piedade.
Sendo por minha vontade,
Morte não existiria,
A vida era eternidade,
Só assim não morreria.
Desafiando a morte
Por que foges de mim, morte vaidosa,
Para ceifar jovem e criança?
Gente cheia de vida e esperança,
Enquanto poupa tanta gente idosa?
Esqueces crápulas de vida vergonhosa
Indignos de partilhar com Deus a aliança,
Poupas inválidos já sem fé, sem confiança,
E roubas tanta vida preciosa?
Lembra que as crianças têm divindade e futuro
E colhe todo este lixo que já faz monturo,
E nada tem para ao mundo oferecer.
Os velhos devem agir com consciência
Bradar a Deus pelo fim da existência,
Pois só com a morte minora o seu sofrer.
Velho não tem mais porte
Nem futuro, nem direito,
Só aceita velho é a morte,
Por que não tem preconceito.
Só xingo idoso por que
Sou um velho revoltado,
Já que sempre sonhei ser,
Um herói, não um derrotado.
Perdão a cada velhinho
Desculpem eu ser pessimista,
O meu respeito e carinho,
A todo idoso otimista.
Doce lar
No antigo e doce lar,
Meu saudoso lar paterno,
Nele consegui galgar,
Lições de amor fraterno.
Foi nele que aprendi,
A dar os primeiros passos,
Risonhamente cresci,
Sem encontrar embaraços.
Foi nele que usufruí,
Amor , afeto e carinho,
Com meus manos dividi,
Depois fiquei tão sozinho.
Nele cheguei a aprender,
As ricas lições de vida,
Como jamais esquecer,
De mamãezinha querida.
Recordo as orações,
Que mamãe me ensinou,
Até hoje nenhum senões,
A tua imagem apagou.
O rancho velho resiste,
Muito deteriorado,
E eu solitário e triste,
P’ra declamar meu passado.
Saudade
Saudade é a circunstância,
Do que desfrutei outrora,
Em minha querida infância,
Que triste recordo agora.
Saudade fruto da ausência,
Dos bons tempos que vivi,
Saudade é a conseqüência,
Da infância que perdi.
Saudade é separação,
Ou perda de um ser amado,
Saudade é recordação,
Do que fomos no passado.
Saudade faz companhia,
A quem vive tão sozinho,
Maltratando dia a dia,
Matando devagarinho.
A saudade é a única,
Companheira que persiste,
Que faz dos seus braços túnica,
P’ra envolver quem está triste.
Saudade inconveniente,
Quisera te esquecer,
Porque saudade freqüente,
Aumenta mais meu sofrer.
Com tua rica linhagem,
Tanta beleza e ternura,
Refletes a nítida imagem,
Da deusa da formosura.
Ninguém jamais me convence,
Que ama seu semelhante,
Se p’ra quem não te pertence,
Nem olhas: passa adiante.
Zero para a ignorância
A ignorância é pior,
Do que a própria cegueira,
O cego tateia só,
Não afeta a platéia inteira.
A pessoa ignorante,
Quando fala causa alerta,
Agrava seu semelhante,
Achando que está certa.
O ignorante é,
Pior que o débil mental,
Prefiro o louco até,
Por ele ser anormal.
A ignorância é fruto,
Da falta de educação,
Mas hoje qualquer matuto,
Já tem civilização.
Canto da juventude
Sem experiência, sem norte,
Há sempre jovem indeciso,
Que se queixa da má sorte,
Não da falta de juízo.
No auge da mocidade,
O jovem canta a sorrir,
De tanta felicidade,
Que almeja p’ro porvir.
No verdor da mocidade,
Em plena fase do amor,
Longe da realidade,
Vive o jovem sonhador.
Fase vivida em sonhos,
Que a todo jovem embevece,
São episódios risonhos,
Que a gente jamais esquece.
Sonhos ricos de esperança,
De plena felicidade,
Força da mente que avança,
No alvorecer da idade.
Desfrutei na juventude,
De amor, encanto e beleza,
Mas curti na senetude,
Um arsenal de tristeza.
Maldades do ser humano
Quando uma criatura,
Mata para não morrer,
Mostra a força e bravura,
E um ótimo proceder.
Mas logo que um ser humano,
Mata o próximo por dinheiro,
Além de ser desumano,
É covarde e traiçoeiro.
Quem mata p’ra se vingar,
D’uma ofensa recebida,
Sem sequer considerar,
O quanto custa uma vida.
O próprio lobo avança,
E mata p’ra matar a fome,
Mas o homem por vingança,
Mata a presa e não consome.
P’ra medir força e coragem,
Fere e mata seu irmão,
Exibindo a nítida imagem,
De um monstro sem razão.
O homem mata por medo,
Por inveja, por amor,
Mata por qualquer enredo,
É um monstro estarrecedor.
Mata por puro prazer,
Pra sentir a emoção,
Mata somente p’ra ver,
O sangue banhar o chão.
Por ciúme, por rancor,
O homem mata, extermina,
Parece não ter temor,
O dogma da lei divina.
Mata p’ra ser o mais forte,
Querendo ser campeão,
Mas nas olimpíadas da morte,
Não levanta o cinturão.
Mata o próximo p’ra levar,
Seus pertences e dinheiro,
Não satisfeito em roubar,
Assassina o companheiro.
Mesmo esquecendo a maldade,
Há tanta gente de bem,
Que gera felicidade,
Faz o bem não olha a quem.
Se todos formassem um laço,
No elo da união,
Já seria um grande passo,
Para um mundo mais irmão.
Trovas tumultuadas
A vida é luta, é revanche,
Desde o início ao final,
Seja herói, mas nunca manche,
O seu respeito e a moral.
A vida é cheia de engano,
Sonhos, quimeras, ilusões,
Passa ano e vem ano,
E as tristes decepções.
Vida sempre é bem vivida,
Quando somos otimistas,
Os que maldizem a vida,
São fracos e pessimistas.
Quanto mais dificuldades
Encontrarmos nesta vida,
Mais são as ansiedades
De vencermos a partida.
Se a tristeza te escraviza,
Roubando teu apogeu,
Lembra-te que alguém precisa,
De um simples sorriso teu.
Modéstia parte: eu confesso,
Com toda sinceridade,
Que me sinto submerso
Num mar de felicidade.
O homem sempre é escravo,
Por Deus foi designado,
Por mais que ele seja bravo,
Finda por ser humilhado.
Um ser desclassificado
Pela classe feminina,
É um lixo, um derrotado,
Só mulher é heroína.
Quando o homem é bem tratado
Com o seu devido respeito,
É dócil e bem humorado,
Unânime e bem satisfeito.
Mas quando vive humilhado
Com injúrias e palavrão,
É qual lobo revoltado,
Mais bravo que o leão.
Se o mundo inteiro agisse
Com perfeita consciência,
Talvez ninguém discutisse,
Nem gerasse violência.
Nem Deus baixando do céu
Dá cabo em gente ruim,
Enquanto morre um Abel,
Nascem milhões de Caim.
Ainda há Cristos hoje em dia
Que acabam crucificados,
Enquanto mil Judas sorria,
E jamais são enforcados.
O próprio animal selvagem
É mais dócil do que nós,
Homem: “de Deus a imagem”
Por que se tornou feroz?
Quantos monstros seguem trilhos
No mundo da humanidade,
Matando seus próprios filhos,
Com requintes de crueldade.
Durante a juventude
Gozei saúde invejável,
Mas hoje, na senetude,
Um opróbrio velho imprestável.
Fui um espectro de homem, que outrora,
Exibi musculatura forte e ágil,
Debalde procuro, mas só vejo agora,
Um tosco mini-corpo esquálido e frágil.
Antes eu levava a vida
Em sonhos e fantasias,
Hoje mágoas ressentidas,
Saudade e melancolias.
Nada mais neste mundo me intimida
Pois não sinto sobrosso de morrer,
Já que Jesus por nós doou a vida,
Como um pecador terá medo de sofrer?
Hoje amargo os desenganos
Tristeza e desilusões,
Por ver frustrados meus planos,
Me restam decepções.
Trovas
Passei pela vida e não apresentei
Nenhum dos dons que recebi de Deus,
Mas confesso ao mundo: não sei,
Por que só mostro os defeitos meus.
Por que deixei, meu Deus, que se apagasse
As qualidades e as virtudes divinais,
Que bom seria se eu ainda me espelhasse,
Nos reflexos dos espelhos de meus pais.
Minha estrela que outrora
Brilhava com intensidade,
Hoje rubra, cor da aurora,
Representa uma saudade.
O que mais tortura a gente
É perder toda esperança,
E um desengano recente,
Que nada mais se alcança.
Para quem alimentou
Tanta esperança e sonho,
E nada realizou,
O quadro é tosco e tristonho.
Mas como dizer adeus?
A tamanha frustração,
Se os sentimentos meus,
Martelam meu coração?
O que mais dói na velhice
É rever a mocidade,
De sonho, amor e meiguice,
De encanto e felicidade.
E vice-versa hoje em dia
Só desenganos e incerteza,
Frustração e nostalgia,
Numa indelével tristeza.
Quisera tanto sonhar
Sentir a felicidade,
De rever meus pais e falar,
Com meus manos na eternidade.
Recordações de meus manos
De meus queridos pais,
Frustrações e desenganos,
Me fazem sofrer demais.
Toda tardinha morrente
A solidão me invade,
E o crepúsculo persistente,
Aumenta mais a saudade.
Belos momentos vividos
No convívio de meus pais,
Junto a meus manos queridos,
Que jazem na santa paz.
Aquele que se arrepende
De todo erro que fez,
Com certeza não entende,
Que vai sofrer outra vez.
Não reflito nem um pouco
Se pratico algo ruim,
Por que não sou nenhum louco,
De infligir tortura em mim.
Até escrevendo erro,
É um quadro melancólico,
Mas permanecer no erro,
No provérbio é diabólico.
Sei que apenas passei
Pela vida: não vivi,
Pois nada dela tirei,
Tampouco retribui.
Me confesso réu culpado
Desse meu viver tristonho,
Por não ver realizado,
Sequer na vida um só sonho.
Apenas sobrevivi
Trabalhando como louco,
De algo que usufruí,
Não me resta nem um pouco.
Na mocidade vivi
Disponível a me doar,
Pra na velhice pedir,
É cena espetacular.
Como irei me portar
Sorridente e satisfeito,
Se não posso acostumar,
Com coisas que não aceito.
Com a velhice, tudo vem,
Tristeza, angústia e sofrer,
Por que não chega também,
Algo que nos dê prazer?
Para você viver bem
É preciso viver só,
Sem se servir de ninguém,
Que esteja ao seu redor.
Casal que não discutir
É raro, mas eu aludo,
Só se não ver, nem ouvir,
Ou então os dois serem mudos.
No jardim de minha infância,
Flores jamais colherei,
Por que ficou na distância,
Da estrada que trilhei.
Não sei se existe hoje em dia
Flores cheirosas e belas,
Iguais às que eu confundia,
Com as borboletas amarelas.
Que os colibris festejavam
Sugando o néctar das flores,
Enquanto esvoaçavam,
Borboletas multicores.
Me sentia extasiado
De tanta felicidade,
Só me restou do passado,
Recordações e saudade.
Não mais flores nem perfume
Que floriam meu jardim,
Só lamentos e queixume,
De uma saudade sem fim.
Nascer, viver e morrer,
São as certezas do mundo,
Muitos chegam a envelhecer,
Uns já nascem moribundo.
Quem chegar a assumir
O que lhe foi confiado,
Na velhice irá dormir,
Sem remorsos de pecado.
Nenhum temor de castigo
Do que fiz pra sobreviver,
Pois se gerei inimigo,
Foi quando deixei de fazer.
O mundo nos oferece
Coisas fúteis e banais,
Quem com isto se embevece,
É o príncipe Satanás.
Jamais devemos sorrir,
Do sofrimento de alguém.
Lembremos que no porvir,
Podemos sofrer também.
Pois sabemos que ninguém,
Sofre por pura vontade.
Muitas vezes um outro alguém,
Lhe rouba a felicidade.
Partilhe com os demais
A sua felicidade,
Não ajude a sofrer mais,
Quem sofre com humildade.
Enquanto um canta e sorri
Um outro soluça e chora,
É fácil se definir,
Pra quem se pôs a aurora.
Quem sorrir para esconder
As mágoas de um desgosto,
Não conseguirá suster,
As lágrimas que banham o rosto.
Quem for privilegiado
Viver de sua riqueza,
Não humilhe a um coitado,
Que vive em plena pobreza.
Belos sonhos de infância
Em plena felicidade,
Se perderam na distância,
Hoje amargo a saudade.
Uma infância consagrada
Só a meus brinquedos rudes,
Criança rica do nada,
Mas riquíssima em virtudes.
Só amigos de verdade
Tive em minha adolescência,
Até uma certa idade,
Vivi em plena inocência.
Hoje assisto cada cena
Que me provoca e insulta,
Ver criança tão pequena,
Portando uma alma adulta.
Criança: alma perfeita
Em pureza e castidade,
Criança: por Deus eleita,
O símbolo da santidade.
Criança: fonte divina
De inspiração e luz,
Criança nos ilumina,
A caminhar com Jesus.
Pra outro homem qualquer
Todo homem é corajoso,
Mas perante a mulher,
É covarde e mentiroso.
Só falo assim para o povo
Por me sentir ancião,
Mas enquanto fui novo,
Banquei sempre o valentão.
Por que o homem não teme,
Nem mesmo um leão feroz?
E diante da mulher treme,
Só em ouvir sua voz?
Até pra sobreviver
O homem tem que ser forte,
Homem não deve temer,
Nem mesmo a própria morte.
Para quem quer triunfar
A luta não lhe intimida,
Mesmo tendo que exalar,
O último sopro de vida.
Não sei se por desconforto
Às vezes penso negativo,
Prefiro um valentão morto,
Do que um covarde vivo.
Quem vê o argueiro suave
No olho de seu irmão,
Não percebe a grande trave,
Que veda sua visão.
Aquele que se julga ser
De todos superior,
Sempre acaba por perder,
O seu respeito e valor.
Não dominamos ninguém
Por força e humilhação,
Só se cativa alguém,
Por respeito e atração.
Se tratar mal seu vizinho
Tem um inimigo suspeito,
Se lhe dedicar carinho,
Terá sempre seu respeito.
O pai conduz em seus trilhos
A paciência de Jó,
Se dedica inteiro aos filhos,
Depois se sente tão só.
Confesso: não assumi
Toda minha obrigação,
Apenas distribuí,
Carinho e afeição,
Jamais irei exigir,
O mínimo de atenção.
Esforcei-me enquanto pude
Pra ser feliz de verdade,
Mas só dinheiro e saúde,
Geram a felicidade.
Lágrimas dos olhos se vão
Sem vestígio e sem sinais,
As que banham o coração,
Não se vê, mas doem mais.
Nunca chame de covarde
Quem age sem consciência,
Talvez não seja maldade,
Seja por pura inocência.
Não julgue: apele pra Deus
O juízo universal,
Pois os julgamentos seus,
Às vezes encomendam mal.
Ninguém vai me convencer
Nem também me intimidar,
Preciso ouvir e crer,
Para então acreditar.
Ameaça e pabulagem
São coisas que não convém,
O homem que tem coragem,
Faz: não diz pra ninguém.
Se alguém te bate de um lado
Mostre o outro pra bater,
Não se mostre revoltado,
Nem use força e poder.
Ricas lições de humildade
Nos ensinou Jesus Cristo,
Mas eu, na realidade,
Jamais aceitarei isto.
Desprezo e humilhação
São coisas que não aceito,
Considero meu irmão,
Mas cobro dele respeito.
Fingir que vive feliz
Não é prova convincente,
Por que o semblante diz,
O que o coração sente.
Gritaria e pabulagem
Não me intimidam jamais,
Por que só sinto vantagem,
Nas suas cordas vocais.
Pra muitos: pedir lhe fere
É causa de humilhação,
É bom que ninguém espere,
Que este lhe estenda a mão.
Ouço no esturro da fera
Sua força e valentia,
Se o homem grita, libera:
Susto, medo e covardia.
Desabafo da alma
Cada estrofe, cada trova,
Se refletida com calma,
Representa a nítida prova,
D’um desabafo da alma.
Em cada rima que faço,
Cada verso que componho,
Parece que apago um traço,
Em meu semblante tristonho.
Compor não é empunhar,
A caneta e o papel,
É necessário esperar,
A inspiração do céu.
Todo aquele que admira,
A poesia: ele tem,
Momentos que se inspira,
E compõe versos também.
Na hora que me inspiro,
Me sinto na paz de Deus,
Agradeço-o e admiro,
Os grandes prodígios seus.
O poeta se revigora,
A cada verso composto,
Parece que joga fora,
Um desabafo, um desgosto.
A fé
Crer em Deus: para mim é,
Uma vantagem ou façanha,
Segundo a Bíblia: a fé,
Pode remover montanha.
Uns acham que tendo fé,
Podem viver numa boa,
Fazendo o que bem quiser,
Que o pecado: Deus perdoa.
Muitos crêem em rezador,
Espíritas e macumbeiro,
Não acreditam em doutor,
Porque não é curandeiro.
Talvez quem vive rezando,
Tem plena convicção,
Que pode viver pecando,
Que Deus dará o perdão.
Uns acham que é vocação,
E se empolgam com os erros seus,
Caluniando o irmão,
Depois se confessam a Deus.
Alguém vai orar no templo,
Para ser justificado,
Nem sempre dá bom exemplo,
Já sai de lá revoltado.
Muitos só vão à igreja,
Fazer prece ou oração,
Pedir a Deus que proteja,
A alguém de estimação.
Orai pelo excluído,
Ide, enxugai os seus prantos,
Deus quer mais a um convertido,
Que a noventa e nove santos.
Pecar já não é problema,
Se confessa, Deus perdoa,
Muitos seguindo esse lema,
Levam a vida numa boa.
Não sabemos se na hora,
Do julgamento final,
Se este dogma vigora,
P’ro juiz universal.
Muitos vivem de oração,
Tentando agradar a Deus,
Enquanto odeiam o irmão,
E zombam dos defeitos seus.
Ser bom, ter fé não precisa,
Viver só de oração,
Pois Deus lá do alto visa,
E lê cada coração.
Como ser bom
P’ra ser bom não basta orar,
Pra agradar a Deus,
Mas útil é observar,
Todos mandamentos seus.
Ser bom é fazer o bem,
Àquele que te odeia,
E participar também,
Da felicidade alheia.
Ajude o irmão carente,
Divida com ele o pão,
Que Deus Pai Onipotente,
Aceitará tua ação.
Ame a Deus, ame a verdade,
Sê puro de coração,
Não acumule maldade,
Nem ódio contra o irmão.
Visite o irmão doente,
E o outro encarcerado,
Como Deus está presente,
Tu serás justificado.
Alimentai o faminto,
Vesti quem está despido,
Que ao deixar o recinto,
Por Deus és absolvido.
Se sinta o mais pequenino,
Dê exemplo de humildade,
Somente assim o Divino,
Te dará autoridade.
Deixe a inveja de lado,
Não deseje o bem alheio,
Pois além de ser pecado.
É um hábito muito feio.
Lavai os pés do irmão,
Te portes inferior,
Com tamanha humilhação,
Deus te faz superior.
Quando alguém lhe estende a mão,
Pede uma ajuda qualquer,
Tendo dinheiro ou não,
Ajude-o como puder.
Demonstre um mudo sorriso,
Um simples gesto de amor,
É muito útil e preciso,
P’ro nosso irmão sofredor.
Será que é justo sofrer,
Pra ajudar quem não merece?
Quem só pensa em receber,
E nem sequer agradece?
A Bíblia em Trovas
As sagradas escrituras,
Guia da humanidade,
Onde todas as criaturas,
Encontram nela a verdade.
Por Bíblia é intitulada,
Toda palavra de Deus,
Nos leva à eterna morada,
Os ensinamentos seus.
Bíblia palavra divina,
O pão da humanidade,
Só ela nos ilumina,
O caminho pra eternidade.
Cristo se manifestou,
Que não há outra saída,
Dizendo ao mundo eu sou,
O caminho, verdade e vida.
Pra Jesus não faz sentido,
Amar só o justo, o santo,
O pecador convertido,
Ele envolve no seu manto.
Será bem-aventurado,
O que crê e obedecer,
Repudiando o pecado,
Que o mundo lhe oferecer.
Damos interpretação,
De acordo com nossos mestres,
Gerando religiões,
Opostas: tão diferentes.
Pra que tanta desavença,
Algo que afeta os céus,
Seguimos uma só crença,
Se buscarmos o único Deus.
Trate sempre com respeito,
Seja quem for este alguém,
Nós não temos o direito,
De atirar pedra em ninguém.
Quanta grandeza se encerra,
Nos ensinamentos seus,
Que o menor aqui na Terra,
É o maior perante a Deus.
Aquele que não se tornar,
Semelhante a uma criança,
Este jamais herdará,
A suma bem-aventurança.
Não use o banco primeiro,
Poderás ser humilhado,
Ocupe o derradeiro,
Que assim será exaltado.
Cristo adverte o mundo,
Pra orar e vigiar,
Pode em fração de segundo,
O fim dos tempos chegar.
Se Cristo voltasse hoje em dia,
Pra nos remir do pecado,
Certamente ele seria,
Muito mais sacrificado.
Jesus não suportaria,
O excesso de pecado,
Antes de findar o dia,
Seria crucificado.
Amai a Deus e ao irmão,
Como amai a vós,
Foi esta a rica lição,
Que Jesus deixou pra nós.
Jesus doou o perdão,
À contrita Madalena,
Mas fez observação,
Pra não repetir a cena.
Contrito e arrependido,
Confessa o erro que fez,
Que serás absolvido,
Mas não peques outra vez.
Mas o povo não se cansa,
De tanto pecar agora,
Não respeita a aliança,
Que o pai fizera outrora.
O casal temente a Deus,
Educa seus próprios filhos,
A seguirem os exemplos seus,
E palmilharem os mesmos trilhos.
Para que os filhos vejam,
Os bons exemplos paternos,
E assim no futuro sejam,
Bons irmãos bem fraternos.
A família é a estrutura,
Do verdadeiro cristão,
É donde brota a cultura
Da fé e da educação.
Primeira desobediência humana
Creio que Eva só pecou,
Devido ser inocente,
Tão ingênua que aceitou,
O conselho da serpente.
Um fruto saboreou,
Ofertou outro a Adão,
Pois jamais imaginou,
Ser vítima duma traição.
Adão achou natural,
Agradar a companheira,
Comeu o fruto do mal,
Da proibida fruteira.
Após de haver comido,
Percebeu o bem e o mal,
Viu que estava despido,
Se escondeu no palmeiral.
Sentindo medo do pai,
E vergonha do que fez,
Cobrir-se com folhas se vai,
Pra ocultar sua nudez.
Foi assim que iniciou,
A morte da humanidade,
Depois que Adão pecou,
Gerando a infelicidade.
A velhice indesejada
Viver pouco nos importa,
Quando nada se alcança,
Já que a vida se conforta,
Na fé e na esperança.
Se não usufruirmos de nada,
A vida não faz sentido,
Se a fé já foi apagada,
Só sonhos vãos esquecidos.
A velhice para mim,
Foi uma maldição do céu,
Tudo de bom levou fim,
Só me resta agora fel.
A velhice é a comporta,
Dos desenganos da vida,
Somente esperança morta,
Nenhuma missão cumprida.
A velhice é o acúmulo,
Do descaso e desrespeito,
Troféu pra velho é túmulo,
É tudo que tem direito.
Se acaso um ancião,
Na vida riqueza alcança,
Há quem lhe preste atenção,
Mas é visando a herança.
Quando o idoso é pobretão,
Só a doença o procura,
É rede, cama e caixão,
Funerária e sepultura.
São esses os troféus que vêm,
Quando a pessoa envelhece,
É só quando o idoso tem,
Tudo quanto ele merece.
Idoso não tem acesso,
À vida digna e necessária,
Idoso só faz sucesso,
Nos planos da funerária.
Para o idoso é tortura,
Perder a força e o vigor,
Tornando-se uma criatura,
Indefesa e sem valor.
O idoso até pra dormir,
É um duro desafio,
O idoso só sorrir,
Quando entra em desvio.
Durante a mocidade,
Nunca banquei covardia,
Tive sempre autoridade,
Respeito e autonomia.
Enquanto jovem me via,
Forte, ágil e eficiente,
Infelizmente hoje em dia,
Um traste frágil e demente.
Embora não sinta medo,
O público não considera,
Desconhece o segredo,
Que onde foi casa é tapera.
Portanto o idoso sofre,
Penúria e tribulações,
Coração de velho sofre,
De angústia e decepções.
Idoso até pra falar,
Aguarda a ocasião,
Depois que o último calar,
Alguém lhe dá atenção.
O idoso é sempre visto,
Com olhares de mangação,
Se há idoso benquisto,
Já sabemos que é barão.
Jovens, aproveitem bem,
Da mocidade, a doçura,
Pois quando a velhice vem,
Traz um cálice de amargura.
Idoso é resto, é sobra,
Que a juventude dispensa,
Com a velhice só se logra,
Desprezo, mágoa e doença.
O pai trata com meiguice
E afago, a cada filhinho,
Mas quando cai na velhice,
Vai se sentir tão sozinho.
A velhice é o acúmulo,
De tudo quanto é ruim,
O que lhe aguarda é túmulo,
Apoteose é o fim.
O idoso vive a fingir,
Tentando as mágoas ocultar,
Quando os lábios sorrir,
O coração quer chorar.
O crepúsculo do sol posto,
Me causa constrangimento,
Angústia, mágoa, desgosto,
Renascem em meu pensamento.
O crepúsculo matinal,
A mim transmite alegria,
Esqueço tudo de mau,
Pra curtir um novo dia.
Trovas em comum
Deus criou a humanidade,
Doou-lhe a inteligência,
Mas o homem por maldade,
Sempre gera violência.
Ao invés de aproveitar,
Essa doação de Deus,
Para ao mundo propagar,
Os ensinamentos seus.
Quisera que Deus agora,
Me seguisse bem de perto,
Como guiara outrora,
Seu povo pelo deserto.
Ó Deus, que tudo fizestes,
Com esplêndida perfeição,
Porque também não me destes,
Um espírito mais cristão.
Meu Deus quando tu criastes,
O homem à tua semelhança,
Creio que imaginastes,
O homem sempre criança.
Aquele que é pioneiro,
Na prática da oração,
Quase sempre é o primeiro,
A maltratar seu irmão.
O povo não obedece,
Os mandamentos de Deus,
Ou por outra se esquece,
Dos ensinamentos seus.
Não teme que Jeová,
Se arrependa de novo,
E torne a exterminar,
Da face da Terra, o povo.
Ninguém consegue o poder,
Se não for dado por Deus,
Por isso, não queira ser,
Carrasco com os irmãos seus.
Cristo veio nos ensinar,
Virtudes que nos atrai,
Disponível a caminhar,
Rumo a casa do Pai.
Seja bom: imite o Cristo,
Parta o pão com os demais,
Se todos fizessem isto,
Ninguém sofria jamais.
Mas devido a presunção,
Ninguém ajuda ninguém,
Esquece que seu irmão,
É um ser humano também.
Ninguém é bom: senão Deus,
Falou o Mestre divino,
Nos ensinamentos seus,
Aprendi: quando menino.
Se a gente considerasse,
Os outros igualmente a ai,
Talvez quando alguém chorasse,
Ninguém ficasse a sorrir.
Compreensão é um dom,
Que a tantos foi negado,
Ninguém procure ser bom,
Porque será judiado.
São poucos os que agradecem,
O muito que alguém lhe dera,
Outros acham que merecem,
Muito mais que recebera.
Se reparo pro irmão,
Esqueço de olhar pra mim,
É justamente a razão,
De permanecer ruim.
Ninguém por inteligente,
Conseguirá me entender,
Se o que passa em minha mente,
Nem um sábio pode ler.
A brisa leve e serena,
Nesta hora matutina,
Torna a vida mais amena,
E minha alma ilumina.
Acho que se alguém pecar,
Inocente do que fez,
Deus pode até lhe poupar,
Se não fizer outra vez.
Se Deus colhesse as somas,
Dos erros que o povo faz,
Creio que muitas sodomas,
Já não existissem mais.
Deus fez uma aliança,
De paz com o seu povo,
Mas o mundo não se cansa,
De tanto pecar de novo.
Não me passa pela mente,
O erro por inocência,
Pois nunca vi inocente,
Praticando violência.
Todo recanto da terra,
Já foi evangelizado,
Creio que jamais alguém erra,
Ignorando o pecado.
Não sei dizer se a morte,
Vem por desígnios de Deus,
Ou se por destino ou sorte,
Que cada quais tem os seus.
Por que leva tanta gente,
Que tem razão p’ra viver,
Enquanto pouco indigente,
Que vive só a sofrer.
Quando mata um jovem forte,
Que esbanja felicidade,
Consideramos a morte,
De trágica fatalidade.
Viver: pouco me convém,
Num mundo tão desleal,
Aquele que faz o bem,
É sempre pago com o mal.
Tem gente que se aparece,
Mostrando esbanjar riqueza,
Enquanto a vítima padece,
Na mais tremenda pobreza.
Outrora curti a vida,
Sem espinhos, só em flores,
Mas no meio da partida,
Amarguei os dissabores.
Ó meu Deus te agradeço,
Por tudo que me fizestes,
Confesso que não mereço,
Um décimo do que me destes.
Já que deste por amor,
Com amor te pagaria,
Mas sabes que o pecador,
Se amasse não pecaria.
Se a gente chegasse a ler,
O pensamento de alguém,
Com certeza ia sofrer,
Como este sofre também.
Entre nós dois existe,
Algo que sempre ignoro,
Choro se te vejo triste,
E tu sorrir quando choro.
Em noite serena e fria,
Em plena luz do luar,
Minh’alma triste e vazia,
Sorrir para não chorar.
Em noite silenciosa,
Que o luar não aparece,
Minh’alma rude e chorosa,
Ainda mais se entristece.
Elogios indiretos
Tu és uma prenda linda,
Encantadora e atraente,
Tua beleza infinda,
Permanece em minha mente.
Tu tens uma alma ativa,
De tanto encanto e bondade,
Ma o que mais me cativa,
É a tua simplicidade.
És rica em qualidade,
Em beleza e virtude,
Na alta sociedade,
Exemplo p’ra juventude.
Se esmerou a natureza,
Com tanta dedicação,
Pra te dotar de beleza,
De bondade e perfeição.
Para que tanta beleza,
Em uma só criatura,
Enquanto amarga a tristeza,
Gente com tanta feiúra.
Tua beleza e atração,
Fazem te enobrecer,
Mas ignoras a razão,
Que me faz enlouquecer.
O beijoqueiro maluco
Por um certo esquecimento,
Beijei minha grande amiga,
Logo no mesmo momento,
A moça botou pra briga.
Me disse: dê-se ao respeito,
Tenha mais educação,
Pois não lhe dei o direito,
Nem tampouco permissão.
Interferi: calma um pouco,
Me perdoe por esta afronta,
Tu sabes que estou louco,
Por que levas isto em conta?
Ela disse: que frescura,
Que tremendo beijoqueiro,
Se tu tivesses loucura,
Vivia a rasgar dinheiro.
Respondi-lhe: ó princesa,
Sou sincero em lhe dizer,
Que tenho toda certeza,
Que sou louco por você.
Há tempos me reconheço,
Que sou um louco assumido,
Portanto sei que mereço,
Com um beijo seu ser punido.
Declaração de um louco
Quisera ficar contigo,
Ao menos por um momento,
Sei que morro e não consigo,
Lhe tirar do pensamento.
Falo com todo respeito,
Não estou exagerando,
Ninguém te ama do jeito,
Que vivo sempre te amando.
Quando o amor é grande, é forte,
Defronta todas as barreiras,
Te amarei até a morte,
Embora tu não me queiras.
Não há soma nem valor,
Que compre felicidade,
Um pouco de teu amor,
Me faz feliz de verdade.
Se me tratas com aspereza,
Não penses que fico bravo,
Sou fã de tua beleza,
Sou teu eterno escravo.
Só porque me destes um fora,
Achas que me convenceu?
Se o amor que te tenho agora,
Vale pelo meu e o teu?
Agradeço muito a Deus,
Tanto por te conhecer,
Muito embora os olhos teus,
Se fechem pra não me ver.
Não perdes por esperar,
Te amarei sempre: pois,
Se não quiseres me amar,
Te amarei por nós dois.
É tão grande a sensação,
Quando estou ao lado teu,
Sentindo teu coração,
Pulsar bem juntinho ao meu.
Se eu pudesse dividia,
Meu sofrimento contigo,
Só assim você sentia,
O quanto judias comigo.
Te amo tanto em segredo,
Que até sonhando te chamo
E acordado sinto medo,
De declarar que te amo.
Se pudesse te daria,
Tudo de bom quanto vejo,
E em troca só cobraria,
De ti apenas um beijo.
Não era o suficiente,
P’ra amenizar minha dor,
Pois sofro constantemente,
Implorando teu amor.
Se tu sentisses por mim,
O que eu sinto por ti,
Não me tratavas assim,
Pra não nublar meu porvir.
Meu amor fala mais forte,
De qualquer sentimento,
O amor defronta a morte,
Sem nenhum constrangimento.
Quisera um paraíso,
Só para mim e você,
Para depois do juízo,
Ninguém nos aborrecer.
Se disseres que me amas,
Embora seja fingindo,
Amenizarás as chamas,
Que estão me consumindo.
Nada de mal prolifera,
Quando há amor de verdade,
Porque o amor supera,
A qualquer dificuldade.
Trovador mal humorado
Quando estou mal humorado
Agravo até mesmo Deus,
Achando que ele é culpado,
De todos os defeitos meus.
Digo que não sou culpado,
De ser assim tão ruim,
Fui por Deus designado,
Por que me fizera assim?
Talvez eu precise ter,
Do céu um duplo castigo,
Por não agradecer,
O quanto ele é bom comigo.
Se Deus enviasse hoje em dia,
Jesus Cristo: o mensageiro,
Com certeza encontraria,
Mais de um Judas traiçoeiro.
Hoje há muitos pilatos,
Que não tem autonomia,
Para entregar-te aos maus tratos,
Com a mesma covardia.
Hoje em dia apenas tenho,
Uma missão atual,
De conduzir o meu lenho,
Até a hora final.
Trovador confuso
Se conheces o caminho,
Que nos leva a salvação,
Não me deixes aqui sozinho,
Eu também sou teu irmão.
O autor da criação,
Criou o mundo do nada,
Deve ser esta a razão,
D’eu ser desvalorizado.
Amor, paixão só existe,
Na fase da juventude,
Nada mais disto persiste,
Quando chega a senetude.
A idade já não permite,
Falar assim de amor,
Mas minh’alma transmite,
A memória que ficou.
Na mente da humanidade,
Só vale quem tem dinheiro,
Pobre na sociedade,
É tal qual um desordeiro.
Saudade dos tempos idos,
Que não voltarão jamais,
Dos bons momentos vividos,
No aconchego dos meus pais.
Quando tu eras criança,
De perto te acompanhei,
Não me saem da lembrança,
As vezes que te afaguei.
Se encontrares hoje em dia,
Algum surto em teu caminho,
Não temas, nem te angustia,
Porque não estás sozinho.
Estarei sempre contigo,
Apto a te defender,
Defronto qualquer perigo,
Que possa te aparecer.
Ajude o seu irmão,
Mas não pense em recompensa,
Pois quando damos a mão,
Em troca temos ofensa.
Aquele que está servindo,
Se maltrata como louco,
Mas quem está usufruindo,
Ainda acha que é pouco.
Aquele que mais fizer,
É quem menos vai lucrar,
Há pessoa que só quer,
Das outras se aproveitar.
Não acho nada engraçado,
Passar por louco ou boçal,
Só porque fico calado,
Quando alguém me trata mal.
Se você for maltratado,
Não fique se lastimando,
Porque sempre o resultado,
É o outro ficar zombando.
Aquele que é duro ou forte,
Jamais se dá por vencido,
Sofre as angústias da morte,
Sem esboçar um gemido.
O bem da vida é estar,
De paz com todos os seus,
Pra desta forma louvar,
E agradecer a Deus.
A pessoa que não usa,
A virtude querer bem,
Constantemente abusa,
Da bondade de alguém.
Não sei se por ignorância,
Ou se por plena inocência,
Alguém dispensa a fragrância,
Da mais valiosa essência.
Amor só com amor se paga,
É mais que realidade,
O amor jamais se apaga,
Quando amamos de verdade.
Nada na vida se alcança,
Sem esforço e sem afã,
Quem tiver perseverança,
Vencerá no amanhã.
Já perdi toda a esperança,
Por nada mais sinto empenho,
Só saudade e lembrança,
São únicas coisas que tenho.
Pois nada mais me conforta,
Nem apaga meu desgosto,
Com toda esperança morta,
E praticamente o sol posto.
Sou qual a flor sem perfume,
Que murcha ao romper da aurora,
Só sorrir pelo costume,
De haver sorrido outrora.
Pabulagem causa tédio,
Humilhação não aceito,
Só tenho fé no remédio,
Depois que sinto o efeito.
De Deus cobrei força e saúde,
Pra suportar o peso do afã,
No trabalho esforcei-me enquanto pude,
Sem pensar no dia de amanhã.
De tanto opróbrio que me faz sofrer,
Aprendi a odiar a vida,
Já não sinto vontade de viver,
Ao lado desta gente corrompida.
Talvez por opinião
Ou por plena teimosia,
Estou sempre em contradição,
Com os costumes de hoje em dia.
Só faço aquilo que penso,
Não quero ser reprovado,
Qualquer conselho dispenso,
Pra não ser contrariado.
Não estou arrependido,
De haver chegado à velhice,
Pior se houvesse morrido,
Na fase da meninice.
Pois desfrutei o bastante,
Dos poucos dias vividos,
Mas lamento a cada distante,
Que vejo idosos oprimidos.
Creio que o maior prazer,
Que o idoso tem na vida,
É chegar a envelhecer,
Curtindo a família unida.
Se amas a Deus de verdade,
Segues os mandamentos seus
Que a santíssima trindade,
Guiará os passos teus.
Trovador indeciso
Já ouço o triste lamento,
Da velhice ao meu redor,
Mas não esqueço um momento,
De quando era menor.
Gostaria de volver,
A fase da juventude,
Quisera voltar a ser,
Aquele garoto rude.
Com certeza seguiria,
Um caminho diferente,
E chegar a ser um dia,
Um homem mais competente.
A velhice é uma prova,
De saúde e felicidade,
Que o idoso leva p’ra cova,
Mas deixa ao mundo saudade.
Velhice é benção dos céus,
Feliz é, quem alcançar,
Será o maior troféu,
Que alguém pode galgar.
Peço desculpas aos idosos,
Se algum sente ofendido,
Todos são maravilhosos,
Só eu não sou assumido.
O ébrio idiota
Ignorando a razão,
De viver desprezado,
O meu pobre coração,
Soluça amargurado.
Em virtude ou motivo,
De viver sofrendo assim,
Vou procurar lenitivo,
No balcão de um botequim.
Começo sábado bem cedo,
Tomo até segunda-feira,
E não descubro o segredo,
De não achar quem me queira.
Já que não tenho o prazer,
De beijar teu lindo rosto,
Meu lenitivo é beber,
Pra não morrer de desgosto.
Se um dia encontrasse,
Minha bela adormecida,
Talvez até que deixasse,
A malvada da bebida.
Quem sabe se essa menina,
Dissesse que sou legal,
Já seria a medicina,
Pra curar o meu mal.
Além do bêbado idiota,
O mundo inteiro me chama,
Sigo sempre a mesma rota,
Porque você não me ama.
Creio que se você me amasse,
Apagasse essa amargura,
Talvez modificasse,
A minha vida futura.
Viver assim sem amar,
A vida não dá prazer,
Mas se a bebida faltar,
Serei capaz de morrer.
Eu cheguei a conhecer,
Linda morena atraente,
Que prometeu me querer,
Se largasse da aguardente.
Disse se inda te ver,
Com um copo de bebida,
Juro: irei te esquecer,
P’ro resto de minha vida.
Se tu não queres me ver,
Com um copo de cachaça,
A única coisa a fazer,
É tomar agora em taça.
Revendo o passado
Quando revejo o passado,
Tenho orgulho e saudade,
De ter sido idolatrado,
Por toda minha irmandade.
Fui sempre cheio de gosto,
De mamãe o mais dengô,
Se lhe causei mau gosto,
Ela nunca reclamou.
Em virtude de ser,
O penúltimo da irmandade,
Procurava sempre ter,
Respeito e autoridade.
De todos eu recebia,
Respeito, amor e carinho,
Lamento triste hoje em dia,
Ter ficado tão sozinho.
Desde a tenra meninice,
Só contava o que via,
Fiz sempre aquilo que disse,
Cumpria o que prometia.
Por estes e outros modelos,
Fui por todos respeitado,
No entanto quisera tê-los,
Todos vivendo ao meu lado.
Por Deus foram escolhidos,
P’ra morar na eternidade,
Fiquei com os excluídos,
Curtindo a dor da saudade.
Sei que saudade não mata,
Mas encurtará a vida,
Té a alma se maltrata,
Longe da gente querida.
Recordo os dias vividos,
No seio do lar paterno,
Junto aos meus manos queridos,
Um símbolo de amor fraterno.
Nada preenche o vazio,
D’alma e do coração,
É um duro desafio,
Viver nessa solidão.
Me resta agora esquecer,
E agradecer a Deus,
Por ainda sobreviver,
Com todos defeitos meus.
A Deus faço meus apelos,
Através duma oração,
Que possa um dia revê-los,
No seio de Abraão.
Trovas equivocadas
Afirmo: não tenho fé,
No homem que fala fino,
Talvez não seja mulher,
Mas não é bem masculino.
Acho que o maledicente,
Demonstra sua fraqueza,
E o que se pabula mente,
Disto eu tenho certeza.
Por isso tem a vantagem,
O que conversa bem pouco,
Evita falar bobagem,
E talvez não fica rouco.
Trago sequelas na alma,
Desde a tenra meninice,
P’ra mim é causa do trauma,
Ouvir falar em velhice.
Guardo o maior respeito,
Por qualquer pessoa idosa,
Mas de velho não aceito,
Que me chamem nem em prosa.
Para mim não há vantagem,
Disfarçar a senetude,
Quem demonstra a nítida imagem,
De um simples velhinho rude.
Alguém pode ocultar,
Os seus defeitos morais,
O físico só vai sanar,
No mundo dos imortais.
Sabemos que a velhice,
Quando chega não há cura,
Para mim não é crendice,
Aguardar a sepultura.
De todos os males do mundo,
O mais trágico é senetude,
Pois nem em fração de segundo,
Você gozará saúde.
O idoso se satisfaz,
Quando alguém lhe estende a mão,
Mas pergunte onde dói mais,
Esta é a sua obrigação.
A inveja nos leva ao fim,
É o símbolo da maldição,
Por inveja o mau Caim,
Matou Abel seu irmão.
Cada estrofe oferece,
Um sentido sempre oposto,
Tem trova que té parece,
Brincadeira de mau gosto.
O preguiçoso orgulhoso
Com o total desemprego,
Não irei sobreviver,
Já não tenho mais sossego,
À procura de afazer.
À procura de trabalho,
Percorro bairro e avenida,
Não encontro um quebra-galho,
Para tocar minha vida.
Fui a um supermercado,
Me dirigi ao patrão,
Um senhor bem educado,
Me prestou toda atenção.
Foi logo me perguntando:
Qual é a profissão recente?
-Se tivesse trabalhando,
Não estava aqui presente.
Eu gostaria de encontrar,
Um trabalho bem maneiro,
Para então me dedicar,
Somente em contar dinheiro.
Tem mais: para começar,
Todo mês quero aumento,
E só irei trabalhar,
No dia do pagamento.
Eu posso te contratar,
Isento de mordomia,
E terás de trabalhar,
As doze horas por dia.
Tu achas que fiquei louco,
P’ra cometer esta falha,
Se aqui quem ganha mais pouco,
É aquele que mais trabalha.
Quero um trabalho maneiro,
Com o seguro de vida,
Que me renda um bom dinheiro,
Calçado, roupa e comida.
Não comerei pão molhado,
Com o suor do meu rosto,
Porque suor é salgado,
E com pão não dá bom gosto.
Eu conheço tanta gente,
Que do trabalho é escravo,
Muitos morrem indigentes,
Sem guardar nenhum centavo.
Posso até trabalhar,
Mas com uma condição,
Se for para administrar,
A empresa do patrão.
Brincando com a morte
Eu comecei muito cedo,
Lutar p’ra sobreviver,
Fico triste e sinto medo,
Quando imagino em morrer.
Por mais que a vida seja,
Pura p’ra quem não é forte,
Jamais este alguém almeja,
Chegar ao extremo da morte.
Motivo do meu receio,
É que morte: sinônimo é fim,
Nenhum dentre os mortos veio,
Dizer se é bom ou ruim.
Se a gente depois da morte,
Não se adaptando lá,
Transpusesse a comporta,
Que impede a gente voltar.
Se tivesse a garantia,
Que quebrava esta barreira,
Talvez, até que um dia,
Eu caísse nessa asneira.
Mas enquanto não tiver,
Boas notícias de lá,
Pode morrer quem quiser,
Eu me contento em ficar.
Quisera enfrentar a morte,
Para defender a vida,
Mas por mais que seja forte,
Ela não se intimida.
Além de ser invisível,
Ninguém vê ela chegar,
Se considera invencível,
Quando chega é pra ganhar.
Dizem que é justiceira,
Mas eu penso diferente,
Considero-a traiçoeira,
Porque não poupa inocente.
Por que não fica a ceifar,
Só gente sem validade,
E não venha exterminar,
Criancinhas sem maldade.
Criança é benção do céu,
É o símbolo da santidade,
Por que tu és tão cruel,
Mata, não tem piedade.
Sendo por minha vontade,
Morte não existiria,
A vida era eternidade,
Só assim não morreria.
Desafiando a morte
Por que foges de mim, morte vaidosa,
Para ceifar jovem e criança?
Gente cheia de vida e esperança,
Enquanto poupa tanta gente idosa?
Esqueces crápulas de vida vergonhosa
Indignos de partilhar com Deus a aliança,
Poupas inválidos já sem fé, sem confiança,
E roubas tanta vida preciosa?
Lembra que as crianças têm divindade e futuro
E colhe todo este lixo que já faz monturo,
E nada tem para ao mundo oferecer.
Os velhos devem agir com consciência
Bradar a Deus pelo fim da existência,
Pois só com a morte minora o seu sofrer.
Velho não tem mais porte
Nem futuro, nem direito,
Só aceita velho é a morte,
Por que não tem preconceito.
Só xingo idoso por que
Sou um velho revoltado,
Já que sempre sonhei ser,
Um herói, não um derrotado.
Perdão a cada velhinho
Desculpem eu ser pessimista,
O meu respeito e carinho,
A todo idoso otimista.
Doce lar
No antigo e doce lar,
Meu saudoso lar paterno,
Nele consegui galgar,
Lições de amor fraterno.
Foi nele que aprendi,
A dar os primeiros passos,
Risonhamente cresci,
Sem encontrar embaraços.
Foi nele que usufruí,
Amor , afeto e carinho,
Com meus manos dividi,
Depois fiquei tão sozinho.
Nele cheguei a aprender,
As ricas lições de vida,
Como jamais esquecer,
De mamãezinha querida.
Recordo as orações,
Que mamãe me ensinou,
Até hoje nenhum senões,
A tua imagem apagou.
O rancho velho resiste,
Muito deteriorado,
E eu solitário e triste,
P’ra declamar meu passado.
Saudade
Saudade é a circunstância,
Do que desfrutei outrora,
Em minha querida infância,
Que triste recordo agora.
Saudade fruto da ausência,
Dos bons tempos que vivi,
Saudade é a conseqüência,
Da infância que perdi.
Saudade é separação,
Ou perda de um ser amado,
Saudade é recordação,
Do que fomos no passado.
Saudade faz companhia,
A quem vive tão sozinho,
Maltratando dia a dia,
Matando devagarinho.
A saudade é a única,
Companheira que persiste,
Que faz dos seus braços túnica,
P’ra envolver quem está triste.
Saudade inconveniente,
Quisera te esquecer,
Porque saudade freqüente,
Aumenta mais meu sofrer.
Com tua rica linhagem,
Tanta beleza e ternura,
Refletes a nítida imagem,
Da deusa da formosura.
Ninguém jamais me convence,
Que ama seu semelhante,
Se p’ra quem não te pertence,
Nem olhas: passa adiante.
Zero para a ignorância
A ignorância é pior,
Do que a própria cegueira,
O cego tateia só,
Não afeta a platéia inteira.
A pessoa ignorante,
Quando fala causa alerta,
Agrava seu semelhante,
Achando que está certa.
O ignorante é,
Pior que o débil mental,
Prefiro o louco até,
Por ele ser anormal.
A ignorância é fruto,
Da falta de educação,
Mas hoje qualquer matuto,
Já tem civilização.
Canto da juventude
Sem experiência, sem norte,
Há sempre jovem indeciso,
Que se queixa da má sorte,
Não da falta de juízo.
No auge da mocidade,
O jovem canta a sorrir,
De tanta felicidade,
Que almeja p’ro porvir.
No verdor da mocidade,
Em plena fase do amor,
Longe da realidade,
Vive o jovem sonhador.
Fase vivida em sonhos,
Que a todo jovem embevece,
São episódios risonhos,
Que a gente jamais esquece.
Sonhos ricos de esperança,
De plena felicidade,
Força da mente que avança,
No alvorecer da idade.
Desfrutei na juventude,
De amor, encanto e beleza,
Mas curti na senetude,
Um arsenal de tristeza.
Maldades do ser humano
Quando uma criatura,
Mata para não morrer,
Mostra a força e bravura,
E um ótimo proceder.
Mas logo que um ser humano,
Mata o próximo por dinheiro,
Além de ser desumano,
É covarde e traiçoeiro.
Quem mata p’ra se vingar,
D’uma ofensa recebida,
Sem sequer considerar,
O quanto custa uma vida.
O próprio lobo avança,
E mata p’ra matar a fome,
Mas o homem por vingança,
Mata a presa e não consome.
P’ra medir força e coragem,
Fere e mata seu irmão,
Exibindo a nítida imagem,
De um monstro sem razão.
O homem mata por medo,
Por inveja, por amor,
Mata por qualquer enredo,
É um monstro estarrecedor.
Mata por puro prazer,
Pra sentir a emoção,
Mata somente p’ra ver,
O sangue banhar o chão.
Por ciúme, por rancor,
O homem mata, extermina,
Parece não ter temor,
O dogma da lei divina.
Mata p’ra ser o mais forte,
Querendo ser campeão,
Mas nas olimpíadas da morte,
Não levanta o cinturão.
Mata o próximo p’ra levar,
Seus pertences e dinheiro,
Não satisfeito em roubar,
Assassina o companheiro.
Mesmo esquecendo a maldade,
Há tanta gente de bem,
Que gera felicidade,
Faz o bem não olha a quem.
Se todos formassem um laço,
No elo da união,
Já seria um grande passo,
Para um mundo mais irmão.
Trovas tumultuadas
A vida é luta, é revanche,
Desde o início ao final,
Seja herói, mas nunca manche,
O seu respeito e a moral.
A vida é cheia de engano,
Sonhos, quimeras, ilusões,
Passa ano e vem ano,
E as tristes decepções.
Vida sempre é bem vivida,
Quando somos otimistas,
Os que maldizem a vida,
São fracos e pessimistas.
Quanto mais dificuldades
Encontrarmos nesta vida,
Mais são as ansiedades
De vencermos a partida.
Se a tristeza te escraviza,
Roubando teu apogeu,
Lembra-te que alguém precisa,
De um simples sorriso teu.
Modéstia parte: eu confesso,
Com toda sinceridade,
Que me sinto submerso
Num mar de felicidade.
O homem sempre é escravo,
Por Deus foi designado,
Por mais que ele seja bravo,
Finda por ser humilhado.
Um ser desclassificado
Pela classe feminina,
É um lixo, um derrotado,
Só mulher é heroína.
Quando o homem é bem tratado
Com o seu devido respeito,
É dócil e bem humorado,
Unânime e bem satisfeito.
Mas quando vive humilhado
Com injúrias e palavrão,
É qual lobo revoltado,
Mais bravo que o leão.
Se o mundo inteiro agisse
Com perfeita consciência,
Talvez ninguém discutisse,
Nem gerasse violência.
Nem Deus baixando do céu
Dá cabo em gente ruim,
Enquanto morre um Abel,
Nascem milhões de Caim.
Ainda há Cristos hoje em dia
Que acabam crucificados,
Enquanto mil Judas sorria,
E jamais são enforcados.
O próprio animal selvagem
É mais dócil do que nós,
Homem: “de Deus a imagem”
Por que se tornou feroz?
Quantos monstros seguem trilhos
No mundo da humanidade,
Matando seus próprios filhos,
Com requintes de crueldade.
Durante a juventude
Gozei saúde invejável,
Mas hoje, na senetude,
Um opróbrio velho imprestável.
Fui um espectro de homem, que outrora,
Exibi musculatura forte e ágil,
Debalde procuro, mas só vejo agora,
Um tosco mini-corpo esquálido e frágil.
Antes eu levava a vida
Em sonhos e fantasias,
Hoje mágoas ressentidas,
Saudade e melancolias.
Nada mais neste mundo me intimida
Pois não sinto sobrosso de morrer,
Já que Jesus por nós doou a vida,
Como um pecador terá medo de sofrer?
Hoje amargo os desenganos
Tristeza e desilusões,
Por ver frustrados meus planos,
Me restam decepções.
Trovas
Passei pela vida e não apresentei
Nenhum dos dons que recebi de Deus,
Mas confesso ao mundo: não sei,
Por que só mostro os defeitos meus.
Por que deixei, meu Deus, que se apagasse
As qualidades e as virtudes divinais,
Que bom seria se eu ainda me espelhasse,
Nos reflexos dos espelhos de meus pais.
Minha estrela que outrora
Brilhava com intensidade,
Hoje rubra, cor da aurora,
Representa uma saudade.
O que mais tortura a gente
É perder toda esperança,
E um desengano recente,
Que nada mais se alcança.
Para quem alimentou
Tanta esperança e sonho,
E nada realizou,
O quadro é tosco e tristonho.
Mas como dizer adeus?
A tamanha frustração,
Se os sentimentos meus,
Martelam meu coração?
O que mais dói na velhice
É rever a mocidade,
De sonho, amor e meiguice,
De encanto e felicidade.
E vice-versa hoje em dia
Só desenganos e incerteza,
Frustração e nostalgia,
Numa indelével tristeza.
Quisera tanto sonhar
Sentir a felicidade,
De rever meus pais e falar,
Com meus manos na eternidade.
Recordações de meus manos
De meus queridos pais,
Frustrações e desenganos,
Me fazem sofrer demais.
Toda tardinha morrente
A solidão me invade,
E o crepúsculo persistente,
Aumenta mais a saudade.
Belos momentos vividos
No convívio de meus pais,
Junto a meus manos queridos,
Que jazem na santa paz.
Aquele que se arrepende
De todo erro que fez,
Com certeza não entende,
Que vai sofrer outra vez.
Não reflito nem um pouco
Se pratico algo ruim,
Por que não sou nenhum louco,
De infligir tortura em mim.
Até escrevendo erro,
É um quadro melancólico,
Mas permanecer no erro,
No provérbio é diabólico.
Sei que apenas passei
Pela vida: não vivi,
Pois nada dela tirei,
Tampouco retribui.
Me confesso réu culpado
Desse meu viver tristonho,
Por não ver realizado,
Sequer na vida um só sonho.
Apenas sobrevivi
Trabalhando como louco,
De algo que usufruí,
Não me resta nem um pouco.
Na mocidade vivi
Disponível a me doar,
Pra na velhice pedir,
É cena espetacular.
Como irei me portar
Sorridente e satisfeito,
Se não posso acostumar,
Com coisas que não aceito.
Com a velhice, tudo vem,
Tristeza, angústia e sofrer,
Por que não chega também,
Algo que nos dê prazer?
Para você viver bem
É preciso viver só,
Sem se servir de ninguém,
Que esteja ao seu redor.
Casal que não discutir
É raro, mas eu aludo,
Só se não ver, nem ouvir,
Ou então os dois serem mudos.
No jardim de minha infância,
Flores jamais colherei,
Por que ficou na distância,
Da estrada que trilhei.
Não sei se existe hoje em dia
Flores cheirosas e belas,
Iguais às que eu confundia,
Com as borboletas amarelas.
Que os colibris festejavam
Sugando o néctar das flores,
Enquanto esvoaçavam,
Borboletas multicores.
Me sentia extasiado
De tanta felicidade,
Só me restou do passado,
Recordações e saudade.
Não mais flores nem perfume
Que floriam meu jardim,
Só lamentos e queixume,
De uma saudade sem fim.
Nascer, viver e morrer,
São as certezas do mundo,
Muitos chegam a envelhecer,
Uns já nascem moribundo.
Quem chegar a assumir
O que lhe foi confiado,
Na velhice irá dormir,
Sem remorsos de pecado.
Nenhum temor de castigo
Do que fiz pra sobreviver,
Pois se gerei inimigo,
Foi quando deixei de fazer.
O mundo nos oferece
Coisas fúteis e banais,
Quem com isto se embevece,
É o príncipe Satanás.
Jamais devemos sorrir,
Do sofrimento de alguém.
Lembremos que no porvir,
Podemos sofrer também.
Pois sabemos que ninguém,
Sofre por pura vontade.
Muitas vezes um outro alguém,
Lhe rouba a felicidade.
Partilhe com os demais
A sua felicidade,
Não ajude a sofrer mais,
Quem sofre com humildade.
Enquanto um canta e sorri
Um outro soluça e chora,
É fácil se definir,
Pra quem se pôs a aurora.
Quem sorrir para esconder
As mágoas de um desgosto,
Não conseguirá suster,
As lágrimas que banham o rosto.
Quem for privilegiado
Viver de sua riqueza,
Não humilhe a um coitado,
Que vive em plena pobreza.
Belos sonhos de infância
Em plena felicidade,
Se perderam na distância,
Hoje amargo a saudade.
Uma infância consagrada
Só a meus brinquedos rudes,
Criança rica do nada,
Mas riquíssima em virtudes.
Só amigos de verdade
Tive em minha adolescência,
Até uma certa idade,
Vivi em plena inocência.
Hoje assisto cada cena
Que me provoca e insulta,
Ver criança tão pequena,
Portando uma alma adulta.
Criança: alma perfeita
Em pureza e castidade,
Criança: por Deus eleita,
O símbolo da santidade.
Criança: fonte divina
De inspiração e luz,
Criança nos ilumina,
A caminhar com Jesus.
Pra outro homem qualquer
Todo homem é corajoso,
Mas perante a mulher,
É covarde e mentiroso.
Só falo assim para o povo
Por me sentir ancião,
Mas enquanto fui novo,
Banquei sempre o valentão.
Por que o homem não teme,
Nem mesmo um leão feroz?
E diante da mulher treme,
Só em ouvir sua voz?
Até pra sobreviver
O homem tem que ser forte,
Homem não deve temer,
Nem mesmo a própria morte.
Para quem quer triunfar
A luta não lhe intimida,
Mesmo tendo que exalar,
O último sopro de vida.
Não sei se por desconforto
Às vezes penso negativo,
Prefiro um valentão morto,
Do que um covarde vivo.
Quem vê o argueiro suave
No olho de seu irmão,
Não percebe a grande trave,
Que veda sua visão.
Aquele que se julga ser
De todos superior,
Sempre acaba por perder,
O seu respeito e valor.
Não dominamos ninguém
Por força e humilhação,
Só se cativa alguém,
Por respeito e atração.
Se tratar mal seu vizinho
Tem um inimigo suspeito,
Se lhe dedicar carinho,
Terá sempre seu respeito.
O pai conduz em seus trilhos
A paciência de Jó,
Se dedica inteiro aos filhos,
Depois se sente tão só.
Confesso: não assumi
Toda minha obrigação,
Apenas distribuí,
Carinho e afeição,
Jamais irei exigir,
O mínimo de atenção.
Esforcei-me enquanto pude
Pra ser feliz de verdade,
Mas só dinheiro e saúde,
Geram a felicidade.
Lágrimas dos olhos se vão
Sem vestígio e sem sinais,
As que banham o coração,
Não se vê, mas doem mais.
Nunca chame de covarde
Quem age sem consciência,
Talvez não seja maldade,
Seja por pura inocência.
Não julgue: apele pra Deus
O juízo universal,
Pois os julgamentos seus,
Às vezes encomendam mal.
Ninguém vai me convencer
Nem também me intimidar,
Preciso ouvir e crer,
Para então acreditar.
Ameaça e pabulagem
São coisas que não convém,
O homem que tem coragem,
Faz: não diz pra ninguém.
Se alguém te bate de um lado
Mostre o outro pra bater,
Não se mostre revoltado,
Nem use força e poder.
Ricas lições de humildade
Nos ensinou Jesus Cristo,
Mas eu, na realidade,
Jamais aceitarei isto.
Desprezo e humilhação
São coisas que não aceito,
Considero meu irmão,
Mas cobro dele respeito.
Fingir que vive feliz
Não é prova convincente,
Por que o semblante diz,
O que o coração sente.
Gritaria e pabulagem
Não me intimidam jamais,
Por que só sinto vantagem,
Nas suas cordas vocais.
Pra muitos: pedir lhe fere
É causa de humilhação,
É bom que ninguém espere,
Que este lhe estenda a mão.
Ouço no esturro da fera
Sua força e valentia,
Se o homem grita, libera:
Susto, medo e covardia.
Desabafo da alma
Cada estrofe, cada trova,
Se refletida com calma,
Representa a nítida prova,
D’um desabafo da alma.
Em cada rima que faço,
Cada verso que componho,
Parece que apago um traço,
Em meu semblante tristonho.
Compor não é empunhar,
A caneta e o papel,
É necessário esperar,
A inspiração do céu.
Todo aquele que admira,
A poesia: ele tem,
Momentos que se inspira,
E compõe versos também.
Na hora que me inspiro,
Me sinto na paz de Deus,
Agradeço-o e admiro,
Os grandes prodígios seus.
O poeta se revigora,
A cada verso composto,
Parece que joga fora,
Um desabafo, um desgosto.
A fé
Crer em Deus: para mim é,
Uma vantagem ou façanha,
Segundo a Bíblia: a fé,
Pode remover montanha.
Uns acham que tendo fé,
Podem viver numa boa,
Fazendo o que bem quiser,
Que o pecado: Deus perdoa.
Muitos crêem em rezador,
Espíritas e macumbeiro,
Não acreditam em doutor,
Porque não é curandeiro.
Talvez quem vive rezando,
Tem plena convicção,
Que pode viver pecando,
Que Deus dará o perdão.
Uns acham que é vocação,
E se empolgam com os erros seus,
Caluniando o irmão,
Depois se confessam a Deus.
Alguém vai orar no templo,
Para ser justificado,
Nem sempre dá bom exemplo,
Já sai de lá revoltado.
Muitos só vão à igreja,
Fazer prece ou oração,
Pedir a Deus que proteja,
A alguém de estimação.
Orai pelo excluído,
Ide, enxugai os seus prantos,
Deus quer mais a um convertido,
Que a noventa e nove santos.
Pecar já não é problema,
Se confessa, Deus perdoa,
Muitos seguindo esse lema,
Levam a vida numa boa.
Não sabemos se na hora,
Do julgamento final,
Se este dogma vigora,
P’ro juiz universal.
Muitos vivem de oração,
Tentando agradar a Deus,
Enquanto odeiam o irmão,
E zombam dos defeitos seus.
Ser bom, ter fé não precisa,
Viver só de oração,
Pois Deus lá do alto visa,
E lê cada coração.
Como ser bom
P’ra ser bom não basta orar,
Pra agradar a Deus,
Mas útil é observar,
Todos mandamentos seus.
Ser bom é fazer o bem,
Àquele que te odeia,
E participar também,
Da felicidade alheia.
Ajude o irmão carente,
Divida com ele o pão,
Que Deus Pai Onipotente,
Aceitará tua ação.
Ame a Deus, ame a verdade,
Sê puro de coração,
Não acumule maldade,
Nem ódio contra o irmão.
Visite o irmão doente,
E o outro encarcerado,
Como Deus está presente,
Tu serás justificado.
Alimentai o faminto,
Vesti quem está despido,
Que ao deixar o recinto,
Por Deus és absolvido.
Se sinta o mais pequenino,
Dê exemplo de humildade,
Somente assim o Divino,
Te dará autoridade.
Deixe a inveja de lado,
Não deseje o bem alheio,
Pois além de ser pecado.
É um hábito muito feio.
Lavai os pés do irmão,
Te portes inferior,
Com tamanha humilhação,
Deus te faz superior.
Quando alguém lhe estende a mão,
Pede uma ajuda qualquer,
Tendo dinheiro ou não,
Ajude-o como puder.
Demonstre um mudo sorriso,
Um simples gesto de amor,
É muito útil e preciso,
P’ro nosso irmão sofredor.
Será que é justo sofrer,
Pra ajudar quem não merece?
Quem só pensa em receber,
E nem sequer agradece?
Jose de Farias Menezes - Sonetos
- SONETOS
Marcas da vida
Essas rugas que entrelaçam minha face,
Não são frutos duma longa idade,
São as somas dos desenganos com a saudade,
E o símbolo da angústia que renasce.
Choraria o mundo se adivinhasse,
O desgosto mudo que minh’alma invade,
Por tantas frustrações e adversidade,
Que me impediram que jamais sonhasse.
Na juventude andei sempre à procura,
Sonhando encontrar paz e ventura,
Mas só sonhos vãos, não foi bastante.
No silêncio da noite fico a meditar,
Na desesperança que me faz chorar,
Martelando minha alma a todo instante.
Desilusões da vida
Não foi essa a vida que sonhei
Nos primeiros sonhos da mais tenra idade,
Um Éden envolto em felicidade,
Onde bem pouco tempo eu me deleitei.
No cotidiano da vida, cedo observei,
Que me fugiram o verdor da mocidade,
Todo encanto, beleza e suavidade,
Nenhum sonho eu realizei.
Foram-se todas aquelas alegrias,
Eram apenas puras fantasias,
Belas lendas de minha ingenuidade.
Que me ensinaram a gostar da vida,
Numa fase d’alma adormecida,
Que hoje desperta pra realidade.
Ansiedades mortas
Na luta intensa pra sobreviver
Galguei o cume mais alto do fracasso,
Muito obrigado a Deus posso dizer,
Por estes rudes versos que ainda faço.
Até mesmo a respirar sinto prazer
Sinto fugir a angústia e o cansaço,
A brisa amena me anima a reviver,
Ocultando a tristeza a cada passo.
Pois jamais curtirei coisas banais
Nem horas idas que não voltam mais:
Só sonho envolto de realidade.
Só quero reviver belas paisagens
Não mais refletir tristes imagens,
Só choro hoje, apenas por saudade.
Tristes lembranças de José Arteiro
De gozos e venturas sempre foste isento
Pobre humilhado, diminuto porte,
Mas demonstrava ser altivo e forte,
Sobreviveu com ânimo e com talento.
Não consigo esquecer um só momento
Do terno mano, a lúgubre e trágica morte,
Por capricho talvez da ingrata sorte,
Finou-se vítima de afogamento.
Quem viu teu corpo inerte e deformado,
Percebeu o quanto foste desprezado,
Té nas horas finais de tua vida.
Faço votos a Deus com confiança,
Que no reino da bem-aventurança,
Tua alma terá boa acolhida.
Sonhos frustrados
Recordo as noites que me deleitei
Aos rumores dos sonhos de magia,
Tanto encanto, beleza e harmonia,
Sonhos tão lindos que jamais sonhei.
No mais alto nível de enlevo, sempre despertei,
Maravilhado de pura fantasia,
Por tudo que té em sonho o mundo me oferecia,
Mas, só desenganos e desilusões galguei.
Não mais sonhos, nem enganos: só saudade
Monótono eu viso o elo da atrocidade,
Que me prendia num vazio só de ilusões.
Quem me dera apenas sonhar realidade
Num mundo amplo, isento de maldade,
Longe de insídias e decepções.
Sonhos ilusórios
Tive sonhos banais na mocidade
Que me ofertavam um mundo diferente,
Um lago imenso de felicidade
Onde a vida era mais embevecente.
Não havia prenúncio de maldade
Levava a vida alegre e sorridente,
Mas o destino ou a fatalidade,
Inverteu o quadro assim tão de repente.
Paz, ternura, beleza e alegria,
Fugiram no decorrer de cada dia,
Roubando de mim, todo o meu brio.
Vou recordando saudoso,a juventude,
Na sombra densa da decrepitude,
Qual crepúsculo, do anoitecer sombrio.
Preceito apagado
De que me vale a vida, se perdi,
O conceito, o dom mais precioso,
O caráter e o costume religioso,
Que outrora, com fé bem os segui.
Bons momentos felizes,já vivi,
Antes de soterrar meu ciclo caprichoso,
Hoje um fraco, um covarde, um mentiroso,
Em meu diário mais recente li.
Me resta agora confessar culpado
E assumir o peso do pecado,
Que me causa remorso e confusão.
Preciso de forças pra me converter
Para que um dia chegue a renascer,
E encontrar em Cristo, a salvação.
Marcas da vida
Essas rugas que entrelaçam minha face,
Não são frutos duma longa idade,
São as somas dos desenganos com a saudade,
E o símbolo da angústia que renasce.
Choraria o mundo se adivinhasse,
O desgosto mudo que minh’alma invade,
Por tantas frustrações e adversidade,
Que me impediram que jamais sonhasse.
Na juventude andei sempre à procura,
Sonhando encontrar paz e ventura,
Mas só sonhos vãos, não foi bastante.
No silêncio da noite fico a meditar,
Na desesperança que me faz chorar,
Martelando minha alma a todo instante.
Desilusões da vida
Não foi essa a vida que sonhei
Nos primeiros sonhos da mais tenra idade,
Um Éden envolto em felicidade,
Onde bem pouco tempo eu me deleitei.
No cotidiano da vida, cedo observei,
Que me fugiram o verdor da mocidade,
Todo encanto, beleza e suavidade,
Nenhum sonho eu realizei.
Foram-se todas aquelas alegrias,
Eram apenas puras fantasias,
Belas lendas de minha ingenuidade.
Que me ensinaram a gostar da vida,
Numa fase d’alma adormecida,
Que hoje desperta pra realidade.
Ansiedades mortas
Na luta intensa pra sobreviver
Galguei o cume mais alto do fracasso,
Muito obrigado a Deus posso dizer,
Por estes rudes versos que ainda faço.
Até mesmo a respirar sinto prazer
Sinto fugir a angústia e o cansaço,
A brisa amena me anima a reviver,
Ocultando a tristeza a cada passo.
Pois jamais curtirei coisas banais
Nem horas idas que não voltam mais:
Só sonho envolto de realidade.
Só quero reviver belas paisagens
Não mais refletir tristes imagens,
Só choro hoje, apenas por saudade.
Tristes lembranças de José Arteiro
De gozos e venturas sempre foste isento
Pobre humilhado, diminuto porte,
Mas demonstrava ser altivo e forte,
Sobreviveu com ânimo e com talento.
Não consigo esquecer um só momento
Do terno mano, a lúgubre e trágica morte,
Por capricho talvez da ingrata sorte,
Finou-se vítima de afogamento.
Quem viu teu corpo inerte e deformado,
Percebeu o quanto foste desprezado,
Té nas horas finais de tua vida.
Faço votos a Deus com confiança,
Que no reino da bem-aventurança,
Tua alma terá boa acolhida.
Sonhos frustrados
Recordo as noites que me deleitei
Aos rumores dos sonhos de magia,
Tanto encanto, beleza e harmonia,
Sonhos tão lindos que jamais sonhei.
No mais alto nível de enlevo, sempre despertei,
Maravilhado de pura fantasia,
Por tudo que té em sonho o mundo me oferecia,
Mas, só desenganos e desilusões galguei.
Não mais sonhos, nem enganos: só saudade
Monótono eu viso o elo da atrocidade,
Que me prendia num vazio só de ilusões.
Quem me dera apenas sonhar realidade
Num mundo amplo, isento de maldade,
Longe de insídias e decepções.
Sonhos ilusórios
Tive sonhos banais na mocidade
Que me ofertavam um mundo diferente,
Um lago imenso de felicidade
Onde a vida era mais embevecente.
Não havia prenúncio de maldade
Levava a vida alegre e sorridente,
Mas o destino ou a fatalidade,
Inverteu o quadro assim tão de repente.
Paz, ternura, beleza e alegria,
Fugiram no decorrer de cada dia,
Roubando de mim, todo o meu brio.
Vou recordando saudoso,a juventude,
Na sombra densa da decrepitude,
Qual crepúsculo, do anoitecer sombrio.
Preceito apagado
De que me vale a vida, se perdi,
O conceito, o dom mais precioso,
O caráter e o costume religioso,
Que outrora, com fé bem os segui.
Bons momentos felizes,já vivi,
Antes de soterrar meu ciclo caprichoso,
Hoje um fraco, um covarde, um mentiroso,
Em meu diário mais recente li.
Me resta agora confessar culpado
E assumir o peso do pecado,
Que me causa remorso e confusão.
Preciso de forças pra me converter
Para que um dia chegue a renascer,
E encontrar em Cristo, a salvação.
Jose de Farias Menezes - Poesias em Decassílabos
O autor da criação
Grandioso é o poder,
Da nossa mãe natureza,
Que em tudo podemos ler
Traços de sua grandeza,
Ostentando com primor,
Sua beleza e valor,
Desde a Terra, a imensidão,
Vemos a todo momento,
Todo poder e talento,
Do autor da criação.
Contemplando a floresta,
Seus enormes vegetais,
A passarada em festa,
No topo dos matagais,
Vemos que beleza tanta,
O mundo inteiro se encanta,
Com a grandeza e perfeição,
Que se ostentam primorosas,
Nas maravilhas grandiosas,
O autor da criação.
Vemos riachos e rios,
Que nascem das cordilheiras
Temos invernos e estios,
Em suas fases costumeiras,
Temos crateras e montes,
As claras águas das fontes,
O sol com imenso clarão,
A função da atmosfera,
Vemos a força que impera,
Do autor da criação.
Admiro a inteligência,
Dos seres irracionais,
Vejo tanta eficiência,
Nos pequenos animais,
Os pássaros tecem seus ninhos,
Alimentam os filhotinhos,
Com tanta dedicação,
Com muito zelo e prazer,
Assim demonstra o poder,
Do autor da criação.
Vemos crateras, cascatas,
Serras e despenhadeiros,
As quedas das cataratas,
Cerrados e tabuleiros,
Além do que há na Terra,
A nuvem densa que erra,
No espaço ou amplidão,
Só chove quando condensa,
Vemos a grandeza imensa,
Do autor da criação.
Vendo os mares bravios,
Suas ondas agitando,
Provocando desafios,
Pra quem está navegando,
Em noite de lua cheia,
As ondas beijando a areia,
Afugentando a solidão,
Em cada fenômeno lindo,
Vendo o poder infindo,
Do autor da criação.
As belezas naturais,
Despertam a nossa atenção,
Nada de artificiais,
Nos causam admiração,
Deus espírito jucundo,
Do nada tirou o mundo,
Do barro formou Adão,
Doou-lhe um sopro vital,
Mostrando o poder total,
Do autor da criação.
Me sinto extasiado,
Se paro pra meditar,
No que por Deus foi criado,
No céu, na Terra e no mar,
Sinto a presença de Deus,
E todos prodígios seus,
Imperar com perfeição,
Declamo em versos também,
A primazia que tem,
Do autor da criação.
Os soberbos beija-flores,
Voam pra diante e pra trás,
Sugando o néctar das flores,
Que brotam dos vegetais,
Ostentam sua beleza,
Eficiência e presteza,
Causando admiração,
Com tanta magnitude,
Mais uma grande virtude,
Do autor da criação.
Confesso que admiro,
E tenho dúvidas em crer,
Na Terra fazer o giro,
E a gente não perceber,
Estamos apoiados nela,
Mas com a gravidade dela,
Não sentimos a rotação,
Ao homem parece incrível,
Toda ciência infalível,
Do autor da criação.
À noite o firmamento,
Constantemente estrelado,
O sol, um astro opulento,
Completamente apagado,
Mas quando o dia amanhece,
Parece que se enfurece,
Lançando os raios no chão,
Aquecendo a gleba inteira,
Isto é virtude altaneira,
Do autor da criação.
Contrastes do passado
Vejo com indiferença,
O nosso mundo moderno,
Muitos já perderam a crença,
Que tinham no Pai eterno,
Não temem mais o inferno,
Não seguem religião,
Ferem e matam o cidadão,
Com requinte de crueldade,
Hoje só impera a maldade,
Em meio à população.
Roubo seguido de morte,
E seqüestro a todo instante,
Vence aquele que é mais forte,
Matando seu semelhante,
A chacina está constante,
E cenas de pedofilia,
Quase sempre maioria,
Ocorrem dentro de casa,
De pai covarde que arrasa,
Com sua selvageria.
A vida do ser humano,
Hoje não vale mais nada,
Matam no cotidiano,
De bala, faca e paulada,
A população assustada,
Em meio ao fogo cruzado,
Morre bandido e soldado,
Mais a bandidagem cresce,
O criminoso merece,
Um castigo mais pesado.
Dizem que o tempo é o presente,
O meu voto é pro passado,
Todos trajavam decentes,
Tinham receio ao pecado,
O rapaz enamorado,
Tinha respeito a donzela,
Já era sobressaltado,
Pois só depois de casado,
Beijava sua cinderela.
Por modernismo talvez,
Respeito não existe mais,
Logo na primeira vez,
Que a moça encontra o rapaz,
Só por promessas banais,
Lhe dá toda confiança,
Sem a mínima segurança,
Nem dos pais consentimento,
Improvisam um casamento,
Sem véu e sem aliança.
Outrora quando um casal,
Se unia em casamento,
No enlace matrimonial,
Era válido o juramento,
Era um grande mandamento,
Pro casal obedecer,
Pra se amarem até morrer,
Sem exceção de idade,
E guardar felicidade,
Ao outro enquanto viver.
Os casais de hoje em dia,
Não ligam o religioso,
Porque para a maioria,
Só o civil é vantajoso,
Para mim é vergonhoso,
Além de ser negligência,
Casar por experiência,
Sem amor e sem confiança,
A benção jamais alcança,
Da divina providência.
Quando em silêncio cogito,
Na época que fui criado,
Confesso era tão bonito,
Ver papai tão respeitado,
Foi um pai bem dedicado,
Mas, com tanta autoridade,
Exibia austeridade,
Diante de todos nós,
Nenhum alterava a voz,
Diante sua majestade.
Hoje está tão diferente,
Pai não goza de conceito,
Se portam insuficiente,
Para imprimir respeito,
Cada filho insatisfeito,
Grita e fala palavrão,
Não tem consideração,
Pratica cena indecente,
O pai não é competente,
Pra lhe chamar atenção.
Hoje há uma vantagem,
Não conhecemos o pobre,
Pelos trajes, a imagem,
Se confunde com o nobre,
Mesmo sem nenhum cobre,
O pobre compra fiado,
Depois trabalha alugado,
Para pagar o lojão,
Não tem no bolso um real,
Mas seu uniforme é igual,
O de qualquer um barão.
No meu tempo a pobreza,
Andava esmulambada,
Faltava-lhe o pão na mesa,
E a roupa era remendada,
A sandália era rasgada,
Muitos usavam tamanco,
Sofá de pobre era um branco,
Pobre não tinha conforto,
Talvez nem depois de morto,
Tanto o preto como o branco.
Com o avanço do modernismo,
Do nosso tempo atual,
Mais parece um comunismo,
Onde não rege a moral,
O desrespeito é total,
As leis estão degradadas,
Até senhoras casadas,
Não se portam mais decente,
Tomam chope e aguardente,
Enquanto dançam lambadas.
O rico e pobre
O rico é bem humorado,
Tudo que ele faz dá certo,
Vê sonho concretizado,
Felicidade bem perto,
Desfruta da juventude,
Pois tem dinheiro e saúde,
É muito considerado,
Leva uma vida de glória,
Muitos deixam na história,
O nome imortalizado.
O pobre vive sofrendo,
As agruras da pobreza,
Porque só vive devendo,
Pra manter o pão na mesa,
Trabalha de inverno a estio,
E o bolso é sempre vazio,
Não tem de sobra um real,
Batalha feito um danado,
Mas nunca junta um trocado,
Que o patrão lhe paga mal.
Rico privilegiado,
De Deus, pois tenho certeza,
Porque já nasce dotado,
Inclinado pra riqueza,
Embora trabalhe pouco,
Não se esforce feito louco,
Ainda jovem enriquece,
Dizem que é sorte ou sina,
Mas acho que a mão divina,
Ao rico favorece.
O pobre só dá risada,
Quando está embriagado,
Enche o bucho da malvada,
Para esquecer o passado,
Na bebida ele esquece,
O quanto um pobre padece,
Sem ter dinheiro e bom nome,
Pobre não conta com façanha,
Porque o pouco que ganha,
Não dá pra matar a fome.
Rico tem carro importado,
Bons prédios em apartamentos,
Dinheiro depositado,
Empresas e alojamentos,
Não esgota a paciência,
Só usa a inteligência,
Para administrar,
Vai à praia do Ipanema,
À noite vai ao cinema,
Curtir vida e brincar.
Pobre espectro deserdado,
Não tem futuro, nem sonho,
Leva a vida atropelado,
Num pesadelo medonho,
Pro lado que ele procura,
A sua estrada é escura,
Uma sela sem saída,
Sobrevive pesaroso,
Pobre nasce de teimoso,
Mas não tem direito à vida.
Rico, exemplo de bravura,
De heroísmo e de coragem,
Porque o rico procura,
Zelar sempre a boa imagem,
O rico não é otário,
Só consome o necessário,
O que sobra deposita,
Todo rico é interesseiro,
Porque pra ele o dinheiro,
É sempre a maior pepita.
Pobre sem perseverança,
Pois gasta tudo que ganha,
Pobre não pensa em poupança,
Pra ele não é façanha,
Fraco do pobre é gastar,
Se alguém lhe adiantar,
Dinheiro ele gasta à toa,
Pobre só vive apertado,
Trabalha feito um danado,
Pobre não tem vida boa.
Lembranças inapagáveis
Revendo hoje o passado
De minha infância querida,
Tudo já foi transformado
No decorrer desta vida,
Que doce fase vivida
Naquele tempo risonho,
Quando a vida me era um sonho
Repleto de fantasia
Mas, hoje com nostalgia,
Me sinto ermo e tristonho.
Que belas recordações,
Recheadas de alegria.
Das doces e ricas lições,
Que de mamãe recebia.
Longe de melancolia,
Tudo era paz e amor.
Papai, meu bom professor,
De respeito e de moral,
Mas o destino fatal
Mui cedo nos separou.
Reinava um mútuo respeito,
Em meio àquela irmandade.
Cada qual bem satisfeito,
Sentindo felicidade,
Nem aversão, nem maldade,
Bem longe de frustração,
Nada de decepção,
Naquela família unida,
Que belo exemplo de vida
Consagro em meu coração.
Sem mais irmãos nem irmãs,
Sem pai nem mamãe querida,
Nublaram-se as manhãs,
Pro resto de minha vida.
Qual andorinha perdida,
Sem ter asas pra voar,
Revendo o antigo lar,
Que nasci e fui criado,
Já tão deteriorado,
Me ausento pra não chorar.
Antes a vida me era
Um amontoado de flores,
Uma eterna primavera
Recheada só de amores.
Não havia dissabores,
Tudo era paz e harmonia,
Longe de melancolia
Meu espírito pernoitava,
Sem saber que me aguardava
Um surto de nostalgia.
Mas o destino inaudito
Tornou lânguidos os meus sonhos,
De belo para esquisito
Com os seus jugos medonhos,
Tantos momentos risonhos,
Mas deslustraram meu brio,
Qual folha seca no rio,
Levada na correnteza,
Tudo de encanto e beleza
Tornou-se triste e sombrio.
Vivendo hoje a descer
Pro mais baixo patamar,
Sinto o sol escurecer
E frouxa a luz do luar,
Não sinto a brisa soprar
Transmitindo sinfonia,
Nem a doce melodia
Da fantástica serenata,
Da passarada na mata,
No amanhecer do dia.
Me resta apenas agora
Uma grande frustração,
Tanto que sonhei outrora
Ter fama e posição,
Ser um herói, um campeão,
Mas tudo me foi debalde,
A trágica fatalidade
Escureceu meu porvir,
Me resta agora assumir
A dura realidade.
O vício da embriaguez
O vício da embriaguez
Pra muitos causa terror,
Alguns em menos de um mês
Perdem o conceito e o valor,
Perde a responsabilidade,
Trabalha só por metade,
Do seu tempo permitido,
Todo final de semana
Se arremessa sobre a cana,
Segunda e terça é perdido.
Trabalha ao meio da semana,
Ainda mal humorado,
Pois precisa comprar cana,
Pagar o supermercado,
Trabalha mal satisfeito
Por que se sente sujeito,
Ao contrário sente fome,
Tem que pagar a bodega,
“Se correr o bicho pega”,
Se ficar o outro come.
E assim vai se virando
Nessa vida desregrada,
A mulher se lastimando
Tristonha e mal humorada,
Ele drogado nem liga
Mas se ela fala, dá briga,
Fica logo revoltado,
Se acha dono do mundo,
Não sabe que o vagabundo
Calado ainda está errado.
Afirmo que conheci
Pedreiro de profissão,
Ao invés de se evoluir,
Decresceu de posição.
Hoje parece um coitado
Pedindo pinga fiado,
Pois não encontra patrão,
É triste um profissional
Degradar sua moral
Com cana em pé de balcão.
Não posso me conformar
Que um homem estruturado,
Não perceba que está
Pelo álcool dominado,
Vício comprometedor
Que usurpa o seu valor,
Sua moral, seu conceito,
Mostre que é competente
Desprezando a aguardente,
Sinta por si mais respeito.
O alcoólatra não é aceito
Perante a sociedade,
Ninguém lhe dá o respeito
É a dura realidade.
Na vida nada ele alcança,
Ninguém lhe dá confiança
O resultado é fatal, Precisa ter muito peito,
Pra viver desse jeito,
E não perder a moral.
Quase todo viciado
Na velhice se dá mal,
Por todos é desprezado
Qual delinqüente boçal,
Todo povo lhe censura
Essa infeliz criatura,
Não lhe tratam como irmão
Quer seja de classe nobre,
É pinguço e não tem cobre,
Não há consideração.
Para alguns, enquanto novo,
O álcool faz bom efeito
Digo isto para o povo,
Embora não seja aceito,
Que bebi muita aguardente
Sempre me portei decente,
Com meu devido respeito,
Fiz laços de amizade
Bons amigos de verdade,
Gozei sempre de conceito.
Té no trabalho tomava
Por que achava propício,
Com ela eu me dedicava
Muito mais a meu ofício,
Nunca trabalhei errado
Vivia bem humorado,
Satisfeitíssimo da vida,
Beber era meu esporte
Sempre me sentia forte,
Pra dominar a bebida.
Domingo depois da feira
Que pagava o mercantil,
Começava a brincadeira
Era pinga a mais de mil,
Todos com o mútuo respeito
Quem não brincava direito
Se afastava do local,
Eu sempre tomei cachaça
Mas nunca fiz arruaça,
Pra não perder a moral.
Nunca tive preconceito
Sobre cor, nem de idade,
O meu fraco era o respeito
Calma e sinceridade,
Se alguém se desentendia
Quando eu me interferia
Todos ficavam ao meu lado,
Nunca gostei de intriga
E muito menos de briga,
Mas nunca fui assombrado.
Assim eu me deleitava
Achando que a bebida,
Em nada modificava
O meu modelo de vida,
Mas um dia aconteceu,
Um grande amigo meu
Fez uma revelação,
Quase não acreditei
Jurou que eu lhe falei
Um monte de palavrão.
Depois do triste episódio
Modifiquei minha mente,
Confesso até senti ódio
Da coitadinha inocente,
Ela nunca me fez mal
Fui quem banquei o boçal,
Tomava sem sentir tédio,
Irei mostrar minha raça
Não tomarei mais cachaça,
Nem mesmo para remédio.
Naquele dia parei
Não sofri dificuldade,
Do vício me libertei
Só por força de vontade,
Se não sanei o defeito
Mas me sinto satisfeito
Sem sofrer decepção,
O homem para viver
No mínimo precisa ter,
Capricho e opinião.
Recordando o passado
Recordo hoje com saudade
A minha infância querida,
No auge da ingenuidade
Sem refletir sobre a vida.
No alvorecer dos anos
Brincando com os meus manos,
Com tanta felicidade
Papai e mamãe querida
Nos davam amor e guarida,
Sem exceção de idade.
Qual criancinha inocente
Extrovertido eu brincava,
Um tanto inexperiente
Nada me preocupava,
Não me passou pela mente
Que logo tão de repente,
Fosse tudo se acabar,
Passando assim como um sonho
De um trágico final tristonho;
Saudade me faz chorar.
O tempo foi-se passando
Fui vendo a realidade,
Via meus pais trabalhando
Com muita honestidade,
Papai já envelhecendo
Pois dava um duro tremendo,
Sem descansar um momento,
Mamãe também se esforçava
Para ver se não faltava
O pão pro nosso sustento.
Com oito anos de idade
Na roça fui trabalhar,
Nem só por necessidade
Mas pra fugir de estudar,
Fui um moleque marrudo
Não gostava de estudo
E nunca tomei lições,
Conduzo sempre esse espelho
Pois não aceito conselhos,
Nem tampouco sugestões.
Foi essa a maior tolice
Fruto de minha inocência,
Durante a meninice
E mesmo na adolescência.
Me sinto um homem incompleto,
Só não sou um analfabeto
Por que aprendi a ler,
Minha escrita tem rasura
Por que me falta cultura,
Té mesmo para escrever.
Da sagrada poesia
Sou eterno admirador,
Mas não tenho teoria
Para ser compositor.
Meus versos não valem cobre
Só emprego rima pobre,
De baixo vocabulário,
São versos sem atração,
Rima, métrica e oração,
Mas falta o mais necessário.
Todo poeta é dotado
De rica imaginação,
O estro superlotado
De divina inspiração,
Se o verso brota na mente
As centelhas florescentes
Formam um imenso clarão,
É quando entra a cultura
E todo vate procura,
Honrar sua profissão.
Sou terno fã do poeta,
Que tem cultura e grandeza,
De extraordinária meta,
Que descreve a natureza,
Divinamente inspirado,
Pra compor verso blindado,
Que a gente canta e decanta,
Com a riqueza do verso,
Desde a terra ao universo,
O mundo inteiro se encanta.
Poeta nome pequeno
Que tanta beleza encerra,
Que todos os bens terrenos
Do conteúdo da terra,
Não superam o valor
Do poeta trovador,
Ou de um bardo violeiro,
Rico de inspiração
Pra cantar bela canção,
Alegrando o mundo inteiro.
O poeta renomado
Canta terra, céus e mar,
Constantemente inspirado
Apto a improvisar.
Por que quando o verso exala
Parece até que Deus fala,
Pros confins da redondeza,
Que o verso de rima rica,
No contexto justifica,
Que o poeta tem grandeza.
O idoso mal-humorado
Só adorei meu viver,
Até uma certa idade,
Enquanto tive poder,
Saúde e prosperidade,
Trabalhando o ano inteiro,
Ganhava pouco dinheiro,
Mas sempre de bem com a vida,
Zelando meu proceder,
Porque eu queria ser,
Uma pessoa querida.
Não sei se o peso da idade,
É quem me deixa nervoso,
Qualquer contrariedade,
Já me deixa furioso,
Repreensão, não aceito,
Exijo sempre respeito,
Quero que me tratem bem,
Quando estou de bom humor,
Sou homem respeitador,
Não desacato ninguém.
Mas tem gente que: até,
Adora gerar intriga,
Procura pisar no pé,
Para arrumar uma briga,
Falo da mulher idosa,
Sempre exigente e nervosa,
Xinga tanto o companheiro,
Que abre seqüelas n’alma,
P’ra ele manter a calma,
Não é trabalho maneiro.
Tem velho que se envaidece,
Com o trocado do aposento,
Parece que se esquece,
Que não dá p’ra o sustento,
Usa uniforme esquesito,
Compra relógio bonito,
E colar banhado a ouro,
Compra chapéu de caubói,
A pança de seca dói:
P’ra Deus, isto é desaforo.
Gozado é que não se cansa,
De desfilar na pracinha,
Toma café, enche a pança,
Vai logo de mansinho,
Meio-dia vai almoçar,
À tarde torna a voltar,
P’ros bancos da avenida,
Velho capengando torto,
Não vê que está quase morto,
Coloca Deus na tua vida.
O que mais me admira,
É o cara não se enxergar,
Quem já parece um mambira,
Não conhecer seu lugar,
Quando um jovem desfila,
Tem velho que até cochila,
Com os olhos fitos nela,
Ela não quer nem ver,
Mas ele fica a dizer,
Eta bonequinha bela.
Podem achar que é defeito,
Mas não tolero frescura,
Velho é pra dar-se ao respeito,
Se portar na sua altura,
O velho devia ter,
Vergonha até de viver,
No mundo da juventude,
Velho é o símbolo do fracasso,
Já que demonstra o cansaço,
Do peso da senetude.
Mas tem velho audacioso,
Que não perde a presunção,
Quer dar uma de gostoso
Sem a mínima condição,
Usa camisa passada,
Só que desabotoada,
Para exibir um cordão:
Feio, triste, sem saúde,
Não vê que esta atitude,
Só serve de mangação.
Perdão por ser pessimista,
Ficar olhando defeito,
De algum idoso otimista,
Que não usa preconceito,
Porque em qualquer idade,
Todos têm liberdade,
P’ra decidir sua vida,
Aquele que gostar ou não,
Já não tem permissão,
De gerar contra-partida.
Grandioso é o poder,
Da nossa mãe natureza,
Que em tudo podemos ler
Traços de sua grandeza,
Ostentando com primor,
Sua beleza e valor,
Desde a Terra, a imensidão,
Vemos a todo momento,
Todo poder e talento,
Do autor da criação.
Contemplando a floresta,
Seus enormes vegetais,
A passarada em festa,
No topo dos matagais,
Vemos que beleza tanta,
O mundo inteiro se encanta,
Com a grandeza e perfeição,
Que se ostentam primorosas,
Nas maravilhas grandiosas,
O autor da criação.
Vemos riachos e rios,
Que nascem das cordilheiras
Temos invernos e estios,
Em suas fases costumeiras,
Temos crateras e montes,
As claras águas das fontes,
O sol com imenso clarão,
A função da atmosfera,
Vemos a força que impera,
Do autor da criação.
Admiro a inteligência,
Dos seres irracionais,
Vejo tanta eficiência,
Nos pequenos animais,
Os pássaros tecem seus ninhos,
Alimentam os filhotinhos,
Com tanta dedicação,
Com muito zelo e prazer,
Assim demonstra o poder,
Do autor da criação.
Vemos crateras, cascatas,
Serras e despenhadeiros,
As quedas das cataratas,
Cerrados e tabuleiros,
Além do que há na Terra,
A nuvem densa que erra,
No espaço ou amplidão,
Só chove quando condensa,
Vemos a grandeza imensa,
Do autor da criação.
Vendo os mares bravios,
Suas ondas agitando,
Provocando desafios,
Pra quem está navegando,
Em noite de lua cheia,
As ondas beijando a areia,
Afugentando a solidão,
Em cada fenômeno lindo,
Vendo o poder infindo,
Do autor da criação.
As belezas naturais,
Despertam a nossa atenção,
Nada de artificiais,
Nos causam admiração,
Deus espírito jucundo,
Do nada tirou o mundo,
Do barro formou Adão,
Doou-lhe um sopro vital,
Mostrando o poder total,
Do autor da criação.
Me sinto extasiado,
Se paro pra meditar,
No que por Deus foi criado,
No céu, na Terra e no mar,
Sinto a presença de Deus,
E todos prodígios seus,
Imperar com perfeição,
Declamo em versos também,
A primazia que tem,
Do autor da criação.
Os soberbos beija-flores,
Voam pra diante e pra trás,
Sugando o néctar das flores,
Que brotam dos vegetais,
Ostentam sua beleza,
Eficiência e presteza,
Causando admiração,
Com tanta magnitude,
Mais uma grande virtude,
Do autor da criação.
Confesso que admiro,
E tenho dúvidas em crer,
Na Terra fazer o giro,
E a gente não perceber,
Estamos apoiados nela,
Mas com a gravidade dela,
Não sentimos a rotação,
Ao homem parece incrível,
Toda ciência infalível,
Do autor da criação.
À noite o firmamento,
Constantemente estrelado,
O sol, um astro opulento,
Completamente apagado,
Mas quando o dia amanhece,
Parece que se enfurece,
Lançando os raios no chão,
Aquecendo a gleba inteira,
Isto é virtude altaneira,
Do autor da criação.
Contrastes do passado
Vejo com indiferença,
O nosso mundo moderno,
Muitos já perderam a crença,
Que tinham no Pai eterno,
Não temem mais o inferno,
Não seguem religião,
Ferem e matam o cidadão,
Com requinte de crueldade,
Hoje só impera a maldade,
Em meio à população.
Roubo seguido de morte,
E seqüestro a todo instante,
Vence aquele que é mais forte,
Matando seu semelhante,
A chacina está constante,
E cenas de pedofilia,
Quase sempre maioria,
Ocorrem dentro de casa,
De pai covarde que arrasa,
Com sua selvageria.
A vida do ser humano,
Hoje não vale mais nada,
Matam no cotidiano,
De bala, faca e paulada,
A população assustada,
Em meio ao fogo cruzado,
Morre bandido e soldado,
Mais a bandidagem cresce,
O criminoso merece,
Um castigo mais pesado.
Dizem que o tempo é o presente,
O meu voto é pro passado,
Todos trajavam decentes,
Tinham receio ao pecado,
O rapaz enamorado,
Tinha respeito a donzela,
Já era sobressaltado,
Pois só depois de casado,
Beijava sua cinderela.
Por modernismo talvez,
Respeito não existe mais,
Logo na primeira vez,
Que a moça encontra o rapaz,
Só por promessas banais,
Lhe dá toda confiança,
Sem a mínima segurança,
Nem dos pais consentimento,
Improvisam um casamento,
Sem véu e sem aliança.
Outrora quando um casal,
Se unia em casamento,
No enlace matrimonial,
Era válido o juramento,
Era um grande mandamento,
Pro casal obedecer,
Pra se amarem até morrer,
Sem exceção de idade,
E guardar felicidade,
Ao outro enquanto viver.
Os casais de hoje em dia,
Não ligam o religioso,
Porque para a maioria,
Só o civil é vantajoso,
Para mim é vergonhoso,
Além de ser negligência,
Casar por experiência,
Sem amor e sem confiança,
A benção jamais alcança,
Da divina providência.
Quando em silêncio cogito,
Na época que fui criado,
Confesso era tão bonito,
Ver papai tão respeitado,
Foi um pai bem dedicado,
Mas, com tanta autoridade,
Exibia austeridade,
Diante de todos nós,
Nenhum alterava a voz,
Diante sua majestade.
Hoje está tão diferente,
Pai não goza de conceito,
Se portam insuficiente,
Para imprimir respeito,
Cada filho insatisfeito,
Grita e fala palavrão,
Não tem consideração,
Pratica cena indecente,
O pai não é competente,
Pra lhe chamar atenção.
Hoje há uma vantagem,
Não conhecemos o pobre,
Pelos trajes, a imagem,
Se confunde com o nobre,
Mesmo sem nenhum cobre,
O pobre compra fiado,
Depois trabalha alugado,
Para pagar o lojão,
Não tem no bolso um real,
Mas seu uniforme é igual,
O de qualquer um barão.
No meu tempo a pobreza,
Andava esmulambada,
Faltava-lhe o pão na mesa,
E a roupa era remendada,
A sandália era rasgada,
Muitos usavam tamanco,
Sofá de pobre era um branco,
Pobre não tinha conforto,
Talvez nem depois de morto,
Tanto o preto como o branco.
Com o avanço do modernismo,
Do nosso tempo atual,
Mais parece um comunismo,
Onde não rege a moral,
O desrespeito é total,
As leis estão degradadas,
Até senhoras casadas,
Não se portam mais decente,
Tomam chope e aguardente,
Enquanto dançam lambadas.
O rico e pobre
O rico é bem humorado,
Tudo que ele faz dá certo,
Vê sonho concretizado,
Felicidade bem perto,
Desfruta da juventude,
Pois tem dinheiro e saúde,
É muito considerado,
Leva uma vida de glória,
Muitos deixam na história,
O nome imortalizado.
O pobre vive sofrendo,
As agruras da pobreza,
Porque só vive devendo,
Pra manter o pão na mesa,
Trabalha de inverno a estio,
E o bolso é sempre vazio,
Não tem de sobra um real,
Batalha feito um danado,
Mas nunca junta um trocado,
Que o patrão lhe paga mal.
Rico privilegiado,
De Deus, pois tenho certeza,
Porque já nasce dotado,
Inclinado pra riqueza,
Embora trabalhe pouco,
Não se esforce feito louco,
Ainda jovem enriquece,
Dizem que é sorte ou sina,
Mas acho que a mão divina,
Ao rico favorece.
O pobre só dá risada,
Quando está embriagado,
Enche o bucho da malvada,
Para esquecer o passado,
Na bebida ele esquece,
O quanto um pobre padece,
Sem ter dinheiro e bom nome,
Pobre não conta com façanha,
Porque o pouco que ganha,
Não dá pra matar a fome.
Rico tem carro importado,
Bons prédios em apartamentos,
Dinheiro depositado,
Empresas e alojamentos,
Não esgota a paciência,
Só usa a inteligência,
Para administrar,
Vai à praia do Ipanema,
À noite vai ao cinema,
Curtir vida e brincar.
Pobre espectro deserdado,
Não tem futuro, nem sonho,
Leva a vida atropelado,
Num pesadelo medonho,
Pro lado que ele procura,
A sua estrada é escura,
Uma sela sem saída,
Sobrevive pesaroso,
Pobre nasce de teimoso,
Mas não tem direito à vida.
Rico, exemplo de bravura,
De heroísmo e de coragem,
Porque o rico procura,
Zelar sempre a boa imagem,
O rico não é otário,
Só consome o necessário,
O que sobra deposita,
Todo rico é interesseiro,
Porque pra ele o dinheiro,
É sempre a maior pepita.
Pobre sem perseverança,
Pois gasta tudo que ganha,
Pobre não pensa em poupança,
Pra ele não é façanha,
Fraco do pobre é gastar,
Se alguém lhe adiantar,
Dinheiro ele gasta à toa,
Pobre só vive apertado,
Trabalha feito um danado,
Pobre não tem vida boa.
Lembranças inapagáveis
Revendo hoje o passado
De minha infância querida,
Tudo já foi transformado
No decorrer desta vida,
Que doce fase vivida
Naquele tempo risonho,
Quando a vida me era um sonho
Repleto de fantasia
Mas, hoje com nostalgia,
Me sinto ermo e tristonho.
Que belas recordações,
Recheadas de alegria.
Das doces e ricas lições,
Que de mamãe recebia.
Longe de melancolia,
Tudo era paz e amor.
Papai, meu bom professor,
De respeito e de moral,
Mas o destino fatal
Mui cedo nos separou.
Reinava um mútuo respeito,
Em meio àquela irmandade.
Cada qual bem satisfeito,
Sentindo felicidade,
Nem aversão, nem maldade,
Bem longe de frustração,
Nada de decepção,
Naquela família unida,
Que belo exemplo de vida
Consagro em meu coração.
Sem mais irmãos nem irmãs,
Sem pai nem mamãe querida,
Nublaram-se as manhãs,
Pro resto de minha vida.
Qual andorinha perdida,
Sem ter asas pra voar,
Revendo o antigo lar,
Que nasci e fui criado,
Já tão deteriorado,
Me ausento pra não chorar.
Antes a vida me era
Um amontoado de flores,
Uma eterna primavera
Recheada só de amores.
Não havia dissabores,
Tudo era paz e harmonia,
Longe de melancolia
Meu espírito pernoitava,
Sem saber que me aguardava
Um surto de nostalgia.
Mas o destino inaudito
Tornou lânguidos os meus sonhos,
De belo para esquisito
Com os seus jugos medonhos,
Tantos momentos risonhos,
Mas deslustraram meu brio,
Qual folha seca no rio,
Levada na correnteza,
Tudo de encanto e beleza
Tornou-se triste e sombrio.
Vivendo hoje a descer
Pro mais baixo patamar,
Sinto o sol escurecer
E frouxa a luz do luar,
Não sinto a brisa soprar
Transmitindo sinfonia,
Nem a doce melodia
Da fantástica serenata,
Da passarada na mata,
No amanhecer do dia.
Me resta apenas agora
Uma grande frustração,
Tanto que sonhei outrora
Ter fama e posição,
Ser um herói, um campeão,
Mas tudo me foi debalde,
A trágica fatalidade
Escureceu meu porvir,
Me resta agora assumir
A dura realidade.
O vício da embriaguez
O vício da embriaguez
Pra muitos causa terror,
Alguns em menos de um mês
Perdem o conceito e o valor,
Perde a responsabilidade,
Trabalha só por metade,
Do seu tempo permitido,
Todo final de semana
Se arremessa sobre a cana,
Segunda e terça é perdido.
Trabalha ao meio da semana,
Ainda mal humorado,
Pois precisa comprar cana,
Pagar o supermercado,
Trabalha mal satisfeito
Por que se sente sujeito,
Ao contrário sente fome,
Tem que pagar a bodega,
“Se correr o bicho pega”,
Se ficar o outro come.
E assim vai se virando
Nessa vida desregrada,
A mulher se lastimando
Tristonha e mal humorada,
Ele drogado nem liga
Mas se ela fala, dá briga,
Fica logo revoltado,
Se acha dono do mundo,
Não sabe que o vagabundo
Calado ainda está errado.
Afirmo que conheci
Pedreiro de profissão,
Ao invés de se evoluir,
Decresceu de posição.
Hoje parece um coitado
Pedindo pinga fiado,
Pois não encontra patrão,
É triste um profissional
Degradar sua moral
Com cana em pé de balcão.
Não posso me conformar
Que um homem estruturado,
Não perceba que está
Pelo álcool dominado,
Vício comprometedor
Que usurpa o seu valor,
Sua moral, seu conceito,
Mostre que é competente
Desprezando a aguardente,
Sinta por si mais respeito.
O alcoólatra não é aceito
Perante a sociedade,
Ninguém lhe dá o respeito
É a dura realidade.
Na vida nada ele alcança,
Ninguém lhe dá confiança
O resultado é fatal, Precisa ter muito peito,
Pra viver desse jeito,
E não perder a moral.
Quase todo viciado
Na velhice se dá mal,
Por todos é desprezado
Qual delinqüente boçal,
Todo povo lhe censura
Essa infeliz criatura,
Não lhe tratam como irmão
Quer seja de classe nobre,
É pinguço e não tem cobre,
Não há consideração.
Para alguns, enquanto novo,
O álcool faz bom efeito
Digo isto para o povo,
Embora não seja aceito,
Que bebi muita aguardente
Sempre me portei decente,
Com meu devido respeito,
Fiz laços de amizade
Bons amigos de verdade,
Gozei sempre de conceito.
Té no trabalho tomava
Por que achava propício,
Com ela eu me dedicava
Muito mais a meu ofício,
Nunca trabalhei errado
Vivia bem humorado,
Satisfeitíssimo da vida,
Beber era meu esporte
Sempre me sentia forte,
Pra dominar a bebida.
Domingo depois da feira
Que pagava o mercantil,
Começava a brincadeira
Era pinga a mais de mil,
Todos com o mútuo respeito
Quem não brincava direito
Se afastava do local,
Eu sempre tomei cachaça
Mas nunca fiz arruaça,
Pra não perder a moral.
Nunca tive preconceito
Sobre cor, nem de idade,
O meu fraco era o respeito
Calma e sinceridade,
Se alguém se desentendia
Quando eu me interferia
Todos ficavam ao meu lado,
Nunca gostei de intriga
E muito menos de briga,
Mas nunca fui assombrado.
Assim eu me deleitava
Achando que a bebida,
Em nada modificava
O meu modelo de vida,
Mas um dia aconteceu,
Um grande amigo meu
Fez uma revelação,
Quase não acreditei
Jurou que eu lhe falei
Um monte de palavrão.
Depois do triste episódio
Modifiquei minha mente,
Confesso até senti ódio
Da coitadinha inocente,
Ela nunca me fez mal
Fui quem banquei o boçal,
Tomava sem sentir tédio,
Irei mostrar minha raça
Não tomarei mais cachaça,
Nem mesmo para remédio.
Naquele dia parei
Não sofri dificuldade,
Do vício me libertei
Só por força de vontade,
Se não sanei o defeito
Mas me sinto satisfeito
Sem sofrer decepção,
O homem para viver
No mínimo precisa ter,
Capricho e opinião.
Recordando o passado
Recordo hoje com saudade
A minha infância querida,
No auge da ingenuidade
Sem refletir sobre a vida.
No alvorecer dos anos
Brincando com os meus manos,
Com tanta felicidade
Papai e mamãe querida
Nos davam amor e guarida,
Sem exceção de idade.
Qual criancinha inocente
Extrovertido eu brincava,
Um tanto inexperiente
Nada me preocupava,
Não me passou pela mente
Que logo tão de repente,
Fosse tudo se acabar,
Passando assim como um sonho
De um trágico final tristonho;
Saudade me faz chorar.
O tempo foi-se passando
Fui vendo a realidade,
Via meus pais trabalhando
Com muita honestidade,
Papai já envelhecendo
Pois dava um duro tremendo,
Sem descansar um momento,
Mamãe também se esforçava
Para ver se não faltava
O pão pro nosso sustento.
Com oito anos de idade
Na roça fui trabalhar,
Nem só por necessidade
Mas pra fugir de estudar,
Fui um moleque marrudo
Não gostava de estudo
E nunca tomei lições,
Conduzo sempre esse espelho
Pois não aceito conselhos,
Nem tampouco sugestões.
Foi essa a maior tolice
Fruto de minha inocência,
Durante a meninice
E mesmo na adolescência.
Me sinto um homem incompleto,
Só não sou um analfabeto
Por que aprendi a ler,
Minha escrita tem rasura
Por que me falta cultura,
Té mesmo para escrever.
Da sagrada poesia
Sou eterno admirador,
Mas não tenho teoria
Para ser compositor.
Meus versos não valem cobre
Só emprego rima pobre,
De baixo vocabulário,
São versos sem atração,
Rima, métrica e oração,
Mas falta o mais necessário.
Todo poeta é dotado
De rica imaginação,
O estro superlotado
De divina inspiração,
Se o verso brota na mente
As centelhas florescentes
Formam um imenso clarão,
É quando entra a cultura
E todo vate procura,
Honrar sua profissão.
Sou terno fã do poeta,
Que tem cultura e grandeza,
De extraordinária meta,
Que descreve a natureza,
Divinamente inspirado,
Pra compor verso blindado,
Que a gente canta e decanta,
Com a riqueza do verso,
Desde a terra ao universo,
O mundo inteiro se encanta.
Poeta nome pequeno
Que tanta beleza encerra,
Que todos os bens terrenos
Do conteúdo da terra,
Não superam o valor
Do poeta trovador,
Ou de um bardo violeiro,
Rico de inspiração
Pra cantar bela canção,
Alegrando o mundo inteiro.
O poeta renomado
Canta terra, céus e mar,
Constantemente inspirado
Apto a improvisar.
Por que quando o verso exala
Parece até que Deus fala,
Pros confins da redondeza,
Que o verso de rima rica,
No contexto justifica,
Que o poeta tem grandeza.
O idoso mal-humorado
Só adorei meu viver,
Até uma certa idade,
Enquanto tive poder,
Saúde e prosperidade,
Trabalhando o ano inteiro,
Ganhava pouco dinheiro,
Mas sempre de bem com a vida,
Zelando meu proceder,
Porque eu queria ser,
Uma pessoa querida.
Não sei se o peso da idade,
É quem me deixa nervoso,
Qualquer contrariedade,
Já me deixa furioso,
Repreensão, não aceito,
Exijo sempre respeito,
Quero que me tratem bem,
Quando estou de bom humor,
Sou homem respeitador,
Não desacato ninguém.
Mas tem gente que: até,
Adora gerar intriga,
Procura pisar no pé,
Para arrumar uma briga,
Falo da mulher idosa,
Sempre exigente e nervosa,
Xinga tanto o companheiro,
Que abre seqüelas n’alma,
P’ra ele manter a calma,
Não é trabalho maneiro.
Tem velho que se envaidece,
Com o trocado do aposento,
Parece que se esquece,
Que não dá p’ra o sustento,
Usa uniforme esquesito,
Compra relógio bonito,
E colar banhado a ouro,
Compra chapéu de caubói,
A pança de seca dói:
P’ra Deus, isto é desaforo.
Gozado é que não se cansa,
De desfilar na pracinha,
Toma café, enche a pança,
Vai logo de mansinho,
Meio-dia vai almoçar,
À tarde torna a voltar,
P’ros bancos da avenida,
Velho capengando torto,
Não vê que está quase morto,
Coloca Deus na tua vida.
O que mais me admira,
É o cara não se enxergar,
Quem já parece um mambira,
Não conhecer seu lugar,
Quando um jovem desfila,
Tem velho que até cochila,
Com os olhos fitos nela,
Ela não quer nem ver,
Mas ele fica a dizer,
Eta bonequinha bela.
Podem achar que é defeito,
Mas não tolero frescura,
Velho é pra dar-se ao respeito,
Se portar na sua altura,
O velho devia ter,
Vergonha até de viver,
No mundo da juventude,
Velho é o símbolo do fracasso,
Já que demonstra o cansaço,
Do peso da senetude.
Mas tem velho audacioso,
Que não perde a presunção,
Quer dar uma de gostoso
Sem a mínima condição,
Usa camisa passada,
Só que desabotoada,
Para exibir um cordão:
Feio, triste, sem saúde,
Não vê que esta atitude,
Só serve de mangação.
Perdão por ser pessimista,
Ficar olhando defeito,
De algum idoso otimista,
Que não usa preconceito,
Porque em qualquer idade,
Todos têm liberdade,
P’ra decidir sua vida,
Aquele que gostar ou não,
Já não tem permissão,
De gerar contra-partida.
O GRANDE E O PEQUENO AGRICULTOR - Manoel Edésio dos Santos
O GRANDE E O PEQUENO AGRICULTOR
Ó Deus de eterna bondade
iluminai minha mente
Para que eu possa falar
De agricultor somente
Do grande e do pequeno
E o cultivo dos terrenos
Ver o quanto é diferente.
O grande agricultor
Planta uns cem equitares
usa máquinas sofisticadas
E cultiva seus pomares
Abastece os supermercados
E ainda cria gado
E vive bem nos seus lares.
O pequeno agricultor
Planta uns dois ou três
Sua máquina é uma enxada
Seu patrão não lhe dar vez
Se não for aposentado
Só vive aperreado
Ninguém quer pra ser freguês.
O agricultor rico
Cultiva sua plantação
Pulveriza com agrotóxico
Usando um avião
Usa também herbicidas
Mata os matos nascidos
Defendendo a produção.
Já o pobre agricultor
Pra defender sua lavoura
Coloca o agrotóxico
Num balde com uma vassoura
Se pede uma bomba emprestada
Já quase desmantelada
Quando dar ar ela estoura.
O grande agricultor
faz a administração
Compra e vende, perde ou lucra
Dar a sua de patrão
Os funcionários são responsáveis
Que é coisa desagradáveis
para quem ganha tostão
o pobre agricultor
para ele tudo é normal
bebe agua na cabaço
não gelada é natural
trabalha de sol a sol
faz tudo isso em prol
da família em especial.
Já o grande agricultor
só os lucros ele prevê
não se importa com a família
quando importa é pra dizer:
façam economia
de agua luz e energia
não importa alguém sofrer.
O pequeno agricultor
tem pouca experiência
trabalha esforçadamente
só pela sobrevivência
todo pobre tem uma luz
que é nosso bom Jesus
e a Divina Providência.
O grande agricultor
quanto mais colhe mais quer
produção, dinheiro e lucro
é em quem ele tem fé
já vi um dizer assim:
acho melhor pra mim
dinheiro, gado e mulher.
Já o pobre agricultor
quando broca um roçado
queima cerca, cova e planta
tendo o inverno chegado
e a terra sendo fraca
estruma com bosta de vaca
o terreno preparado.
Para combater as pragas
o grande agricultor
leva ao laboratório
as sementes que juntou
lá elas são modificadas
assim ficam fortificadas
e a praga perde o valor.
O agricultor pequeno
vai a roça todo dia
trabalha com fé em Deus
também na virgem maria
quando volta do roçado
com o uru pendurado
com feijão e melancia.
O agricultor rico
vai na roça alguma vez
as vezes só tem notícias
da produção no fim do mês
anda em carro importado
só quer saber de mercado
negócio, dinheiro e freguês.
Quando chega no verão
o pobre arranca a mandioca
tem fartura de farinha
de goma e de tapioca
tem borra e as crueiras
e as cascas que as raspadeiras
extraem toda da mandioca.
Veja pra onde vão os produtos
do grande agricultor
a maior e a melhor parte
vão para o exterior
abastecendo os mercados
prejudicando os coitados
do pobre agricultor.
Dos produtos do pequeno
vão tudo para a panela
só vende aperriado
para comprar as chinelas
também compra fosforo e sal
e o que é mais natural
é que não sobra uma ruela.
Vou terminar logo aqui
porque já falei demais
se eu fosse dizer tudo
talvez fosse até capaz
de passar mais de um mês
e não chegava talvez
no fim dos comerciais.
Vejam ai meus irmãos
grande diferença tem
entre o grande agricultor
e o pequeno também
sendo que muito trabalha
no mundo mais se atrapalha
no fim é um zé ninguém.
Meu nome é Manoel
conhecido por Nelim
vou lhes pedir desculpa
por rimar muito ruim
trabalhei fiz o que pude
por ser um cara rude
só deu pra sair assim.
Ó Deus de eterna bondade
iluminai minha mente
Para que eu possa falar
De agricultor somente
Do grande e do pequeno
E o cultivo dos terrenos
Ver o quanto é diferente.
O grande agricultor
Planta uns cem equitares
usa máquinas sofisticadas
E cultiva seus pomares
Abastece os supermercados
E ainda cria gado
E vive bem nos seus lares.
O pequeno agricultor
Planta uns dois ou três
Sua máquina é uma enxada
Seu patrão não lhe dar vez
Se não for aposentado
Só vive aperreado
Ninguém quer pra ser freguês.
O agricultor rico
Cultiva sua plantação
Pulveriza com agrotóxico
Usando um avião
Usa também herbicidas
Mata os matos nascidos
Defendendo a produção.
Já o pobre agricultor
Pra defender sua lavoura
Coloca o agrotóxico
Num balde com uma vassoura
Se pede uma bomba emprestada
Já quase desmantelada
Quando dar ar ela estoura.
O grande agricultor
faz a administração
Compra e vende, perde ou lucra
Dar a sua de patrão
Os funcionários são responsáveis
Que é coisa desagradáveis
para quem ganha tostão
o pobre agricultor
para ele tudo é normal
bebe agua na cabaço
não gelada é natural
trabalha de sol a sol
faz tudo isso em prol
da família em especial.
Já o grande agricultor
só os lucros ele prevê
não se importa com a família
quando importa é pra dizer:
façam economia
de agua luz e energia
não importa alguém sofrer.
O pequeno agricultor
tem pouca experiência
trabalha esforçadamente
só pela sobrevivência
todo pobre tem uma luz
que é nosso bom Jesus
e a Divina Providência.
O grande agricultor
quanto mais colhe mais quer
produção, dinheiro e lucro
é em quem ele tem fé
já vi um dizer assim:
acho melhor pra mim
dinheiro, gado e mulher.
Já o pobre agricultor
quando broca um roçado
queima cerca, cova e planta
tendo o inverno chegado
e a terra sendo fraca
estruma com bosta de vaca
o terreno preparado.
Para combater as pragas
o grande agricultor
leva ao laboratório
as sementes que juntou
lá elas são modificadas
assim ficam fortificadas
e a praga perde o valor.
O agricultor pequeno
vai a roça todo dia
trabalha com fé em Deus
também na virgem maria
quando volta do roçado
com o uru pendurado
com feijão e melancia.
O agricultor rico
vai na roça alguma vez
as vezes só tem notícias
da produção no fim do mês
anda em carro importado
só quer saber de mercado
negócio, dinheiro e freguês.
Quando chega no verão
o pobre arranca a mandioca
tem fartura de farinha
de goma e de tapioca
tem borra e as crueiras
e as cascas que as raspadeiras
extraem toda da mandioca.
Veja pra onde vão os produtos
do grande agricultor
a maior e a melhor parte
vão para o exterior
abastecendo os mercados
prejudicando os coitados
do pobre agricultor.
Dos produtos do pequeno
vão tudo para a panela
só vende aperriado
para comprar as chinelas
também compra fosforo e sal
e o que é mais natural
é que não sobra uma ruela.
Vou terminar logo aqui
porque já falei demais
se eu fosse dizer tudo
talvez fosse até capaz
de passar mais de um mês
e não chegava talvez
no fim dos comerciais.
Vejam ai meus irmãos
grande diferença tem
entre o grande agricultor
e o pequeno também
sendo que muito trabalha
no mundo mais se atrapalha
no fim é um zé ninguém.
Meu nome é Manoel
conhecido por Nelim
vou lhes pedir desculpa
por rimar muito ruim
trabalhei fiz o que pude
por ser um cara rude
só deu pra sair assim.
UMA CRISE DE MINHA MÃE - Manoel Edesio dos Santos
UMA CRISE DE MINHA MÃE
Hoje 30 de agosto
A mamãe adoeceu
Com uma crise tão forte
Não sei como não morreu
Já era muito a tardinha
A Roseli viu quando ela vinha
E apressada chamou eu.
Dizendo pai a vovó vem ali
Parece que ta doente
Vem falando ai Jesus
Com um jeito diferente
Eu vinha lá do cercado
Quando ela deu o recado
Corri apressadamente.
Ela já vinha chegando
Da casa dela pra minha
Eu peguei no braço dela
E falei pra Terezinha
Que fizesse logo um chá
Pra ela melhorar
Pois outro jeito não tinha.
Como não teve melhora
Para o hospital foi levada
No carro do Lourenço
A pobre mamãe coitada
Tava um pouco esmorecida
Foi a Terezinha e a Guida
Pois ia bem acompanhada.
O papai não estava em casa
Não soube o que aconteceu
Ainda não tinha chegado
Quando a mamãe adoeceu
Ele tava inocente
E a pobre mamãe doente
Lembrando o marido seu.
Mamãe ficou internada
Colocaram no balão
Assim que ela chegou
Aplicaram uma injeção
A Guida e a Terezinha
Disseram que ela já tinha
Baixado a pressão
Só que a filha e a nora
Que com ela tinha ido
também se sentiram mal
e foi preciso uns comprimidos
pra baixar a pressão
pois naquela situação
ela já tinha subido.
Chamar uma outra filha
pra ficar no hospital
pois as três estavam doentes
assim ficou bem legal
logos elas melhoraram
pois as mesmas tomaram
um remédio especial
recordando tudo isto
me sinto emocionado
na minha mente estou vendo
tudo que foi passado
as lagrimas molham meu rosto
é este o meu desgosto
de chorar quando lembrado.
Agradeço tudo a Deus
pois tive horas e dias
de tristeza e desconforto
teve anos de alegrias
a minha mãe e meu pai
do pensamento não sai
pois são minha companhia.
Poesia concluída doze anos depois de iniciada.
09 agosto 2009
Hoje 30 de agosto
A mamãe adoeceu
Com uma crise tão forte
Não sei como não morreu
Já era muito a tardinha
A Roseli viu quando ela vinha
E apressada chamou eu.
Dizendo pai a vovó vem ali
Parece que ta doente
Vem falando ai Jesus
Com um jeito diferente
Eu vinha lá do cercado
Quando ela deu o recado
Corri apressadamente.
Ela já vinha chegando
Da casa dela pra minha
Eu peguei no braço dela
E falei pra Terezinha
Que fizesse logo um chá
Pra ela melhorar
Pois outro jeito não tinha.
Como não teve melhora
Para o hospital foi levada
No carro do Lourenço
A pobre mamãe coitada
Tava um pouco esmorecida
Foi a Terezinha e a Guida
Pois ia bem acompanhada.
O papai não estava em casa
Não soube o que aconteceu
Ainda não tinha chegado
Quando a mamãe adoeceu
Ele tava inocente
E a pobre mamãe doente
Lembrando o marido seu.
Mamãe ficou internada
Colocaram no balão
Assim que ela chegou
Aplicaram uma injeção
A Guida e a Terezinha
Disseram que ela já tinha
Baixado a pressão
Só que a filha e a nora
Que com ela tinha ido
também se sentiram mal
e foi preciso uns comprimidos
pra baixar a pressão
pois naquela situação
ela já tinha subido.
Chamar uma outra filha
pra ficar no hospital
pois as três estavam doentes
assim ficou bem legal
logos elas melhoraram
pois as mesmas tomaram
um remédio especial
recordando tudo isto
me sinto emocionado
na minha mente estou vendo
tudo que foi passado
as lagrimas molham meu rosto
é este o meu desgosto
de chorar quando lembrado.
Agradeço tudo a Deus
pois tive horas e dias
de tristeza e desconforto
teve anos de alegrias
a minha mãe e meu pai
do pensamento não sai
pois são minha companhia.
Poesia concluída doze anos depois de iniciada.
09 agosto 2009
Pais - Manoel Edésio dos Santos
PAIS
Quando se fala sobre pais
Me vem logo um pensamento
Dos pais que goza na vida
E só um dia de todos
Isto é que mais lamento.
E pergunto por que é
Que não separa um dia
Para os pais sofredores
Também terem alegria?
Porque pais ricos juntos ou pobres
Não é boa companhia.
E eu digo é porque
O pai pobre desconfia
Que os ricos têm com que
Fazer a sua folia
Porém os pobres não têm
E como ter alegria?
Aqui eu passo a falar
Da minha imaginação
Do que penso sobre pai
Qual a consideração
Que devemos ter com ele
De confiarmos muito nele
Ter amor, paz e perdão.
Eu, pai como sou
Já sei que falta um filho
Embora sabendo que
Esteja bem com saúde, amor e paz
Só um pai e uma mãe reconhece
Por isso não se esquece
E o que a ausência lhes traz.
Para os pais um filho ausente
Muitas vezes traz tristeza
Sente a falta nos trabalhos
Também na hora da mesa
Ao deitar e levantar
E o tempo de voltar
Os pobres pais não tem certeza.
Me refiro só porque
Também tenho um filho ausente
Depois que ele foi embora
Tudo ficou diferente
Só tenho as recordações
Daquelas ocasiões
Que estava com a gente.
Nos trabalhos de roçados
Nas limpas dos cajueiros
Meus dois filhos me ajudavam
Mesmo sem ganhar dinheiro
Hoje não estão mais comigo
Às vezes eu penso e digo
Será porque fui grosseiro?
Logo eu sou de um tempo
Da grande revolução
Que ouve em nossos pais
Atingindo esta nação
Sobre a mulher casada
Mulher solteira e errada
Que vive na escravidão.
Foi descoberto que a mulher
Era escrava do marido
Se Lea falasse forte
Pegava mão no pé do ouvido
E lê dizia deste jeito
Você não tem direito
Nem de dar mesmo um gemido.
Mas a igreja católica
Que viu a situação
As mulheres sendo sujeitas
Aos seus maridos machões
Tentou libertá-las
Junto a elas tirá-las
Daquela escravidão.
Devido o apoio da igreja
Do civil e militares
As mulheres estão libertas
Nos seus devidos lugares
Hoje maridos não abusam
Outras estratégias usam
Comendo de se ferrarem.
Depois da mulher liberta
Ficou mais ruim para o homem
Não estou dizendo com todas
Mais não vou dizer o nome
Sabemos que tem mulher
Que pula e dar cangapé
E deixa o marido com fome.
Tem moças prostitutas
Dividido a libertinagem
Estrupas e etc.
Perdendo sua imagem
Vejo a maior derrota
Moça em garupa de moto
Pelas beiras de rodagem.
Aqui é que torne a falar
Sobre o pai de família
Que chega a situação
De ver isso em sua filha
Para ele é um desgosto
Comigo eu escondo o rosto
Em barra mole da ilha.
Como eu e outros mais
Que viu a seriedade
Vendo a libertação
Com essa tal liberdade
Uns acham certo outros errados
E eu fico dos dois lados
Pra não perder a amizade.
Quando se fala sobre pais
Me vem logo um pensamento
Dos pais que goza na vida
E só um dia de todos
Isto é que mais lamento.
E pergunto por que é
Que não separa um dia
Para os pais sofredores
Também terem alegria?
Porque pais ricos juntos ou pobres
Não é boa companhia.
E eu digo é porque
O pai pobre desconfia
Que os ricos têm com que
Fazer a sua folia
Porém os pobres não têm
E como ter alegria?
Aqui eu passo a falar
Da minha imaginação
Do que penso sobre pai
Qual a consideração
Que devemos ter com ele
De confiarmos muito nele
Ter amor, paz e perdão.
Eu, pai como sou
Já sei que falta um filho
Embora sabendo que
Esteja bem com saúde, amor e paz
Só um pai e uma mãe reconhece
Por isso não se esquece
E o que a ausência lhes traz.
Para os pais um filho ausente
Muitas vezes traz tristeza
Sente a falta nos trabalhos
Também na hora da mesa
Ao deitar e levantar
E o tempo de voltar
Os pobres pais não tem certeza.
Me refiro só porque
Também tenho um filho ausente
Depois que ele foi embora
Tudo ficou diferente
Só tenho as recordações
Daquelas ocasiões
Que estava com a gente.
Nos trabalhos de roçados
Nas limpas dos cajueiros
Meus dois filhos me ajudavam
Mesmo sem ganhar dinheiro
Hoje não estão mais comigo
Às vezes eu penso e digo
Será porque fui grosseiro?
Logo eu sou de um tempo
Da grande revolução
Que ouve em nossos pais
Atingindo esta nação
Sobre a mulher casada
Mulher solteira e errada
Que vive na escravidão.
Foi descoberto que a mulher
Era escrava do marido
Se Lea falasse forte
Pegava mão no pé do ouvido
E lê dizia deste jeito
Você não tem direito
Nem de dar mesmo um gemido.
Mas a igreja católica
Que viu a situação
As mulheres sendo sujeitas
Aos seus maridos machões
Tentou libertá-las
Junto a elas tirá-las
Daquela escravidão.
Devido o apoio da igreja
Do civil e militares
As mulheres estão libertas
Nos seus devidos lugares
Hoje maridos não abusam
Outras estratégias usam
Comendo de se ferrarem.
Depois da mulher liberta
Ficou mais ruim para o homem
Não estou dizendo com todas
Mais não vou dizer o nome
Sabemos que tem mulher
Que pula e dar cangapé
E deixa o marido com fome.
Tem moças prostitutas
Dividido a libertinagem
Estrupas e etc.
Perdendo sua imagem
Vejo a maior derrota
Moça em garupa de moto
Pelas beiras de rodagem.
Aqui é que torne a falar
Sobre o pai de família
Que chega a situação
De ver isso em sua filha
Para ele é um desgosto
Comigo eu escondo o rosto
Em barra mole da ilha.
Como eu e outros mais
Que viu a seriedade
Vendo a libertação
Com essa tal liberdade
Uns acham certo outros errados
E eu fico dos dois lados
Pra não perder a amizade.
VIDA E MORTE DE JORGE LUIZ - Manoel Edésio dos Santos
VIDA E MORTE DE JORGE LUIZ
Deus de eterna bondade
Daí-me vossa proteção
Pra escrever a história
De Jorge, um meu irmão
Como foi o seu passado
Até ser acidentado
É de cortar o coração.
Pois sabemos que a vida
É como uma vela acesa
E a morte vem um dia
Todos teremos certeza
Por saudáveis que sejamos
Ás vezes nem lembramos
Ela vem sem ter defesa.
O Senhor Manuel Milton
E dona Francisca Maria
Os pais de Jorge de Lima
Vou contar como vivia
E o que nos traz de surpresa
De alegria ou tristeza
Riso ou melancolia.
Manuel Milton de Freitas
Um rapaz conceituado
Encontrou-se com Francisca
Ficaram apaixonados
Ele filho de José
Ela filha de Nazaré
Pais honrosos e educados.
Os pais de Milton se chamavam
O senhor José Muniz
E dona Teresa de Freitas
Ambos viviam felizes
Raimundo Nonato Pereira
Nazaré, sua companheira
Os pais de Francisca é o que se diz.
Manuel Milton e Francisca
Amavam-se mutuamente
E ninguém interrompia
Este seu amor ardente
Embora morassem distante
Para eles o importante
É que o amor fosse em frente.
Namoram alguns meses
Francisca e Manuel
Então engravidou
Antes da lua de mel
Isto é, do casamento
E Deus preparou no momento
Três lugares lá no céu.
Com esta situação
Começaram a pensar
Como criar o filhinho
Resolveram viajar
Pra São Paulo, e certamente
Lá a vida desta gente
Poderia melhorar.
Sonhando com o futuro
Viajaram para São Paulo
Casal novinho ainda
Achavam-se tão seguros
Alegres e sorridentes
Não pensavam que na frente
Tivessem um caso tão duro.
Logo ao chegar em São Paulo
Francisca e Manuel
Arranjaram seus empregos
Como quem ganha um troféu
Dinheiro, casa e comida
Tinham pra viver a vida
Num pedacinho de céu.
Sempre se comunicavam
Aqui com os seus parentes
E contavam como iam
Todos alegremente
Quando uma carta chegava
Ou quando telefonavam
Ficavam muito contentes.
Era uma família unida
Tinham laços de amizade
Tanto da parte de Manuel
Gente de capacidade
Como de Francisca Maria
Entre ambos reinaria
Um sinal de unidade.
Com o decorrer do tempo
Sempre indo muito bem
O casal trabalhando
Não era pesado a ninguém
E com o que eles ganhavam
O necessário compravam
E viviam muito bem
O leitor está lembrado
Daquele verso que diz
Que Francisca engravidou
Fazendo o casal feliz?
Sabe o que aconteceu?
Lá em São Paulo nasceu
Seu filho Jorge Luis.
Jorginho quando nasceu
Trouxe aos pais felicidade
Era cheio de saúde
Esperto, cheio de vontade
Para eles era um tesouro
O fruto do seu namoro
Dos seus laços de amizade.
E assim vivia o casal
Naquela grande cidade
Cheio de amor e afeto
Carinho e prosperidade
Paz, ternura e aconchego
Alegria, fé e sossego
Pra que mais tranqüilidade?
Às vezes as pessoas viviam
Cheias de carinho e zelo
Felicidade e fortuna
Aparece um atropelo
Olhe bem isto e me ouça
É quando joga com força
Nas ondas do desmantelo.
Vamos dar uma parada
Para falar de Jorginho
No seio familiar
Apenas com um aninho
Como o pai trabalhava
A mãe também se ocupava
Na mãe, Francisca Maria.
Mas este grande aconchego
Pouco tempo durou
Porque o pai de Jorge
Num acidente tombou
Tiros por uns marginais
Tirando de Milton a paz
Só por deus não o matou.
Ele ficou paraplégico
Não pode mais trabalhar
Deste dia por diante
Começou o seu penar
Nem a esposa trabalhava
Porque também precisava
Ta em casa pra ajudar.
Sem dinheiro pra pagar
Aluguel, água e luz
Comprar remédio e alimento
Apelaram pra Jesus
Para que os ajudasse
E também se conformasse
Com sua pesada cruz.
Quase sem ter mais chance
Resolveram a voltar
Para o Acaraú
Aqui no Ceará
A sua terra natal
Pois só o seu pessoal
Podia lhes ajudar.
Porque ficar em São Paulo
Já não tinha mais sentido
Pois não trabalhava mais
Só cuidando do marido
E de Jorginho também
Nesta época, porém
Estavam desprevinidos.
Chegando em Acaraú
Juntos dos seus parentes
Com o pouco que trouxeram
Compraram certamente
Uma casa pra morar
Assim puderam ficar
Num lugar seu e contente.
E assim Jorge cresceu
No seu modo de ser
Gostava de futebol
Era o seu pai não queria
Muitas vezes ele fugia
Sem os seus pais perceber.
Era um menino estudioso
Também bastante calado
Não era homem de conversa
Mas tinha amigo para todo lado
Não demonstrava tristeza
Sendo um jovem com certeza
Bastante educado.
Jorge era filho único
Não tinha uma irmãzinha
Os pais vendo que ele era
Uma criança criar
Aí trouxeram Renatinha.
Renata era uma criança
Muito meiga e muito bela
Embora pequenininha
Uma menina singela
E Jorge certamente
Ficou muito sorridente
Com a chegada dela.
O primeiro sofrimento
Que Jorge Luiz viveu
Foi na época do acidente
Quando o pai adoeceu
A segunda dor foi maior
Para todos foi pior
Sua mãezinha morreu.
Francisca, a mãe de Jorge
Também adoeceu
Com um tumor no estômago
Muito ela padeceu
Depois que foi constatado
Seis meses foram passados
A pobre mulher morreu.
Deixando uma grande falta
Aquela esposa exemplar
Pra Jorge e Renata
Que só viviam a chorar
Manuel Milton também
Que muito lhe queria bem
Pois nasceram pra se amar.
Manoel Milton paraplégico
Sem poder mais trabalhar
Também sem sua esposa
Com dois filhos pra criar
Vejamos esta situação
É de cortar coração
Ou mesmo desesperar.
Jorge não tinha onze anos
Quando a mãe faleceu
Junto com a irmãzinha
Que também entristeceu
Isto é uma grande dor
Para um homem sofredor
Tudo isto aconteceu.
Antes de Francisca morrer
Já tinha uma empregada
Que ajudava em casa
Uma mulher esforçada
Trabalhava muito bem
Fazia tudo e também
Não deixava faltar nada.
Francisca Maria de Freitas
Por Branca era conhecida
Uma mulher trabalhadora
Bem disposta e determinada
A gente queria saber
Meus Deus mesmo porque
Tão nova perdeu a vida.
Vamos deixar aqui um pouco
E falar de Manuel
Que ficou só com os dois filhos
Quando a mulher foi pro céu
Ainda bem que estava
Com os parentes que gostava
Neste momento cruel.
Precisava de uma pessoa
Para da casa cuidar
Como também das crianças,
Pra lavar e cozinhar
Como não fazia nada
Falou com a mesma empregada
Pra que ela ficasse lá.
A empregada ficou
Lavando e cozinhando
E também das crianças
Todos os dias cuidando
E o tempo se passava
Mas quando menos se esperava
Eles estavam se amando.
Jorge nunca gostou
Desta tal de empregada
Desde que sua mãe morreu
Esta criança, coitada
Sofria até demais
Mas ele não era capaz
De fazer qualquer zoada.
Por isso ele resolveu
Com uma tia ir morar
Na cidade de Cruz
E quando chegando lá
Perguntou pra sua tia
Se ela se importaria
Dele com ela ficar.
Mas ele se enganou
Porque lembrava-se demais
Até porque a irmã
Ele a deixou pra trás
Os dois se davam bem
E agora, porém
Como podiam ter paz.
Renata ficou com o pai
E a sua empregada
Que neste tempo já era
Como se fosse casada
Vivendo assim feliz
É como a gente diz
Em casa não falta nada.
Vamos deixar os três aqui
Na sua felicidade
Pra falar de Jorge
De sua capacidade
Como já vimos falar
Que gostava de jogar
Com simples honestidade.
Com colegas e amigos
Fazia suas brincadeiras
E jogava futebol
Seguindo sua carreira
Pois não tinha profissão
Já próximo à ocasião
De ter sua companheira.
Com Gardênia de Oliveira
Jorge se encontrou
Neste momento o cupido
Nos seus corações tocou
Uns minutos se passaram
E eles nada falaram
Mas a moça perguntou.
Percebendo que o rapaz
Estava com um doce olhar
E ela balbuciando
Ousou de lhe perguntar
Nesta hora tão singela
O que tinha visto nela
Para abismado ficar.
Ele disse: eu avistei
Neste teu rosto mimoso
Os sinais de virgindade
De um coração bondoso
E desejei no momento
Lhe pedir em casamento
E ser teu fiel esposo.
Já que você se declara
Que está louco de amor
Eu estou da mesma forma
Sentindo da mesma dor
E assim lhe dou o sim
Ele disse: para mim
Tu és a mais linda flor.
Sabemos que o amor
Nascido assim tão forte
Em um casal se ama
Terá uma boa sorte
Não pode se separar
Só mesmo se um dia chegar
Para um deles a morte.
Deixemos Jorge e Gardênia
Ao menos por um segundo
E vamos pensar um pouco
Nas voltas que dá o mundo
Pra só depois falar
Como é que andará
Este seu amor profundo.
Façamos uma análise agora
Do que houve até aqui
Do que vimos nestes versos
E podemos concluir
Vimos tristeza e alegria
Saudade e melancolia
Mas o pior está por vir.
Os três lugares do céu
Você ainda está lembrado?
No começo do romance
Que Deus tinha preparado
Pois é, você está vendo?
E também está sabendo
Que já tem um ocupado.
Tornamos a deixar aqui
Pra em Jorge falar
Como foi o seu trajeto
Para poder se casar
Com Gardênia de Oliveira
Sua mulher verdadeira
Pois nasceram pra se amar.
Namoram pouco tempo
E ele sem trabalhar
Resolveu ir pra São Paulo
Arranjar emprego por lá
Para quando ele voltasse
E quando aqui chegasse
Com Gardênia se casar.
Chegando lá em São Paulo
Ele logo se empregou
Mas bateu-lhe uma saudade
Com poucos meses voltou
E voltou bem preparado
O que ele tinha sonhado
Logo após realizou.
Casando-se com Gardênia
Formando assim uma família
Com um ano de casados
Nasceu a primeira filha
Gardênia e Jorge Luiz
Ficaram muito felizes
Mais uma estrela lhes brilha.
Aqui não tinha emprego
Mas a esposa trabalhava
E ele fazia bicos
E o que eles ganhavam
Dava para ir passando
E ele sempre esperando
Que um dia se empregava.
Fez um curso na Coelce
Com que muito se alegrou
E com poucos dias soube
Que no concurso passou
Mas a maior alegria
Foi quando chegou o dia
Que a Coelce lhe chamou.
Ficou trabalhando fixo
Com a carteira assinada
Assim melhorou a vida
Sem lhes faltar quase nada
Resta-me dizer agora
Estava quase chegando.
Jorge tinha uma moto
Que comprou pra trabalhar
Ele como taxista
Indo pra lá e pra cá
Carregando muita gente
Só até certamente
A Coelce lhe chamar.
Vamos deixar Jorge aqui
Seguindo sua jornada
Para falar em Adriana
A sua filha bacana
Bonita e conceituada.
Ela é uma menina
Da bonita perfeição
A quem os seus pais carregam
Sempre no seu coração
Era uma família unida
Por Deus sempre protegida
Na medida do perdão.
Depois com mais de um ano
Nasceu outra menininha
Adriana ficou alegre
Com a sua irmãzinha
Samira é o nome dela
Outra criancinha bela
Igual a Adrianinha.
Jorge tinha um primo
Que dizia ser seu irmão
Pois eram amigos íntimos
Do centro do coração
O nome dele é Roberto
E sempre estava por perto
Em toda ocasião.
Entre amigos e parentes
Jorge era muito querido
Em jogo de futebol
Era também divertido
Gostava também de tomar
Cachaça para provar
Que era um homem destemido.
Jorge um dia estava
Em casa bem sossegado
Quando chega uma pessoa
Dando-lhe um triste recado
Que seu pai no hospital
Estava passando mal
E ficou lá internado.
Ele arrumou-se às pressas
Para Acaraú correu
Chegando no hospital
Sabe o que aconteceu?
Jorge falou com o pai
Mas lê deu um desmaio
Nada mais lhe respondeu.
Jorge ficou muito aflito
Por ver a situação
O pai nas ânsias da morte
Apertou-lhe o coração
Lembrando todo o passado
Mandou Deus um recado
Dá ao meu pai o perdão.
Com pouco tempo morreu
O pai de Jorge, o Manuel
Em uma cadeira de rodas
Passou momento cruel
Sofreu dezessete anos
Mas foi atender aos planos
Que Deus tinha lá no céu.
E assim ficou o Jorge
Órfão de mãe e de pai
E ele com seu destino
Sem saber pra onde vai
Se vai ter vitória
Vejam aí a história
Em que armadilha cai.
Jorge com as filhas pagãs
Mas sempre preocupado
E quando lhe perguntavam
Porque não tinha batizado
Ele logo respondia
E nesta frase dizia
Não estamos preparados.
Vou preparar minhas filhas
Uma festinha vou fazer
Pra elas sempre lembrar
Quando as duas crescer
Coitado, pois não sabia
Que se aproximava o dia
De um desastre acontecer.
Quando estavam pensando
Que tudo ia muito bem
Com o emprego da Coelce
E com saúde também
Com a esposa e as filhas
Aquelas três maravilhas
Que ele queria bem.
No dia dezesseis de Outubro
Do ano dois mil quatro
Por volta das seis da tarde
Foi o momento exato
Que ocorreu o acidente
Deixando Jorge certamente
Morto de vez lá no mato.
De acaraú Jorge vinha
Querendo chegar mais cedo
Com a moto em velocidade
Com quem não tinha nada
Numa curva da estrada
A moto deu uma escapada
Caíram sem ter segredo.
Morre Jorge de imediato
Deixando os sonhos para trás
É como diz o provérbio
Quem morreu não volta mais
Pois Jorge foi ocupar
Aquele terceiro lugar
Juntinho com os seus pais.
Para seus familiares
Foi triste a situação
Também para seus amigos
Que o tinham como irmão
A cruel dor da saudade
Dos laços de amizade
Corta qualquer coração.
Eu mesmo nem sou parente
Só escrevi com muito gosto
Não sendo eu um bom poeta
Mas me achei bem disposto
A história é comovente
Dá um aperto na gente
Que as lágrimas correm no rosto.
Já nesta reta final
Só me resta mais rogar
Pedir a Deus que perdoe
A eles para os salvar
Manuel, Francisca Maria
E Jorge, e a nós que um dia
Também estaremos lá.
Nossa vida é muito doce
Precisamos zelar dela
A gente bem refletindo
Se parece uma novela
Mas não, tudo é real
Qualquer que seja o mal
A vida se desmantela.
Eis aí o meu recado
Vamos buscar a Jesus
Caminho, Verdade e Vida
Alimento, Paz e Luz
Amor e fraternidade
Alertando a mocidade
De nossa cidade, Cruz.
O meu nome é Manoel
Conhecido por Nelim
O mesmo pede desculpa
Da letra e rima ruim
Trabalhei, fiz o que pude
Por ser eu um cara rude
Só deu pra sair assim.
Deus de eterna bondade
Daí-me vossa proteção
Pra escrever a história
De Jorge, um meu irmão
Como foi o seu passado
Até ser acidentado
É de cortar o coração.
Pois sabemos que a vida
É como uma vela acesa
E a morte vem um dia
Todos teremos certeza
Por saudáveis que sejamos
Ás vezes nem lembramos
Ela vem sem ter defesa.
O Senhor Manuel Milton
E dona Francisca Maria
Os pais de Jorge de Lima
Vou contar como vivia
E o que nos traz de surpresa
De alegria ou tristeza
Riso ou melancolia.
Manuel Milton de Freitas
Um rapaz conceituado
Encontrou-se com Francisca
Ficaram apaixonados
Ele filho de José
Ela filha de Nazaré
Pais honrosos e educados.
Os pais de Milton se chamavam
O senhor José Muniz
E dona Teresa de Freitas
Ambos viviam felizes
Raimundo Nonato Pereira
Nazaré, sua companheira
Os pais de Francisca é o que se diz.
Manuel Milton e Francisca
Amavam-se mutuamente
E ninguém interrompia
Este seu amor ardente
Embora morassem distante
Para eles o importante
É que o amor fosse em frente.
Namoram alguns meses
Francisca e Manuel
Então engravidou
Antes da lua de mel
Isto é, do casamento
E Deus preparou no momento
Três lugares lá no céu.
Com esta situação
Começaram a pensar
Como criar o filhinho
Resolveram viajar
Pra São Paulo, e certamente
Lá a vida desta gente
Poderia melhorar.
Sonhando com o futuro
Viajaram para São Paulo
Casal novinho ainda
Achavam-se tão seguros
Alegres e sorridentes
Não pensavam que na frente
Tivessem um caso tão duro.
Logo ao chegar em São Paulo
Francisca e Manuel
Arranjaram seus empregos
Como quem ganha um troféu
Dinheiro, casa e comida
Tinham pra viver a vida
Num pedacinho de céu.
Sempre se comunicavam
Aqui com os seus parentes
E contavam como iam
Todos alegremente
Quando uma carta chegava
Ou quando telefonavam
Ficavam muito contentes.
Era uma família unida
Tinham laços de amizade
Tanto da parte de Manuel
Gente de capacidade
Como de Francisca Maria
Entre ambos reinaria
Um sinal de unidade.
Com o decorrer do tempo
Sempre indo muito bem
O casal trabalhando
Não era pesado a ninguém
E com o que eles ganhavam
O necessário compravam
E viviam muito bem
O leitor está lembrado
Daquele verso que diz
Que Francisca engravidou
Fazendo o casal feliz?
Sabe o que aconteceu?
Lá em São Paulo nasceu
Seu filho Jorge Luis.
Jorginho quando nasceu
Trouxe aos pais felicidade
Era cheio de saúde
Esperto, cheio de vontade
Para eles era um tesouro
O fruto do seu namoro
Dos seus laços de amizade.
E assim vivia o casal
Naquela grande cidade
Cheio de amor e afeto
Carinho e prosperidade
Paz, ternura e aconchego
Alegria, fé e sossego
Pra que mais tranqüilidade?
Às vezes as pessoas viviam
Cheias de carinho e zelo
Felicidade e fortuna
Aparece um atropelo
Olhe bem isto e me ouça
É quando joga com força
Nas ondas do desmantelo.
Vamos dar uma parada
Para falar de Jorginho
No seio familiar
Apenas com um aninho
Como o pai trabalhava
A mãe também se ocupava
Na mãe, Francisca Maria.
Mas este grande aconchego
Pouco tempo durou
Porque o pai de Jorge
Num acidente tombou
Tiros por uns marginais
Tirando de Milton a paz
Só por deus não o matou.
Ele ficou paraplégico
Não pode mais trabalhar
Deste dia por diante
Começou o seu penar
Nem a esposa trabalhava
Porque também precisava
Ta em casa pra ajudar.
Sem dinheiro pra pagar
Aluguel, água e luz
Comprar remédio e alimento
Apelaram pra Jesus
Para que os ajudasse
E também se conformasse
Com sua pesada cruz.
Quase sem ter mais chance
Resolveram a voltar
Para o Acaraú
Aqui no Ceará
A sua terra natal
Pois só o seu pessoal
Podia lhes ajudar.
Porque ficar em São Paulo
Já não tinha mais sentido
Pois não trabalhava mais
Só cuidando do marido
E de Jorginho também
Nesta época, porém
Estavam desprevinidos.
Chegando em Acaraú
Juntos dos seus parentes
Com o pouco que trouxeram
Compraram certamente
Uma casa pra morar
Assim puderam ficar
Num lugar seu e contente.
E assim Jorge cresceu
No seu modo de ser
Gostava de futebol
Era o seu pai não queria
Muitas vezes ele fugia
Sem os seus pais perceber.
Era um menino estudioso
Também bastante calado
Não era homem de conversa
Mas tinha amigo para todo lado
Não demonstrava tristeza
Sendo um jovem com certeza
Bastante educado.
Jorge era filho único
Não tinha uma irmãzinha
Os pais vendo que ele era
Uma criança criar
Aí trouxeram Renatinha.
Renata era uma criança
Muito meiga e muito bela
Embora pequenininha
Uma menina singela
E Jorge certamente
Ficou muito sorridente
Com a chegada dela.
O primeiro sofrimento
Que Jorge Luiz viveu
Foi na época do acidente
Quando o pai adoeceu
A segunda dor foi maior
Para todos foi pior
Sua mãezinha morreu.
Francisca, a mãe de Jorge
Também adoeceu
Com um tumor no estômago
Muito ela padeceu
Depois que foi constatado
Seis meses foram passados
A pobre mulher morreu.
Deixando uma grande falta
Aquela esposa exemplar
Pra Jorge e Renata
Que só viviam a chorar
Manuel Milton também
Que muito lhe queria bem
Pois nasceram pra se amar.
Manoel Milton paraplégico
Sem poder mais trabalhar
Também sem sua esposa
Com dois filhos pra criar
Vejamos esta situação
É de cortar coração
Ou mesmo desesperar.
Jorge não tinha onze anos
Quando a mãe faleceu
Junto com a irmãzinha
Que também entristeceu
Isto é uma grande dor
Para um homem sofredor
Tudo isto aconteceu.
Antes de Francisca morrer
Já tinha uma empregada
Que ajudava em casa
Uma mulher esforçada
Trabalhava muito bem
Fazia tudo e também
Não deixava faltar nada.
Francisca Maria de Freitas
Por Branca era conhecida
Uma mulher trabalhadora
Bem disposta e determinada
A gente queria saber
Meus Deus mesmo porque
Tão nova perdeu a vida.
Vamos deixar aqui um pouco
E falar de Manuel
Que ficou só com os dois filhos
Quando a mulher foi pro céu
Ainda bem que estava
Com os parentes que gostava
Neste momento cruel.
Precisava de uma pessoa
Para da casa cuidar
Como também das crianças,
Pra lavar e cozinhar
Como não fazia nada
Falou com a mesma empregada
Pra que ela ficasse lá.
A empregada ficou
Lavando e cozinhando
E também das crianças
Todos os dias cuidando
E o tempo se passava
Mas quando menos se esperava
Eles estavam se amando.
Jorge nunca gostou
Desta tal de empregada
Desde que sua mãe morreu
Esta criança, coitada
Sofria até demais
Mas ele não era capaz
De fazer qualquer zoada.
Por isso ele resolveu
Com uma tia ir morar
Na cidade de Cruz
E quando chegando lá
Perguntou pra sua tia
Se ela se importaria
Dele com ela ficar.
Mas ele se enganou
Porque lembrava-se demais
Até porque a irmã
Ele a deixou pra trás
Os dois se davam bem
E agora, porém
Como podiam ter paz.
Renata ficou com o pai
E a sua empregada
Que neste tempo já era
Como se fosse casada
Vivendo assim feliz
É como a gente diz
Em casa não falta nada.
Vamos deixar os três aqui
Na sua felicidade
Pra falar de Jorge
De sua capacidade
Como já vimos falar
Que gostava de jogar
Com simples honestidade.
Com colegas e amigos
Fazia suas brincadeiras
E jogava futebol
Seguindo sua carreira
Pois não tinha profissão
Já próximo à ocasião
De ter sua companheira.
Com Gardênia de Oliveira
Jorge se encontrou
Neste momento o cupido
Nos seus corações tocou
Uns minutos se passaram
E eles nada falaram
Mas a moça perguntou.
Percebendo que o rapaz
Estava com um doce olhar
E ela balbuciando
Ousou de lhe perguntar
Nesta hora tão singela
O que tinha visto nela
Para abismado ficar.
Ele disse: eu avistei
Neste teu rosto mimoso
Os sinais de virgindade
De um coração bondoso
E desejei no momento
Lhe pedir em casamento
E ser teu fiel esposo.
Já que você se declara
Que está louco de amor
Eu estou da mesma forma
Sentindo da mesma dor
E assim lhe dou o sim
Ele disse: para mim
Tu és a mais linda flor.
Sabemos que o amor
Nascido assim tão forte
Em um casal se ama
Terá uma boa sorte
Não pode se separar
Só mesmo se um dia chegar
Para um deles a morte.
Deixemos Jorge e Gardênia
Ao menos por um segundo
E vamos pensar um pouco
Nas voltas que dá o mundo
Pra só depois falar
Como é que andará
Este seu amor profundo.
Façamos uma análise agora
Do que houve até aqui
Do que vimos nestes versos
E podemos concluir
Vimos tristeza e alegria
Saudade e melancolia
Mas o pior está por vir.
Os três lugares do céu
Você ainda está lembrado?
No começo do romance
Que Deus tinha preparado
Pois é, você está vendo?
E também está sabendo
Que já tem um ocupado.
Tornamos a deixar aqui
Pra em Jorge falar
Como foi o seu trajeto
Para poder se casar
Com Gardênia de Oliveira
Sua mulher verdadeira
Pois nasceram pra se amar.
Namoram pouco tempo
E ele sem trabalhar
Resolveu ir pra São Paulo
Arranjar emprego por lá
Para quando ele voltasse
E quando aqui chegasse
Com Gardênia se casar.
Chegando lá em São Paulo
Ele logo se empregou
Mas bateu-lhe uma saudade
Com poucos meses voltou
E voltou bem preparado
O que ele tinha sonhado
Logo após realizou.
Casando-se com Gardênia
Formando assim uma família
Com um ano de casados
Nasceu a primeira filha
Gardênia e Jorge Luiz
Ficaram muito felizes
Mais uma estrela lhes brilha.
Aqui não tinha emprego
Mas a esposa trabalhava
E ele fazia bicos
E o que eles ganhavam
Dava para ir passando
E ele sempre esperando
Que um dia se empregava.
Fez um curso na Coelce
Com que muito se alegrou
E com poucos dias soube
Que no concurso passou
Mas a maior alegria
Foi quando chegou o dia
Que a Coelce lhe chamou.
Ficou trabalhando fixo
Com a carteira assinada
Assim melhorou a vida
Sem lhes faltar quase nada
Resta-me dizer agora
Estava quase chegando.
Jorge tinha uma moto
Que comprou pra trabalhar
Ele como taxista
Indo pra lá e pra cá
Carregando muita gente
Só até certamente
A Coelce lhe chamar.
Vamos deixar Jorge aqui
Seguindo sua jornada
Para falar em Adriana
A sua filha bacana
Bonita e conceituada.
Ela é uma menina
Da bonita perfeição
A quem os seus pais carregam
Sempre no seu coração
Era uma família unida
Por Deus sempre protegida
Na medida do perdão.
Depois com mais de um ano
Nasceu outra menininha
Adriana ficou alegre
Com a sua irmãzinha
Samira é o nome dela
Outra criancinha bela
Igual a Adrianinha.
Jorge tinha um primo
Que dizia ser seu irmão
Pois eram amigos íntimos
Do centro do coração
O nome dele é Roberto
E sempre estava por perto
Em toda ocasião.
Entre amigos e parentes
Jorge era muito querido
Em jogo de futebol
Era também divertido
Gostava também de tomar
Cachaça para provar
Que era um homem destemido.
Jorge um dia estava
Em casa bem sossegado
Quando chega uma pessoa
Dando-lhe um triste recado
Que seu pai no hospital
Estava passando mal
E ficou lá internado.
Ele arrumou-se às pressas
Para Acaraú correu
Chegando no hospital
Sabe o que aconteceu?
Jorge falou com o pai
Mas lê deu um desmaio
Nada mais lhe respondeu.
Jorge ficou muito aflito
Por ver a situação
O pai nas ânsias da morte
Apertou-lhe o coração
Lembrando todo o passado
Mandou Deus um recado
Dá ao meu pai o perdão.
Com pouco tempo morreu
O pai de Jorge, o Manuel
Em uma cadeira de rodas
Passou momento cruel
Sofreu dezessete anos
Mas foi atender aos planos
Que Deus tinha lá no céu.
E assim ficou o Jorge
Órfão de mãe e de pai
E ele com seu destino
Sem saber pra onde vai
Se vai ter vitória
Vejam aí a história
Em que armadilha cai.
Jorge com as filhas pagãs
Mas sempre preocupado
E quando lhe perguntavam
Porque não tinha batizado
Ele logo respondia
E nesta frase dizia
Não estamos preparados.
Vou preparar minhas filhas
Uma festinha vou fazer
Pra elas sempre lembrar
Quando as duas crescer
Coitado, pois não sabia
Que se aproximava o dia
De um desastre acontecer.
Quando estavam pensando
Que tudo ia muito bem
Com o emprego da Coelce
E com saúde também
Com a esposa e as filhas
Aquelas três maravilhas
Que ele queria bem.
No dia dezesseis de Outubro
Do ano dois mil quatro
Por volta das seis da tarde
Foi o momento exato
Que ocorreu o acidente
Deixando Jorge certamente
Morto de vez lá no mato.
De acaraú Jorge vinha
Querendo chegar mais cedo
Com a moto em velocidade
Com quem não tinha nada
Numa curva da estrada
A moto deu uma escapada
Caíram sem ter segredo.
Morre Jorge de imediato
Deixando os sonhos para trás
É como diz o provérbio
Quem morreu não volta mais
Pois Jorge foi ocupar
Aquele terceiro lugar
Juntinho com os seus pais.
Para seus familiares
Foi triste a situação
Também para seus amigos
Que o tinham como irmão
A cruel dor da saudade
Dos laços de amizade
Corta qualquer coração.
Eu mesmo nem sou parente
Só escrevi com muito gosto
Não sendo eu um bom poeta
Mas me achei bem disposto
A história é comovente
Dá um aperto na gente
Que as lágrimas correm no rosto.
Já nesta reta final
Só me resta mais rogar
Pedir a Deus que perdoe
A eles para os salvar
Manuel, Francisca Maria
E Jorge, e a nós que um dia
Também estaremos lá.
Nossa vida é muito doce
Precisamos zelar dela
A gente bem refletindo
Se parece uma novela
Mas não, tudo é real
Qualquer que seja o mal
A vida se desmantela.
Eis aí o meu recado
Vamos buscar a Jesus
Caminho, Verdade e Vida
Alimento, Paz e Luz
Amor e fraternidade
Alertando a mocidade
De nossa cidade, Cruz.
O meu nome é Manoel
Conhecido por Nelim
O mesmo pede desculpa
Da letra e rima ruim
Trabalhei, fiz o que pude
Por ser eu um cara rude
Só deu pra sair assim.
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