sábado, 2 de julho de 2011

Último Repente


Último Repente

Velho Zeca meu poeta
Meu peito é cova de dor.
A gente não combinou
Poema de despedida
Essa coisa tão doída
Carregada de tristeza
Minha rima está presa
Entalada na goela.
Hoje fizeste banguela
A boca da poesia
Apeou da montaria
Amarrou o seu cavalo.
O corpo cheio de calos
Calos de sabedoria
Todo mundo vai um dia
Quando chega sua hora
Meu poeta vai embora
Deixando a casa vazia
Dona Rita bem queria
Envelhecer do teu lado
E não te ver sepultado
Numa cova de cimento
Que toma de sentimento
O peito dos filhos teus
Lamento de cicatriz
Repousa nos olhos meus
Descansa na paz de Deus
Meu velho Zeca Muniz!!!

Orestes Albuquerque

A Colheita
Um passarinho sonhou seu o mar...
Saiu para voar e nele se perdeu...
Do seus espinhos ele fez o amor,
Mas não o pintou,
Por não ter lápis de cor,
E ninguém o entendeu.

Pássaros  são assim!
Pois vivem voando...
Estão dentro de si,
Sempre, partindo e ficando...

Seu vôo foi longo,
Com escombros e breus...
E teve alguns tombos,
Mas, um dia arrefeceu...
E hoje, com céu de brigadeiro,
Planeja seu vôo derradeiro...
Já junto dos seus.

Vai velho passarinho:
Segue teu destino!
Pois os teus meninos,
Já sabem cuidar do ninho.

ALQUE


José de Sousa Albuquerque
ZECA MUNIZ -
 *26/03/1921
+ 02/07/2011

Eu, JOSÉ DE SOUSA ALBUQUERQUE, vulgo Zéca Muniz; nascido, em Cruz, em 26/03/1921, desde a mais tenra idade me botaram no amanho da terra, cavando o pão na inchada. Nunca tive liberdades pra brincadeiras, e a disciplina no meu tempo era rigorosa, qualquer pequeno erro, a advertência era o cipó; acho que os castigos extrapolaram o meu emocional, e a repressão me fez um reprimido.
Por isso não culpo meus Pais, pois não tinham a luz de como educar os filhos com liberdade e informação; assim foram criados e assim nos criaram.
Na lavoura fiz profissão, e trabalhei com meu Pai até os 20 anos. Aos 21, fui sorteado para o Exército, era a primeira saída - e logo ir enfrentar as armas de guerra - isso me trouxe o peso de um treinamento estafante que me deixou mais deprimido e frouxo do que já era, alem do medo de ir pra guerra. Foram dois anos numa escola da vida, onde a disciplina me estrangulou ainda mais o sistema nervoso e o emocional, se bem que aprendi alguma coisa para o caminho da vida.Mas dei graças quando me licenciaram, a guerra terminou e eu não fui, voltei pra liberdade no meu nascedouro, um pouco abalado no sistema orgânico, mas sentindo na alma a esperança de paz no seio da família.
Em 47, já com 26 anos, me casei sem nem uma noção para uma estrutura de família, mas fomos levando o barco a remo e a vara, nasceram-nos 8 filhos 2 morreram ainda criança. Os seis cresceram aos trancos e barrancos, mais eram todos bem inteligentes, e com o pouco de escola que lhes demos souberam achar caminhos mais fluentes para seguir, e me superaram no trajeto da vida. Regozijo-me, pelo pouco que lhes dei no inicio de suas vidas, pois com este alicerce se ergueram e com o sacrifício de seus trabalhos, ordenados com persistência e perseverança.
Visando estas qualidades, contemplo-os um prodígio de família, nascida de um Pai frágil e desordenado, que levou a vida tangido pelo medo e perturbado pela a ignorância, hoje no fim da caminhada, arranjei um passa tempo nas paginas dos livros e, descobri as falhas que estou apontando; rogo-vos perdoem as minhas falhas e, alerto-os, cuidado com o vicio da boemia, ela arrasa com a saúde moral e corporal.
Os Erros e os frutos, deles, estão no histórico sobre o Zequinha.
Que todos vivam em paz e bem unidos, ADIOS.