sexta-feira, 25 de março de 2011

Homenagem a Zeca Muniz - Por Paulo Roberlando


Depois de muito relutar, mas com uma vontade irrefreável de conhecer pessoalmente – a quem antes conhecia de ler, onde de há muito nutria uma admiração pela sensatez das coisas escritas e das poesias de efeito. Foi lendo suas composições que me fiz poeta e agora, queria ouvi-lo, queria contato com quem tanto me inspirou a dar vazão em forma de cantos ao turbilhão sentimental que fervilha em nossa alma.


Quebrando os elos que me prendiam aos receios de minha humildade, em um domingo deste, início de tarde resolvi fazer-lhe uma visita e levar-lhe um exemplar de meu modesto livro e finalmente estar perto do grande Poeta Zeca Muniz – o “Velho Zeca” – como hipocoristicamente é chamado por seu filho, e meu amigo: Zé Orestes.


Estava ali deitado, como que não mais importando ver o tempo passar. Na confortável rede, em cor bege e de lindas varandas ornamentando seu contorno, o Velho Zeca descansava dos noventa anos já quase completos. Muito tempo para uma vida só, penso eu... quantas e tantas coisas lhe ocorreram neste lapso temporal. Quanta gente conheceu, quanta gente viu nascer e morrer. É testemunha ocular dos acontecimentos históricos mais marcantes de nossa “Terra Cruz”. Dentre os tais, cite-se os de maior envergadura, como o do longevo e profícuo paroquiato de Pe. Valdery, quarenta e seis anos completados agora em setembro próximo para ser mais exato, presente que esteve desde os seus momentos primeiros, como também no de Monsenhor Edson e ainda no mais distante destes, o do saudoso Monsenhor Sabino de Lima. É muito tempo para uma vida só.


Vendo esta imagem permeada de tantas comparações, fico como intimidado de despertá-lo de seu sacrossanto descanso da tarde. Mesmo assim me atrevo. Bato palmas, ele não desperta, tampouco alguém vem me atender ao portão. Bato palmas novamente, agora, uma simpática senhora me atende com um largo sorriso e me convida a entrar. A casa é confortável, percorro-a curiosamente por suas dependências iniciais desejando incluir algumas partes em meu projeto de moradia a tanto engavetado no meu arquivo de prioridades ainda não realizadas.


Identificando-me e apresentando minha razão da visita, a doce senhora, que depois de uma inicial conversa, se apresentou como esposa do Velho Zeca. Confesso que de logo estranhei a diferença de idade entre ambos, no que ante minha intima e inconveniente interrogação ela me esclarece ser sua segunda esposa sem que eu lhe tenha indagado, creio que deixei escapar minha indiscrição...


Antes mesmo que eu chegasse próximo à rede, o Velho Zeca desperta, levanta-se com dificuldade, ajeitando os lisos e ralos cabelos, alinhando a blusa desbotoada logo me estende a mão cumprimentando-me, ao mesmo perguntando a sua esposa: “quem é este moço?”. Antes mesmo que ela respondesse, eu mesmo me identifiquei, dizendo-lhe que ali estava para levar-lhe como presente o livro por mim escrito e ainda pouco lançado. Qual foi o meu contentamento quando ele disse a mim que já tinha visto “algumas coisas”, que tinha gostado e que eu sabia o que escrevia.


Tendo este assunto como fio de meada, iniciamos assim uma gostosa conversa. Minha admiração e alegria por ouvi-lo eram imensas. Guardava cada palavra dita, cada ensinamento, cada lição de vida tirada daquele momento impar que não via passar, mas o crepúsculo em vermelho sangue manchando o nascente me dizia que as horas haviam passado.


Estava diante de um autêntico poeta, um ourives das letras, das frases conexas que dão vida a escritos que exalam simplicidade e visão profunda de realidade em uma amálgama que converte ao mais puro preceito da boa vida.




Um homem na altura de seus noventa anos, aquele que já foi e fez o retorno no circuito da existência, agora com a dádiva do conhecimento empírico, pois em seu regresso, teve a oportunidade de ver por onde “andou”, contemplando os erros e acertos. E ali estava o Velho Zeca com tantas coisas a serem passadas... tanto ainda a ser útil pelo imenso volume de razão de vida, pelo exemplo de fé a ser imitado, pelo modelo de pai a ser espelhado, pelo homem honrado que é...


Das tantas frases ouvidas naquela tarde, uma ficou de forma especial; disse-me ele com meu livro em mãos: “olha meu filho, continue escrevendo poesias, elas são a expressão de nossa alma, elas nos fazem melhor, nos elevam”.


Elevado eu me senti naquela instante. Pude ter a felicidade de partilhar da aura envolvente dele exalada. O olhar cansado e manso de quem muito já viu, e muito tem a apontar como se deve verdadeiramente enxergar e bem viver. Verdade por ele confeccionada em um de seus inúmeros versos:


“E no fim da jornada me resta agruras,
E contemplando a essência da vida
Vislumbrei lampejos do transcendental.
Buscando valores que temos na alma,
Mudamos caminho na reta final.”


Parabéns Poeta! Deus o abençoe ainda mais, como sempre o abençoou em tão longa e benfazeja vida. Tanto a você como a todos por quanto lhe são amados.


Obrigado por ter concedido a mim, naquela tarde, um rastilho da luz do incandescente sol que é sua vida longa... longa vida...
Com todo carinho e respeito que se possa imaginar!

Homenagem da Biblioteca Pública Municipal ao Aniversário do Poeta Popular Zeca Muniz neste 26/03/2011. Na ocasião acontecerá uma missa em Ação de Graças na Igreja Matriz as 9h da manhã.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Entrega de livros dos Escritores populares para Escolas



Na última reunião com os coordenadores Escolares, na terça-feira 22 de março, foi distribuído para cada escola do Município os Livros Alma Desnuda de Paulo Roberlando e o Cordel - A Pedra do Capim de Orestes Albuquerque. Foi orientando também que estes livros devem ser incluídos nos trabalhos escolares em aulas de temas transversais, lingua portuguesa, história entre outras disciplinas.

Ficou firmado também que deveriam ser entregues relatos deste trabalho para coordenação de Cultura para que fossem divulgados neste espaço virtual. Tais atividades fazem parte também de um diagnóstico da Cultura para o ano de 2011, onde será cobrado atividades com os livros dos escritores populares.

domingo, 20 de março de 2011

Crônica - À Mangueira do Ginásio


À Mangueira do Ginásio.



Existem imagens tão presentes em nós, que mesmo o tempo incólume não apaga suas marcas profundas cicatrizadas em nossa alma.  Não que seja eu um saudosista, que se embebeda de reminiscências por tudo quando em leves sopros de lembranças me fazem mergulhar no calmo mar da nostalgia. Mas sim, existem lampejos que nos remetem tão vivamente a passagens de nosso tempo, que negá-los é mais do que impossível.

Ontem, quando fui levar minha filha ao seu colégio, o meu Ginásio dos tempos de estudante, confesso que estes sopros nostálgicos me envolveram em sua fria certeza absoluta que tais lembranças tão presentes ali, são mais do que irrevogáveis.

Tudo estava como dantes, afora as berrantes cores com que foram pintadas as dependências externas. Qual em flashback vi-me ali novamente percorrendo as galerias em disparada, suando bica, com os “kichuts” indefectíveis, substituindo as frágeis “congas” que nos primeiros meses de inverno logo desbotavam.

Como não recordar a pose sisuda e orgulhosa de Irmão Portela repreendendo a mim pelas travessuras. Como ainda não sentir o gosto mais que adocicado do envergonhado primeiro beijo dado na primeira namorada, ali mesmo, por de trás do átrio do auditório, e, ainda, os arroubos de adolescente namorador, que não namorava tanto, mas inventava como inventavam os outros “namoradores” da minha turma, onde juntos confidenciávamos inverdades na arquibancada da quadra sobre as colegas de classe. Tudo estava como dantes... ou melhor, quase tudo...

Lancei meu olhar perdido no pátio vazio como que procurando o rastilho maior destas doces lembranças, o ícone maior da escola. Mas ela não estava lá, apenas um quadrilátero aleijado do membro mais importante do organismo ginásio.
A mangueira, a minha parceira de travessuras, minha confidente, meu esconderijo quando cabulava aulas -  principalmente as da “Sileninha” que tanta falta me fizeram nos inúmeros concursos que prestei...

Em seu lugar agora somente um tronco mutilado e seco, um verdadeiro atestado à insensibilidade, pra não dizer imbecilidade...
Como linda era a sua frondosa copa, simetricamente aparada, dando-lhe um contorno parecido ao de um imenso picolé.  Copa esta que acolheu a tantos, e a tantos ofertou seus saborosos frutos que saciavam no “recreio” a fome dos que não tinham os trocados pro pão doce com refresco de murici na bodega do Zé do Edgar.
Com um misto de dor e revolta, interrogo um funcionário que varria o agora pátio nu sobre o porquê de terem feito tamanha atrocidade com a mangueira. Com meias palavras sem querer muita conversa ele me responde em monossílabos: “Sei lá!

Insistindo e receoso de uma resposta agora ríspida, pergunto novamente; no que ele me olha meio que de soslaio e frisa: “Olha, uma ruma de gente já me fez esta pergunta e digo de novo. Ouvi dizer que era pra construir uma praça pros ex-alunos”.

Dando-me as costas saiu como que querendo dizer-me que não estava ali pra conversa. Refletindo no que foi dito, fui embora levando comigo uma dor inquieta.  Deixei as dependências do ginásio tentando entender e com uma certeza incoteste. Deus do céu! Se se vai construir uma praça em honra dos ex-alunos, de já, não quero fazer parte desta honraria que a meu modo de entender, nada tem de meritório a nós, filhos desta casa, agora órfãos de nossa mangueira...

Praça dos ex-alunos! Só se for mesmo... quem de nós vai querer participar de tão tresloucado projeto? Dever-se-ia construir sim, um espaço que a valorizasse, à exemplo do que foi feito no passado quando da ampliação do ginásio com a construção do CEPAC, em respeito à árvore, a configuração do novo prédio a respeitou acomodando-a e lhe dando um lugar de destaque no centro, valorizando-a merecidamente, tornado-a mais altaneira.
Ainda. Não me venham com a alegação estapafúrdia de que ela foi cortada por conta do risco que apresentava em termos de captação de raios. Replico; Deus do céu, será que não sabem que a incidência de raios em nossa região é mais do que ínfima. E, se ainda não o fosse, que se instalassem pára-raios oras...

De qualquer forma, vou mostrar pra minha filha o tronco moribundo com seus galhos suplicantes e agora secos, aproveitando desta situação que indigna, ensinar-lhe a valorizar a natureza, principalmente as árvores que tantos anos levam para dar frutos e sombra, mas que em segundos de insanidade nossa, esquecemos dos preceitos franciscanos de respeito à natureza e, dela damos cabo, como se dela fôssemos donos. Esquecendo que ela, a mangueira, é um patrimônio da escola, de todos: professores, funcionários, alunos e principalmente ex-alunos.

Igualmente, lhe falar de como seu pai e tantos outros que aqui estudaram foram felizes crescendo junto com a minha, nossa mangueira mais que querida.
  

Enviado por: Paulo Roberlando – indignado ex-aluno da EF São Francisco.
Março/2001

sexta-feira, 4 de março de 2011

Proj. Povo Cruzense

No último dia 04/03 foi apresentado o Projeto Povo Cruzense junto ao CRAS e monitores do Pró Jovem adolescente. Na ocasião a ficha foi explanada e entregue inicialmente aos monitores para realização da pesquisa genealógica pessoal e posteriormente dos jovens envolvidos no Programa.

Estima-se que o projeto possa integrar ações de cidadania e relações familiares entre os envolvidos visto que pesquisa-se suas raízes e visita-se diversos familiares.

Dia da Mulher

A FLOR DA VIDA



Quando Deus formou o mundo
Na criação, se esmerou
Fez perfeito o ser humano
Dotou-o com senso e amor
No coração da mulher
Por uma razão qualquer
Parece que aprimorou.


A mulher quando menina
È uma flor em botão
Quando cresce desabrocha
Num anseio de expansão
Busca por um companheiro
Que às vezes é um sendeIro
E mata a doce ilusão.


Mas a mulher, hoje é forte
Mostra sempre o seu valor
Estuda e organiza a vida,
Com a sensibilidade do amor,
E mostra pra humanidade
Que mesmo na maioridade
Traz o aspecto da flor.

Cuidam da casa e dos filhos
E às vezes de outra missão,
Vemos no meio de nós
Alguém de bom coração,
Com seus dotes luminosos,
Que com gestos amorosos
Aflora amor, em ação.

ZECA MUNIZ - Escritor Popular de Cruz

HOMENAGEM DO GOVERNO MUNICIPAL A TODAS AS MULHERES CRUZENSES.