Dia 12 de janeiro de 2011, na Biblioteca Pública Municipal de Cruz, a partir das 19h a Religiosa Irmã Maria da Piedade Portela será homenageada por seus serviços prestados a este Município dentro das Festividades da Semana da Emancipação Municipal de Cruz. Ela será representada por umas da religiosas da Congregação das Missionárias Reparadoras do Coração de Jesus.
Na ocasião da Noite acontecerá também a Publicação do Livro Alma Desnuda de Paulo Roberlando, Divulgação do Concurso de Produções Textuais da Semana da Emancipação Municipal, Certificação a alunos do Projeto Música na Escola, entre outras atrações.
Memória de sua vida, escrita pela irmã Neves, da Casa do Menino Deus, em Sobral.
BIOGRAFIA DE IRMÃ PORTELA
Ainda que nascendo num período de grande crise, de conflitos e de medo, como era o período da Segunda Guerra Mundial, vem à terra uma criatura escolhida por Deus para ser sinal de reparação e união.
Sob a proteção de Nossa Senhora da Piedade, nasce no dia 15 de setembro de 1941, a criança que viria ser a filha, a irmã, a religiosa dedicada e piedosa, como o próprio nome a expressa: MARIA DA PIEDADE PORTELA, filha muito amada do casal cristão João Batista Portela (in memorian) e Maria Carneiro Portela, 99, mais conhecida como Cotinha. Se pelos frutos se conhece a árvore, podemos também dizer que bons frutos têm uma árvore boa. Assim podemos compreender o berço familiar, religioso e cultural que nossa querida Irmã Portela tem.
Nascida de uma família piedosa e justa, é levada a pia batismal muito bebezinha, a menos de um mês de seu nascimento, aos 05 de outubro de 1941. Assim se dá com o sacramento da Crisma que, em 14 de outubro de 1944, já recebe o Espírito Santo que será sempre a sua fonte geradora de graça, na qual ela deposita toda a sua confiança, como ela mesma deixou seu recado, em janeiro de 2000: “Depois de um tempo de ativismo, em que a gente se desgasta muito, tanto o físico quanto o espiritual, é o tempo da graça para se reabastecer, para uma retomada, para renovar-se pela graça do Espírito Santo” (25.01.2000).
Foi por confiar em Deus e desejosa de se consagrar a Ele de forma radical, é que ela encontra na Congregação das Missionárias Reparadoras do Coração de Jesus a fonte inspiradora para viver uma vida consagrada e aos 25 de março de 1963, recebe o hábito de noviça na Congregação cujo carisma foi assimilado por ela tão profundamente: AMAR – REPARAR E EVANGELIZAR. E para culminar sua vida vocacional, faz a primeira profissão religiosa aos 15 de agosto de 1965, com os conselhos evangélicos, sendo testemunha de fidelidade e amor no seguimento a Jesus Cristo pobre, obediente e casto.
Tinha um profundo e sincero amor ao Sagrado Coração de Jesus, cuja vida de oração era percebida não só por palavras, sobretudo por uma vida intensa de sacrifícios e amor. Sempre se colocou na disponibilidade do Espírito Santo quando chamada a assumir uma missão na Congregação: Coordenadora Local, Pastoral Paroquial, Coordenação Escolar, Secretária e Ecônoma Geral, Conselheira Geral e Superiora Geral da Congregação.
Esteve doze anos à frente da Congregação das Reparadoras e foram anos de grande provação, pois as dificuldades eram tantas. Também foram anos de esperanças e abnegações, próprias de alguém que sabe em quem confiar. Em nenhum momento quis agir sozinha, ou fazer da mais alta função um cargo de poder. Sempre repetia: prefiro errar junta a acertar sozinha. Muito prudente em tudo que realizava, procurou sempre se manter na discrição, no serviço simples e de acolhida às Irmãs.
Seu apelo era uma constante: “Devemos ter um empenho, fazer um esforço para realizar bem esta Assembleia. É o Espírito Santo que nos conduz. A Assembleia é nossa. É nossa vida de Congregação que está em processo de re-fundação. Deus tem algo a cobrar de nós. Quem sabe o Espírito Santo possa falar em nós, e nós dóceis, possa Ele agir. Que nada possa tirar o objetivo de nossa Assembleia; que nós possamos sair daqui diferentes. Procuremos viver bem estes dias de muita fraternidade” (09.12.2000).
No percurso de sua vida religiosa morou em várias casas do Ceará: Sobral (por ocasiões diversas: Noviciado, Casa Santo Antonio, diretora do colégio Coração de Jesus e como Madre Geral); morou ainda em Nova Russas, Carnaubal, Cariré, Cruz e Fortaleza. Formou-se pela Universidade estadual Vale do Acaraú (UVA), no Curso de Letras, exercendo com maestria a profissão de professora, sendo querida por todos os alunos. Com dedicação assumiu a direção da Promoção Humana, escola da Congregação voltada a acolher alunos carentes, pois tinha um grande apreço pelas pessoas humildes.
Ao longo de sua trajetória de vida descobriu que o caminho só se faz caminhando e que o próximo é aquele que passa por nós, no momento que está mais precisando. Fazia caridade sem alarde e no anonimato ia tecendo a eternidade.
Deixando o exercício de superiora geral das Reparadoras foi morar em Fortaleza, onde poderia usufruir melhor da presença de seus familiares, especialmente de sua mãezinha, cuja longevidade dava a alegria de ter a genitora por perto, já que seu pai fora morar no céu. Ir. Portela sempre foi querida por seus irmãos e irmãs, sobrinhos e primos. Seu nome Piedade ressoa como uma nota harmoniosa que faz a canção ficar mais bela.
Ir. Portela, como Madre Geral, sempre se preocupou com o estado de saúde de suas Co-irmãs e disse numa certa ocasião: “Parece que Deus está querendo uma resposta da nossa parte, através do sofrimento, da doença”. Quis a providência divina chamá-la para participar do Calvário de Cristo, levando-a a passar pelo martírio da doença. Resignadamente, ao saber que precisava fazer a cirurgia, aceitou tudo. Foi como um cordeiro, vítima do holocausto. E durante seis meses e dez dias, mesma sem pronunciar palavras, soube evangelizar a todos os profissionais de saúde e visitantes que passaram pela UTI da Gastroclínica. Serena esteve o tempo todo, serena partiu, refletindo em seu olhar de êxtase a candura de um anjo que faz o regresso a Casa do Pai: o encontro definitivo com o Amado, no dia 10 de dezembro de 2010.
E partiu na certeza de que deixou o seu recado: “As ovelhas conhecessem a minha voz e me seguem”. Somos pessoas familiarizadas com a Palavra de Deus, mas às vezes preferimos viver segundo a nossa própria vontade ou aos nossos caprichos. Devemos seguir a voz do mestre: o Bom Pastor; a voz de nosso Patrono: o Coração de Jesus. Devemos pedir a capacidade de levar a sério o que Jesus nos fala. É necessário uma retomada, superação de nossos limites e defeitos, para viver melhor dentro e fora da Comunidade. Jesus e o Pai são uma só pessoa. A união era intensa e constante. A nossa vida deve ser assim. Nossa união deve ser constante. Devemos manter esta união com Cristo onde estivermos. (Palavras pronunciadas em Massapê no dia 27 de abril de 2010, por ocasião da visita do Governo Geral).
Enfim, da Ir. Maria Piedade da Portela pode-se dizer como São Paulo: Porque eu já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício, e o tempo da minha partida está próximo. Combati o bom combate, terminei minha carreira, guardei a fé. (2Tm 4, 6-7). E como Pe. Arnóbio ela pode dizer também: “O importante não é só começar bem, mas terminar bem”.
Descanse em paz, Ir. Portela, e interceda por nós ao Coração de Jesus.
Por: Correio da Semana. Admin– 12/12/2010
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