sábado, 2 de junho de 2007

A maior riqueza - Maria Lúcia


As mensagens de Jesus são renovadas a cada dia, em perguntas não formuladas e respostas não ouvidas. Quando temos oportunidade de deixar que Cristo tome conta de alguns de nossos momentos, estes são capazes de nos transformar por inteiro e fazemos como os discípulos no Monte Tabor. Se pudéssemos ficar … Quanta coisa aproveitaríamos, quanto sentimento bom tomaria conta de nós. Mas a quem iríamos entregar tanto amor? O amor só vale a pena quando distribuído, espalhado, aliás, amor não se esconde. Como esconder o que as janelas do coração revelam? Era assim a atitude repreensiva de Cristo para com seus discípulos.
São tantas as formas de amor! Como em todas as fases da minha, vida algum tipo de amor bate forte em mim e me faz respirar e ter motivo para dormir e acordar; para lutar por um objetivo que me leva rumo a um sonho que pode ser verdade, pois a luz deste amor direciona meu caminhar. E como diz o poeta “Tudo vale a pena se a alma não é pequena”. A alma que ama nunca é pequena, pois está sempre disposta a perdoar, a falar e, a calar, quando as palavras valem menos que um simples olhar silencioso ou um adeus para não atrapalhar os momentos de solidão de alguém. Estes algumas vezes, são bem importantes.
A vida tem que ser de paixões, no bom sentido. Acordar acreditando que o dia será maravilhoso, que as pessoas amadas vão saciar a sede de companhia, e as pessoas conhecidas vão ser solícitas e as “outras”, que amargam a vida, serão capazes de perceber a presença doce de um olhar fraterno.
Gosto de sonhar. Eu mesma transformo as barreiras existentes entre os seres humanos e, juntos, formamos uma corrente de solidariedade, onde as carências de afetividade são rompidas e, como crianças, nos olhemos, olho no olho, revelando as verdades do coração e da alma, só para sermos felizes por alguns instantes, ao menos.
Outro dia, ouvi a opinião de um escritor: “escrever para alguém gostar é transformar-se em vitrine, onde pessoas param para admirar o produto, este esculpido em palavras que o artista, num momento de amor ou de dor, transborda e se deixa abrir até revelar sua alma”. Esta é uma experiência encantadora: “ser vitrine”. Cada transeunte, além de observar, sentir certa atração, certo prazer ao adentrar mais e mais, palavra por palavra, frase por frase, expressões que formariam dentro de cada um: desejos cada vez maiores de também querer ser vitrine de alguma forma, mesmo que doesse, mesmo que ao arrancar o sentimento de si, para mostrar-se aos outros, nascessem cicatrizes doloridas. O amor tem destas coisas, é bom que se saiba. Enquanto amamos alguém, morremos um pouco. Amar é sair de si mesmo em busca do ser amado, e às vezes não é fácil. O caminho, é estreito, os espinhos estão à espreita. Nossa única defesa é a capacidade de ser forte e amar sem fronteira. Riqueza maior não podemos acumular.

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