sábado, 2 de junho de 2007

A vida e o tempo - Maria Lúcia


O tempo tudo cura, alguém já disse. Curar entende-se por não mais se sentir da mesma forma aquilo que negativamente nos marcou profundamente, através, principalmente de experiências muito significativas. Acredito nessa premissa, pois os retalhos que sobram de todas as peças que a vida proporciona, aos poucos vão sendo costurados, embora alguns com linha muito frágeis.
Viver sentindo as mudanças do tempo e de nós mesmas faz com que acreditemos que nada é eterno e que os momentos, por melhores ou piores que sejam, passam. Isso nos conforta ou nos entristece, dependendo da situação. Imagino muitas vezes que se o tempo parasse em momentos felizes, talvez ficasse sem graça, até a felicidade.
Reportando-me às fases mais marcantes da minha vida posso visualizar momentos que pareceram ruins e agora parecem tão diferentes e até saudosos. E aquela frase: “Eu era feliz e não sabia", está sempre se repetindo. É como se olhássemos de fora, depois dos acontecimentos vividos. Enquanto estamos vivendo, esquecemos, muitas vezes de "curtir o momento", nos apegando a detalhes insignificantes, não percebendo o que realmente é o cerne, o principal, aquilo para o qual somos "chamados" a realizar em qualquer situação onde estivermos inseridos.
As pessoas, amigas ou apenas conhecidas, são peças importantes na passagem de nossos momentos. Até as que nos criticam ou nos olham com indiferença. São estas ultimas, às vezes, as que mais nos dão forças para lutar por nossos ideais. E a construção das amizades se dá pelos encontros e pelos desencontros. Como diz Vinícius de Moraes: " A gente não faz amigos, reconhece-os". E não é pela convivência que vamos reconhecendo nossos amigos, mas pelas atitudes, até de um olhar, de um gesto, de uma palavra, que sabemos por terceiros, ditas ao nosso respeito. Não sei quantos amigos reconheço, sei de alguns que realmente se preocupam comigo e torcem por mim, e eu nem sei porque os cativei. Essas coisas a gente não sabe. Assim como não sei por que algumas me cativaram.
Assim, a vida e o tempo continuam, levando e trazendo momentos, acasos ou não acasos, que experimentamos levados por nossas escolhas e pelas escolhas dos outros, que somos obrigados a participar como seres sociais, onde uma determinada situação, boa ou ruim, tem a participação de muita gente. Essa teia que tece a sociedade vai jogando a gente, e, às vezes, como seres inanimados. Estamos em lugares e situações que nem mesmo imaginamos estar; mesmo sendo escolha nossa, nos perdemos em algumas delas, e, para nos encontrarmos novamente é preciso visualizar um ser superior, que independente de nosso querer, nos criou e nos protege, gratuitamente. E é essa força divina que faz toda diferença em nossa vida e em nosso tempo. Ele é o amigo por excelência, que "nos amou primeiro", e caminha a nosso lado. Em todas as fases da história, quando mais eu precisei, Ele estava disposto a encorajar-me a seguir em frente, sem fraquejar e sem perder a esperança de uma saída triunfante; com um caminhar mais firme, sem medo, nem constrangimento. Tal qual diz a sentença: "Só sabe levantar-se, quem sabe cair". Saber cair é aventurar-se em busca do ser melhor, normalmente esses caminhos tem tropeços, principalmente se essa busca não quiser passar por cima de outros: se soubermos o momento certo de avançar, sem ultrapassar sinais proibidos, mesmo que não nos levem a uma realização plena, na certeza de estarmos fazendo o que é certo e proveitoso.

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