sexta-feira, 1 de junho de 2007

Poemas - Geraldo Antonio de Vasconcelos

POEMA CHEGUEI NA BEIRA DO PORTO




Cheguei na beira do porto

Onde as ondas se espaia

As garças da meia volta

E senta na beira da praia

E o cultelinho não gosta

Que o botão de rosa caiu ai, ai



Aí quando eu vim da minha terra

Despedi da parenteia

Eu entrei no Mato Grosso

Dei em terra paraguaia

A tinha revolução

Enfrentei fortes bataias ai, ai



A tua saudade corta

Como aço de navaia

O coração fica aflito

Bate uma a outra faia

E os oi se enche d’água

Que até a vista se atrapaia ai, ai

(Geraldo Antonio Vasconcelos)







POEMA IDEAIS



Quando é fantasia

Que não tinham sossego

Vi seus olhos reclamar

A paz no descanso

Em seus músculos o ferro e o esforço

Por vencer mais uma jornada

Das muitas que tinham

Que se seguirem

Nos últimos dias... dos passos

Quando minguarem

As forças dos cansados

Lá estarão exaustos

Operário e patrão

Mesmo assim o observei

Os carregadores

Gemendo sob o peso das cargas

Todos sob um jugo

Não podiam resistir

Pois em troca do mísero salário prosseguiam

Sustentavam seus fardos opressores

Observei seus passos

E gestos apressados

Que competiam,

Por uma produção forçada

Pobres e humanas criaturas

...subjugadas

De todos os seres, és o que mais se lastima e geme sobre a terra

Como se não bastasse...

A luta da vida

A morte campeia os meses

A doença fustiga a carne

Os ossos

Sob o acocho das opressões

Ainda existem as incompreensões

De si, para si

E as desarmonias dos que com eles convivem

Se não fossem as ilusões dos objetos

Que animam os tais sofredores

Não sei o que diria



(Geraldo Antonio Vasconcelos)

POEMA O VENTO



Vento que balança as

Palhas do coqueiro

Vento que encrespa

Os cabelos da morena

Me traz notícias de lá



Vento que assobia no telhado

Chamando para lua espiar

Ó vento, que na beirada da praia

Escutava o meu amor a cantar



Hoje estou sozinho e tu também

Triste, me lembrando do meu bem

Vento, diga, por favor,

Aonde se esconde o meu amor



(Geraldo Antonio Vasconcelos)





POEMA QUEM É ESTA QUE ME RONDA



Quem é esta que me ronda

Ameaçando... meu ser

Que o me olha pelas brechas

Que me assombra

Deixando-me inquieto

Que vem chegando

Cruel mensageiro

Sinistra e alada criatura

Que me mira

Fazendo-me tremer

Que dimina-ma a vontade

Que se apossa de mim

Que me despede da vida

Que me lança por terra

Arrancando-me a alma

Que me tira a bravura

Por que não te deixas passar?

Desvia de mim

Tua presença macabra

Deixa-me de lado

Vai teu destino

Miséria a gente

(Geraldo Antonio Vasconcelos)







POEMA SÃO FRANCISCO



Lá vai São Francisco

Pelo caminho

De pé descalço,

Tão pobrezinho,

Dormindo a noite

Junto ao moinho

Bebendo a água do ribeirinho...



Lá vai São Francisco

De pé no chão

Levando nada

No seu surrão

Dizendo ao vento

Bom dia, amigo!

Dizendo ao fogo

Saúde irmão



Lá vai São Francisco

Pelo caminho

Levando ao colo

Jesus Cristinho

Fazendo festa, festa

No menininho

Contando histórias

Pros passarinhos...

(Geraldo Antonio Vasconcelos)





POEMA: O TRABALHO



Segui de perto a luta

Que dia a dia era travada

Energias eram gastas

Numa tentativa, num ideal

Que em nada satisfez

Observei o suor

Que descia das frontes

Me apareciam gemendo

Do peso de suas servidões

De nervos esticados

Na carne, o nó

Na luta travada... a força

Tudo por nada

Um só deleite, não existia nada... nada não vi

Mesmo assim ninguém parou.

Nem meditou,

Seu fim

São criaturas, meras criaturas

Objetos... peças, que se gastam

A todos, o tempo há de vencer

(Geraldo Antonio Vasconcelos)

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