POEMA CHEGUEI NA BEIRA DO PORTO
Cheguei na beira do porto
Onde as ondas se espaia
As garças da meia volta
E senta na beira da praia
E o cultelinho não gosta
Que o botão de rosa caiu ai, ai
Aí quando eu vim da minha terra
Despedi da parenteia
Eu entrei no Mato Grosso
Dei em terra paraguaia
A tinha revolução
Enfrentei fortes bataias ai, ai
A tua saudade corta
Como aço de navaia
O coração fica aflito
Bate uma a outra faia
E os oi se enche d’água
Que até a vista se atrapaia ai, ai
(Geraldo Antonio Vasconcelos)
POEMA IDEAIS
Quando é fantasia
Que não tinham sossego
Vi seus olhos reclamar
A paz no descanso
Em seus músculos o ferro e o esforço
Por vencer mais uma jornada
Das muitas que tinham
Que se seguirem
Nos últimos dias... dos passos
Quando minguarem
As forças dos cansados
Lá estarão exaustos
Operário e patrão
Mesmo assim o observei
Os carregadores
Gemendo sob o peso das cargas
Todos sob um jugo
Não podiam resistir
Pois em troca do mísero salário prosseguiam
Sustentavam seus fardos opressores
Observei seus passos
E gestos apressados
Que competiam,
Por uma produção forçada
Pobres e humanas criaturas
...subjugadas
De todos os seres, és o que mais se lastima e geme sobre a terra
Como se não bastasse...
A luta da vida
A morte campeia os meses
A doença fustiga a carne
Os ossos
Sob o acocho das opressões
Ainda existem as incompreensões
De si, para si
E as desarmonias dos que com eles convivem
Se não fossem as ilusões dos objetos
Que animam os tais sofredores
Não sei o que diria
(Geraldo Antonio Vasconcelos)
POEMA O VENTO
Vento que balança as
Palhas do coqueiro
Vento que encrespa
Os cabelos da morena
Me traz notícias de lá
Vento que assobia no telhado
Chamando para lua espiar
Ó vento, que na beirada da praia
Escutava o meu amor a cantar
Hoje estou sozinho e tu também
Triste, me lembrando do meu bem
Vento, diga, por favor,
Aonde se esconde o meu amor
(Geraldo Antonio Vasconcelos)
POEMA QUEM É ESTA QUE ME RONDA
Quem é esta que me ronda
Ameaçando... meu ser
Que o me olha pelas brechas
Que me assombra
Deixando-me inquieto
Que vem chegando
Cruel mensageiro
Sinistra e alada criatura
Que me mira
Fazendo-me tremer
Que dimina-ma a vontade
Que se apossa de mim
Que me despede da vida
Que me lança por terra
Arrancando-me a alma
Que me tira a bravura
Por que não te deixas passar?
Desvia de mim
Tua presença macabra
Deixa-me de lado
Vai teu destino
Miséria a gente
(Geraldo Antonio Vasconcelos)
POEMA SÃO FRANCISCO
Lá vai São Francisco
Pelo caminho
De pé descalço,
Tão pobrezinho,
Dormindo a noite
Junto ao moinho
Bebendo a água do ribeirinho...
Lá vai São Francisco
De pé no chão
Levando nada
No seu surrão
Dizendo ao vento
Bom dia, amigo!
Dizendo ao fogo
Saúde irmão
Lá vai São Francisco
Pelo caminho
Levando ao colo
Jesus Cristinho
Fazendo festa, festa
No menininho
Contando histórias
Pros passarinhos...
(Geraldo Antonio Vasconcelos)
POEMA: O TRABALHO
Segui de perto a luta
Que dia a dia era travada
Energias eram gastas
Numa tentativa, num ideal
Que em nada satisfez
Observei o suor
Que descia das frontes
Me apareciam gemendo
Do peso de suas servidões
De nervos esticados
Na carne, o nó
Na luta travada... a força
Tudo por nada
Um só deleite, não existia nada... nada não vi
Mesmo assim ninguém parou.
Nem meditou,
Seu fim
São criaturas, meras criaturas
Objetos... peças, que se gastam
A todos, o tempo há de vencer
(Geraldo Antonio Vasconcelos)
Nenhum comentário:
Postar um comentário