FRATERNIDADE AMAZÔNICA
Para a campanha do ano
Da nossa Igreja católica
Com sua ação já simbólica
Na sua missão está buscando
Na sombra da selva entrando
Para levar sua Tonica
E lá fazer mais harmônica
A vida semi-selvagem
E aluir a grande imagem
Da região amazônica.
Já convivi no seu meio
A vinte anos atrás
Lembrar não me satisfaz
Porque mata derrubei
Tinha aventura e anseio
De cultivar e colher
A lavoura da prazer
Em terra boa plantar
Na ambição de prosperar
Mas, hoje sinto doer.
Pelos bichinhos que matei
Buscando o meu alimento
Pois o processo foi lento,
Das arvores que derrubei
E da flora que queimei
Eu sinto nesta lacônica
Lembrando a transamazônica
Onde eu lutei e sofri
Colhi e muito aprendi
Na grande selva Amazônia
Aquele verde ambiente
Cheio de graça e beleza
O homem em sua esperteza
Se tornou onipotente
E despercebidamente
Deixa um rastro de tristeza
Do fronde fez aspereza,
Queimou e acabou com a mata
Ninguém ver mais a sonata
Que alegrava a natureza
TRANSÔNICA
Quando cruzei o Araguaia
Entrei num verde amplidão
Descendo a transamazônica
Apertava-me o coração
Pisava o desconhecido
Da natureza, em ação
Dos pássaros e dos trepadores
Um vozerio em canção
Do papagaio ao inhambu
Faziam sua aquarela
Macacos ágeis saltavam
Catando coisa pra guela
Araras com suas cores
Desfilavam a passarela
E o tucano em sua flauta
Tocava, a festa era bela.
Era bela a natureza
E guardava lá seus mistérios
Séculos de vida selvagem
De rica flora e minérios
O homem ambicionou
E entrou com seus despautérios
E em muitos trechos lá hoje
Já parece um cemitério.
Mataram a fauna e a flora
A mata virou pastagem
O gado fez pisoteio
A selva mudou de imagem
A cassa e a passarada
Buscaram outra paragem
E a terra sem cobertura
O fogo fez modelagem.
Que a campanha da Igreja
Remova e aplaine o mal
E faça surgir novo ciclo
Despertando outro astral
E abrande os gananciosos
Que lá geram o escambal
E fique alguma esperança
Pra Amazônia colossal.
SEXTILHAS
Da estonteante beleza
Que este velho enxergou
Da fertilidade da terra
Pouco proveito tirou,
Plantei e edifiquei
E meu rastro lá ficou.
Logo que chegamos lá
O fogo não estragava
A umidade era tanta
Que o fogo não penetrava
A derrubada pequena
Dificilmente queimava.
Mas o homem derrubando
Pra aumentar seu roçado
A umidade foi sumindo
E mais o pisar do gado
As chuvas diminuiriam
E o fogo deu seu recado.
È o que se ver na Amazônia
Quando a chuva faz verão
E ganância pisa na lei
Lá quem manda é tubarão
Entra tirando madeira
E o fogo faz seu sertão.
Semeia um farto capim
O seu anseio é criar
E pra aumentar a pastagem
Continua a derrubar
Quando o capim envelhece
È fogo pra renovar.
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