sexta-feira, 1 de junho de 2007

Produções Literárias Cruzenses - Paulo Roberlando



Reflexão de Natal

Por um Sonho de Paz
Ainda que eu quisesse
Acordar de um sonho,
Sem ter que sentir
O clamor que faz eclodir
Das esqueléticas crianças
Padecendo com fome,
Sem rosto, sem nome,
Sem sua África, sem esperanças...


Ainda que eu quisesse
Ser insensível
A estupidez
Da insensatez
Da guerra, horror da radioatividade,
Exterminando irmãos,
Bombas, hecatombe, explosão;
Da irracionalidade...


Ainda que eu quisesse
Não verter lágrimas
Pela miséria que assola
Das mãos sem esmolas
De meu Nordeste sofrido,
Da seca que faz a riqueza
Dos que patrocinam a pobreza
Com a política dos excluídos...

Ainda que eu quisesse
Não sentir
A dor
Do clamor
Dos gritos e bandeiras manchadas
No sangue derramado,
Dos sem-terra, sem-teto, descamisados,
Dos sem-esperanças, dos sem-nada...
Ainda que eu quisesse,
Sei,
Eu deveria
E quero crer em utopias
Sem ter que jamais,
Despertar,
E tudo o que podemos conquistar
Não seja um mero Sonho de Paz...

Por - Paulo Roberlando - 30/12/2008

Nenhum comentário: