sexta-feira, 1 de junho de 2007

Um continuador da história “Origem de Porteiras” - Jaime Farias



Benedito Magalhães

Que em Porteiras nasceu

No mês de outubro de 05

A seis do mês, penso eu

Durante sua existência

As Porteiras promoveu



Magalhães quando nasceu

O seu pai se achava ausente

Já com seis anos de estio

Por achar conveniente

Foi em maio pro Amazonas

Quando embarcou muita gente



Macário, era descendente

Também de CHICO TEIXEIRA

No lugar de tetraneto

E Rufina de Oliveira

Era bisneta, e sua prima

Sua esposa e companheira



A sua filha primeira

Chamava-se Benedita

Nasceu o outro em outubro

Como a história já dita

Deu nome de Benedito

Pra prole ser mais bonita



A história também cita

Que ficaram em companhia

Da avó Geralda, e viúva

Que muito pobre vivia

Já, por tanto, o MAGALHÃES

Em berço humilde nascia



Foram os seus primeiros dias

Na mais extrema pobreza

Faltava até mesmo a água

Quanto mais o pão da mesa

Muitos me falaram disto

E eu, creio que foi certeza



Macário chegando em 12

Também não trazendo nada

Foi fazer roça de meia

E trabalhar na enxada

Magalhães cresceu assim

Numa vida aperreada



Com seu uso de razão

Muito já tendo sofrido

Já trabalhava pra si

Com altives e sentido

Mesmo na agricultura

Que era o que tinha aprendido



E já com 23 anos

Fez plano de se casar

Mas para isso era preciso

Ter um rancho pra morar

Preparou lá um terreno

Para nele edificar



Como não estavam medidas

As terras desse local

Ele limpou uma quadra

E pois seu material

Mas o seu tio impediu-lhe

Talvez, por lhe querer mal



Dizendo a ele que ali

Era do domínio seu

Magalhães então com isto

Todo seu plano perdeu

Tirou o material

E disso nunca se esqueceu



Com poucos tempos casou-se

Com uma neta do FARIAS

Que por ser órfã de mãe

Coube-lhe com garantias

De herança, a casa do velho

Aonde viveu seus dias



ANA, tendo herdado a casa,

E uma semente de gado

Magalhães, com muito gosto

Tratou tudo com cuidado

Com poucos anos já era

Um cidadão abastado



E como plantava muito

Guardava toda a farinha

Para vender por bom preço

No tempo que lhe convinha

E o dinheiro empregava

Nalguma terra vizinha



Depois cercou toda a ilha

Para criação de gado

Que produzia ano a ano

Como era afortunado

Ou talvez porque tratasse

Tudo com muito cuidado



Após eu ter me casado

Com uma sua afilhada

Que até morava com eles

E era muito estimada

Ele contou-me essa história

Na sua vida passada



E acrescentando me disse:

Tudo que eu tenho ganhado

Quase só emprego as terras

Não só pra criar meu gado

Mas porque nunca esqueci

O que comigo foi passado



Hoje mora de agregado

Quem me impediu de fazer

O meu rancho pra morar.

Foi então que eu vim saber.

Tratava-se do tio Gregório

Ainda antes de morrer



Depois ainda me disse

Hoje eu já tenho onde faça

Uma casa pra morar

Sem ninguém fazer pirraça

Pois quem não onde more

Passa por grande desgraça



Era no ano cinquenta

Que isso ele me contou

Daí por diante ainda mais

Tudo dele prosperou

E naquela época, o povo

De rico lhe apelidou



A C.E.M, os mata-mosquitos

Deixaram estabelecido

O nome daquele local

Para ser melhor distinguido

PORTEIRAS DO MAGALÃES

Ficando assim conhecido



Magalhães, esposo de Ana

Por mais que amasse a ela

E zelasse bem de tudo

Que ela herdou do avô dela

Parecia desgostoso

Por não ter família nela

Com 67 anos

Traçou ele um novo plano

Num sítio seu afastado

fez eu prédio suburbano

Que para deixa-lo pronto

Gastou espaço de um ano



Já nesse era dono

De muitos carnaubais

Tudo cercado de arames

Sítios de cajueirais

Porem, segundo seus planos

Desejava ainda ter mais



Era um cidadão pacato

Sobre tudo conselheiro

Gostava até da política

Mas não era interesseiro

Que pelo qual nestas coisas

Nunca empregou seu dinheiro



Dizia ele: a política

Divide a comunidade

E eu ficando fora dela

Me sinto mais a vontade

Pra conviver com amigos

Na minha sociedade



A seus parentes e amigos

Procurou sempre ajudar

Com lugar pra moradia

E terra pra trabalhar

Com dinheiro ou alimento

Até poderem pagar



A sobrinhos e afilhados

Deu, de gado, uma semente

Se condoía do povo

Quando via alguém doente

Na criação das crianças

Ela ajudou muita gente



Sempre teve a mesa farta

Para o seu trabalhador

Quando alguém lhe procurava

Sempre foi bom servidor

Também serviu para muitos

Como afiançador



Seu número de afilhados

Contava-se mais de cem

O leite para as crianças

Nunca faltou a ninguém

Seus compadres e parentes

Todos lhe queriam bem



Rita, casando em 50

Saiu da sua tutela

Com muita pena da velha

Pois amava muito a ela

E a velha, mais tarde quis

Criar uma filha dela



Os velhos ainda falaram

Em registrar a menina

Por filha legítima deles

Mas o casal não combina

Maria era registrada

Já como a lei determina



Os velhos viram que o pai

Tinha agido com razão

Disseram: isso não implica

Em ser ela, filha ou não

Tudo o que podermos dar-lhe

Damos como doação



Então criou-se Maria

Entre amores e carinhos

Mesmo ser afilhada

Chamava os velhos padrinhos

E os velhos dali por diante

Não se achavam mais sozinhos



Maria ainda em pequena

Começou a estudar

Não alcançou formatura

Porque tentou se casar

Porem, os velhos lhe deram

O que os pais não podem dar



Então casou-se Maria

Foi morar em Pitombeiras

Luíz fez lá seu barraco

E botou logo prateleiras

Instalou mais um comercio

Sendo o maior dos Teixeiras



Depois tentou deixar tudo

Pra São Paulo viajou

Maria ficou sozinha

Mas o pai que lhe criou

Chamou-lhe de volta à casa

Então Maria voltou



Ana, com a ausência dela

Sozinha e acabrunhada

Disse que não se atrevia

Viver dela separada

Podiam viver com eles

Onde ela foi criada



Luíz, sabendo do acordo

Que a velha tinha proposto

Voltou logo de São Paulo

Como cidadão disposto

Os velhos lhe deram a mão

Com muito carinho e gosto



Cederam um quarto da casa

Pra uma mercearia

Afiançaram pra ela

Comprar a mercadoria

De formas que conquistou

Uma boa freguesia



Luíz comprou mais um carro

Facilitando o transporte

Mas depressa a pareceu

Uma tempestade forte

Foi tudo de água a baixo

O comercio não deu sorte



O velho decepciona

Vendo que o Luíz não tinha

Boa prática pra comércio

Portanto, não lhe convinha

Lhe dar tanta ajuda a ele

Desperdiçar o que vinha



O velho amou uma moça

Que era sobrinha de Ana

Levou ela, um certo dia

Lá pra mansão suburbana

Sem causar isto pra velha

A menor queixa profana



Continuou dando tudo

Que a velha precisava

Era uma mulher doente

Dela não se descuidava

A velha com isso tudo

Ainda mais lhe estimava



O velho que sempre sempre

Vinha uma vez por semana

Deixar o que precisava

Para a velha esposa Ana

E a velha, quando lhe via

Do amor não desengana



Mas Luíz tendo ficado

Nas Porteiras como dono

O velho que quando vinha

Via tudo em abandono

num patrimônio onde antes

Dormiu seu tranquilo sono



Tinha caído as muradas

Da casa do aviamento

E o povo que lhe trabalhava

Já pagando arrendamento

O Luíz ainda cobrava

Sobre o gênero, dez por cento



Impondo mais que a forragem

Tudo a ele pertencia

Quando o vaqueiro do velho

Tratando da vacaria

O gado passava fome

Mas da forragem não via



Com isso à, pouca gente

fazia ali, farinhada

O velho enojou-se dele

Sem dar-lhe atenção pra nada

E também já pouco vinha

na sua antiga morada



Chamou Maria e lhe disse

Vou fazer-lhe doação

Daquela terra dos PATOS

Pois sei que tens precisão

Não és minha herdeira, mas

És folha de criação



Como lhe tenho atenção

Com a velha já concordei

Fazer-lhe desta doação

Porque mais tarde, não sei

Vocês poderão passar

pelo o que, em novo passei



Mas Luíz não se importou

De fazer sua morada

Botou lá um botequim

Mesmo com a terra cercada

Porém a casa dos velhos

Nunca foi desocupada



Um dia, não sei por que

Talvez por viver cansada

Ana também desistiu

De sua velha morada

foi ter na casa de Rita

Que era a sua afilhada



Chegou sem dizer nada

Como se fosse a passeio

E mais tarde a Rita disse

Minha madrinha hoje veio

E foi pra ficar com agente

Houve alguma coisa, eu creio



No dia seguinte, o velho

Veio fazer-lhe uma visita

Foi acha-la em outra casa

E a velha lhe disse aflita

Se quiser me ver agora

Venha na casa da Rita



O velho, achando que ela

Tivesse as suas razões

Então perguntou pra Rita

Qual as suas sugestões

Disse ela: pra madrinha

Não me falta condições



Se ela quer ficar comigo

Lhe tratarei com cuidado

Desde tal, bronquite velha

Que muito tem lhe atacado

O Sr. Dar-me o remédio

Que lhe dar bom resultado



O remédio era indicado

Pelo Dr. Odeon

Era uns expectorantes

Também passou DECADRON

Era os remédios que a velha

dava um resultado bom



E o velho continuou

Dando o que ela precisava

E a velha, todas as vezes

Que lhe via perguntava

Como é que ia a família

E a NEUMA, como estava



Passado um ano, ou mais disso

A velha recuperou

Devido o trato que tinha

E o remédio que tomou

Já bem forte e bem corada

Todo o seu físico mudou



Então, nesse tempo, o velho

Seus cincos filhos já tinha

Três meninas com a Neuma

E um rapaz e uma mocinha

De outra mulher, que dantes

Tinha lhe entrado na linha



O velho dava assistência

E já estavam estudando

A velha sabia tudo

mas ficava interrogando

Pra ver se o velho a todos

Estava igualmente amando



Magalhães dizia: Ana

Estou cumprindo o meu dever

Já registrei-os por filhos

Vou ensina-los a viver

Pra não dizerem que fui

Um mal pai, quando morrer



Certo dia, a velha disse

A ele, o que não se acredita

Nunca eu fui nesta, morada

Me dizem que é tão bonita

Ainda queria morar

Com vocês na Santa Rita

E acrescentando lhe disse:

Mas, se você concordar.

O velho, vendo que Ana

Queria lhe acompanhar

Pelo resto de seus dias

Disse: venho lhe buscar



Poucos dias depois disso

Veio num carro e a conduziu

Ana, então, junto a seu velho

Muito alegre se sentiu

Que morreu junto com ele

Como Deus lhe permitiu



Poderia ainda ser viva

ANA AMULHER EXCELENTE

Apesar de ter vivido

Mais de dez anos doente

Como sofreu uma queda

Morreu daquela acidente



ANA CÂNDIDA DE FARIAS

Era este o nome seu

No dia 06 de novembro

De 13, quando nasceu

Em março de 83

No dia 20 morreu



E então, por Ana ter

Um só irmão verdadeiro

Este, mais novo que ela

Que até morreu solteiro

Em comunhão de bens, era

O seu velho, o seu herdeiro



Mas como o pai de Ana teve

Filhos de outro matrimonio

Um deles se levantou

Pra ser herdeiro biênio

Dizendo que tinha parte

Também este patrimônio



Foi ter com o Magalhães

Lá discutiu um bocado

Magalhães disse: Luíz

O meu direito é sagrado

Mas Luíz ameaçou-lhe

Construir advogado



Porém ficou só com isto

Em nada mais se tratou

E o outro Luíz Teixeira

Que no casarão ficou

Também andou espirando

Herdar o que Ana deixou



Para provocar, cortou

Parte do carnaubal

Que havia por trás da casa

Para plantar um quintal

Quando o velho soube disso

Ainda mais sentiu-se mal



Abriu um muro que tinha

Fez uma quadra dançante

Embora durasse pouco

Seu projeto extravagante

Porque de cabeça fraca

Todo feito é inconstante



Magalhães, daí por diante

Redobrou seus sentimentos

Reclamava de Luíz

Pelo seus atrevimentos

De se apossar do alheio

Mesmo sem ter documentos



Sem mais tecer argumentos

Resolveu a se casar

Com NEUMA, mãe de suas filhas

E no testamento dar

De herança, a casa pra elas

Ter direito a restaurar



MAGALHÃES, no Acaraú

Já a alguns anos morava

Para facilitar mais

Pra família que estudava

Porém a sua fazenda

Todo dia a visitava



José Magalhães, seu filho

Era quem já dirigia

Todo trabalho do campo

Mesmo assim o velho ia

Efetuar pagamentos

Dos trabalhos que fazia



Já com 86 anos

No ano 91

Já pelo fim de novembro

Surgiu-lhe coisa incomum

Uma gastrite de estômago

Mesmo sem estar em jejum



E como sentia-se mal

De tudo que ingeria

Começou preocupar-se

Conhecendo que morria

A mulher levou ao médico

Pra ver o que ele dizia



O médico lhe receitou

Remédio pra indigestão

O qual lhe deu pouco efeito

Descontrolando a pressão

Dali por diante, bem pouco

Pegava alimentação



O Monsenhor José Edson

Vigário da Freguesia

Como sue primo e amigo

Indo visitar-lhe um dia

Lhe insistiu pra casar-se

Como a anos lhe pedia



Disse o velho que queria

Satisfazer seu intento

E ali, todos da casa

Satisfeitos no momento

Aos nove de dezembro

Celebrou-se o casamento



Confessou-se e recebeu

A Comunhão verdadeira

Maria Neuma de Meneses

Que era apenas companheira

Dali por diante ficou

Como esposa a sua herdeira.

Nenhum comentário: