- TROVAS
A Bíblia em Trovas
As sagradas escrituras,
Guia da humanidade,
Onde todas as criaturas,
Encontram nela a verdade.
Por Bíblia é intitulada,
Toda palavra de Deus,
Nos leva à eterna morada,
Os ensinamentos seus.
Bíblia palavra divina,
O pão da humanidade,
Só ela nos ilumina,
O caminho pra eternidade.
Cristo se manifestou,
Que não há outra saída,
Dizendo ao mundo eu sou,
O caminho, verdade e vida.
Pra Jesus não faz sentido,
Amar só o justo, o santo,
O pecador convertido,
Ele envolve no seu manto.
Será bem-aventurado,
O que crê e obedecer,
Repudiando o pecado,
Que o mundo lhe oferecer.
Damos interpretação,
De acordo com nossos mestres,
Gerando religiões,
Opostas: tão diferentes.
Pra que tanta desavença,
Algo que afeta os céus,
Seguimos uma só crença,
Se buscarmos o único Deus.
Trate sempre com respeito,
Seja quem for este alguém,
Nós não temos o direito,
De atirar pedra em ninguém.
Quanta grandeza se encerra,
Nos ensinamentos seus,
Que o menor aqui na Terra,
É o maior perante a Deus.
Aquele que não se tornar,
Semelhante a uma criança,
Este jamais herdará,
A suma bem-aventurança.
Não use o banco primeiro,
Poderás ser humilhado,
Ocupe o derradeiro,
Que assim será exaltado.
Cristo adverte o mundo,
Pra orar e vigiar,
Pode em fração de segundo,
O fim dos tempos chegar.
Se Cristo voltasse hoje em dia,
Pra nos remir do pecado,
Certamente ele seria,
Muito mais sacrificado.
Jesus não suportaria,
O excesso de pecado,
Antes de findar o dia,
Seria crucificado.
Amai a Deus e ao irmão,
Como amai a vós,
Foi esta a rica lição,
Que Jesus deixou pra nós.
Jesus doou o perdão,
À contrita Madalena,
Mas fez observação,
Pra não repetir a cena.
Contrito e arrependido,
Confessa o erro que fez,
Que serás absolvido,
Mas não peques outra vez.
Mas o povo não se cansa,
De tanto pecar agora,
Não respeita a aliança,
Que o pai fizera outrora.
O casal temente a Deus,
Educa seus próprios filhos,
A seguirem os exemplos seus,
E palmilharem os mesmos trilhos.
Para que os filhos vejam,
Os bons exemplos paternos,
E assim no futuro sejam,
Bons irmãos bem fraternos.
A família é a estrutura,
Do verdadeiro cristão,
É donde brota a cultura
Da fé e da educação.
Primeira desobediência humana
Creio que Eva só pecou,
Devido ser inocente,
Tão ingênua que aceitou,
O conselho da serpente.
Um fruto saboreou,
Ofertou outro a Adão,
Pois jamais imaginou,
Ser vítima duma traição.
Adão achou natural,
Agradar a companheira,
Comeu o fruto do mal,
Da proibida fruteira.
Após de haver comido,
Percebeu o bem e o mal,
Viu que estava despido,
Se escondeu no palmeiral.
Sentindo medo do pai,
E vergonha do que fez,
Cobrir-se com folhas se vai,
Pra ocultar sua nudez.
Foi assim que iniciou,
A morte da humanidade,
Depois que Adão pecou,
Gerando a infelicidade.
A velhice indesejada
Viver pouco nos importa,
Quando nada se alcança,
Já que a vida se conforta,
Na fé e na esperança.
Se não usufruirmos de nada,
A vida não faz sentido,
Se a fé já foi apagada,
Só sonhos vãos esquecidos.
A velhice para mim,
Foi uma maldição do céu,
Tudo de bom levou fim,
Só me resta agora fel.
A velhice é a comporta,
Dos desenganos da vida,
Somente esperança morta,
Nenhuma missão cumprida.
A velhice é o acúmulo,
Do descaso e desrespeito,
Troféu pra velho é túmulo,
É tudo que tem direito.
Se acaso um ancião,
Na vida riqueza alcança,
Há quem lhe preste atenção,
Mas é visando a herança.
Quando o idoso é pobretão,
Só a doença o procura,
É rede, cama e caixão,
Funerária e sepultura.
São esses os troféus que vêm,
Quando a pessoa envelhece,
É só quando o idoso tem,
Tudo quanto ele merece.
Idoso não tem acesso,
À vida digna e necessária,
Idoso só faz sucesso,
Nos planos da funerária.
Para o idoso é tortura,
Perder a força e o vigor,
Tornando-se uma criatura,
Indefesa e sem valor.
O idoso até pra dormir,
É um duro desafio,
O idoso só sorrir,
Quando entra em desvio.
Durante a mocidade,
Nunca banquei covardia,
Tive sempre autoridade,
Respeito e autonomia.
Enquanto jovem me via,
Forte, ágil e eficiente,
Infelizmente hoje em dia,
Um traste frágil e demente.
Embora não sinta medo,
O público não considera,
Desconhece o segredo,
Que onde foi casa é tapera.
Portanto o idoso sofre,
Penúria e tribulações,
Coração de velho sofre,
De angústia e decepções.
Idoso até pra falar,
Aguarda a ocasião,
Depois que o último calar,
Alguém lhe dá atenção.
O idoso é sempre visto,
Com olhares de mangação,
Se há idoso benquisto,
Já sabemos que é barão.
Jovens, aproveitem bem,
Da mocidade, a doçura,
Pois quando a velhice vem,
Traz um cálice de amargura.
Idoso é resto, é sobra,
Que a juventude dispensa,
Com a velhice só se logra,
Desprezo, mágoa e doença.
O pai trata com meiguice
E afago, a cada filhinho,
Mas quando cai na velhice,
Vai se sentir tão sozinho.
A velhice é o acúmulo,
De tudo quanto é ruim,
O que lhe aguarda é túmulo,
Apoteose é o fim.
O idoso vive a fingir,
Tentando as mágoas ocultar,
Quando os lábios sorrir,
O coração quer chorar.
O crepúsculo do sol posto,
Me causa constrangimento,
Angústia, mágoa, desgosto,
Renascem em meu pensamento.
O crepúsculo matinal,
A mim transmite alegria,
Esqueço tudo de mau,
Pra curtir um novo dia.
Trovas em comum
Deus criou a humanidade,
Doou-lhe a inteligência,
Mas o homem por maldade,
Sempre gera violência.
Ao invés de aproveitar,
Essa doação de Deus,
Para ao mundo propagar,
Os ensinamentos seus.
Quisera que Deus agora,
Me seguisse bem de perto,
Como guiara outrora,
Seu povo pelo deserto.
Ó Deus, que tudo fizestes,
Com esplêndida perfeição,
Porque também não me destes,
Um espírito mais cristão.
Meu Deus quando tu criastes,
O homem à tua semelhança,
Creio que imaginastes,
O homem sempre criança.
Aquele que é pioneiro,
Na prática da oração,
Quase sempre é o primeiro,
A maltratar seu irmão.
O povo não obedece,
Os mandamentos de Deus,
Ou por outra se esquece,
Dos ensinamentos seus.
Não teme que Jeová,
Se arrependa de novo,
E torne a exterminar,
Da face da Terra, o povo.
Ninguém consegue o poder,
Se não for dado por Deus,
Por isso, não queira ser,
Carrasco com os irmãos seus.
Cristo veio nos ensinar,
Virtudes que nos atrai,
Disponível a caminhar,
Rumo a casa do Pai.
Seja bom: imite o Cristo,
Parta o pão com os demais,
Se todos fizessem isto,
Ninguém sofria jamais.
Mas devido a presunção,
Ninguém ajuda ninguém,
Esquece que seu irmão,
É um ser humano também.
Ninguém é bom: senão Deus,
Falou o Mestre divino,
Nos ensinamentos seus,
Aprendi: quando menino.
Se a gente considerasse,
Os outros igualmente a ai,
Talvez quando alguém chorasse,
Ninguém ficasse a sorrir.
Compreensão é um dom,
Que a tantos foi negado,
Ninguém procure ser bom,
Porque será judiado.
São poucos os que agradecem,
O muito que alguém lhe dera,
Outros acham que merecem,
Muito mais que recebera.
Se reparo pro irmão,
Esqueço de olhar pra mim,
É justamente a razão,
De permanecer ruim.
Ninguém por inteligente,
Conseguirá me entender,
Se o que passa em minha mente,
Nem um sábio pode ler.
A brisa leve e serena,
Nesta hora matutina,
Torna a vida mais amena,
E minha alma ilumina.
Acho que se alguém pecar,
Inocente do que fez,
Deus pode até lhe poupar,
Se não fizer outra vez.
Se Deus colhesse as somas,
Dos erros que o povo faz,
Creio que muitas sodomas,
Já não existissem mais.
Deus fez uma aliança,
De paz com o seu povo,
Mas o mundo não se cansa,
De tanto pecar de novo.
Não me passa pela mente,
O erro por inocência,
Pois nunca vi inocente,
Praticando violência.
Todo recanto da terra,
Já foi evangelizado,
Creio que jamais alguém erra,
Ignorando o pecado.
Não sei dizer se a morte,
Vem por desígnios de Deus,
Ou se por destino ou sorte,
Que cada quais tem os seus.
Por que leva tanta gente,
Que tem razão p’ra viver,
Enquanto pouco indigente,
Que vive só a sofrer.
Quando mata um jovem forte,
Que esbanja felicidade,
Consideramos a morte,
De trágica fatalidade.
Viver: pouco me convém,
Num mundo tão desleal,
Aquele que faz o bem,
É sempre pago com o mal.
Tem gente que se aparece,
Mostrando esbanjar riqueza,
Enquanto a vítima padece,
Na mais tremenda pobreza.
Outrora curti a vida,
Sem espinhos, só em flores,
Mas no meio da partida,
Amarguei os dissabores.
Ó meu Deus te agradeço,
Por tudo que me fizestes,
Confesso que não mereço,
Um décimo do que me destes.
Já que deste por amor,
Com amor te pagaria,
Mas sabes que o pecador,
Se amasse não pecaria.
Se a gente chegasse a ler,
O pensamento de alguém,
Com certeza ia sofrer,
Como este sofre também.
Entre nós dois existe,
Algo que sempre ignoro,
Choro se te vejo triste,
E tu sorrir quando choro.
Em noite serena e fria,
Em plena luz do luar,
Minh’alma triste e vazia,
Sorrir para não chorar.
Em noite silenciosa,
Que o luar não aparece,
Minh’alma rude e chorosa,
Ainda mais se entristece.
Elogios indiretos
Tu és uma prenda linda,
Encantadora e atraente,
Tua beleza infinda,
Permanece em minha mente.
Tu tens uma alma ativa,
De tanto encanto e bondade,
Ma o que mais me cativa,
É a tua simplicidade.
És rica em qualidade,
Em beleza e virtude,
Na alta sociedade,
Exemplo p’ra juventude.
Se esmerou a natureza,
Com tanta dedicação,
Pra te dotar de beleza,
De bondade e perfeição.
Para que tanta beleza,
Em uma só criatura,
Enquanto amarga a tristeza,
Gente com tanta feiúra.
Tua beleza e atração,
Fazem te enobrecer,
Mas ignoras a razão,
Que me faz enlouquecer.
O beijoqueiro maluco
Por um certo esquecimento,
Beijei minha grande amiga,
Logo no mesmo momento,
A moça botou pra briga.
Me disse: dê-se ao respeito,
Tenha mais educação,
Pois não lhe dei o direito,
Nem tampouco permissão.
Interferi: calma um pouco,
Me perdoe por esta afronta,
Tu sabes que estou louco,
Por que levas isto em conta?
Ela disse: que frescura,
Que tremendo beijoqueiro,
Se tu tivesses loucura,
Vivia a rasgar dinheiro.
Respondi-lhe: ó princesa,
Sou sincero em lhe dizer,
Que tenho toda certeza,
Que sou louco por você.
Há tempos me reconheço,
Que sou um louco assumido,
Portanto sei que mereço,
Com um beijo seu ser punido.
Declaração de um louco
Quisera ficar contigo,
Ao menos por um momento,
Sei que morro e não consigo,
Lhe tirar do pensamento.
Falo com todo respeito,
Não estou exagerando,
Ninguém te ama do jeito,
Que vivo sempre te amando.
Quando o amor é grande, é forte,
Defronta todas as barreiras,
Te amarei até a morte,
Embora tu não me queiras.
Não há soma nem valor,
Que compre felicidade,
Um pouco de teu amor,
Me faz feliz de verdade.
Se me tratas com aspereza,
Não penses que fico bravo,
Sou fã de tua beleza,
Sou teu eterno escravo.
Só porque me destes um fora,
Achas que me convenceu?
Se o amor que te tenho agora,
Vale pelo meu e o teu?
Agradeço muito a Deus,
Tanto por te conhecer,
Muito embora os olhos teus,
Se fechem pra não me ver.
Não perdes por esperar,
Te amarei sempre: pois,
Se não quiseres me amar,
Te amarei por nós dois.
É tão grande a sensação,
Quando estou ao lado teu,
Sentindo teu coração,
Pulsar bem juntinho ao meu.
Se eu pudesse dividia,
Meu sofrimento contigo,
Só assim você sentia,
O quanto judias comigo.
Te amo tanto em segredo,
Que até sonhando te chamo
E acordado sinto medo,
De declarar que te amo.
Se pudesse te daria,
Tudo de bom quanto vejo,
E em troca só cobraria,
De ti apenas um beijo.
Não era o suficiente,
P’ra amenizar minha dor,
Pois sofro constantemente,
Implorando teu amor.
Se tu sentisses por mim,
O que eu sinto por ti,
Não me tratavas assim,
Pra não nublar meu porvir.
Meu amor fala mais forte,
De qualquer sentimento,
O amor defronta a morte,
Sem nenhum constrangimento.
Quisera um paraíso,
Só para mim e você,
Para depois do juízo,
Ninguém nos aborrecer.
Se disseres que me amas,
Embora seja fingindo,
Amenizarás as chamas,
Que estão me consumindo.
Nada de mal prolifera,
Quando há amor de verdade,
Porque o amor supera,
A qualquer dificuldade.
Trovador mal humorado
Quando estou mal humorado
Agravo até mesmo Deus,
Achando que ele é culpado,
De todos os defeitos meus.
Digo que não sou culpado,
De ser assim tão ruim,
Fui por Deus designado,
Por que me fizera assim?
Talvez eu precise ter,
Do céu um duplo castigo,
Por não agradecer,
O quanto ele é bom comigo.
Se Deus enviasse hoje em dia,
Jesus Cristo: o mensageiro,
Com certeza encontraria,
Mais de um Judas traiçoeiro.
Hoje há muitos pilatos,
Que não tem autonomia,
Para entregar-te aos maus tratos,
Com a mesma covardia.
Hoje em dia apenas tenho,
Uma missão atual,
De conduzir o meu lenho,
Até a hora final.
Trovador confuso
Se conheces o caminho,
Que nos leva a salvação,
Não me deixes aqui sozinho,
Eu também sou teu irmão.
O autor da criação,
Criou o mundo do nada,
Deve ser esta a razão,
D’eu ser desvalorizado.
Amor, paixão só existe,
Na fase da juventude,
Nada mais disto persiste,
Quando chega a senetude.
A idade já não permite,
Falar assim de amor,
Mas minh’alma transmite,
A memória que ficou.
Na mente da humanidade,
Só vale quem tem dinheiro,
Pobre na sociedade,
É tal qual um desordeiro.
Saudade dos tempos idos,
Que não voltarão jamais,
Dos bons momentos vividos,
No aconchego dos meus pais.
Quando tu eras criança,
De perto te acompanhei,
Não me saem da lembrança,
As vezes que te afaguei.
Se encontrares hoje em dia,
Algum surto em teu caminho,
Não temas, nem te angustia,
Porque não estás sozinho.
Estarei sempre contigo,
Apto a te defender,
Defronto qualquer perigo,
Que possa te aparecer.
Ajude o seu irmão,
Mas não pense em recompensa,
Pois quando damos a mão,
Em troca temos ofensa.
Aquele que está servindo,
Se maltrata como louco,
Mas quem está usufruindo,
Ainda acha que é pouco.
Aquele que mais fizer,
É quem menos vai lucrar,
Há pessoa que só quer,
Das outras se aproveitar.
Não acho nada engraçado,
Passar por louco ou boçal,
Só porque fico calado,
Quando alguém me trata mal.
Se você for maltratado,
Não fique se lastimando,
Porque sempre o resultado,
É o outro ficar zombando.
Aquele que é duro ou forte,
Jamais se dá por vencido,
Sofre as angústias da morte,
Sem esboçar um gemido.
O bem da vida é estar,
De paz com todos os seus,
Pra desta forma louvar,
E agradecer a Deus.
A pessoa que não usa,
A virtude querer bem,
Constantemente abusa,
Da bondade de alguém.
Não sei se por ignorância,
Ou se por plena inocência,
Alguém dispensa a fragrância,
Da mais valiosa essência.
Amor só com amor se paga,
É mais que realidade,
O amor jamais se apaga,
Quando amamos de verdade.
Nada na vida se alcança,
Sem esforço e sem afã,
Quem tiver perseverança,
Vencerá no amanhã.
Já perdi toda a esperança,
Por nada mais sinto empenho,
Só saudade e lembrança,
São únicas coisas que tenho.
Pois nada mais me conforta,
Nem apaga meu desgosto,
Com toda esperança morta,
E praticamente o sol posto.
Sou qual a flor sem perfume,
Que murcha ao romper da aurora,
Só sorrir pelo costume,
De haver sorrido outrora.
Pabulagem causa tédio,
Humilhação não aceito,
Só tenho fé no remédio,
Depois que sinto o efeito.
De Deus cobrei força e saúde,
Pra suportar o peso do afã,
No trabalho esforcei-me enquanto pude,
Sem pensar no dia de amanhã.
De tanto opróbrio que me faz sofrer,
Aprendi a odiar a vida,
Já não sinto vontade de viver,
Ao lado desta gente corrompida.
Talvez por opinião
Ou por plena teimosia,
Estou sempre em contradição,
Com os costumes de hoje em dia.
Só faço aquilo que penso,
Não quero ser reprovado,
Qualquer conselho dispenso,
Pra não ser contrariado.
Não estou arrependido,
De haver chegado à velhice,
Pior se houvesse morrido,
Na fase da meninice.
Pois desfrutei o bastante,
Dos poucos dias vividos,
Mas lamento a cada distante,
Que vejo idosos oprimidos.
Creio que o maior prazer,
Que o idoso tem na vida,
É chegar a envelhecer,
Curtindo a família unida.
Se amas a Deus de verdade,
Segues os mandamentos seus
Que a santíssima trindade,
Guiará os passos teus.
Trovador indeciso
Já ouço o triste lamento,
Da velhice ao meu redor,
Mas não esqueço um momento,
De quando era menor.
Gostaria de volver,
A fase da juventude,
Quisera voltar a ser,
Aquele garoto rude.
Com certeza seguiria,
Um caminho diferente,
E chegar a ser um dia,
Um homem mais competente.
A velhice é uma prova,
De saúde e felicidade,
Que o idoso leva p’ra cova,
Mas deixa ao mundo saudade.
Velhice é benção dos céus,
Feliz é, quem alcançar,
Será o maior troféu,
Que alguém pode galgar.
Peço desculpas aos idosos,
Se algum sente ofendido,
Todos são maravilhosos,
Só eu não sou assumido.
O ébrio idiota
Ignorando a razão,
De viver desprezado,
O meu pobre coração,
Soluça amargurado.
Em virtude ou motivo,
De viver sofrendo assim,
Vou procurar lenitivo,
No balcão de um botequim.
Começo sábado bem cedo,
Tomo até segunda-feira,
E não descubro o segredo,
De não achar quem me queira.
Já que não tenho o prazer,
De beijar teu lindo rosto,
Meu lenitivo é beber,
Pra não morrer de desgosto.
Se um dia encontrasse,
Minha bela adormecida,
Talvez até que deixasse,
A malvada da bebida.
Quem sabe se essa menina,
Dissesse que sou legal,
Já seria a medicina,
Pra curar o meu mal.
Além do bêbado idiota,
O mundo inteiro me chama,
Sigo sempre a mesma rota,
Porque você não me ama.
Creio que se você me amasse,
Apagasse essa amargura,
Talvez modificasse,
A minha vida futura.
Viver assim sem amar,
A vida não dá prazer,
Mas se a bebida faltar,
Serei capaz de morrer.
Eu cheguei a conhecer,
Linda morena atraente,
Que prometeu me querer,
Se largasse da aguardente.
Disse se inda te ver,
Com um copo de bebida,
Juro: irei te esquecer,
P’ro resto de minha vida.
Se tu não queres me ver,
Com um copo de cachaça,
A única coisa a fazer,
É tomar agora em taça.
Revendo o passado
Quando revejo o passado,
Tenho orgulho e saudade,
De ter sido idolatrado,
Por toda minha irmandade.
Fui sempre cheio de gosto,
De mamãe o mais dengô,
Se lhe causei mau gosto,
Ela nunca reclamou.
Em virtude de ser,
O penúltimo da irmandade,
Procurava sempre ter,
Respeito e autoridade.
De todos eu recebia,
Respeito, amor e carinho,
Lamento triste hoje em dia,
Ter ficado tão sozinho.
Desde a tenra meninice,
Só contava o que via,
Fiz sempre aquilo que disse,
Cumpria o que prometia.
Por estes e outros modelos,
Fui por todos respeitado,
No entanto quisera tê-los,
Todos vivendo ao meu lado.
Por Deus foram escolhidos,
P’ra morar na eternidade,
Fiquei com os excluídos,
Curtindo a dor da saudade.
Sei que saudade não mata,
Mas encurtará a vida,
Té a alma se maltrata,
Longe da gente querida.
Recordo os dias vividos,
No seio do lar paterno,
Junto aos meus manos queridos,
Um símbolo de amor fraterno.
Nada preenche o vazio,
D’alma e do coração,
É um duro desafio,
Viver nessa solidão.
Me resta agora esquecer,
E agradecer a Deus,
Por ainda sobreviver,
Com todos defeitos meus.
A Deus faço meus apelos,
Através duma oração,
Que possa um dia revê-los,
No seio de Abraão.
Trovas equivocadas
Afirmo: não tenho fé,
No homem que fala fino,
Talvez não seja mulher,
Mas não é bem masculino.
Acho que o maledicente,
Demonstra sua fraqueza,
E o que se pabula mente,
Disto eu tenho certeza.
Por isso tem a vantagem,
O que conversa bem pouco,
Evita falar bobagem,
E talvez não fica rouco.
Trago sequelas na alma,
Desde a tenra meninice,
P’ra mim é causa do trauma,
Ouvir falar em velhice.
Guardo o maior respeito,
Por qualquer pessoa idosa,
Mas de velho não aceito,
Que me chamem nem em prosa.
Para mim não há vantagem,
Disfarçar a senetude,
Quem demonstra a nítida imagem,
De um simples velhinho rude.
Alguém pode ocultar,
Os seus defeitos morais,
O físico só vai sanar,
No mundo dos imortais.
Sabemos que a velhice,
Quando chega não há cura,
Para mim não é crendice,
Aguardar a sepultura.
De todos os males do mundo,
O mais trágico é senetude,
Pois nem em fração de segundo,
Você gozará saúde.
O idoso se satisfaz,
Quando alguém lhe estende a mão,
Mas pergunte onde dói mais,
Esta é a sua obrigação.
A inveja nos leva ao fim,
É o símbolo da maldição,
Por inveja o mau Caim,
Matou Abel seu irmão.
Cada estrofe oferece,
Um sentido sempre oposto,
Tem trova que té parece,
Brincadeira de mau gosto.
O preguiçoso orgulhoso
Com o total desemprego,
Não irei sobreviver,
Já não tenho mais sossego,
À procura de afazer.
À procura de trabalho,
Percorro bairro e avenida,
Não encontro um quebra-galho,
Para tocar minha vida.
Fui a um supermercado,
Me dirigi ao patrão,
Um senhor bem educado,
Me prestou toda atenção.
Foi logo me perguntando:
Qual é a profissão recente?
-Se tivesse trabalhando,
Não estava aqui presente.
Eu gostaria de encontrar,
Um trabalho bem maneiro,
Para então me dedicar,
Somente em contar dinheiro.
Tem mais: para começar,
Todo mês quero aumento,
E só irei trabalhar,
No dia do pagamento.
Eu posso te contratar,
Isento de mordomia,
E terás de trabalhar,
As doze horas por dia.
Tu achas que fiquei louco,
P’ra cometer esta falha,
Se aqui quem ganha mais pouco,
É aquele que mais trabalha.
Quero um trabalho maneiro,
Com o seguro de vida,
Que me renda um bom dinheiro,
Calçado, roupa e comida.
Não comerei pão molhado,
Com o suor do meu rosto,
Porque suor é salgado,
E com pão não dá bom gosto.
Eu conheço tanta gente,
Que do trabalho é escravo,
Muitos morrem indigentes,
Sem guardar nenhum centavo.
Posso até trabalhar,
Mas com uma condição,
Se for para administrar,
A empresa do patrão.
Brincando com a morte
Eu comecei muito cedo,
Lutar p’ra sobreviver,
Fico triste e sinto medo,
Quando imagino em morrer.
Por mais que a vida seja,
Pura p’ra quem não é forte,
Jamais este alguém almeja,
Chegar ao extremo da morte.
Motivo do meu receio,
É que morte: sinônimo é fim,
Nenhum dentre os mortos veio,
Dizer se é bom ou ruim.
Se a gente depois da morte,
Não se adaptando lá,
Transpusesse a comporta,
Que impede a gente voltar.
Se tivesse a garantia,
Que quebrava esta barreira,
Talvez, até que um dia,
Eu caísse nessa asneira.
Mas enquanto não tiver,
Boas notícias de lá,
Pode morrer quem quiser,
Eu me contento em ficar.
Quisera enfrentar a morte,
Para defender a vida,
Mas por mais que seja forte,
Ela não se intimida.
Além de ser invisível,
Ninguém vê ela chegar,
Se considera invencível,
Quando chega é pra ganhar.
Dizem que é justiceira,
Mas eu penso diferente,
Considero-a traiçoeira,
Porque não poupa inocente.
Por que não fica a ceifar,
Só gente sem validade,
E não venha exterminar,
Criancinhas sem maldade.
Criança é benção do céu,
É o símbolo da santidade,
Por que tu és tão cruel,
Mata, não tem piedade.
Sendo por minha vontade,
Morte não existiria,
A vida era eternidade,
Só assim não morreria.
Desafiando a morte
Por que foges de mim, morte vaidosa,
Para ceifar jovem e criança?
Gente cheia de vida e esperança,
Enquanto poupa tanta gente idosa?
Esqueces crápulas de vida vergonhosa
Indignos de partilhar com Deus a aliança,
Poupas inválidos já sem fé, sem confiança,
E roubas tanta vida preciosa?
Lembra que as crianças têm divindade e futuro
E colhe todo este lixo que já faz monturo,
E nada tem para ao mundo oferecer.
Os velhos devem agir com consciência
Bradar a Deus pelo fim da existência,
Pois só com a morte minora o seu sofrer.
Velho não tem mais porte
Nem futuro, nem direito,
Só aceita velho é a morte,
Por que não tem preconceito.
Só xingo idoso por que
Sou um velho revoltado,
Já que sempre sonhei ser,
Um herói, não um derrotado.
Perdão a cada velhinho
Desculpem eu ser pessimista,
O meu respeito e carinho,
A todo idoso otimista.
Doce lar
No antigo e doce lar,
Meu saudoso lar paterno,
Nele consegui galgar,
Lições de amor fraterno.
Foi nele que aprendi,
A dar os primeiros passos,
Risonhamente cresci,
Sem encontrar embaraços.
Foi nele que usufruí,
Amor , afeto e carinho,
Com meus manos dividi,
Depois fiquei tão sozinho.
Nele cheguei a aprender,
As ricas lições de vida,
Como jamais esquecer,
De mamãezinha querida.
Recordo as orações,
Que mamãe me ensinou,
Até hoje nenhum senões,
A tua imagem apagou.
O rancho velho resiste,
Muito deteriorado,
E eu solitário e triste,
P’ra declamar meu passado.
Saudade
Saudade é a circunstância,
Do que desfrutei outrora,
Em minha querida infância,
Que triste recordo agora.
Saudade fruto da ausência,
Dos bons tempos que vivi,
Saudade é a conseqüência,
Da infância que perdi.
Saudade é separação,
Ou perda de um ser amado,
Saudade é recordação,
Do que fomos no passado.
Saudade faz companhia,
A quem vive tão sozinho,
Maltratando dia a dia,
Matando devagarinho.
A saudade é a única,
Companheira que persiste,
Que faz dos seus braços túnica,
P’ra envolver quem está triste.
Saudade inconveniente,
Quisera te esquecer,
Porque saudade freqüente,
Aumenta mais meu sofrer.
Com tua rica linhagem,
Tanta beleza e ternura,
Refletes a nítida imagem,
Da deusa da formosura.
Ninguém jamais me convence,
Que ama seu semelhante,
Se p’ra quem não te pertence,
Nem olhas: passa adiante.
Zero para a ignorância
A ignorância é pior,
Do que a própria cegueira,
O cego tateia só,
Não afeta a platéia inteira.
A pessoa ignorante,
Quando fala causa alerta,
Agrava seu semelhante,
Achando que está certa.
O ignorante é,
Pior que o débil mental,
Prefiro o louco até,
Por ele ser anormal.
A ignorância é fruto,
Da falta de educação,
Mas hoje qualquer matuto,
Já tem civilização.
Canto da juventude
Sem experiência, sem norte,
Há sempre jovem indeciso,
Que se queixa da má sorte,
Não da falta de juízo.
No auge da mocidade,
O jovem canta a sorrir,
De tanta felicidade,
Que almeja p’ro porvir.
No verdor da mocidade,
Em plena fase do amor,
Longe da realidade,
Vive o jovem sonhador.
Fase vivida em sonhos,
Que a todo jovem embevece,
São episódios risonhos,
Que a gente jamais esquece.
Sonhos ricos de esperança,
De plena felicidade,
Força da mente que avança,
No alvorecer da idade.
Desfrutei na juventude,
De amor, encanto e beleza,
Mas curti na senetude,
Um arsenal de tristeza.
Maldades do ser humano
Quando uma criatura,
Mata para não morrer,
Mostra a força e bravura,
E um ótimo proceder.
Mas logo que um ser humano,
Mata o próximo por dinheiro,
Além de ser desumano,
É covarde e traiçoeiro.
Quem mata p’ra se vingar,
D’uma ofensa recebida,
Sem sequer considerar,
O quanto custa uma vida.
O próprio lobo avança,
E mata p’ra matar a fome,
Mas o homem por vingança,
Mata a presa e não consome.
P’ra medir força e coragem,
Fere e mata seu irmão,
Exibindo a nítida imagem,
De um monstro sem razão.
O homem mata por medo,
Por inveja, por amor,
Mata por qualquer enredo,
É um monstro estarrecedor.
Mata por puro prazer,
Pra sentir a emoção,
Mata somente p’ra ver,
O sangue banhar o chão.
Por ciúme, por rancor,
O homem mata, extermina,
Parece não ter temor,
O dogma da lei divina.
Mata p’ra ser o mais forte,
Querendo ser campeão,
Mas nas olimpíadas da morte,
Não levanta o cinturão.
Mata o próximo p’ra levar,
Seus pertences e dinheiro,
Não satisfeito em roubar,
Assassina o companheiro.
Mesmo esquecendo a maldade,
Há tanta gente de bem,
Que gera felicidade,
Faz o bem não olha a quem.
Se todos formassem um laço,
No elo da união,
Já seria um grande passo,
Para um mundo mais irmão.
Trovas tumultuadas
A vida é luta, é revanche,
Desde o início ao final,
Seja herói, mas nunca manche,
O seu respeito e a moral.
A vida é cheia de engano,
Sonhos, quimeras, ilusões,
Passa ano e vem ano,
E as tristes decepções.
Vida sempre é bem vivida,
Quando somos otimistas,
Os que maldizem a vida,
São fracos e pessimistas.
Quanto mais dificuldades
Encontrarmos nesta vida,
Mais são as ansiedades
De vencermos a partida.
Se a tristeza te escraviza,
Roubando teu apogeu,
Lembra-te que alguém precisa,
De um simples sorriso teu.
Modéstia parte: eu confesso,
Com toda sinceridade,
Que me sinto submerso
Num mar de felicidade.
O homem sempre é escravo,
Por Deus foi designado,
Por mais que ele seja bravo,
Finda por ser humilhado.
Um ser desclassificado
Pela classe feminina,
É um lixo, um derrotado,
Só mulher é heroína.
Quando o homem é bem tratado
Com o seu devido respeito,
É dócil e bem humorado,
Unânime e bem satisfeito.
Mas quando vive humilhado
Com injúrias e palavrão,
É qual lobo revoltado,
Mais bravo que o leão.
Se o mundo inteiro agisse
Com perfeita consciência,
Talvez ninguém discutisse,
Nem gerasse violência.
Nem Deus baixando do céu
Dá cabo em gente ruim,
Enquanto morre um Abel,
Nascem milhões de Caim.
Ainda há Cristos hoje em dia
Que acabam crucificados,
Enquanto mil Judas sorria,
E jamais são enforcados.
O próprio animal selvagem
É mais dócil do que nós,
Homem: “de Deus a imagem”
Por que se tornou feroz?
Quantos monstros seguem trilhos
No mundo da humanidade,
Matando seus próprios filhos,
Com requintes de crueldade.
Durante a juventude
Gozei saúde invejável,
Mas hoje, na senetude,
Um opróbrio velho imprestável.
Fui um espectro de homem, que outrora,
Exibi musculatura forte e ágil,
Debalde procuro, mas só vejo agora,
Um tosco mini-corpo esquálido e frágil.
Antes eu levava a vida
Em sonhos e fantasias,
Hoje mágoas ressentidas,
Saudade e melancolias.
Nada mais neste mundo me intimida
Pois não sinto sobrosso de morrer,
Já que Jesus por nós doou a vida,
Como um pecador terá medo de sofrer?
Hoje amargo os desenganos
Tristeza e desilusões,
Por ver frustrados meus planos,
Me restam decepções.
Trovas
Passei pela vida e não apresentei
Nenhum dos dons que recebi de Deus,
Mas confesso ao mundo: não sei,
Por que só mostro os defeitos meus.
Por que deixei, meu Deus, que se apagasse
As qualidades e as virtudes divinais,
Que bom seria se eu ainda me espelhasse,
Nos reflexos dos espelhos de meus pais.
Minha estrela que outrora
Brilhava com intensidade,
Hoje rubra, cor da aurora,
Representa uma saudade.
O que mais tortura a gente
É perder toda esperança,
E um desengano recente,
Que nada mais se alcança.
Para quem alimentou
Tanta esperança e sonho,
E nada realizou,
O quadro é tosco e tristonho.
Mas como dizer adeus?
A tamanha frustração,
Se os sentimentos meus,
Martelam meu coração?
O que mais dói na velhice
É rever a mocidade,
De sonho, amor e meiguice,
De encanto e felicidade.
E vice-versa hoje em dia
Só desenganos e incerteza,
Frustração e nostalgia,
Numa indelével tristeza.
Quisera tanto sonhar
Sentir a felicidade,
De rever meus pais e falar,
Com meus manos na eternidade.
Recordações de meus manos
De meus queridos pais,
Frustrações e desenganos,
Me fazem sofrer demais.
Toda tardinha morrente
A solidão me invade,
E o crepúsculo persistente,
Aumenta mais a saudade.
Belos momentos vividos
No convívio de meus pais,
Junto a meus manos queridos,
Que jazem na santa paz.
Aquele que se arrepende
De todo erro que fez,
Com certeza não entende,
Que vai sofrer outra vez.
Não reflito nem um pouco
Se pratico algo ruim,
Por que não sou nenhum louco,
De infligir tortura em mim.
Até escrevendo erro,
É um quadro melancólico,
Mas permanecer no erro,
No provérbio é diabólico.
Sei que apenas passei
Pela vida: não vivi,
Pois nada dela tirei,
Tampouco retribui.
Me confesso réu culpado
Desse meu viver tristonho,
Por não ver realizado,
Sequer na vida um só sonho.
Apenas sobrevivi
Trabalhando como louco,
De algo que usufruí,
Não me resta nem um pouco.
Na mocidade vivi
Disponível a me doar,
Pra na velhice pedir,
É cena espetacular.
Como irei me portar
Sorridente e satisfeito,
Se não posso acostumar,
Com coisas que não aceito.
Com a velhice, tudo vem,
Tristeza, angústia e sofrer,
Por que não chega também,
Algo que nos dê prazer?
Para você viver bem
É preciso viver só,
Sem se servir de ninguém,
Que esteja ao seu redor.
Casal que não discutir
É raro, mas eu aludo,
Só se não ver, nem ouvir,
Ou então os dois serem mudos.
No jardim de minha infância,
Flores jamais colherei,
Por que ficou na distância,
Da estrada que trilhei.
Não sei se existe hoje em dia
Flores cheirosas e belas,
Iguais às que eu confundia,
Com as borboletas amarelas.
Que os colibris festejavam
Sugando o néctar das flores,
Enquanto esvoaçavam,
Borboletas multicores.
Me sentia extasiado
De tanta felicidade,
Só me restou do passado,
Recordações e saudade.
Não mais flores nem perfume
Que floriam meu jardim,
Só lamentos e queixume,
De uma saudade sem fim.
Nascer, viver e morrer,
São as certezas do mundo,
Muitos chegam a envelhecer,
Uns já nascem moribundo.
Quem chegar a assumir
O que lhe foi confiado,
Na velhice irá dormir,
Sem remorsos de pecado.
Nenhum temor de castigo
Do que fiz pra sobreviver,
Pois se gerei inimigo,
Foi quando deixei de fazer.
O mundo nos oferece
Coisas fúteis e banais,
Quem com isto se embevece,
É o príncipe Satanás.
Jamais devemos sorrir,
Do sofrimento de alguém.
Lembremos que no porvir,
Podemos sofrer também.
Pois sabemos que ninguém,
Sofre por pura vontade.
Muitas vezes um outro alguém,
Lhe rouba a felicidade.
Partilhe com os demais
A sua felicidade,
Não ajude a sofrer mais,
Quem sofre com humildade.
Enquanto um canta e sorri
Um outro soluça e chora,
É fácil se definir,
Pra quem se pôs a aurora.
Quem sorrir para esconder
As mágoas de um desgosto,
Não conseguirá suster,
As lágrimas que banham o rosto.
Quem for privilegiado
Viver de sua riqueza,
Não humilhe a um coitado,
Que vive em plena pobreza.
Belos sonhos de infância
Em plena felicidade,
Se perderam na distância,
Hoje amargo a saudade.
Uma infância consagrada
Só a meus brinquedos rudes,
Criança rica do nada,
Mas riquíssima em virtudes.
Só amigos de verdade
Tive em minha adolescência,
Até uma certa idade,
Vivi em plena inocência.
Hoje assisto cada cena
Que me provoca e insulta,
Ver criança tão pequena,
Portando uma alma adulta.
Criança: alma perfeita
Em pureza e castidade,
Criança: por Deus eleita,
O símbolo da santidade.
Criança: fonte divina
De inspiração e luz,
Criança nos ilumina,
A caminhar com Jesus.
Pra outro homem qualquer
Todo homem é corajoso,
Mas perante a mulher,
É covarde e mentiroso.
Só falo assim para o povo
Por me sentir ancião,
Mas enquanto fui novo,
Banquei sempre o valentão.
Por que o homem não teme,
Nem mesmo um leão feroz?
E diante da mulher treme,
Só em ouvir sua voz?
Até pra sobreviver
O homem tem que ser forte,
Homem não deve temer,
Nem mesmo a própria morte.
Para quem quer triunfar
A luta não lhe intimida,
Mesmo tendo que exalar,
O último sopro de vida.
Não sei se por desconforto
Às vezes penso negativo,
Prefiro um valentão morto,
Do que um covarde vivo.
Quem vê o argueiro suave
No olho de seu irmão,
Não percebe a grande trave,
Que veda sua visão.
Aquele que se julga ser
De todos superior,
Sempre acaba por perder,
O seu respeito e valor.
Não dominamos ninguém
Por força e humilhação,
Só se cativa alguém,
Por respeito e atração.
Se tratar mal seu vizinho
Tem um inimigo suspeito,
Se lhe dedicar carinho,
Terá sempre seu respeito.
O pai conduz em seus trilhos
A paciência de Jó,
Se dedica inteiro aos filhos,
Depois se sente tão só.
Confesso: não assumi
Toda minha obrigação,
Apenas distribuí,
Carinho e afeição,
Jamais irei exigir,
O mínimo de atenção.
Esforcei-me enquanto pude
Pra ser feliz de verdade,
Mas só dinheiro e saúde,
Geram a felicidade.
Lágrimas dos olhos se vão
Sem vestígio e sem sinais,
As que banham o coração,
Não se vê, mas doem mais.
Nunca chame de covarde
Quem age sem consciência,
Talvez não seja maldade,
Seja por pura inocência.
Não julgue: apele pra Deus
O juízo universal,
Pois os julgamentos seus,
Às vezes encomendam mal.
Ninguém vai me convencer
Nem também me intimidar,
Preciso ouvir e crer,
Para então acreditar.
Ameaça e pabulagem
São coisas que não convém,
O homem que tem coragem,
Faz: não diz pra ninguém.
Se alguém te bate de um lado
Mostre o outro pra bater,
Não se mostre revoltado,
Nem use força e poder.
Ricas lições de humildade
Nos ensinou Jesus Cristo,
Mas eu, na realidade,
Jamais aceitarei isto.
Desprezo e humilhação
São coisas que não aceito,
Considero meu irmão,
Mas cobro dele respeito.
Fingir que vive feliz
Não é prova convincente,
Por que o semblante diz,
O que o coração sente.
Gritaria e pabulagem
Não me intimidam jamais,
Por que só sinto vantagem,
Nas suas cordas vocais.
Pra muitos: pedir lhe fere
É causa de humilhação,
É bom que ninguém espere,
Que este lhe estenda a mão.
Ouço no esturro da fera
Sua força e valentia,
Se o homem grita, libera:
Susto, medo e covardia.
Desabafo da alma
Cada estrofe, cada trova,
Se refletida com calma,
Representa a nítida prova,
D’um desabafo da alma.
Em cada rima que faço,
Cada verso que componho,
Parece que apago um traço,
Em meu semblante tristonho.
Compor não é empunhar,
A caneta e o papel,
É necessário esperar,
A inspiração do céu.
Todo aquele que admira,
A poesia: ele tem,
Momentos que se inspira,
E compõe versos também.
Na hora que me inspiro,
Me sinto na paz de Deus,
Agradeço-o e admiro,
Os grandes prodígios seus.
O poeta se revigora,
A cada verso composto,
Parece que joga fora,
Um desabafo, um desgosto.
A fé
Crer em Deus: para mim é,
Uma vantagem ou façanha,
Segundo a Bíblia: a fé,
Pode remover montanha.
Uns acham que tendo fé,
Podem viver numa boa,
Fazendo o que bem quiser,
Que o pecado: Deus perdoa.
Muitos crêem em rezador,
Espíritas e macumbeiro,
Não acreditam em doutor,
Porque não é curandeiro.
Talvez quem vive rezando,
Tem plena convicção,
Que pode viver pecando,
Que Deus dará o perdão.
Uns acham que é vocação,
E se empolgam com os erros seus,
Caluniando o irmão,
Depois se confessam a Deus.
Alguém vai orar no templo,
Para ser justificado,
Nem sempre dá bom exemplo,
Já sai de lá revoltado.
Muitos só vão à igreja,
Fazer prece ou oração,
Pedir a Deus que proteja,
A alguém de estimação.
Orai pelo excluído,
Ide, enxugai os seus prantos,
Deus quer mais a um convertido,
Que a noventa e nove santos.
Pecar já não é problema,
Se confessa, Deus perdoa,
Muitos seguindo esse lema,
Levam a vida numa boa.
Não sabemos se na hora,
Do julgamento final,
Se este dogma vigora,
P’ro juiz universal.
Muitos vivem de oração,
Tentando agradar a Deus,
Enquanto odeiam o irmão,
E zombam dos defeitos seus.
Ser bom, ter fé não precisa,
Viver só de oração,
Pois Deus lá do alto visa,
E lê cada coração.
Como ser bom
P’ra ser bom não basta orar,
Pra agradar a Deus,
Mas útil é observar,
Todos mandamentos seus.
Ser bom é fazer o bem,
Àquele que te odeia,
E participar também,
Da felicidade alheia.
Ajude o irmão carente,
Divida com ele o pão,
Que Deus Pai Onipotente,
Aceitará tua ação.
Ame a Deus, ame a verdade,
Sê puro de coração,
Não acumule maldade,
Nem ódio contra o irmão.
Visite o irmão doente,
E o outro encarcerado,
Como Deus está presente,
Tu serás justificado.
Alimentai o faminto,
Vesti quem está despido,
Que ao deixar o recinto,
Por Deus és absolvido.
Se sinta o mais pequenino,
Dê exemplo de humildade,
Somente assim o Divino,
Te dará autoridade.
Deixe a inveja de lado,
Não deseje o bem alheio,
Pois além de ser pecado.
É um hábito muito feio.
Lavai os pés do irmão,
Te portes inferior,
Com tamanha humilhação,
Deus te faz superior.
Quando alguém lhe estende a mão,
Pede uma ajuda qualquer,
Tendo dinheiro ou não,
Ajude-o como puder.
Demonstre um mudo sorriso,
Um simples gesto de amor,
É muito útil e preciso,
P’ro nosso irmão sofredor.
Será que é justo sofrer,
Pra ajudar quem não merece?
Quem só pensa em receber,
E nem sequer agradece?
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