sexta-feira, 1 de junho de 2007

A velha Bicicleta -Cleo Andrade


A VELHA BICICLETA
Quando volto ao passado, relembro os passeios à tardinha. Tinha uns 12 ou 13 anos. Possuía uma bike lilás, que me era útil demais. Ao chegar da escola – eu estudava à tarde – ia primeiro na Cleide, minha prima. Andávamos muito. Pedalando chegávamos em Lagoa Salgada, Tucuns, numa tia nossa; Irene. Apanhávamos cajá, acerolas. Outra que já pedalou comigo foi Janaina Maia. De casa à Toca. Muito bom relembrar que antes éramos esbeltas – se assim poderia falar – além de tudo tínhamos saúde (e tempo). Virávamos a cidade em minutos. Mais outra: a Ivani – Nega, filha do Sr. Manoel Abílio. Eu jogava futebol nos campos de Lagoa Salgada, Tiadósio, Tucuns (1997), – hoje é a praça da brinquedoteca. Pedalei também com amigos da Renovação e da escola.
O fim de uma tarde de inverso era tão esperada quanto a saudade dos amigos. Visitar o Hospital Municipal também me era costume. Tão cheia de energia...
Há pouco, jogando conversa fora, me encontro desejosa de tempo pra mim. Sair e ver que ainda sou a mesma de outrora à margem do Rio Acaraú, olhando a água correr na cheia. Sobre a ponte ou por terra admirava, sem descanso, as belezas naturais – divinas criações.
Queria voltar – se a coragem permitisse. Voltar a pedalar me faria bem. Passei dos cinqüenta quilos e meu corpo precisa se mover mais. Tenho trabalhado muito minha mente. Estudo. Leio apostilas e apostilas... na faculdade. Teoria Musical. Idéias ‘encaramiolando-se’ num eterno emaranhado de lembranças e criações para o futuro.
Numa tarde dessas cheguei em Bela Cruz sob as duas rodas (1999 ou 2001). Ia com Tatiane Freitas. Outra vez, em Aranaú com meus tios e os filhos dele, meus primos. Foi bom. Passamos o dia na praia e mesmo depois de muito sol, precisamos voltar à tardinha. Às 18 horas já estava em casa me banhando. Cansei nesse dia. Mas dormi feliz da vida.
Fico pensando nas pessoas hoje.
‘Motorizadas’ a maioria não vive como antigamente (e nem poderia, o mundo mudou!)
Várias gerações chegando e a gente trabalhando a ponto de não ver os anos passarem. Imagino que hoje andar de bicicleta pra muitos jovens é uma vergonha. Os adolescentes mais novos, se não forem mais simples, desejam pegar o transporte do pai, mãe, tia... sei lá, e sair pra logo aprender a guia-lo e mais logo possuir seu ‘motor’...
Velhos tempos na minha bike.
Tempos que não voltam. Mas ficarão na memória dos que me viram passar... Com audácia – sem as mãos pra me segurar, usando apenas os pés, vinha por descidas de areia ‘durinha’ e às vezes me desequilibrando, mas vinha. Ouvia os curiosos dizerem: ‘enquanto não cair ela não sossega’.
Enquanto não roubaram minha velha companheira – na igreja, num ensaio da renovação – não a deixei sossegar. O depois disso fica pra outra postagem.
sábado, 7 de Março de 2009

Um comentário:

M. C. A disse...

2015! Como foi bom encontrar este post!