Oh, Cruz tu fostes grotesca
E vivestes na sombra dos oiticicais
Com o tempo teus filhos te ergueram
E muitos cresceram com teus ideais
Oh, Cruz que simboliza o palco
De um Deus humano, que por amor
Imolou-se por nossos pecados
E como vitima humana ao pai se ofertou
Oh, Cruz tu és um troféu
E este povo humilde vem te contemplar
Singela, luzente e serena
Te elevas ao alto como a triunfar
Oh, Cruz tu eras pequena
E hoje te ergueram como um pedestal
Serás distintivo ou imblema
Merece um poema, tão belo sinal.
Sinal da cruz bem na testa,
De onde começou a tua ascensão
A ti dedico este texto
E ao povo ofereço com muita emoção.
Refrão: De um povo humilde
Nasceste ó Cruz
E hoje teus filhos
Te cobrem de luz.
UMA MENSAGEM A CRUZ
A Cruz dos meus bisavós
Que era feita de pau
Plantada a beira da estrada
Ainda lembro o local
Dormiu lá anos e anos
O amor divino deu planos
E alguém teve o ideal.
De erguer uma capela
Pra São Francisco de Assis
E a Cruz foi se avolumando
Gerando um povo feliz
Não conhecem sua história
Mas celebram uma vitória
Dentro da nossa matriz
Não esqueçam os conterrâneos
A Cruz não fui eu quem fiz
Ela veio de muito longe
Sua história tem raiz
Vamos ruminar o tempo
Que gastou pra ter um alento
De ver seu povo feliz.
A capela foi a semente
Para induzir ao progresso
A base de um povoado
Que começou em acesso
Com as festas do padroeiro
Que atraiu os do dinheiro
Foi dando margem ao processo.
Tal processo foi moroso
Até que a paróquia criaram
E com as bênçãos de Deus
Os ares se iluminaram
E o povo mais venturoso
Desde o mais jovem ao idoso
Pra perto da igreja chegaram.
Veio gente de toda parte
Vinha rico e vinha pobre
Tentando educar seus filhos
Fazendo a geração nobre
Que hoje se manifesta
Nessa semana de festa
A Cruz de louros se cobre
Por ser filho desta terra
Que alguém fincou essa Cruz
E deu nome a uma cidade
Que a noite dardeja luz
Mesmo que eu não tenha preço
Ao pai do céu agradeço
Pelos versos que compus.
UM SONHO
(Poesia dedicada a reconstrução da Cruz, símbolo do topônimo de Cruz, na entrada da cidade)
Um sonho bom de verdade,
Parecia a luz divinal
Eu tinha medo da cruz
E isso me fazia mal
Com o sonho foi-se o medo
E tirou o mau enredo
Tenho nela um pedestal
À noitinha num cochilo
Entre dormindo e acordado
Sonhei com uma cruz celeste
No espaço da matriz ao lado.
Dizem que sonho é ilusão
Mas me causou sensação
E fiquei ali pasmado
Era uma visão tão sublime
Da cor do céu azulada.
Era uma cruz transparente
E muito bem desenhada
E vi surgir um menino
Que parecia o divino
Jesus, que mostra a entrada.
A entrada ou saída
Para o caminho da vida.
Memorizei os detalhes
E guardei como uma jazida
Sei que não posso fazer
Mas tenho vontade de ver
Simbólica e tão bela erguida.
Peço aos chefes da cidade
Que tem poder e ação
Fazerem uma cruz luminosa
Não é muito dinheiro não
Com material transparente
E um engenhoso competente
Se ergue a cruz da visão.
Lá no circulo da estrada
Já tem de pedra um outeiro
Para os passantes avistarem
O símbolo de um roteiro
Que deu nome a esta cidade
Seus filhos com lealdade
Fazem da Cruz um luzeiro.
Será um excelso distintivo
De um povo humilde e audaz
A cruz já trouxe humildade
Naquele que trouxe a paz
Fico esperando por ela
E vê-la brilhante tão bela
Até Deus se satisfaz.
Zelar traços do passado
Guarda as memórias de um povo
E as ações dos mais velhos
Trazem lembranças pro novo.
É um filho da terra quem pede
E neste verso se despede
Se quase nada resolvo.
VISUALIZANDO O INVISÍVEL
Quem sabe talvez um dia.
Nosso pai universal
Chamou Francisco de Assis
Ao trono Celestial
- Visa o Brasil do Nordeste
Mataram um cabra da peste
Numa vingança brutal
Vejam as barbaridades
Que praticam esses humanos
Quando se julgam manchados
Em seus egoísmos insanos
Por qualquer erro de amor
Se tornam juiz do terror
E castram ou matam seus manos.
Lá onde o enterraram
Alguém com um pouco de luz
Com dois pedaços de pau
Formou o símbolo da Cruz
E marcou a sepultura
Da infeliz criatura
Que a contemplar me dispus
Vou mostrar pra esses selvagens
Que não uso de vingança
Na morte serão julgados
Por seu orgulho e arrogância
E deste ato inclemente
Que nasça um bloco de gente
Será a cruz da esperança
Vai Francisco, meu amado
E faz lá um aposento
Ergue um pequeno oratório
Pra não ficares ao relento
Já vejo a pessoa certa
Que na Amazônia deserta
Já ganhou alguns talentos
A conversa se alongava
E Francisco impaciente
Senhor, estou te entendendo.
E sei que és onipotente
Mas eu serei recebido?
Ou mesmo compreendido?
Por esse povinho valente?
Ora, meu Santo de Assis
Toda a Terra te conhece
Se os cabeças da igreja
Com a tua fé amolecem
Dê por vista esse povinho
Que nem se quer tem um jeitinho
De me fazer uma prece
Faz um pouso no Amazonas
E busca o moço que falei
É filho do mesmo trecho
Como tu faças não sei:
Lá tem a gata pintada
Bota um na picada
Que ele pisa no freio.
Na hora da tremedeira
Vai me pedir uma ajudinha
Sopra no ouvido dele
Pra fazer uma promessinha
Meu São Francisco das Chagas
Se me livrar dessa praga
Eu te construo uma igrejinha
E quando o bravo cruzense
Saiu daquela aflição
Voltou desaconçoado
Da heróica profissão
E seu barraco desmonta
E ao patrão pediu conta
E desceu num batelão
Com dias chega a Manaus
E embarcou pra Belém
Só pensava na terrinha
Que ficava muito além
A viagem lhe amolava
Mas a esperança aumentava
Talvez tivesse algum bem
Viajar naquele tempo
Não era moleza não
Só tinha carro de boi
Ou pisar o pé no chão
Ou na água vela ao vento
E se contra era mais lento
Namorosa embarcação
Que jornada cansativa
Mas enfim chegou o dia
Deu uma surpresa a família
A todos trouxe alegria
E logo marcou o terreno
E cumpriu com espírito sereno
A promessa que trazia
Francisco Bernardino
De Albuquerque, o nome seu
O tal personagem honrado
Que o dedo de Deus moveu
Junto com seu tio Albano
Completou seu plano
E pra São Francisco cedeu
Não me censurem os leitores
Ao lerem minha façanha
E eu mesmo que escrevi não creio
Que Deus use de artimanha
São coisas que traz alento
Criações do pensamento
Não sei se, se perde ou ganha.
MENSAGEM AOS FESTEJOS PELOS VINTE E DOIS ANOS DE CRUZ
Um resumo, em outra rima.
Pra ir abrindo a cabeça
Que a mente não fique avessa
E me soerga pra cima
Buscando o senso que anima
A traçar esta mensagem
Mostrando a bela imagem
Da Cruz em evolução
Ponho a alma e o coração
Ao fazer esta triagem.
A Cruz já tem bela imagem
Mas custou a prosperar
Mas quem anda devagar
Depois de longa viagem
Tem mais visão da paisagem
E traça melhor seu roteiro
Mente frágil de um roceiro
Ou de um criador de gado
Foi surgindo algum mercado
E apareceu o dinheiro
Mas a ascensão do progresso
Foi a igreja quem deu
A mão de Deus se estendeu
E a paróquia teve acesso
Como se fosse um processo
No plano celestial
E veio surgindo o social
No caminho da educação
Sempre o pároco dando a mão
Com olhos de um ideal
Depois de tantos embates
Chega ao porte de cidade
Mas teve necessidade
Do pároco, com seus quilates.
E fazendo meus arremates
Um filho da região
Foi prefeito de então
Vem sempre na liderança
Nunca teve uma mudança
Esta sempre na sucessão
Com maior idade de testa
Vinte e dois anos se completam
As praças se locupletam
Numa semana de festa
Seu povo se manifesta
Ao ver a Cruz altaneira
Que de um símbolo foi herdeira
E teve de Deus a bênção
Para que sua evolução
Seja de paz bem ordeira
Minha mensagem termino
Com lembranças das festinhas
Do tempo da capelinha
Meu tempo bom de menino
Cantava com o coro, o hino
De São Francisco “O Patrão”
Rude mais tinha emoção
A quem vou oferecer
Essa Cruz que vi crescer
Nestes dez pés em canção.
NO FULGOR DOS 23 ANOS
(Poesia realizada em homenagem aos 23 anos de emancipação de Cruz)
Vinte e três anos refletem
A face da vida adulta,
O crescimento da vida
Quem o progresso disputa,
Hoje temos uma Cruz
Já prospectada e bem culta
Nasceu de um povo humilde
Pacato e trabalhador
Os Párocos nos ajudaram
Quando a Paróquia marcou
Caminhos para o progresso
Com as luzes do Criador
E hoje, um povo passivo
Cheio de espiritualidade
Demonstra com inteligência
E muita criatividade
A educação se aprimora
Em rumo a prosperidade
Que desçam as bênçãos Divinas
E por Deus Abençoada,
Cresça altaneira e passiva
Como uma Mãe respeitada
Que sabe amar com doçura
Sua prole bem educada,
Nós, os Filhos dedicados,
Com toda afabilidade
Saudamos-te com amor
Nesta data, tua idade,
Regozijamos, porque,
Teus Filhos, são tua herdade
E todos em um só coração
Festejamos com alegria
A data de aniversário
E a outra, que foi a guia,
O apossar da Paróquia
Quando tudo se inicia
Que os louros da tua imagem
Recrudesçam em teu porvir
E que a nossa juventude
Estudem, sempre a sorri
Quem vive alegre tem paz
E aprende a somar e dividir
CIDADE DE CRUZ
(Poesia realizada em homenagem aos 23 anos de emancipação de Cruz)
A Cruz nasceu de um madeiro,
Marcava, o fim de uma vida,
Mas dali foi ressurgida
Para uma vila, o roteiro
De um progresso Alvissareiro
Cresceu, passou a cidade,
Hoje completando idade
Vinte e três anos se foram,
Os foguetórios estouram
Saudando sua identidade.
Que hoje se identifica
No contexto da nação
Está sempre em evolução
E tem população pacífica
Mesmo incluindo a política,
Que prossiga este bom rumo
E seu progresso tenha prumo
E seus chefes tenham ação,
E usem a moderação
Mostrando um belo resumo.
Que as bênçãos do céu nos venham
E ilumine o seu porvir
Pros mais jovens descobrir
E que na escola obtenham
Com consciência retenham
A luz dessa bela aurora
Que pra seus filhos aflora,
E sem fachadas e embustes
Atrelando alguns ajustes
A vida na Cruz melhora.
Lembremos os antepassados
Que nos fizeram nascer
E que no nosso alvorecer
Por outros fomos guiados
Se hoje civilizados
Trilhemos melhor roteiro
Não pensem só em dinheiro
E tenham bom coração
Aos pobres demos a mão
Pra sermos de Deus, herdeiros.
A CRUZ QUE NOS DEU ORIGEM
A cruz, de longo surgida
No meio do oiticical,
Fizeram uma capelinha
Foi seu ponto inicial
Um pontapé para luz
De um caminho clerical
Com as festas de são Francisco
Foi crescendo uma vilela
O pároco de Acaraú
Quis aumentar a capela
No desmanche fez matriz
E a vila cresceu com ela
No ano cinqüenta e oito
Numa cruel seca brava
Um ousado sacerdote
Sua missão começava
A cruz lhe dava canseiras
A fé o reanimava
Foram testes de aprendiz
Em começo de viagem
Lutou com a garra de jovem
Cheio de luz e coragem,
Chamaram-no a paróquia mãe
Mas, nos deixou sua imagem
Reverendo Monsenhor
Aqui teu don começou
Deste a luz a um povo humilde
E um bom progresso aflorou
Ao deixar-nos, um outro jovem,
Tua missão continuou.
Rememoramos esta data
Cheios de santa emoção
Tanto a ti, como ao atual
Saudamos com gratidão
Estes festejos nos agregam
São frutos de uma efusão
Que a luz que alimenta a vida
Que vem da Trindade Santa
Nos traga a fé sem vacilos
E pra vida, bela planta
Para seguirmos o caminho
Que a paz eterna garanta.
A CRUZ QUE DEU VIDA
Nasci à sombra da cruz
Mas antes já tinha vida
O seu nome nos traduz
Uma dádiva oferecida
Parece que o Deus clemente
Um dia olhou essa cruz
E fez dela um marco fluente
Nasce uma cidade luz
Cresceu vagarosamente
Buscar na historia me pus
Não sou muito competente
Versei pra ela, compus,
Nesta simples poesia
O frágil senso me induz
Manifestar o apreço
Que tenho por esta cruz
Que vi crescer e florescer
Da Igreja nasceu a luz
Que por Ela, me faz crer,
Na oferta de Jesus
Quando ensinava dizia
Cada um tome sua cruz
Vivam com paz e harmonia
E busquem a eterna luz
E pra ver a gloria de luz
Tem que fazer nesta vida
Na fé está o capuz
Pra hora da despedida.
CANTANDO UM CONTO DA CRUZ
Aproveitando o provérbio
Quem faz conto ganha um ponto
Apesar da longa idade
Acho que ainda não estou tonto
E pra cantar minha terra
Na poesia me monto.
Buscando nossa raízes
Muitos informes somei
Das páginas dos escritores
Algumas eu coletei
E até de Portugal
Algumas datas achei.
Conta-se que uma portuguesa
No Acaraú aportou
Em mil setecentos e cinqüenta
Ela por aqui chegou
É a data registrada
Pela pena do escritor.
A venturosa senhora
Seu nome Joana Correia
Por aqui se aboletando
Sua geração semeia
Quem sabe tivesse aqui,
Dos índios alguma aldeia.
Nesta época com certeza
A natureza era intacta
E marginando uma lagoa
Que era um cristal cor de prata
Fizeram sua morada
No meio da virgem mata.
E em setecentos e sessenta (1760)
Tirou uma sesmaria
Do Guarda a Porteira velha
Duas léguas media
Estou fazendo o traslado
Que o documento trazia.
Pra completar o assunto
Com um fundo de verdade
Eu descobri nas pesquisas
De uma celebridade
Que buscou em Portugal
Arquivos da velha idade.
Nestas buscas ele achou
De Joana o casamento
Com Manoel Carlos Vasconcelos
Registrava o documento
Para os Carlos Vasconcelos
De onde veio o seguimento.
Vamos deixar a Correia
Lá nos fundos da lagoa
E vamos buscar do reinado
Onde botaram a coroa
Numa elevação de terra
Que com a várzea faz proa.
Isso porque ao lado sul
Tinha outra lagoinha
E para o Acaraú
Saía uma estradinha
E cruzava de norte a sul
Outra que da praia vinha.
Talvez no final do século
Alguma coisa se leia
Porque chegou por aqui
Um forasteiro na aldeia
E casou-se com uma neta
Da venturosa Correia.
Francisco Teixeira Pinto
Era este o nome seu
Foi pai de grande família
Nossa região encheu
Cada filho um sobrenome
Só a um legou o seu.
Na árvore da sua gênese
Nas pontas do ramo estou
Descobri que dos seus filhos
Tenho três tataravôs
Dos netos também três
Duas bis e um bisavô.
Dois bisnetos se casaram
Meu avô com minha avó
Meu pai era seu trineto
E para eu não ficar só
Digo, já tenho bisneto
E assim desatei o nó.
Supomos que nesse tempo
Tivesse algumas moradas
As famílias iam crescendo
Buscavam as margens da estrada
E foram se aglomerando
Próximo da encruzilhada.
Aqui paro com a história
Do forasteiro fujão
E passo a outra chegada
Que me dá satisfação
Mas esta vinha fugindo
Da seca lá do sertão.
Era Maria Quitéria
Que deu minha geração
Aqui também se instalou
Com a sua rebação
Contam que chegou trazendo
Toda a sua criação.
Um filho lhe acompanhava
E chamava-se Zé Muniz
Casou com Maria Antônia
Algum documento diz
Talvez neta da Correia
É suposição que fiz.
Dele nasceu outro elo
Que por aqui prosperou
Eu nasci de sua gênese
Pois é meu tataravô
Já que seu filho Domingos
Era o meu bisavô.
Dos seus filhos catei sete
Uma Joaquina Mulher
Que casou com Vasconcelos
Com o nome de Tomé
E um Francisco que locou-se
Nas praias do Itapagé.
Manoel foi pra Amazonas
Com ele o irmão Sabino
O que fizeram por lá
Ninguém sabe seu destino
Aqui ficaram João
Domingos e Bernardino.
E dos três que aqui ficaram
Prosperou a geração
Tem Muniz que dá coceira
Espalhado na região
Alguns vivem na pobreza
E tem alguns que são barão.
Considero estes dois elos
Os patriarcas da história
São os vultos mais marcantes
Que ficaram na memória
Por certo veio mais alguém
Mas ficaram minoria.
Que valha o meu esforço
Que dispus nestas sextilhas
O resto fica por conta
Da minha esforçada filha
Que com mais capacidade
Dá mais detalhes na trilha.
Agora quero falar
Do Plano Espiritual
Como nasceu a Igrejinha
Até o tempo atual
Me ilumine a luz divina
Para a ninguém fazer mal.
Talvez pela mesma época
Um grande boato zoou
Era a febre da borracha
Que muita gente arrastou
E alguns filhos da terrinha
Também pra lá se mandou.
Um Francisco Bernardino
Do Teixeira Pinto, neto
Da promissora aventura
Se agarrou com muito afeto
Pega o navio que rumava
Para aquele mundo infecto.
Por lá anos trabalhando
Muita borracha colheu
E talvez por algum susto
Que alguma fera lhe deu
Se pegou com São Francisco
E algo lhe prometeu.
E ao voltar a terrinha
São suposições que fiz
Cumpriu a sua promessa
Fez a capela, e feliz
Legou ao seu patrono
Que é São Francisco de Assis.
Quem sabe aquela cruz
Lá no mato abandonada
Tenha pela mão divina
Sido um dia abençoada
E o personagem intuída
A tal sentiu-se inspirado.
Foi um trio de Francisco
Que o caminho foi abrindo
O velho Teixeira Pinto
E o seu neto Bernardino
E o de Assis que veio
Iluminar nosso destino.
Parece que era a mão
De um Deus que nos conduz
Daí o aglomerado
Já despertando pra luz
Foi registrado com o nome
De São Francisco da Cruz.
Eu nasci em vinte e um (1921)
E quando dez anos tinha
Eu assinava este nome
Nas aulas da Escolinha
E lá só oito ou dez casas
Triangulavam a igrejinha.
O triângulo era o início
Da nossa praça atual
Cinco casas leste oeste
E quatro na lateral
E a praça acabou ficando
Do lado contrário igual.
Neste momento relembro
A bela aurora da vida
Das festinhas animadas
Na minha infância florida
Com os dobrados da bandinha
Minha alma ficava erguida.
Foram momentos felizes
Que a memória guardou
E a vida passa tão rápido
Hoje já sou bisavô
Se já quase nada faço
Conto ao menos o que passou.
Mas com o nascer da Capela
A luz da fé e o progresso
Parece que um toque divino
Tirou a Cruz do engesso
E aquele pequeno bloco
Despertou para o sucesso.
E aquele ninchozinho
Erguido neste torrão
Já estava tão pequenina
Aumentou a população
E o pároco do Acaraú
Deu sua orientação.
Demolir a Capelinha
Pra fazer acrescentada
E com os filhos da região
A idéia foi planejada
Dentro talvez de três anos
Estava reedificada.
Padre Sabino de Lima
Pároco dessa região
Montava em cavalo ou burro
Era o transporte de então
Do Guriú a Almofala
Cumpriu sua missão.
Lembro-me dele trepado
Nas paredes em construção
Um dia o vento o pegou
Assim meio distraídão
A batina encheu, e ele
Do susto deu risadão.
Seus estilo brincalhão
Com todo mundo insultava
Nas festas de São Francisco
Ele o rebanho animava
E nos caminhos do Cristo
A todos ele guiava.
Que Deus o tenha na paz
Em sua eterna morada
Pois sua heróica missão
Foi uma carga pesada
Neste esforço o coração
Lhe descansou da parada.
Voltemos a nossa Igrejinha
Mais ampla reconstruída
Com seu porte de matriz
Tinha uma idéia imbuída
Tal idéia foi crescendo
N’alma do povo em seguida.
Logo um pequeno grupo
De espíritos mais elevados
Se dispôs a recolher
O patrimônio reclamado
Pela Igreja, que depois
Ficou por anos emperrado.
Mas tinha um filho da terra
Formando no seminário
E logo se ordenou
Tornou-se nosso emissário
O projeto deslindou
E foi o primeiro vigário.
E no ano cinqüenta e oito (1958)
No próximo século passado
Assim seis de abril
Em alvoroço o povoado
Recebíamos com alegria
Um jovem pastor ousado.
Ousado pelo impulso
De tomar tal decisão
Pois era ainda bem jovem
E ainda em formação
Talvez tenha visto a base
A começar sua missão.
Com a criação da Paróquia
A vila tomou progresso
E com as bênçãos de Deus
Que olha todo Universo
Deu um novo toque na Cruz
Que continuou seu acesso.
E o povo foi pegando
Uma nova formação
Na Igreja se aprendia
O caminho da salvação
E na Escola descobriam
A aurora da educação.
Foi assim que o Padre Edson
Começou o seu primado
Mas logo com poucos anos
A outro posto foi chamado
Logo veio outro pastor
Que deu conta do recado.
Este presbítero operoso
Que chamamos Valdery
Era também muito jovem
Quando chegou por aqui
Mas trazia ferramentas
Ia a tosca Cruz polir.
Já que o primeiro vigário
Já lhe havia descascado
E emoldurando seus traços
Serviu-se até do machado
Pra se ver que o começo
Foi um trabalho pesado.
Se falo da Cruz é humana
Difícil de se aplainar
Mesmo com bom polimento
Ainda falta lustrar
Esse lustro vem do alto
E muitos não querem buscar.
Nosso reverendo pároco
Que da Igreja é nosso guia
Ensina-nos o caminho
Que traz ao povo harmonia
E está sempre a abençoar-nos
Celebrando a Eucaristia.
Com a sua sabedoria
Mansamente nos conduz
A lei da fé e do amor
O que mandou fazer Jesus
Exaltando a Santa Igreja
Que um dia nasceu da Cruz.
Sua mente criativa
Não para no seu labor
Olhando a velha Matriz
Os braços da cruz formou
E com colunas vigorosas
Por dentro modificou.
Ao lembrarmos a Igrejinha
Hoje chega ao suntuoso
Digno de um Rei Celeste
Que entre nós fez seu pouso
Para os que congregam a fé
O ambiente é primoroso.
Reconheçamos neste artista
Que enviado nos veio
E trabalhou com humildade
Se enquadrando ao nosso meio
Nos dando franca acolhida
Desde o bonito ao mais feio.
E com sua mão ungida
Fez a cruz no coração
Milhares de cruz já fez
Com gesto de sua mão
Faz cruz ao pé do altar
Pra rezar sua oração.
E quando celebra a missa
Renova a paixão da cruz
Proclama a trindade santa
Fazendo o sinal da cruz
E na homilia nos convida
Também fazendo três cruz.
E quando abençoa o pão
Para o mistério da luz
Um simbólico memorando
Que mandou fazer Jesus
São memórias renovadas
Do sacrifício da cruz.
No batizado nos lega
Pra vida o sinal da cruz
Na crisma nos assinala
Para o espírito de luz
Na confissão e na morte
E na sepultura tem cruz.
Na cruz nasceu a Igreja
E a paróquia trouxe a luz
A Igreja aponta o caminho
E no caminho tem cruz.
É o símbolo da cristandade
Na vitória de Jesus.
Foi na cruz que Jesus Cristo
Completou sua missão
O doloroso suplício
Nos legou a redenção.
E temos que carregá-la
Em busca da salvação.
E se o Pároco aplaina a cruz
Para o celeste subir
E com sua perícia persiste
Com mão de mestre polir
Vamos ajudar a este amigo
A nossa Cruz evoluir.
A cruz que nos deu origem
O tempo a consumiu
Mas seu nome ainda vive
Nos filhos do seu redil
Do chão elevou-se ao alto
E lá da torre dá psiu.
Tantas vezes falei cruz
Com sentimento fiel
E de fora olhando o esboço
Da nossa bela betel
A cruz ficou lá na torre
Qual seta indicando o céu.
Sejamos reconhecidos
Por tanto bem que nos fez
E a quantia do dízimo
Vamos pagar todo mês
Ele gera benefício
E volta a nós outra vez.
Tem sido para nós um pai
Um mestre e também irmão
Nos doou a sua vida
Ao cumprir sua missão
Façamos a nossa parte
Num preito de gratidão.
Ao nosso amado apóstolo
A quem eu devo respeito
Embora que em vossa grei
Eu não seja bom sujeito
Saúdo-lhe com o abraço
Dos versos; singelo preito.
Quando nasci tinha voz
Mas nunca fui um cantor
Aprendi o ABC
Mas não deu pra escritor
Agora no fim da idade
Um dom poético aflorou.
Que me perdoem os leitores
Meu conto mal enjendrado
Mas contei o que sabia
Deixo aqui o meu recado,
Já estou pra lá dos oitenta
E não sou nenhum letrado.
E vivestes na sombra dos oiticicais
Com o tempo teus filhos te ergueram
E muitos cresceram com teus ideais
Oh, Cruz que simboliza o palco
De um Deus humano, que por amor
Imolou-se por nossos pecados
E como vitima humana ao pai se ofertou
Oh, Cruz tu és um troféu
E este povo humilde vem te contemplar
Singela, luzente e serena
Te elevas ao alto como a triunfar
Oh, Cruz tu eras pequena
E hoje te ergueram como um pedestal
Serás distintivo ou imblema
Merece um poema, tão belo sinal.
Sinal da cruz bem na testa,
De onde começou a tua ascensão
A ti dedico este texto
E ao povo ofereço com muita emoção.
Refrão: De um povo humilde
Nasceste ó Cruz
E hoje teus filhos
Te cobrem de luz.
UMA MENSAGEM A CRUZ
A Cruz dos meus bisavós
Que era feita de pau
Plantada a beira da estrada
Ainda lembro o local
Dormiu lá anos e anos
O amor divino deu planos
E alguém teve o ideal.
De erguer uma capela
Pra São Francisco de Assis
E a Cruz foi se avolumando
Gerando um povo feliz
Não conhecem sua história
Mas celebram uma vitória
Dentro da nossa matriz
Não esqueçam os conterrâneos
A Cruz não fui eu quem fiz
Ela veio de muito longe
Sua história tem raiz
Vamos ruminar o tempo
Que gastou pra ter um alento
De ver seu povo feliz.
A capela foi a semente
Para induzir ao progresso
A base de um povoado
Que começou em acesso
Com as festas do padroeiro
Que atraiu os do dinheiro
Foi dando margem ao processo.
Tal processo foi moroso
Até que a paróquia criaram
E com as bênçãos de Deus
Os ares se iluminaram
E o povo mais venturoso
Desde o mais jovem ao idoso
Pra perto da igreja chegaram.
Veio gente de toda parte
Vinha rico e vinha pobre
Tentando educar seus filhos
Fazendo a geração nobre
Que hoje se manifesta
Nessa semana de festa
A Cruz de louros se cobre
Por ser filho desta terra
Que alguém fincou essa Cruz
E deu nome a uma cidade
Que a noite dardeja luz
Mesmo que eu não tenha preço
Ao pai do céu agradeço
Pelos versos que compus.
UM SONHO
(Poesia dedicada a reconstrução da Cruz, símbolo do topônimo de Cruz, na entrada da cidade)
Um sonho bom de verdade,
Parecia a luz divinal
Eu tinha medo da cruz
E isso me fazia mal
Com o sonho foi-se o medo
E tirou o mau enredo
Tenho nela um pedestal
À noitinha num cochilo
Entre dormindo e acordado
Sonhei com uma cruz celeste
No espaço da matriz ao lado.
Dizem que sonho é ilusão
Mas me causou sensação
E fiquei ali pasmado
Era uma visão tão sublime
Da cor do céu azulada.
Era uma cruz transparente
E muito bem desenhada
E vi surgir um menino
Que parecia o divino
Jesus, que mostra a entrada.
A entrada ou saída
Para o caminho da vida.
Memorizei os detalhes
E guardei como uma jazida
Sei que não posso fazer
Mas tenho vontade de ver
Simbólica e tão bela erguida.
Peço aos chefes da cidade
Que tem poder e ação
Fazerem uma cruz luminosa
Não é muito dinheiro não
Com material transparente
E um engenhoso competente
Se ergue a cruz da visão.
Lá no circulo da estrada
Já tem de pedra um outeiro
Para os passantes avistarem
O símbolo de um roteiro
Que deu nome a esta cidade
Seus filhos com lealdade
Fazem da Cruz um luzeiro.
Será um excelso distintivo
De um povo humilde e audaz
A cruz já trouxe humildade
Naquele que trouxe a paz
Fico esperando por ela
E vê-la brilhante tão bela
Até Deus se satisfaz.
Zelar traços do passado
Guarda as memórias de um povo
E as ações dos mais velhos
Trazem lembranças pro novo.
É um filho da terra quem pede
E neste verso se despede
Se quase nada resolvo.
VISUALIZANDO O INVISÍVEL
Quem sabe talvez um dia.
Nosso pai universal
Chamou Francisco de Assis
Ao trono Celestial
- Visa o Brasil do Nordeste
Mataram um cabra da peste
Numa vingança brutal
Vejam as barbaridades
Que praticam esses humanos
Quando se julgam manchados
Em seus egoísmos insanos
Por qualquer erro de amor
Se tornam juiz do terror
E castram ou matam seus manos.
Lá onde o enterraram
Alguém com um pouco de luz
Com dois pedaços de pau
Formou o símbolo da Cruz
E marcou a sepultura
Da infeliz criatura
Que a contemplar me dispus
Vou mostrar pra esses selvagens
Que não uso de vingança
Na morte serão julgados
Por seu orgulho e arrogância
E deste ato inclemente
Que nasça um bloco de gente
Será a cruz da esperança
Vai Francisco, meu amado
E faz lá um aposento
Ergue um pequeno oratório
Pra não ficares ao relento
Já vejo a pessoa certa
Que na Amazônia deserta
Já ganhou alguns talentos
A conversa se alongava
E Francisco impaciente
Senhor, estou te entendendo.
E sei que és onipotente
Mas eu serei recebido?
Ou mesmo compreendido?
Por esse povinho valente?
Ora, meu Santo de Assis
Toda a Terra te conhece
Se os cabeças da igreja
Com a tua fé amolecem
Dê por vista esse povinho
Que nem se quer tem um jeitinho
De me fazer uma prece
Faz um pouso no Amazonas
E busca o moço que falei
É filho do mesmo trecho
Como tu faças não sei:
Lá tem a gata pintada
Bota um na picada
Que ele pisa no freio.
Na hora da tremedeira
Vai me pedir uma ajudinha
Sopra no ouvido dele
Pra fazer uma promessinha
Meu São Francisco das Chagas
Se me livrar dessa praga
Eu te construo uma igrejinha
E quando o bravo cruzense
Saiu daquela aflição
Voltou desaconçoado
Da heróica profissão
E seu barraco desmonta
E ao patrão pediu conta
E desceu num batelão
Com dias chega a Manaus
E embarcou pra Belém
Só pensava na terrinha
Que ficava muito além
A viagem lhe amolava
Mas a esperança aumentava
Talvez tivesse algum bem
Viajar naquele tempo
Não era moleza não
Só tinha carro de boi
Ou pisar o pé no chão
Ou na água vela ao vento
E se contra era mais lento
Namorosa embarcação
Que jornada cansativa
Mas enfim chegou o dia
Deu uma surpresa a família
A todos trouxe alegria
E logo marcou o terreno
E cumpriu com espírito sereno
A promessa que trazia
Francisco Bernardino
De Albuquerque, o nome seu
O tal personagem honrado
Que o dedo de Deus moveu
Junto com seu tio Albano
Completou seu plano
E pra São Francisco cedeu
Não me censurem os leitores
Ao lerem minha façanha
E eu mesmo que escrevi não creio
Que Deus use de artimanha
São coisas que traz alento
Criações do pensamento
Não sei se, se perde ou ganha.
MENSAGEM AOS FESTEJOS PELOS VINTE E DOIS ANOS DE CRUZ
Um resumo, em outra rima.
Pra ir abrindo a cabeça
Que a mente não fique avessa
E me soerga pra cima
Buscando o senso que anima
A traçar esta mensagem
Mostrando a bela imagem
Da Cruz em evolução
Ponho a alma e o coração
Ao fazer esta triagem.
A Cruz já tem bela imagem
Mas custou a prosperar
Mas quem anda devagar
Depois de longa viagem
Tem mais visão da paisagem
E traça melhor seu roteiro
Mente frágil de um roceiro
Ou de um criador de gado
Foi surgindo algum mercado
E apareceu o dinheiro
Mas a ascensão do progresso
Foi a igreja quem deu
A mão de Deus se estendeu
E a paróquia teve acesso
Como se fosse um processo
No plano celestial
E veio surgindo o social
No caminho da educação
Sempre o pároco dando a mão
Com olhos de um ideal
Depois de tantos embates
Chega ao porte de cidade
Mas teve necessidade
Do pároco, com seus quilates.
E fazendo meus arremates
Um filho da região
Foi prefeito de então
Vem sempre na liderança
Nunca teve uma mudança
Esta sempre na sucessão
Com maior idade de testa
Vinte e dois anos se completam
As praças se locupletam
Numa semana de festa
Seu povo se manifesta
Ao ver a Cruz altaneira
Que de um símbolo foi herdeira
E teve de Deus a bênção
Para que sua evolução
Seja de paz bem ordeira
Minha mensagem termino
Com lembranças das festinhas
Do tempo da capelinha
Meu tempo bom de menino
Cantava com o coro, o hino
De São Francisco “O Patrão”
Rude mais tinha emoção
A quem vou oferecer
Essa Cruz que vi crescer
Nestes dez pés em canção.
NO FULGOR DOS 23 ANOS
(Poesia realizada em homenagem aos 23 anos de emancipação de Cruz)
Vinte e três anos refletem
A face da vida adulta,
O crescimento da vida
Quem o progresso disputa,
Hoje temos uma Cruz
Já prospectada e bem culta
Nasceu de um povo humilde
Pacato e trabalhador
Os Párocos nos ajudaram
Quando a Paróquia marcou
Caminhos para o progresso
Com as luzes do Criador
E hoje, um povo passivo
Cheio de espiritualidade
Demonstra com inteligência
E muita criatividade
A educação se aprimora
Em rumo a prosperidade
Que desçam as bênçãos Divinas
E por Deus Abençoada,
Cresça altaneira e passiva
Como uma Mãe respeitada
Que sabe amar com doçura
Sua prole bem educada,
Nós, os Filhos dedicados,
Com toda afabilidade
Saudamos-te com amor
Nesta data, tua idade,
Regozijamos, porque,
Teus Filhos, são tua herdade
E todos em um só coração
Festejamos com alegria
A data de aniversário
E a outra, que foi a guia,
O apossar da Paróquia
Quando tudo se inicia
Que os louros da tua imagem
Recrudesçam em teu porvir
E que a nossa juventude
Estudem, sempre a sorri
Quem vive alegre tem paz
E aprende a somar e dividir
CIDADE DE CRUZ
(Poesia realizada em homenagem aos 23 anos de emancipação de Cruz)
A Cruz nasceu de um madeiro,
Marcava, o fim de uma vida,
Mas dali foi ressurgida
Para uma vila, o roteiro
De um progresso Alvissareiro
Cresceu, passou a cidade,
Hoje completando idade
Vinte e três anos se foram,
Os foguetórios estouram
Saudando sua identidade.
Que hoje se identifica
No contexto da nação
Está sempre em evolução
E tem população pacífica
Mesmo incluindo a política,
Que prossiga este bom rumo
E seu progresso tenha prumo
E seus chefes tenham ação,
E usem a moderação
Mostrando um belo resumo.
Que as bênçãos do céu nos venham
E ilumine o seu porvir
Pros mais jovens descobrir
E que na escola obtenham
Com consciência retenham
A luz dessa bela aurora
Que pra seus filhos aflora,
E sem fachadas e embustes
Atrelando alguns ajustes
A vida na Cruz melhora.
Lembremos os antepassados
Que nos fizeram nascer
E que no nosso alvorecer
Por outros fomos guiados
Se hoje civilizados
Trilhemos melhor roteiro
Não pensem só em dinheiro
E tenham bom coração
Aos pobres demos a mão
Pra sermos de Deus, herdeiros.
A CRUZ QUE NOS DEU ORIGEM
A cruz, de longo surgida
No meio do oiticical,
Fizeram uma capelinha
Foi seu ponto inicial
Um pontapé para luz
De um caminho clerical
Com as festas de são Francisco
Foi crescendo uma vilela
O pároco de Acaraú
Quis aumentar a capela
No desmanche fez matriz
E a vila cresceu com ela
No ano cinqüenta e oito
Numa cruel seca brava
Um ousado sacerdote
Sua missão começava
A cruz lhe dava canseiras
A fé o reanimava
Foram testes de aprendiz
Em começo de viagem
Lutou com a garra de jovem
Cheio de luz e coragem,
Chamaram-no a paróquia mãe
Mas, nos deixou sua imagem
Reverendo Monsenhor
Aqui teu don começou
Deste a luz a um povo humilde
E um bom progresso aflorou
Ao deixar-nos, um outro jovem,
Tua missão continuou.
Rememoramos esta data
Cheios de santa emoção
Tanto a ti, como ao atual
Saudamos com gratidão
Estes festejos nos agregam
São frutos de uma efusão
Que a luz que alimenta a vida
Que vem da Trindade Santa
Nos traga a fé sem vacilos
E pra vida, bela planta
Para seguirmos o caminho
Que a paz eterna garanta.
A CRUZ QUE DEU VIDA
Nasci à sombra da cruz
Mas antes já tinha vida
O seu nome nos traduz
Uma dádiva oferecida
Parece que o Deus clemente
Um dia olhou essa cruz
E fez dela um marco fluente
Nasce uma cidade luz
Cresceu vagarosamente
Buscar na historia me pus
Não sou muito competente
Versei pra ela, compus,
Nesta simples poesia
O frágil senso me induz
Manifestar o apreço
Que tenho por esta cruz
Que vi crescer e florescer
Da Igreja nasceu a luz
Que por Ela, me faz crer,
Na oferta de Jesus
Quando ensinava dizia
Cada um tome sua cruz
Vivam com paz e harmonia
E busquem a eterna luz
E pra ver a gloria de luz
Tem que fazer nesta vida
Na fé está o capuz
Pra hora da despedida.
CANTANDO UM CONTO DA CRUZ
Aproveitando o provérbio
Quem faz conto ganha um ponto
Apesar da longa idade
Acho que ainda não estou tonto
E pra cantar minha terra
Na poesia me monto.
Buscando nossa raízes
Muitos informes somei
Das páginas dos escritores
Algumas eu coletei
E até de Portugal
Algumas datas achei.
Conta-se que uma portuguesa
No Acaraú aportou
Em mil setecentos e cinqüenta
Ela por aqui chegou
É a data registrada
Pela pena do escritor.
A venturosa senhora
Seu nome Joana Correia
Por aqui se aboletando
Sua geração semeia
Quem sabe tivesse aqui,
Dos índios alguma aldeia.
Nesta época com certeza
A natureza era intacta
E marginando uma lagoa
Que era um cristal cor de prata
Fizeram sua morada
No meio da virgem mata.
E em setecentos e sessenta (1760)
Tirou uma sesmaria
Do Guarda a Porteira velha
Duas léguas media
Estou fazendo o traslado
Que o documento trazia.
Pra completar o assunto
Com um fundo de verdade
Eu descobri nas pesquisas
De uma celebridade
Que buscou em Portugal
Arquivos da velha idade.
Nestas buscas ele achou
De Joana o casamento
Com Manoel Carlos Vasconcelos
Registrava o documento
Para os Carlos Vasconcelos
De onde veio o seguimento.
Vamos deixar a Correia
Lá nos fundos da lagoa
E vamos buscar do reinado
Onde botaram a coroa
Numa elevação de terra
Que com a várzea faz proa.
Isso porque ao lado sul
Tinha outra lagoinha
E para o Acaraú
Saía uma estradinha
E cruzava de norte a sul
Outra que da praia vinha.
Talvez no final do século
Alguma coisa se leia
Porque chegou por aqui
Um forasteiro na aldeia
E casou-se com uma neta
Da venturosa Correia.
Francisco Teixeira Pinto
Era este o nome seu
Foi pai de grande família
Nossa região encheu
Cada filho um sobrenome
Só a um legou o seu.
Na árvore da sua gênese
Nas pontas do ramo estou
Descobri que dos seus filhos
Tenho três tataravôs
Dos netos também três
Duas bis e um bisavô.
Dois bisnetos se casaram
Meu avô com minha avó
Meu pai era seu trineto
E para eu não ficar só
Digo, já tenho bisneto
E assim desatei o nó.
Supomos que nesse tempo
Tivesse algumas moradas
As famílias iam crescendo
Buscavam as margens da estrada
E foram se aglomerando
Próximo da encruzilhada.
Aqui paro com a história
Do forasteiro fujão
E passo a outra chegada
Que me dá satisfação
Mas esta vinha fugindo
Da seca lá do sertão.
Era Maria Quitéria
Que deu minha geração
Aqui também se instalou
Com a sua rebação
Contam que chegou trazendo
Toda a sua criação.
Um filho lhe acompanhava
E chamava-se Zé Muniz
Casou com Maria Antônia
Algum documento diz
Talvez neta da Correia
É suposição que fiz.
Dele nasceu outro elo
Que por aqui prosperou
Eu nasci de sua gênese
Pois é meu tataravô
Já que seu filho Domingos
Era o meu bisavô.
Dos seus filhos catei sete
Uma Joaquina Mulher
Que casou com Vasconcelos
Com o nome de Tomé
E um Francisco que locou-se
Nas praias do Itapagé.
Manoel foi pra Amazonas
Com ele o irmão Sabino
O que fizeram por lá
Ninguém sabe seu destino
Aqui ficaram João
Domingos e Bernardino.
E dos três que aqui ficaram
Prosperou a geração
Tem Muniz que dá coceira
Espalhado na região
Alguns vivem na pobreza
E tem alguns que são barão.
Considero estes dois elos
Os patriarcas da história
São os vultos mais marcantes
Que ficaram na memória
Por certo veio mais alguém
Mas ficaram minoria.
Que valha o meu esforço
Que dispus nestas sextilhas
O resto fica por conta
Da minha esforçada filha
Que com mais capacidade
Dá mais detalhes na trilha.
Agora quero falar
Do Plano Espiritual
Como nasceu a Igrejinha
Até o tempo atual
Me ilumine a luz divina
Para a ninguém fazer mal.
Talvez pela mesma época
Um grande boato zoou
Era a febre da borracha
Que muita gente arrastou
E alguns filhos da terrinha
Também pra lá se mandou.
Um Francisco Bernardino
Do Teixeira Pinto, neto
Da promissora aventura
Se agarrou com muito afeto
Pega o navio que rumava
Para aquele mundo infecto.
Por lá anos trabalhando
Muita borracha colheu
E talvez por algum susto
Que alguma fera lhe deu
Se pegou com São Francisco
E algo lhe prometeu.
E ao voltar a terrinha
São suposições que fiz
Cumpriu a sua promessa
Fez a capela, e feliz
Legou ao seu patrono
Que é São Francisco de Assis.
Quem sabe aquela cruz
Lá no mato abandonada
Tenha pela mão divina
Sido um dia abençoada
E o personagem intuída
A tal sentiu-se inspirado.
Foi um trio de Francisco
Que o caminho foi abrindo
O velho Teixeira Pinto
E o seu neto Bernardino
E o de Assis que veio
Iluminar nosso destino.
Parece que era a mão
De um Deus que nos conduz
Daí o aglomerado
Já despertando pra luz
Foi registrado com o nome
De São Francisco da Cruz.
Eu nasci em vinte e um (1921)
E quando dez anos tinha
Eu assinava este nome
Nas aulas da Escolinha
E lá só oito ou dez casas
Triangulavam a igrejinha.
O triângulo era o início
Da nossa praça atual
Cinco casas leste oeste
E quatro na lateral
E a praça acabou ficando
Do lado contrário igual.
Neste momento relembro
A bela aurora da vida
Das festinhas animadas
Na minha infância florida
Com os dobrados da bandinha
Minha alma ficava erguida.
Foram momentos felizes
Que a memória guardou
E a vida passa tão rápido
Hoje já sou bisavô
Se já quase nada faço
Conto ao menos o que passou.
Mas com o nascer da Capela
A luz da fé e o progresso
Parece que um toque divino
Tirou a Cruz do engesso
E aquele pequeno bloco
Despertou para o sucesso.
E aquele ninchozinho
Erguido neste torrão
Já estava tão pequenina
Aumentou a população
E o pároco do Acaraú
Deu sua orientação.
Demolir a Capelinha
Pra fazer acrescentada
E com os filhos da região
A idéia foi planejada
Dentro talvez de três anos
Estava reedificada.
Padre Sabino de Lima
Pároco dessa região
Montava em cavalo ou burro
Era o transporte de então
Do Guriú a Almofala
Cumpriu sua missão.
Lembro-me dele trepado
Nas paredes em construção
Um dia o vento o pegou
Assim meio distraídão
A batina encheu, e ele
Do susto deu risadão.
Seus estilo brincalhão
Com todo mundo insultava
Nas festas de São Francisco
Ele o rebanho animava
E nos caminhos do Cristo
A todos ele guiava.
Que Deus o tenha na paz
Em sua eterna morada
Pois sua heróica missão
Foi uma carga pesada
Neste esforço o coração
Lhe descansou da parada.
Voltemos a nossa Igrejinha
Mais ampla reconstruída
Com seu porte de matriz
Tinha uma idéia imbuída
Tal idéia foi crescendo
N’alma do povo em seguida.
Logo um pequeno grupo
De espíritos mais elevados
Se dispôs a recolher
O patrimônio reclamado
Pela Igreja, que depois
Ficou por anos emperrado.
Mas tinha um filho da terra
Formando no seminário
E logo se ordenou
Tornou-se nosso emissário
O projeto deslindou
E foi o primeiro vigário.
E no ano cinqüenta e oito (1958)
No próximo século passado
Assim seis de abril
Em alvoroço o povoado
Recebíamos com alegria
Um jovem pastor ousado.
Ousado pelo impulso
De tomar tal decisão
Pois era ainda bem jovem
E ainda em formação
Talvez tenha visto a base
A começar sua missão.
Com a criação da Paróquia
A vila tomou progresso
E com as bênçãos de Deus
Que olha todo Universo
Deu um novo toque na Cruz
Que continuou seu acesso.
E o povo foi pegando
Uma nova formação
Na Igreja se aprendia
O caminho da salvação
E na Escola descobriam
A aurora da educação.
Foi assim que o Padre Edson
Começou o seu primado
Mas logo com poucos anos
A outro posto foi chamado
Logo veio outro pastor
Que deu conta do recado.
Este presbítero operoso
Que chamamos Valdery
Era também muito jovem
Quando chegou por aqui
Mas trazia ferramentas
Ia a tosca Cruz polir.
Já que o primeiro vigário
Já lhe havia descascado
E emoldurando seus traços
Serviu-se até do machado
Pra se ver que o começo
Foi um trabalho pesado.
Se falo da Cruz é humana
Difícil de se aplainar
Mesmo com bom polimento
Ainda falta lustrar
Esse lustro vem do alto
E muitos não querem buscar.
Nosso reverendo pároco
Que da Igreja é nosso guia
Ensina-nos o caminho
Que traz ao povo harmonia
E está sempre a abençoar-nos
Celebrando a Eucaristia.
Com a sua sabedoria
Mansamente nos conduz
A lei da fé e do amor
O que mandou fazer Jesus
Exaltando a Santa Igreja
Que um dia nasceu da Cruz.
Sua mente criativa
Não para no seu labor
Olhando a velha Matriz
Os braços da cruz formou
E com colunas vigorosas
Por dentro modificou.
Ao lembrarmos a Igrejinha
Hoje chega ao suntuoso
Digno de um Rei Celeste
Que entre nós fez seu pouso
Para os que congregam a fé
O ambiente é primoroso.
Reconheçamos neste artista
Que enviado nos veio
E trabalhou com humildade
Se enquadrando ao nosso meio
Nos dando franca acolhida
Desde o bonito ao mais feio.
E com sua mão ungida
Fez a cruz no coração
Milhares de cruz já fez
Com gesto de sua mão
Faz cruz ao pé do altar
Pra rezar sua oração.
E quando celebra a missa
Renova a paixão da cruz
Proclama a trindade santa
Fazendo o sinal da cruz
E na homilia nos convida
Também fazendo três cruz.
E quando abençoa o pão
Para o mistério da luz
Um simbólico memorando
Que mandou fazer Jesus
São memórias renovadas
Do sacrifício da cruz.
No batizado nos lega
Pra vida o sinal da cruz
Na crisma nos assinala
Para o espírito de luz
Na confissão e na morte
E na sepultura tem cruz.
Na cruz nasceu a Igreja
E a paróquia trouxe a luz
A Igreja aponta o caminho
E no caminho tem cruz.
É o símbolo da cristandade
Na vitória de Jesus.
Foi na cruz que Jesus Cristo
Completou sua missão
O doloroso suplício
Nos legou a redenção.
E temos que carregá-la
Em busca da salvação.
E se o Pároco aplaina a cruz
Para o celeste subir
E com sua perícia persiste
Com mão de mestre polir
Vamos ajudar a este amigo
A nossa Cruz evoluir.
A cruz que nos deu origem
O tempo a consumiu
Mas seu nome ainda vive
Nos filhos do seu redil
Do chão elevou-se ao alto
E lá da torre dá psiu.
Tantas vezes falei cruz
Com sentimento fiel
E de fora olhando o esboço
Da nossa bela betel
A cruz ficou lá na torre
Qual seta indicando o céu.
Sejamos reconhecidos
Por tanto bem que nos fez
E a quantia do dízimo
Vamos pagar todo mês
Ele gera benefício
E volta a nós outra vez.
Tem sido para nós um pai
Um mestre e também irmão
Nos doou a sua vida
Ao cumprir sua missão
Façamos a nossa parte
Num preito de gratidão.
Ao nosso amado apóstolo
A quem eu devo respeito
Embora que em vossa grei
Eu não seja bom sujeito
Saúdo-lhe com o abraço
Dos versos; singelo preito.
Quando nasci tinha voz
Mas nunca fui um cantor
Aprendi o ABC
Mas não deu pra escritor
Agora no fim da idade
Um dom poético aflorou.
Que me perdoem os leitores
Meu conto mal enjendrado
Mas contei o que sabia
Deixo aqui o meu recado,
Já estou pra lá dos oitenta
E não sou nenhum letrado.
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