sexta-feira, 1 de junho de 2007

Jose de Farias Menezes - Poesias em Decassílabos

O autor da criação

Grandioso é o poder,
Da nossa mãe natureza,
Que em tudo podemos ler
Traços de sua grandeza,
Ostentando com primor,
Sua beleza e valor,
Desde a Terra, a imensidão,
Vemos a todo momento,
Todo poder e talento,
Do autor da criação.

Contemplando a floresta,
Seus enormes vegetais,
A passarada em festa,
No topo dos matagais,
Vemos que beleza tanta,
O mundo inteiro se encanta,
Com a grandeza e perfeição,
Que se ostentam primorosas,
Nas maravilhas grandiosas,
O autor da criação.

Vemos riachos e rios,
Que nascem das cordilheiras
Temos invernos e estios,
Em suas fases costumeiras,
Temos crateras e montes,
As claras águas das fontes,
O sol com imenso clarão,
A função da atmosfera,
Vemos a força que impera,
Do autor da criação.

Admiro a inteligência,
Dos seres irracionais,
Vejo tanta eficiência,
Nos pequenos animais,
Os pássaros tecem seus ninhos,
Alimentam os filhotinhos,
Com tanta dedicação,
Com muito zelo e prazer,
Assim demonstra o poder,
Do autor da criação.

Vemos crateras, cascatas,
Serras e despenhadeiros,
As quedas das cataratas,
Cerrados e tabuleiros,
Além do que há na Terra,
A nuvem densa que erra,
No espaço ou amplidão,
Só chove quando condensa,
Vemos a grandeza imensa,
Do autor da criação.

Vendo os mares bravios,
Suas ondas agitando,
Provocando desafios,
Pra quem está navegando,
Em noite de lua cheia,
As ondas beijando a areia,
Afugentando a solidão,
Em cada fenômeno lindo,
Vendo o poder infindo,
Do autor da criação.

As belezas naturais,
Despertam a nossa atenção,
Nada de artificiais,
Nos causam admiração,
Deus espírito jucundo,
Do nada tirou o mundo,
Do barro formou Adão,
Doou-lhe um sopro vital,
Mostrando o poder total,
Do autor da criação.

Me sinto extasiado,
Se paro pra meditar,
No que por Deus foi criado,
No céu, na Terra e no mar,
Sinto a presença de Deus,
E todos prodígios seus,
Imperar com perfeição,
Declamo em versos também,
A primazia que tem,
Do autor da criação.

Os soberbos beija-flores,
Voam pra diante e pra trás,
Sugando o néctar das flores,
Que brotam dos vegetais,
Ostentam sua beleza,
Eficiência e presteza,
Causando admiração,
Com tanta magnitude,
Mais uma grande virtude,
Do autor da criação.

Confesso que admiro,
E tenho dúvidas em crer,
Na Terra fazer o giro,
E a gente não perceber,
Estamos apoiados nela,
Mas com a gravidade dela,
Não sentimos a rotação,
Ao homem parece incrível,
Toda ciência infalível,
Do autor da criação.

À noite o firmamento,
Constantemente estrelado,
O sol, um astro opulento,
Completamente apagado,
Mas quando o dia amanhece,
Parece que se enfurece,
Lançando os raios no chão,
Aquecendo a gleba inteira,
Isto é virtude altaneira,
Do autor da criação.


Contrastes do passado

Vejo com indiferença,
O nosso mundo moderno,
Muitos já perderam a crença,
Que tinham no Pai eterno,
Não temem mais o inferno,
Não seguem religião,
Ferem e matam o cidadão,
Com requinte de crueldade,
Hoje só impera a maldade,
Em meio à população.

Roubo seguido de morte,
E seqüestro a todo instante,
Vence aquele que é mais forte,
Matando seu semelhante,
A chacina está constante,
E cenas de pedofilia,
Quase sempre maioria,
Ocorrem dentro de casa,
De pai covarde que arrasa,
Com sua selvageria.

A vida do ser humano,
Hoje não vale mais nada,
Matam no cotidiano,
De bala, faca e paulada,
A população assustada,
Em meio ao fogo cruzado,
Morre bandido e soldado,
Mais a bandidagem cresce,
O criminoso merece,
Um castigo mais pesado.

Dizem que o tempo é o presente,
O meu voto é pro passado,
Todos trajavam decentes,
Tinham receio ao pecado,
O rapaz enamorado,
Tinha respeito a donzela,
Já era sobressaltado,
Pois só depois de casado,
Beijava sua cinderela.

Por modernismo talvez,
Respeito não existe mais,
Logo na primeira vez,
Que a moça encontra o rapaz,
Só por promessas banais,
Lhe dá toda confiança,
Sem a mínima segurança,
Nem dos pais consentimento,
Improvisam um casamento,
Sem véu e sem aliança.

Outrora quando um casal,
Se unia em casamento,
No enlace matrimonial,
Era válido o juramento,
Era um grande mandamento,
Pro casal obedecer,
Pra se amarem até morrer,
Sem exceção de idade,
E guardar felicidade,
Ao outro enquanto viver.

Os casais de hoje em dia,
Não ligam o religioso,
Porque para a maioria,
Só o civil é vantajoso,
Para mim é vergonhoso,
Além de ser negligência,
Casar por experiência,
Sem amor e sem confiança,
A benção jamais alcança,
Da divina providência.

Quando em silêncio cogito,
Na época que fui criado,
Confesso era tão bonito,
Ver papai tão respeitado,
Foi um pai bem dedicado,
Mas, com tanta autoridade,
Exibia austeridade,
Diante de todos nós,
Nenhum alterava a voz,
Diante sua majestade.

Hoje está tão diferente,
Pai não goza de conceito,
Se portam insuficiente,
Para imprimir respeito,
Cada filho insatisfeito,
Grita e fala palavrão,
Não tem consideração,
Pratica cena indecente,
O pai não é competente,
Pra lhe chamar atenção.

Hoje há uma vantagem,
Não conhecemos o pobre,
Pelos trajes, a imagem,
Se confunde com o nobre,
Mesmo sem nenhum cobre,
O pobre compra fiado,
Depois trabalha alugado,
Para pagar o lojão,
Não tem no bolso um real,
Mas seu uniforme é igual,
O de qualquer um barão.

No meu tempo a pobreza,
Andava esmulambada,
Faltava-lhe o pão na mesa,
E a roupa era remendada,
A sandália era rasgada,
Muitos usavam tamanco,
Sofá de pobre era um branco,
Pobre não tinha conforto,
Talvez nem depois de morto,
Tanto o preto como o branco.

Com o avanço do modernismo,
Do nosso tempo atual,
Mais parece um comunismo,
Onde não rege a moral,
O desrespeito é total,
As leis estão degradadas,
Até senhoras casadas,
Não se portam mais decente,
Tomam chope e aguardente,
Enquanto dançam lambadas.





O rico e pobre
O rico é bem humorado,
Tudo que ele faz dá certo,
Vê sonho concretizado,
Felicidade bem perto,
Desfruta da juventude,
Pois tem dinheiro e saúde,
É muito considerado,
Leva uma vida de glória,
Muitos deixam na história,
O nome imortalizado.

O pobre vive sofrendo,
As agruras da pobreza,
Porque só vive devendo,
Pra manter o pão na mesa,
Trabalha de inverno a estio,
E o bolso é sempre vazio,
Não tem de sobra um real,
Batalha feito um danado,
Mas nunca junta um trocado,
Que o patrão lhe paga mal.

Rico privilegiado,
De Deus, pois tenho certeza,
Porque já nasce dotado,
Inclinado pra riqueza,
Embora trabalhe pouco,
Não se esforce feito louco,
Ainda jovem enriquece,
Dizem que é sorte ou sina,
Mas acho que a mão divina,
Ao rico favorece.

O pobre só dá risada,
Quando está embriagado,
Enche o bucho da malvada,
Para esquecer o passado,
Na bebida ele esquece,
O quanto um pobre padece,
Sem ter dinheiro e bom nome,
Pobre não conta com façanha,
Porque o pouco que ganha,
Não dá pra matar a fome.

Rico tem carro importado,
Bons prédios em apartamentos,
Dinheiro depositado,
Empresas e alojamentos,
Não esgota a paciência,
Só usa a inteligência,
Para administrar,
Vai à praia do Ipanema,
À noite vai ao cinema,
Curtir vida e brincar.

Pobre espectro deserdado,
Não tem futuro, nem sonho,
Leva a vida atropelado,
Num pesadelo medonho,
Pro lado que ele procura,
A sua estrada é escura,
Uma sela sem saída,
Sobrevive pesaroso,
Pobre nasce de teimoso,
Mas não tem direito à vida.

Rico, exemplo de bravura,
De heroísmo e de coragem,
Porque o rico procura,
Zelar sempre a boa imagem,
O rico não é otário,
Só consome o necessário,
O que sobra deposita,
Todo rico é interesseiro,
Porque pra ele o dinheiro,
É sempre a maior pepita.

Pobre sem perseverança,
Pois gasta tudo que ganha,
Pobre não pensa em poupança,
Pra ele não é façanha,
Fraco do pobre é gastar,
Se alguém lhe adiantar,
Dinheiro ele gasta à toa,
Pobre só vive apertado,
Trabalha feito um danado,
Pobre não tem vida boa.
Lembranças inapagáveis
Revendo hoje o passado
De minha infância querida,
Tudo já foi transformado
No decorrer desta vida,
Que doce fase vivida
Naquele tempo risonho,
Quando a vida me era um sonho
Repleto de fantasia
Mas, hoje com nostalgia,
Me sinto ermo e tristonho.

Que belas recordações,
Recheadas de alegria.
Das doces e ricas lições,
Que de mamãe recebia.
Longe de melancolia,
Tudo era paz e amor.
Papai, meu bom professor,
De respeito e de moral,
Mas o destino fatal
Mui cedo nos separou.

Reinava um mútuo respeito,
Em meio àquela irmandade.
Cada qual bem satisfeito,
Sentindo felicidade,
Nem aversão, nem maldade,
Bem longe de frustração,
Nada de decepção,
Naquela família unida,
Que belo exemplo de vida
Consagro em meu coração.

Sem mais irmãos nem irmãs,
Sem pai nem mamãe querida,
Nublaram-se as manhãs,
Pro resto de minha vida.
Qual andorinha perdida,
Sem ter asas pra voar,
Revendo o antigo lar,
Que nasci e fui criado,
Já tão deteriorado,
Me ausento pra não chorar.
Antes a vida me era
Um amontoado de flores,
Uma eterna primavera
Recheada só de amores.
Não havia dissabores,
Tudo era paz e harmonia,
Longe de melancolia
Meu espírito pernoitava,
Sem saber que me aguardava
Um surto de nostalgia.

Mas o destino inaudito
Tornou lânguidos os meus sonhos,
De belo para esquisito
Com os seus jugos medonhos,
Tantos momentos risonhos,
Mas deslustraram meu brio,
Qual folha seca no rio,
Levada na correnteza,
Tudo de encanto e beleza
Tornou-se triste e sombrio.

Vivendo hoje a descer
Pro mais baixo patamar,
Sinto o sol escurecer
E frouxa a luz do luar,
Não sinto a brisa soprar
Transmitindo sinfonia,
Nem a doce melodia
Da fantástica serenata,
Da passarada na mata,
No amanhecer do dia.

Me resta apenas agora
Uma grande frustração,
Tanto que sonhei outrora
Ter fama e posição,
Ser um herói, um campeão,
Mas tudo me foi debalde,
A trágica fatalidade
Escureceu meu porvir,
Me resta agora assumir
A dura realidade.
O vício da embriaguez

O vício da embriaguez
Pra muitos causa terror,
Alguns em menos de um mês
Perdem o conceito e o valor,
Perde a responsabilidade,
Trabalha só por metade,
Do seu tempo permitido,
Todo final de semana
Se arremessa sobre a cana,
Segunda e terça é perdido.

Trabalha ao meio da semana,
Ainda mal humorado,
Pois precisa comprar cana,
Pagar o supermercado,
Trabalha mal satisfeito
Por que se sente sujeito,
Ao contrário sente fome,
Tem que pagar a bodega,
“Se correr o bicho pega”,
Se ficar o outro come.

E assim vai se virando
Nessa vida desregrada,
A mulher se lastimando
Tristonha e mal humorada,
Ele drogado nem liga
Mas se ela fala, dá briga,
Fica logo revoltado,
Se acha dono do mundo,
Não sabe que o vagabundo
Calado ainda está errado.

Afirmo que conheci
Pedreiro de profissão,
Ao invés de se evoluir,
Decresceu de posição.
Hoje parece um coitado
Pedindo pinga fiado,
Pois não encontra patrão,
É triste um profissional
Degradar sua moral
Com cana em pé de balcão.
Não posso me conformar
Que um homem estruturado,
Não perceba que está
Pelo álcool dominado,
Vício comprometedor
Que usurpa o seu valor,
Sua moral, seu conceito,
Mostre que é competente
Desprezando a aguardente,
Sinta por si mais respeito.

O alcoólatra não é aceito
Perante a sociedade,
Ninguém lhe dá o respeito
É a dura realidade.
Na vida nada ele alcança,
Ninguém lhe dá confiança
O resultado é fatal, Precisa ter muito peito,
Pra viver desse jeito,
E não perder a moral.

Quase todo viciado
Na velhice se dá mal,
Por todos é desprezado
Qual delinqüente boçal,
Todo povo lhe censura
Essa infeliz criatura,
Não lhe tratam como irmão
Quer seja de classe nobre,
É pinguço e não tem cobre,
Não há consideração.

Para alguns, enquanto novo,
O álcool faz bom efeito
Digo isto para o povo,
Embora não seja aceito,
Que bebi muita aguardente
Sempre me portei decente,
Com meu devido respeito,
Fiz laços de amizade
Bons amigos de verdade,
Gozei sempre de conceito.
Té no trabalho tomava
Por que achava propício,
Com ela eu me dedicava
Muito mais a meu ofício,
Nunca trabalhei errado
Vivia bem humorado,
Satisfeitíssimo da vida,
Beber era meu esporte
Sempre me sentia forte,
Pra dominar a bebida.

Domingo depois da feira
Que pagava o mercantil,
Começava a brincadeira
Era pinga a mais de mil,
Todos com o mútuo respeito
Quem não brincava direito
Se afastava do local,
Eu sempre tomei cachaça
Mas nunca fiz arruaça,
Pra não perder a moral.

Nunca tive preconceito
Sobre cor, nem de idade,
O meu fraco era o respeito
Calma e sinceridade,
Se alguém se desentendia
Quando eu me interferia
Todos ficavam ao meu lado,
Nunca gostei de intriga
E muito menos de briga,
Mas nunca fui assombrado.

Assim eu me deleitava
Achando que a bebida,
Em nada modificava
O meu modelo de vida,
Mas um dia aconteceu,
Um grande amigo meu
Fez uma revelação,
Quase não acreditei
Jurou que eu lhe falei
Um monte de palavrão.

Depois do triste episódio
Modifiquei minha mente,
Confesso até senti ódio
Da coitadinha inocente,
Ela nunca me fez mal
Fui quem banquei o boçal,
Tomava sem sentir tédio,
Irei mostrar minha raça
Não tomarei mais cachaça,
Nem mesmo para remédio.

Naquele dia parei
Não sofri dificuldade,
Do vício me libertei
Só por força de vontade,
Se não sanei o defeito
Mas me sinto satisfeito
Sem sofrer decepção,
O homem para viver
No mínimo precisa ter,
Capricho e opinião.


Recordando o passado

Recordo hoje com saudade
A minha infância querida,
No auge da ingenuidade
Sem refletir sobre a vida.
No alvorecer dos anos
Brincando com os meus manos,
Com tanta felicidade
Papai e mamãe querida
Nos davam amor e guarida,
Sem exceção de idade.

Qual criancinha inocente
Extrovertido eu brincava,
Um tanto inexperiente
Nada me preocupava,
Não me passou pela mente
Que logo tão de repente,
Fosse tudo se acabar,
Passando assim como um sonho
De um trágico final tristonho;
Saudade me faz chorar.

O tempo foi-se passando
Fui vendo a realidade,
Via meus pais trabalhando
Com muita honestidade,
Papai já envelhecendo
Pois dava um duro tremendo,
Sem descansar um momento,
Mamãe também se esforçava
Para ver se não faltava
O pão pro nosso sustento.

Com oito anos de idade
Na roça fui trabalhar,
Nem só por necessidade
Mas pra fugir de estudar,
Fui um moleque marrudo
Não gostava de estudo
E nunca tomei lições,
Conduzo sempre esse espelho
Pois não aceito conselhos,
Nem tampouco sugestões.

Foi essa a maior tolice
Fruto de minha inocência,
Durante a meninice
E mesmo na adolescência.
Me sinto um homem incompleto,
Só não sou um analfabeto
Por que aprendi a ler,
Minha escrita tem rasura
Por que me falta cultura,
Té mesmo para escrever.

Da sagrada poesia
Sou eterno admirador,
Mas não tenho teoria
Para ser compositor.
Meus versos não valem cobre
Só emprego rima pobre,
De baixo vocabulário,
São versos sem atração,
Rima, métrica e oração,
Mas falta o mais necessário.

Todo poeta é dotado
De rica imaginação,
O estro superlotado
De divina inspiração,
Se o verso brota na mente
As centelhas florescentes
Formam um imenso clarão,
É quando entra a cultura
E todo vate procura,
Honrar sua profissão.

Sou terno fã do poeta,
Que tem cultura e grandeza,
De extraordinária meta,
Que descreve a natureza,
Divinamente inspirado,
Pra compor verso blindado,
Que a gente canta e decanta,
Com a riqueza do verso,
Desde a terra ao universo,
O mundo inteiro se encanta.

Poeta nome pequeno
Que tanta beleza encerra,
Que todos os bens terrenos
Do conteúdo da terra,
Não superam o valor
Do poeta trovador,
Ou de um bardo violeiro,
Rico de inspiração
Pra cantar bela canção,
Alegrando o mundo inteiro.

O poeta renomado
Canta terra, céus e mar,
Constantemente inspirado
Apto a improvisar.
Por que quando o verso exala
Parece até que Deus fala,
Pros confins da redondeza,
Que o verso de rima rica,
No contexto justifica,
Que o poeta tem grandeza.



O idoso mal-humorado

Só adorei meu viver,
Até uma certa idade,
Enquanto tive poder,
Saúde e prosperidade,
Trabalhando o ano inteiro,
Ganhava pouco dinheiro,
Mas sempre de bem com a vida,
Zelando meu proceder,
Porque eu queria ser,
Uma pessoa querida.

Não sei se o peso da idade,
É quem me deixa nervoso,
Qualquer contrariedade,
Já me deixa furioso,
Repreensão, não aceito,
Exijo sempre respeito,
Quero que me tratem bem,
Quando estou de bom humor,
Sou homem respeitador,
Não desacato ninguém.

Mas tem gente que: até,
Adora gerar intriga,
Procura pisar no pé,
Para arrumar uma briga,
Falo da mulher idosa,
Sempre exigente e nervosa,
Xinga tanto o companheiro,
Que abre seqüelas n’alma,
P’ra ele manter a calma,
Não é trabalho maneiro.

Tem velho que se envaidece,
Com o trocado do aposento,
Parece que se esquece,
Que não dá p’ra o sustento,
Usa uniforme esquesito,
Compra relógio bonito,
E colar banhado a ouro,
Compra chapéu de caubói,
A pança de seca dói:
P’ra Deus, isto é desaforo.

Gozado é que não se cansa,
De desfilar na pracinha,
Toma café, enche a pança,
Vai logo de mansinho,
Meio-dia vai almoçar,
À tarde torna a voltar,
P’ros bancos da avenida,
Velho capengando torto,
Não vê que está quase morto,
Coloca Deus na tua vida.

O que mais me admira,
É o cara não se enxergar,
Quem já parece um mambira,
Não conhecer seu lugar,
Quando um jovem desfila,
Tem velho que até cochila,
Com os olhos fitos nela,
Ela não quer nem ver,
Mas ele fica a dizer,
Eta bonequinha bela.

Podem achar que é defeito,
Mas não tolero frescura,
Velho é pra dar-se ao respeito,
Se portar na sua altura,
O velho devia ter,
Vergonha até de viver,
No mundo da juventude,
Velho é o símbolo do fracasso,
Já que demonstra o cansaço,
Do peso da senetude.

Mas tem velho audacioso,
Que não perde a presunção,
Quer dar uma de gostoso
Sem a mínima condição,
Usa camisa passada,
Só que desabotoada,
Para exibir um cordão:
Feio, triste, sem saúde,
Não vê que esta atitude,
Só serve de mangação.

Perdão por ser pessimista,
Ficar olhando defeito,
De algum idoso otimista,
Que não usa preconceito,
Porque em qualquer idade,
Todos têm liberdade,
P’ra decidir sua vida,
Aquele que gostar ou não,
Já não tem permissão,
De gerar contra-partida.

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