sexta-feira, 1 de junho de 2007

Outras Poesias - José Fabião Filho

TROVAS
Para a renúncia perfeita,
Sem revolta e sem rancor,
Só existe uma receita:
Dá ao mundo o teu amor.
Se me perguntas se te amo,
Não sei, porque fico mudo.
Há frases que nada dizem,
E silêncios que dizem tudo.
Estou zangado contigo
E não quero mais te ver.
Os beijos que te devolver.
Quem olha o firmamento, o infinitivo,
Vê, que no céu azul, primaveril,
Deus usou o colorido mais bonito
Na pintura do céu do meu Brasil
GOTAS AMARGAS
A vida está de amargar
Com esta maldita inflação,
A gente para se curar,
Fica mesmo sem tostão!
O hospital é um horror!
Mas precisa receber,
Para pagar o doutor,
Que também tem que viver.
E os remédios? Isso então,
É mesmo de estarrecer;
Deixa-se de comprar pão,
Para o doente não morrer.
Com essa subida louca,
Onde iremos nós parar?
A “gaita” ficando pouca
É difícil de ganhar!
VAIDADE
A mulher quando vaidosa
E fazendeira de fita,
É sempre muito cuidadosa,
Para se tornar mais bonita!
Tenha porém singeleza,
Que ganhará sua palma,
A verdadeira beleza,
É sempre a beleza d’alma!
Seja muito caprichosa,
Mas não muito exagerada;
A mulher sempre é formosa,
Quando é bem equilibrada!
Procure ser donairosa,
Seja porém comedida;
A mulher quando bondosa,
É sempre muito querida!
TROVAS
LÍRICAS E FILOSÓFICAS
Teus olhos nos meus pousados,
Com malícia e insinuação,
Deviam ser condenados
Por crime da sedução.
Não vivas com tanto orgulho,
Por teres alguma alfaia,
O mar que estruge em marulho
Fraqueja ao chegar à praia.
Culpe o homem a si mesmo
Pelo mal que o mundo faz,
Cultivando ódio a esmo
Em lugar de amor e paz.
No meu peito, velha herdade,
Moradia da solidão,
Medra a liana da saudade
Nos muros do coração.
A vida põe seus sinestes
Nos pisos dos seus caminhos;
Uns têem rosas por tapetes,
Outros tapetes de espinhos.
São promessas sem valor
Aquelas feitas a esmo,
Por quem não é cumpridor,
Do que promete a si mesmo.
Risonhos tempos da infância
Dos tempos do nunca mais,
Vejo em brumas, à distância,
Nestas tardes outonais...
Pelo espaço onde flutua,
Nas noites claras de estio,
A lua de outra lua
Que faz caretas no rio.
Se alguém tinha de trair
A Jesus, nas horas mudas,
Não é justo atribuir só a Judas!
Na vida, somos atores
De estranhos palcos e arenas,
Que a Norte, dos bastidores,
Vai suprimindo das cenas.
De sonhos e desenganos,
Do tempo marco os espaços,
E a travessia dos anos
Eu conto por meus fracassos.
Tolerando a indiferença
E surdo à injúrias e ápodos,
Firmado na minha crença
Respeito a crença de todos.
Se queres viver tranqüilo,
Tua prudência redobra:
Prometo apenas pagar com sobra.
São os conflitos atuais,
Que a humildade consome,
Os mesmos que tempo atrás
Mataram o Filho do Homem.
A angústia que te tortura,
Esquece, fala esquecida,
Atenta que a desventura
É contingência da vida.
De falso pudor corando,
E enrubescendo os espaços,
A aurora acorda, invejando
A que adormece em meus braços.
Com seus acordes tristonhos,
A viola tem seu destino
Ligado às lutas e aos sonhos
Do trovador nordestino.
Tanta lei, tanta doutrina
Prescrevendo o que é direito,
Quando só a bíblia ensina
O que é justo e o que é perfeito!
Anjo da Guarda perfeito
É a enfermeira, que semeia
Sorriso de leito em leito,
Confortando a dor alheia.
Verdade que se proclama
Pelo efeito contraposto:
Quem joga pedra na lama
Recebe lama no rosto!
Os jubilosos instantes
Longe de ti são tão breves,
Que, para tê-los constantes,
Releio as cartas que escreves.
Esqueço, enquanto envelheço,
Amores da mocidade,
Só teu amor não esqueço
Por culpa desta saudade.
Da União Brasileira de Trovadores.
TROVAS HUMORÍSTICAS
Diz ela à filha travessa:
Veja o exemplo do passado!
Também perdi a cabeça...
E você é o resultado!
Diz velho boi à novilha,
Que no pasto anda assanhada:
Em breve, assim, minha filha,
Vais ficar avacalhada!
Se é forçoso auto-epitáfio
Deixar á posteridade;
Que consiste em meu cenotáfio:
Aqui jaz contra a vontade!
Maria vai ficar rica
De tanto fazer serão.
Todos saem e ela fica,
Para ajudar o patrão...
Maria com seu patrão,
Faz magia a dois por três:
Numa noite de serão
Ganha o salário de um mês!
Com o velhinho de oitenta
Casou-se a jovem Maria,
E agora que o ventre aumenta
Todos dizem que é magia!
Ela é casada, cuidado!
Zé não ligou, quis Vanessa.
Zé, agora, anda enfaixado,
Com dez pontos na cabeça...
Cabeleira em moda nova
Causa susto a quem quiser
Distinguir, sem maior prova,
Quem é homem ou mulher.
Da União brasileira de trovadores
A BALANÇA
Há em nós uma balança,
Diferente e original.
De pesar, jamais se cança;
Pesa o bem e pesa o mal.
Pesa todos sentimentos
Com enorme precisão.
E até mesmo os pensamentos
Guardados no coração.
Pesa a alegria e a tristeza,
Pesa a angústia, o ódio e a dor.
E pesa a imortal beleza
Que existe dentro do amor!
Pesa o frio desencanto,
Pesando desilusões.
E a saudade, envolta em manto
De suaves recordações.
Pesa a infinita revolta
Que nos vem da ingratidão.
E o vazio em nossa volta
Que nos traz a solidão.
Balança tu que és tão justa,
No teu tão justo pesar,
E pesa o que mais nos custa,
Entre os pesos do pesar:
A escravidão do pecado,
Do remorso, a enorme dor.
Faze leve o que é pesado,
Transforma o mal em amor!
SERENATA SEM TEMPO
Serenata que eu quis cantar um dia.
Serenata de sonhos e quimeras...
Serenata do amor e da alegria.
Serenata de outras primaveras.
Serenata composta em dias idos,
Serenata do anseio e da lembrança.
Serenata de sons quase perdidos
Serenata da última esperança.
Serenata profunda e apaixonada,
Serenata com vagas dissonâncias...
Serenata sem som, triste e calada.
Serenata perdida nas distâncias...
Serenata do frio desencanto.
Serenata perdida mais e mais...
Serenata sem música e sem canto.
Serenata que eu não cantei jamais!
A PRECE DA ÁRVORE
Protege-me, ser humano,
Que dou-te em compensação
Ar puro oxigenado,
Salutar ao teu pulmão,
Sem nada exigir em troca
Senão tua proteção.
Se ainda assim não te bastar,
Curvo-me, e dou-te então,
Apoio para teus passos,
Mesa, para o teu pão,
Proteção, para teu ouro,
Altar pra tua oração,
Teto, pra teu abrigo,
Lenha, para te calor,
Leito, para te repouso,
Bálsamo para tua dor.
Além de já te ter dado,
Sombra, aroma, fruto e flor.
Rogo-te não maltrates,
Antes, com dedicação,
Me regues me ames, me zeles,
Que em prova de gratidão,
Ainda irei contigo ao túmulo:
Já em forma de caixão.
SEGURA A MINHA MÃO
Ondas, ventos e um céu enorme que me assombra,
E tudo é pranto, e tudo é dor, e tudo é sombra,
E parece chegar o fim –- sem salvação--
Por isso, meu Jesus, segura a minha mão!
Vã a glória do mundo –- as luzes da cidade –-
O conforto do amigo é pretensioso e vão –-
Temo a noite da vida e voz da eternidade,
Por isso, meu Jesus, segura a minha mão!
Ardo em febre – indeciso olho o mar e vacilo,
Escorregam meus pés, falha o meu coração –
A tua mão á firme e o teu olhar tranqüilo,
Por isso, meu Jesus, segura a minha mão!
Como Pedro, desejo andar e não consigo –
Abre-se o imenso mar, o abismo e a escuridão –
Este é o dia maior da angústia e do perigo:
Por isso, meu Jesus, segura a minha mão!
Dá que eu possa alcançar a paz que o justo alcança,
Dá que eu possa sentir o bem da salvação.
Teu olhar é de amor, de fé e de esperança:
Por isso, meu Jesus segura a minha mão!
COMO QUERES
Sou o caminho e não segues,
Sou a luz e tu não vês,
Sou a água e tu não bebes,
Sou a verdade e não crês,
Sou o pão e tu não comes,
O tronco e não és o galho,
Não aceitas o meu nome
Nem vives em meu trabalho.
Sou a paz – queres a guerra,
Contra mim sempre te elevas –
Sou a luz que veio ao mundo
Mas queres viver em trevas.
Como queres que eu te queira?
Te alimente, se não tens fome?
Te salve, se não me aceitas?
Teu pai – não sabes meu nome!
Como queres que eu te cure
Do crime da ingratidão,
Se blasfemas contra mim
E zombas do meu perdão?
Por isso vives sozinho,
Sem horizonte e sem luz.
Queres paz? – SOU O CAMINHO
Queres vida? – ACEITA A CRUZ
AS MURALHAS DE JERICÓ
Quando a primeira vez os sete sacerdotes
A arca á frente, a marchar, tocaram as buzinas
Incircuncisos vis, - entre chistes e motes,
Zombaram muitos mil, homens, moças, meninas...
Zombaria maior, mais aguda e mais funda,
Saudou estrepitosa à passagem segunda...
Armados de trombetas, a fúria zombeteira
Quase abafou o som da passagem terceira.
Alta Muralha afeita ao vento e à chuva... Nada
Sofreria também à quarta caminhada...
O povo de Israel só trombeta tocava
Quando na quinta volta ante os muros passava...
Do muro à proteção, só descaso e mudez
O povo de Israel ouviu à sexta vez...
Riram... Foram cruéis... Blasfemaram, zombaram...
Mas na sétima volta as muralhas tombaram!
A VOZ DO EGO
A casa estava fria e abandonada:
Nem parecia mais um LAR feliz,
Vazia, escura, lúgubre e fechada.
Nela e em mim, o silêncio mais profundo,
Trazendo dentro da alma o desalento,
Entrei, mas só que os “SÓS” todos do mundo.
Ouvi meus passos surdos no caminho,
No caminho que é meu, somente meu.
Um nome disse em vão. Disse baixinho.
Talvez, por estar só, sem mais ninguém,
Por um nome chamei, um nome amigo,
Que me relembra o amor, a paz e o bem.
Ninguém me ouviu. Ninguém estava ao lado.
Chamei, gritei em alta e rouca voz.
Um som longínquo ouvi, fraco e abafado...
E a voz cresceu, cresceu e respondeu:
Era o “EGO” o meu melhor amigo,
Ele também gritava o nome teu!
ESPERE A VENTURA
Espere a ventura na rota dos dias,
Nas tardes morosas, nas noites cansadas.
Espere a ventura nas noites vazias,
Nos passos das horas, nas horas pausadas.
Espere a ventura na luz da esperança,
Espere a ventura nos céus do amanhã,
Nas vagas, nas ondas de um mar de bonança,
Nos prados, nos campos, no sol da manhã!
Espere a ventura na vã solidão!
Espere sozinho, no seu abandono,
No frio do inverno, no sol do verão,
Ou as primaveras e sombras do outono...
Espere a ventura, sabendo que existe,
Sabendo que é bela, risonha também!
Pois quando se espera, no pranto mais triste,
Se encontra a ventura no riso de alguém!
Espere a ventura, na luz do futuro,
Na sombra dos passos, nas longas distâncias,
Nas claras clareiras, no fundo do escuro,
Nos bosques da mente, no grito das ânsias.
Espere, cantando, chegar a ventura,
Que busca outro sonho, buscar-lhe também,
Na duplicidade da mesma procura,
Na mesma ansiedade, nas ânsias de alguém!
ESPERANDO
O tempo passa depressa
E a vida passa também.
Mas como é longa a espera
De esperar por quem não vem...
Desde ontem eu esperava
Quem hoje espero também!
O amanhã será mais longo
Pois espero quem não vem...
O tempo sente cansaço,
Cansaço eu sinto também...
Por onde andarão os passos
Do meu amor que não vem?
Talvez por vagos espaços,
Talvez por mundos além,
Caminhando tão sozinho,
Como eu caminho também.
PERFUME ESRANHO
Ah! Que carícia cheirosa
Lentamente veio a mim...
Não é perfume de rosa.
Rosas não cheiram assim.
Sândalo! Não é por certo.
Sândalo não cheira assim...
E este aroma vem de perto,
Está bem perto de mim.
Será, talvez, Alfazema?
Não. Ela não cheira assim.
Envolve qual diadema
Que do céu viesse a mim.
Os Jasmins e as Violetas
Não podem cheirar assim.
É leve qual borboletas
Esvoaçando em torno a mim.
Ah! Reconheci a essência.
Sei porque magoa assim:
Perfume da tua ausência,
Saudade gritando em mim!
PEDIDO AO TEMPO
O tempo que tudo apaga,
Não vê que minha alma afaga
Um sonho lindo demais?
E que o vazio da noite,
Me fustiga como açoite,
E me maltrata ainda mais?
Que o silêncio me entristece,
E o negror da noite desce,
Ferindo o meu coração?
Que minha ânsia não se acalma,
Não se consola minha alma,
De viver na solidão?
Ó tempo, por piedade,
Não vê que é muita saudade
Para eu ter dentro de mim?
Tempo, corra como vento,
Liberte meu pensamento,
Faça-me, feliz, enfim!
Se estou só, passe ligeiro,
Como veloz mensageiro
Vá buscar o meu amor!
E passe então... devagarinho,
Que o momento do carinho
É o que tem maior valor!
TROVAS
Em uma tarde formosa
Fui visitar Manoela,
Dar-lhe notícias de Rosa
A maior amiga dela.
Ela ficou tão contente
Que me disse ter desejo
De lhe enviar um presente,
E esse presente era um beijo.
Respondi-lhe, sendo assim,
Vou daqui pra casa dela,
Mande o presente por mim
Beije a mim, que eu beijo a ela.
GRAUNA
Não tenho em casa uma graúna lesta,
Que desde implume com cuidado crio,
E hoje adulta, trás meu lar em festa,
Festa de canto, trino e assobio.
Em toda época que se manifesta,
Outono, inverno, primavera ou estio,
Vive cantando, canto de floresta:
Que voz suave, que pulmão sadio!
O seu gorjeio mavioso, encanta
A todo ouvido, com delícia tanta,
Que facilmente, num treinar jucundo,
Imita os sons da mais sonora corda.
E todas cinco da manhã me acordam:
Não há melhor despertador no mundo!
POESIA
Aqui na grande São Paulo,
Tem muita coisa que vê,
Coisas fantásticas mesmo,
Que só se vendo, se crê.
Maravilhas, obras d’arte,
Se encontra por toda parte,
Em qualquer que seja a rua.
Mas não tem céu estrelado
Com a Via-Látea marcado,
Nem tem São Jorge na lua.
A lua aqui neste extremo,
Não tem o disco de prata
Que tem a lua do nordeste,
Que tanto encanta e arrebata.
Nosso céu aqui no Sul,
É cinzento, em vez de azul,
Como o do nordeste, é...
Pois não se vê no espaço,
Ema, cruzeiro, compaço,
Nem barquinha de Noé.
Aqui neste grande centro,
Temos barulho em excesso,
De operário sem máquinas,
Na construção do progresso.
Mas não nos chega aos ouvidos
Os harmônicos ruídos
Dos trovadores alados.
Quando na manhã nascente,
Temperam a vida da gente
Com os mais suaves dobrados.
Temos jardins primorosos,
Flores de mil qualidades,
Perpétuas e sempre-vivas,
Rosas, bugarís, saudades,
Cravos, lírios e verbenas,
Margaridas e açucenas,
Orquídeas e violetas.
Mas não tem campo florido,
Nem abelhas, nem zumbido,
Nem tão poucas borboletas.
Ontem vi uma graúna
Dessas que o canto encanta,
Num viveiro bem cuidado,
Arrancando da garganta,
Tanta nota, tanto som,
Da harpa, flauta, pistom,
De lira e de clarinete.
Retrato fiel da minha
Graúna de mentirinha,
Que só existiu no soneto.
O TOM QUE EU NÃO ENCONTREI
Procurando tons na vida,
Os mais raros encontrei.
Mas minha alma enternecida,
Busca um tom que eu não achei.
Encontrei na cor-de-rosa,
Tom do belo alvorecer,
A balada maviosa
Da alegria de viver!
A cor verde da esperança,
E o azul puro do ideal,
O tom lilás da lembrança
De amor em seu final.
O branco achei na verdade,
Tão alvo quanto o luar.
E a cor vã da falsidade
Que é parda para enganar.
Senti a inveja amarela,
Desbotada e sem calor.
E em tons de suave aquarela
A profundeza do amor.
Encontrei a cor do ciúme,
Do ódio e da ingratidão.
E o dourado e forte lume
Que ilumina uma paixão.
Achei na roxa saudade,
Cor do triste entardecer,
A doçura e suavidade
De um eterno reviver.
Mas entre as diversas cores,
Uma só não encontrei,
Nem entre os mil tons de flores,
Nem nas nuvens que eu fitei.
E sentindo a alma dorida
Ansiosa ante os olhos teus,
Antevendo a despedida
Triste busco a cor de adeus.
Procuro por um tom frio
Uma cor morta e gelada.
Em vão: encontro o vazio
E a transparência do nada!
FIM
Falta-me tempo para descrever
O que sente a minha alma sensitiva.
Pois muitas vezes chego e me esquecer
Do que me diz a minha musa altiva.
Quão pássaros fico em não poder
Dar forma a muitas vibrações que sinto.
Quantas vezes preciso amortecer
A própria inspiração, quanto a presinto!
Mas fico triste quando assim procedo,
Pois sinto o coração a palpitar!
- O pássaro precisa de arvoredo
para ter campo e gosto de cantar.
Os paisagistas têm a natureza
Para lhes fornecer a inspiração!
Descrevem os estilistas a beleza
Que viram – que sentiram com emoção.
Todo trabalho de complexidade
Requer do seu autor, toda atenção:
Mas é preciso tempo e habilidade,
Para que o mesmo tenha perfeição.
O que fazer!... resta-me tão somente,
Sentir-me satisfeito com o que fiz,
E agradecer à musa, docemente,
Pelos momentos que me fez feliz.
Momentos que me encheram de emoções,
Nas ilusões dos meus passados dias:
Pois sempre tive as suas vibrações,
Quando compunha as minhas poesias.
Não quero aqui dizer o que perdi,
E as belas coisas que renunciei,
E não direi também o que sofri,
Para dar forma a tudo que sonhei.
Cala-te coração, não é possível
Continuar a palpitar assim!
Cala-te coração! É preferível!...
Outro, que possa, cantará por mim!...
DOR SEM PAR
Em noite negra, pavorosa e fria,
Numa choupana pobrezinha e erma,
Ardendo em febre impiedosa, eu via,
Gemer no berço uma criança enferma.
Um ponto negro em sua alma não tinha,
Que a fizesse sofrer um só revez.
Quem mal entrando na existência vinha,
Porque merece penas tão cruéis?...
Será meu Deus, que ela é responsável
Pelos males que os outros já fizeram!
Que paga um preço tão alto e inexplicável,
Com mil tormentos, que lhe dilaceram!
Quanta amargura, quanta dor austera,
Naquela noite tenebrosa e calma.
Oh! Que angústia tão mortal, tão fera,
Que abate o corpo e mortifica a alma.
A hora extrema se aproxima dela,
Sem mais alento, como sempre ocorre,
Entre tremores e agonias, ela
Empalidece e estertora e morre.
A mãe chorando, o pai chorou também,
Ao vê-la assim, em fortes convulsões,
Abrir as asas para o azul d’além
Deixando a dor e mil recordações
REVERENCIANDO OS MORTOS
No campo santo, flores em quantidade,
E as orações, o pranto e a vela acesa.
Pássaros cantando, cantos de saudade,
E a reverência aos mortos, a tristeza.
Em cada coração, lágrima presa,
Dos entes queridos na eternidade,
E a desolução, a dor cruel invade,
A toda nostalgia, a morbideza.
E no murmurar dos cipestres, a dor,
A recordação, o pranto, o langor,
Dos que foram à última mansão.
E a reverência aos antepassados,
Na paz do Senhor, o dia de finados,
As lágrimas sentidas, e a oração.
LÍRIO DE BOA VIAGEM
Na minha solidão, meu caro lírio,
Sinto perfume como de saudade!
O que aumenta, diminue o meu martírio,
O teu odor de leve suavidade!
A fragrância das flores, o delírio,
De pensar ser alguém de outra cidade!
A praia, o vento, o mar e longe o círio,
Na noite escura alguma claridade!
Lírio do cheiro bom de uma ilusão,
Que faz bem a minha alma e ao coração,
E me dói no recôndito do ser!
Esse aroma de amor que nunca tive,
Que a gente sonha e sofre, mas, não vive,
Senão essa vontade de viver!
TROVAS-ADIVINHAÇÔES
Sou branco de nascença,
Careca de natureza,
A morte me dá alegria,
A vida me dá tristeza.
Quem sou?(URUBU)
O que é que está
No meio da RUA
E tem dois irmãos
No mundo da LUA?
Quem sou? (A letra “U”)
A letra “U” sempre está
No meio da palavra RUA.
E aparecer duas vezes.
Nos nomes, MUNDO DA LUA.
Eu estando no meio do mundo
O mundo comigo é tudo.
Me tire do meio do mudo.
Quem sou ? (A Letra “N”)
Não me queria possuir,
Não me permita crescer,
Porque se não me extinguir,
Te matarei, pode crer.
Quem sou? A “FOME”
De noite aparecem
Sem serem chamadas,
De dia se somem
Sem serem roubadas.
Quem são?(AS ESTRELAS)
JOÃO FABIÃO
Qual é a ave rude
Que tem dor e não sente,
Goza perfeita saúde
E vive sempre doente?
“CONDOR”
Qual é o ente poético
Que é falado na arte,
E no sentido alfabético,
Só sabe a primavera parte?...
(“SABIÁ”)
Qual é o único vivente
Que chora no período canto:
E chora constantemente,
E seu choro não é pranto?...
“CHORA-CHORA”
O que é essa tal coisa,
Tantas coisas numa só,
Que pode ser minha esposa,
Senso minha mãe e vós?...
(A PÁTRIA)
Um substantivo homônimo
No jardim e na cozinha,
Na cozinha, ela e escrava,
No jardim, ela é rainha...
Quem sou?(A “ROSA”)
HOMENAGEM A UMA FLOR
Rosa que desabrocha
No caule de sua vida,
O teu perfume inebria
A emoção mais sentida.
Se na haste há espinhos
No talo mostras beleza,
E entrelaças nossas vidas
No esplendor da natureza.
Tuas pétalas aveludadas
Macias como cetim,
Tuas cores inimitáveis
Ninguém as pintou assim.
TROVAS E TROVADORES
Nesta vida tão ingrata
Me apavora o sofrimento:
Prefira o “NÓ” da gravata,
Ao “LAÇO” do casamento...
Com palavrão não vou nessa,
Diz o autor com amargura...
Quanto mais eu salgo a peça,
Mais há na corte na censura!
A mulher do Zé Batalha,
É vidrata no patrão.
No serviço não trabalha
E sempre tem promoção...
MÃE
A palavra “mãe” encerra
Todo amor que nos anima,
Palavra mãe, é, na terra,
Palavra que não tem rima.
O nome mãe, traz, no fundo,
Terna fonte de orações!
Mãe, é Deus, que neste mundo,
Fala aos nossos corações.
Não ter mãe! Transpor os mares
Da vida sem ter ninguém,
Eis, o pesar dos pesares
De quem só pesares tem!
No altar de Nossa Senhora
Minha mãe estava orando,
Eu supus ver nessa hora
Duas virgens conversando!
Mãe é um nome tão divino
Quem tiver mãe, tudo tem!
Por isso é que Deus menino
Quis talvez, ter mãe, também!
Acima de tudo, acima
Do céu, te devemos por!
Pois teu nome não tem rima,
Nem limites, teu amor.
O ORVALHO
Caem, caem a noite inteira
As gotas, e as gotinhas
Pousam, pousam na parreira
Pousam, pousam-na palminha.
Quero ver uvas rochinhas,
Quero ver flores cheirosas,
Quero ver estas plantinhas,
Vicejarem jubilosas.
Cai, cai, orvalho de manso
Cai de leve com jeitinho,
Que as folhas darão descanso
E as flores darão carinho.
Cai, cai que eu quero ver,
Meu jardim aperolado,
Bem antes de o sol nascer,
Quero ver tudo orvalhado.
Cai orvalho sobre os ramos
Das plantas, cai com instância,
Fruto e flor, em abundância.
CANTIGAS
Se dela eu fiz minha estrela,
Meu lindo sonho de fada,
Como prêmio, por erguê-la;
As mãos encheu-me de nada.
Às vezes, da mão vazia
Bem longe está a pobreza,
Basta alguém ter alegria,
Na mão tem toda riqueza.
Foi pai severo, arrogante,
E agora que está velhinho,
Em casa, faz-se constante,
Palhaço do seu netinho.
Alvorece...Quadro lindo
Envolve a terra sonhando:
Às vezes cantam sentindo...
Às vezes sentem chorando...
DEUSELINA
Que morena
Cativante,
Tão serena,
E fascinante,
Seu perfume
Me encandeia,
Tal qual lume
Da candeia.
Os seus passos
Tão faceiros,
Apressados,
Tão ligeiros,
Como o salto,
De uma lebre,
Me enlouquecem
Como a febre.
Eia! Avante,
Oh! Morena,
Tão galante,
Tão pequena,
Ai!Que pena!
Ai! Meu Deus!
Eu não ter
Os beijos teus.
O MALANDRO NAS QUATRO CONJUGAÇÕES – JOÃO FABIÃO
Um rapaz que era um rato,
Disfarçado em homem reto,
Perdeu o rito do ato,
Tornou-se roto discreto.
TROVAS
Tu fingiste que me amaste,
Eu fingi que acreditei:
Foste tu que me enganaste,
Ou fui eu que te enganei!
Meu amor me deixou,
Pensando que eu choraria.
Não choro por pai nem mãe,
Quanto mais por porcaria.
Antes, éramos três,
Eu, você, felicidade:
Agora só somos dois,
Eu e sofrida saudade.
Rezei quase toda a vida,
Com medo de te perder:
Rezo agora mais ainda,
Pra mais cedo te esquecer.
Mulheres de cova na face,
Ao beijá-la, tem cautela!
Vão para cova, esquecidos,
Os beijos que derem nela!
O rio só chega no mar,
Depois que corre no chão,
O rio da minha terra,
Deságua em meu coração.
TROVAS
À MONTEIRO LOBATO
Embora enfrentando escolhos,
Lobato, o insígne escritor,
De luz encheu nossos olhos,
Com suas bíblias de amor!
Por um Brasil altaneiro,
Do amor empunhando a seta.
Lobato foi um guerreiro
Que tinha a alma de poeta!
Cheio de amor e coragem,
Lobato, fez, com civismo,
Livros contendo mensagem,
De amor e patriotismo!
TROVAS
As pedrinhas dos caminhos,
São pisadas, viram pó.
Quem pisou nos meus carinhos
Vive agora sempre só.
Corre, trem do pensamento,
Corre, com grande constância.
Vai, buscar, neste momento,
Meu amor, lá, na distância.
Quem anda de braço dado,
Bem junto do seu amor,
Pisa em piso atapetado
De nuvens de estrela e flor.
No calvário, escondidas,
Duas cruzes casuais,
Trazem nelas, nossas vidas,
Nossos sonhos, bem iguais.
Compramos tanta alegria
No mercado da ilusão.
Se eu pudesse compraria
Teu amor, teu coração.
Felicidade fingida
Ou promessas desleais,
Não chegam nunca na vida
Ou chegam tarde demais.
TROVAS
Em casulos separados,
É que vives e vivo eu,
Ai! Se fossem geminados
Os casulos meu e teu.
Meu destino é o teu destino
São novelos separados,
De fio frágil e fino,
Entre si embaraçados.
O amor é fonte que rega
O jardim da inspiração.
Por isso, o poeta carrega
Tanto amor no coração.
O nosso céu principia
Quando estamos lado a lado:
Céu de amor, céu de alegria,
Céu que é o meu e o teu reinado.
Vou gastando a minha linha,
Tu gastas o teu cordel.
Mas, a tua linha e a minha,
Fazem um só carretel.
Amor, palavra que a gente
Nem sempre sabe dizer:
As vezes cala a sofrer.
As vezes diz e não sente.
TROVAS
Distancia longo caminho,
Que nos deixa separados.
Tu, que és rei do meu carinho,
Não vive nos teus reinados.
Que importa que o amor acabe,
Que seja breve, fulgaz,
Se toda ventura cabe
Num só instante de paz?
Feliz quem acha no mundo
Alguém que lhe queira bem
Pois não há bem mais profundo,
Do que, ser bem, de outro alguém.
Na paisagem de minha alma,
Tem um lago, um pé de Ipê,
Uma casinha bem calma,
Céu, luar e tem você.
Vai chorando a chuva mansa,
Sobre as rosas do jardim...
E a saudade não se cansa
De chorar dentro de mim.
O corpo é mudo e nos fala,
Os olhos falam também.
A boca é que, as vezes, cala
O quanto amamos alguém.
TROVAS
Dentro da noite vazia,
Solitário, ladra o cão,
Dentro de nós, em agonia,
Uiva e grita a solidão.
Amor é estado de graça,
É bênção vinda do céu,
Que veste a dor e a desgraça
Com as estrelas do seu véu.
Essa distância que existe
Entre a terra e o céu, se vê,
É mais curta e menos triste,
Que esta entre mim e você.
Amar o amor, é pecado,
Amar a ti, permitido.
Mas, quando estais a meu lado,
Mil pecados tenho tido!
Amar, assim escondido,
É farsa que não convém.
Ninguém engana o cupido,
Nem se esconde o querer bem!
Pirilampo traz lanterna
Piscando na imensidão.
Teus olhos, luz clara e terna,
Cegando minha razão.
TROVAS
Quisera ter liberdade,
Como tenho passarinho.
E, nas asas da saudade,
Voar cantando ao teu ninho.
“Estiquei, abri meus braços,
fiz do meu corpo uma cruz,
quisera, nos meus abraços,
crucificar-te de luz”.
Distância, longo caminho,
Entre dois jardins em flor,
Todo forrado de espinhos,
Todo enfeitado de amor.
Beijo, melhor mensageiro,
Mensageiro corredor.
É remetente, é carteiro,
Da carta expressa do amor.
Quisera ser cata-vento
No vento forte rodando.
Ser flor, ser rosa de vento...
E, estar contigo girando...
Bem mais rápido que o vento,
Bem mais ligeiro que a luz,
Chega a mim teu pensamento,
Me estremece e me seduz.
TROVAS
Sobre alicerce de areia,
O falso amor se constrói.
Mas, tão frágil como a teia
Que a própria aranha destrói.
Se existisse um testamento
Em forma de doação,
Faria num só momento,
Ser teu o meu coração.
Ó, que desgraça engraçada,
Viver amando escondido:
Vive-se instantes, mais nada,
O resto é tempo perdido.
Dos tempos que a gente gasta,
O que mais vale gastar,
Que não nos cansa ou desgasta
É o tempo de namorar.
No comboio desta vida,
Parte a última esperança.
Logo após a despedida,
Chegam saudade e lembrança.
Se o amor dura um instante,
É fato sem importância:
O ser humano é constante,
Somente em sua inconstância.
TROVAS
Gota d’água cristalina,
Que brilhe e em seguida cai,
Assim, a vida da gente,
Que num momento se vai.
Quando a noite vem descendo,
Lá do espaço sem fim,
Sinto a saudade crescendo
Aqui, bem dentro de mim.
Construí o nosso ninho,
Mas é justo assinalar,
Fiz apenas uma casa,
Tu fizeste o nosso LAR.
Amor é humildade,
É paz, é perdão.
Amor é respeito,
E é compreensão
Entre luzes, em Belém,
Nasceu o santo Messias:
E o ano novo também
Nasceu, com mais sete dias.
Morreu um velho corcundo,
Exausto de tanta lida,
Quando nasceu para o mundo,
Um garotinho cheio de vida!
DA SAUDADE
Saudade nunca se esquece,
É sonho bom machucando,
E quando morte emudece,
O luto fica lembrando.
Toda saudade é lembrança,
Que nos punge e faz chorar,
Quanto mais ela nos cansa,
Mais pedimos pra ficar...
Ser poeta é ser criança...
Na vida não tem idade,
Velhos brinquedos, lembrança,
Na ciranda da saudade.
Uma lagrima somente,
Contém toda eternidade!
Lembra a magoa transparente,
Burilada de saudade.
TROVAS
De um casebre abandonado
Um castelo construí.
Fiz o meu e o teu reinado,
E, tão sozinho vivi...
A rede embalou meu sono
E eu sonhei com meu amor...
Que importa que seja outono,
Se a roseira ainda tem flor.
Postes, por fios ligados,
Clareiam a mesma rua.
Nossos rumos separados
Ligam minha luz a tua.
Adeus palavra impiedosa.
Adeus palavra cruel.
Quer em verso, quer em prosa,
Traz a amargura do fel.
No azul do céu, se tu vires,
Riscos de tintas e cores
Na paleta do arco-íris,
Lembra de mim onde fores.
Amor, palavra sagrada,
Que a gente diz com fervor:
Oração apaixonada
Do lindo missal do amor.
TROVAS
Ficou minha casa vazia,
Num encanto, sem riquezas:
Pois tu levaste a alegria
E só deixaste a tristeza.
Para sentir-te presente,
Meus olhos cerro a sonhar...
E tu chegas mansamente
Numa lágrima a rolar...
Amor, perigo tão lindo,
Luz vermelha do farol.
São dois destinos seguindo
O mesmo raio de sol.
Duas folhas, lado a lado,
Bailam na brisa do outono...
Mais triste é o nosso bailado:
Nós bailamos no abandono.
Duas árvores unidas
Uma estrada derrubou...
Como nós, as nossas vidas,
Que o caminho separou.
Os nossos passos na vida
Procuram rumos iguais...
Sou como a pomba perdida
A buscar-te nos beirais...
TROVAS
Na janela da lembrança
Revejo o tempo passar...
Na cortina da esperança
Ainda espero de encontrar.
Se o nosso amor é sem fim,
Vou lhe explicar o porquê:
Você vive dentro em mim,
E eu vivo dentro em você.
Há muito ladrão liberto
Das casas de detenção.
Mas ninguém prende, por certo,
Quem nos rouba o coração.
Arco-Iris, divina ponte
Ligando ao longe, se vê,
Dois pedaços de horizonte,
Longes como eu de você.
Alvorada trás o dia,
Primavera trás a flor,
Meu olhar trás alegria
Longes como eu de você.
Suspira, meu bem, suspira,
Suspira pelo teu bem.
Que o teu bem,
Que o teu suspiro não fira
O bem que é bem de outro alguém.
NÃO TEMAS, ELE VEM.
Tu te sentes sozinho? Estás aflito, inquieto
E não queres ouvir até quem te quer bem?
Descansa em Cristo, amigo, ele está bem.
Não temas, Ele vem...
Julgas vazia e má a vida que tu levas
E chegas a pensar que a morte é que convém?
Jesus há de chegar afugentando as trevas.
Não temas, Ele vem!
Ele nunca falhou, ao pobre, ao rico.Apenas...
É preciso buscá-lo e procurá-lo bem
Se pedires com fé, Ele esfará contigo...
Não temas, Ele vem!
Faz dele um amigo, Ama-o como a ti mesmo
E muito mais ainda... E Ele será teu bem,
Alimento e tesouro, Ele será teu Mestre...
Não temas, Ele vem!
A VOZ DO EGO
A casa onde nasci, revendo um dia,
Encontrei-a fria, triste e abandonada:
Com um LAR feliz não mais se parecia,
Vazia, escura, lúgubre e fechada.
Senti-me só, a cismar, triste, absorto,
Nela e em mim, o silêncio mais profundo.
Trazendo dentro da alma o desconforto,
Entrei mais só, que os SÓS todos do mundo.
Ouvi meus passos surdos no caminho,
No caminho que é meu, somente meu.
Um nome disse em vão. Disse baixinho.
Ninguém ao meu redor, apenas, “EU”.
Talvez por estar só sem mais ninguém:
Por um nome chamei, um nome amigo,
Que me relembra o amor, a paz e o bem,
Virtudes que, sempre viveram consigo.
Ninguém me ouviu. Ninguém estava ao lado.
Chamei, gritei em alta e rouca voz.
Um som longínquo ouvi, fraco e abafado.
Som de quem também ao longe estava a sós.
E de repente, surpreso, ouvir consigo,
Que a voz cresceu, cresceu e respondeu:
Era o “EGO”, o meu melhor amigo,
Ele também gritava o nome teu!
SAUDADE
Saudade, se eu pudesse
Pedir a Deus numa prece,
O poder de te deixar...
Saudade não sentiria,
Saudade, que dia a dia,
A minha paz vem roubar.
Saudade, quero somente,
Que fique de mim ausente,
Não venhas me torturar...
Se a minha felicidade...
Saudade vem completar?...

Um comentário:

gorettiguerreira disse...

Como é bonito alguém que fale do amor com tanta lisura!
Parabéns poeta!
Gorettistar