sexta-feira, 1 de junho de 2007

POESIAS VOLTADAS A MINHA FAMÍLIA - Zeca Muniz

SEXAGENARIO DA BETH

Iniciastes a família
De um casal inditoso
Que entrou pela esquerda
De um matrimonio amoroso
Só teve paz no começo
No final virou avesso
Obscuro e tortuoso
Fostes forte, e encabeçastes
Um rumo pros teus irmãos
Dias tristes enfrentastes
Doenças e desilusões
Sempre enxerguei o teu preço,
E hoje em teu endereço
Saúdo-te com emoções
Como o tempo passa rápido,
Hoje o sexagéssimo ano teu
De vida árdua e brilhante
Com muita luta venceu,
Perdoa as tristes evasivas
E as grosseiras missivas
Que este velho pai te deu
Não tenhamos preconceitos
Nos erros sempre se cai,
Deixemos as lembranças amargas
Com o que ficou pra traz,
Parabéns sexagenária
Que sejas nonagenária
Com saúde e muita paz.
SAUDAÇÃO DE UM PAI A SUA FILHA
(Saudação a sua filha Maria Elisabeth Albuquerque)
No fim de 47
Em uma casinha pobre
Nascia uma menina
Com traços de gente nobre,
Trazia nos olhos o brilho
De quem não teme o empecilho
E busca em rumo do cobre
Tal brilho lhe encaminhou
Desde a mais tenra idade
Mostrava sempre o bom senso
E o dom da simplicidade,
Brilhou na inteligência
E trilhou com obediência
Pela trilha da verdade
Pela senda do saber
Tentou traçar seu caminho
Tecida de algodão frágil
Formou-se roupa de linho,
Passou por muitos suplícios
Mostrou que e com sacrifícios
Que se ganha o pergaminho
Logo na adolescência
Teve contrariedades
Doenças e desenlace
Golpes da tragicidade
Mas não perdeu a cabeça
Que for fraco que amoleça
Eu sou da vivacidade
Rumou pras bandas do Sul
E em São Paulo fez parada,
Fez pousada com parentes
E começou nova jornada
Sozinha sem um apego
Busca constante um emprego
Onde ficasse firmada
E com muito sacrifício
A faculdade cursou,
E arranjou sua senha
Com o diploma que logrou
Subiu os degraus do grêmio,
Isso lhe veio como prêmio
Pelo muito que estudou
Então ai vem o cobre:
Que foi no início visado,
Com o grau que conquistou
Ganhou salário avultado
Foi sempre a alguém ajudando
Mas o que ia sobrando
Fez um guardado sonhado.
Largou no Sul a garoa
Voltou pro Nordeste quente
Fazer uma construção
Vagava por sua mente,
Deu o esboço ao construtor,
Que ergueu com muito primor
Uma pousada luzente
É um marco que dá na vista
De quem por aqui passar
Um rastro da tua vida
Pra quando a terra deixar
Lá o cobre não se cobra
E quem ganha ele com sobra
Deve aqui mesmo aplicar
Traz na tua caminhada
Os louros de uma heroína:
E com a vida organizada
No conforto de outra sina,
Tens neste feito a vitória
Que ficará na história
Daquela pobre menina.
SAUDAÇÃO DE UM PAI AOS SEUS FILHOS
Rememorando os meus dias já extensos
Ponho-me a fazer contemplação
Na bela árvore genealógica em formação
Gerada por um pai que joga o lenço
Fraco e covarde sempre fui propenso
Filhos sensatos buscam o rumo ideal
Um belo dia toca-lhes o amor filial
Mesmo distantes se organizam e voltam à terra
E os dissabores do passado se desterra
E se entrelaçam neste noite de Natal
No crepúsculo do sol da minha vida
Vejo os raios dourados que ainda brilham
O lume das estrelas já cintilam
Na terceira geração que já acrescida
Vem a mim, talvez uma despedida.
Gesto sublime deste traço de união
Novo conforto que me alegra o coração
Ver filhos, netos e bisnetos nessa mesa.
Fraternos corações nesse gesto de grandeza
Nessa alegre festa de congratulação
Como se os dispersos, a casa retornassem.
À reviver o berço onde nasceram
De amor fraterno os corações se enterneceram
Como se as distâncias que nos separam se encurtassem
E juntos, a família transformassem.
Num hino de amor paterno e filial,
E mesmo que não chegue ao ideal
Eu te agradeço meu Deus por estes dons
Que os anjos nas flautas soltem os sons
À coroar tão memorável Natal.
LEMBRANÇAS DA MINHA MÃE
Segundo domingo de Maio
O mês da virgem Maria
A mãe que deu aos humanos
O Cristo da eucaristia.
Criaram esta data honrosa
Pra festejar a mãe bondosa
Que gera, amamenta e cria.
Uma mãe é pra cem filhos
Velho provérbio já diz,
Já nasce predestinada
A ser a bela Matriz
E logo na mocidade
Anseia por sua metade
Pra ter filhos e ser feliz
Os dotes que tem seu corpo
Não é só pra lhe enfeitar
São apetrechos perfeitos
Pra vida continuar
São órgãos que Deus te deu
E de um mágico amor encheu
Seu coração para amar
Seu amor é espontâneo
Seja dez ou vinte filhos
Agasalha sua prole
E bota todos nos trilhos
Mesmo no momento de dor
Reforça o ardor do amor
E vence os piores empecilhos
Quantas mães estão sofrendo
Por um filho desleal
Seu caminho desviou
Caiu nas garras do mal
Vive num covil enjaulado
E um coração despedaçado
Da mãe de um belo ideal
São mães que amam sofrendo
Pelo filho que gerou
Tinha tantas perspectivas
E seu peito se encheu de dor
São os revezes da vida,
Amas que terás guarida
Cumpristes a missão do amor
Lembro da minha velinha
Não posso mais abraça-la
Há anos já é com Deus
Será que ouve o que falo?
De ti eu tenho saudades
Perdoa as minhas maldades
Naqueles dias do talo
Que o pai do céu te dê paz
Lá na eterna morada
Cumpristes a missão honrosa
E fostes tão dedicada
Aos treze que de ti nasceram
Só dez que juntos cresceram
Saudades da mãe amada.
VELHA MORADA.
Hoje quase desprezada
A nossa velha morada,
Que por meu pai foi formada
Pra criar a filharada,
Simples e não bem acabada
Plantada a beira da estrada
Também quase abandonada
Mesmo assim modificada
Um rio perto passava
E nas suas águas eu nadava
Carnaubal farfalhava
Com o vento bom que soprava.
Na esperança a gente sonhava
Quando a família aumentava
E o forasteiro hospedava
Quem pela estrada viajava.
Fostes à base pra historia
De uma família simplória
De alguns que a palmatória
Lesou a sua vã glória
São os que já foram embora
Não és vivente não chora
Mais tem alguém que te escora
E guardas nossas memórias
Mesmo velha, és um esteio
E hospedas bonito e feio
E alguns filhos que a passeio
Das lembranças faz recreio
E pousa tranqüilo em teu seio,
E relembrando os meus enleios
Só por que te contemplei
Estas oitavas rimei.
Lembranças trazem saudades
Do tempo da jovem idade
Que sonha felicidade
Vencendo as contrariedades,
Mostremos na velha idade,
Amor e fraternidade
E unamo-nos em festividade
Num abraço na velha, HERDADE.

Um comentário:

gorettiguerreira disse...

Quanta emoção e honra em comentar aqui meu Pai Poeta!
Papai, obrigada por tamanha força e garra!
Seus versos nos jogam vertentes e somos seus pequenos aprendizes.
Minha homenagem respeitosa e agradecimentos pela Poesia dedicada a mim, papai.
Beijos de sua filha:
Goretti Albuquerque.